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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O leilão do pré-sal e as urnas




Por Zezinho de Caetés

O leilão do pré-sal foi uma piada formal. Eu vi pela internet todo o aparato que foi armado em torno dele e até esperei que aquela urna “bombasse” de envelopes de todas as empresas do mundo querendo explorar o que a Dilma  disse ser a redenção do Brasil.

No final das contas chegou um envelope com alguns gatos pingados de empresas capitaneadas por uma Petrobrás quase falida pela irresponsabilidade de um governo que a usa para ganhar eleições, sustentando baixos os preços dos combustíveis.

E o pior de tudo, como diz o Sandro Vaia, em texto transcrito abaixo (“Go home, Petroleiras” – Blog do Noblat – 25/10/2013) é que não se sabe, ao certo o que é o pré-sal em termos de quantidade produzida e preço. A primeira gota de óleo, se houver, surgirá daqui a cinco anos, e a produção rentável talvez com dez anos. Por que o talvez? Porque o que hoje se faz mais no mundo é pesquisa para o desenvolvimento de tecnologias alternativas ao petróleo, para geração de energia.

O Brasil, mais uma vez, como no computador tempos atrás, sai na “rabeira” tecnológica por pruridos ideológico. Enquanto os Estados Unidos desenvolvem a tecnologia da produção de energia a partir do xisto, que pode deixar o petróleo para trás, e já é estudada em outros países, nós ficamos fazendo do pré-sal a plataforma eleitoral do PT, como fez a presidenta em cadeia de TV. Daqui a dez anos poderemos ter um mundo de petróleo a preço de banana pela mudança tecnológica. Os carros podem ser “flex” entre o xisto e a eletricidade, enquanto nós poluímos os oceanos atrás de petróleo.

Tudo pode ser diferente, no entanto, e o pré-sal e o dinheiro que dele advirá poderá servir para educar o povo brasileiro para que não acreditem em promessas e apeie o PT do poder. Se continuar com este partido no governo a Petrobrás não chega a retirar a primeira gota de óleo.

Fiquem com o Sandro Vaia que vou tentar sair com meu carro “flex” entre álcool e gasolina, que nunca mais usou um pingo de etanol, que segundo Lula era a redenção do Brasil. Para Dilma é o pré-sal. E de mentira em mentira....

“Existe alguma coisa mais inútil, ociosa ou ridícula do que a discussão semântica sobre privatização ou concessão? Pode ser, mas vai ser difícil encontrá-la.

A imagem de um manifestante dando um pontapé no traseiro de um agente foi o que ficou como imagem icônica da oposição a um leilão de privatização durante o governo “neoliberal” do social-democrata Fernando Henrique.

Na semana passada, durante a realização do leilão do campo petrolífero de Libra, a jóia da coroa do “bilhete premiado” do pré-sal, houve escaramuças entre manifestantes e policiais, mas parecia apenas um replay compacto das manifestações de junho, sobre cuja natureza os sociólogos ainda nos devem uma explicação.

Houve a clássica foto dos leiloeiros e arrematadores segurando um martelo, mas por via das dúvidas, a presidente da República resolveu ficar longe do fragor das ruas e deixou para cantar vitória em mais um dos seus inúmeros solilóquios televisivos, onde ela diz o que quer sem o perigo de ser contestada.

Um sucesso ou um fracasso?

Do ponto de vista do significado estrito da palavra leilão - que significa a venda pública de um objeto pelo maior lance foi um fracasso. Houve apenas um consórcio concorrente, que levou o direito de explorar Libra pelo menor preço: devolução ao governo de 41,65% do lucro-óleo.

Do ponto de vista do negócio em si, os especialistas se dividiram: poderia ser melhor ou poderia ser pior, dependendo do viés do analista. Como disse o colunista José Paulo Kupfer, chamemos de empate.

Deixando de lado a ridícula batalha semântica sobre a diferença entre privatização e concessão, há algumas dúvidas que ficam pairando no ar e que só o tempo responderá.

1) O sistema de partilha é mais vantajoso para o País que o sistema de concessão que vinha sendo usado?

2) A Petrobrás continuará sendo submetida a um estrangulamento econômico como esse que a tornou a empresa mais endividada do mundo pelo cínico usufruto eleitoral que o governo faz dela? Continuará sendo obrigada a subsidiar preços de combustível em nome do combate à inflação ou a assumir encargos visivelmente superiores à sua capacidade operacional e de investimentos?

3) As previsões sobre o tamanho da jazida, da qualidade do óleo, do preço do barril e do seu custo de exploração serão confirmadas?

Se tudo correr bem, ótimo para o País. No mínimo, serão derrubados tabus obsoletos contra a participação de empresas privadas na exploração do petróleo ,e embora a presidente seja obrigada a demonizar a privatização que seu governo mesmo está praticando, a esquizofrenia ideológica que atrasa o país a obriga a dizer que a reação às empresas estrangeiras no consórcio é “xenofobia”.


Ela que não espere, porém, que seus próprios jurássicos saiam à rua gritando "Go home, petroleiras" nem Wellcome Shell...”

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