Em manutenção!!!

sábado, 31 de março de 2012

BOCÃO


Ponte Princesa Isabel (Recife)


Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho


Cabisbaixo. Sentado em uma cadeira na calçada do bar na Rua Princesa Isabel. Uma garrafa de cerveja pela metade e um copo na beira de mesa. O tempo quente do meio dia, pelo sol abrasador e a temperatura no asfalto fazia escorrer pela face risco de suor. Nada incomodava. As moscas voam e pousava na beira do copo de cerveja quente saboreando, Um prato de tira gosto de galinha guisada com rodelas de tomate e cebola, com um garfo ao lado. As pessoas no seu vai e vem ignoravam outros olhavam a cena, seguindo em frente, para os seus afazeres.

Ao lado, em outra mesa chegavam os boêmios da tarde, Zeca, Carlinhos, Maguary, e Candinho, todos frequentadores assíduos. Pediram uma cerveja geladíssima e olharam de lado para aquele companheiro ali cabisbaixo, sem notar o tempo passando.  Em outra mesa, sentado com o meu cunhado Clovis, grande amigo e cervejeiro, observa aquela cena de tristeza. O que fazer? Combinamos todos em chamar o Bocão para nossa mesa e, assim o fizemos.

Bocão foi um apelido adquirido no tempo de estudante e morador em pensionato no bairro da Boa Vista, precisamente, na Rua Barão de São Borges, porque falava muito alto e bom som, sempre se agitando por qualquer coisa que acontecesse. Era um moreno alto e magro. Olhos pretos retintos e cabelo lisos onde aplicava brilhantina. Gostava de se vestir bem. Suas roupas sempre bem engomadas pela lavadeira que servia aos pensionistas. Não se descuidava da sua aparência, sempre com um barbear diário e aparas no bigode preto que lhe tomava toda boca. Estudava Engenharia na Federal. Passara no vestibular depois de duas tentativas. Esforçava-se nos estudos, mas, no final de semana se esforçava na vida boêmia, nos bares e nas boates do Recife Antigo, chegando sempre ao pensionato pela madrugada, às vezes acordando alguns pensionistas, que se arretavam com barulho.

Procuramos saber o que estava acontecendo. Chamamos para a nossa mesa, desde que ele pagasse o que já consumira e, assim foi. Bocão veio para nossa mesa arrastando a cerveja e o prato de tira gosto e começou a nos olhar e disse:

Olha bicho estou na merda e sabe por quê?

Olhamos desconfiado para ele.

Vejam vocês que me conhecem há muito tempo. Formei-me em Engenharia Civil e me dei bem, não nego. Mas a vida em casa piorou nestes últimos anos. Só tenho desgosto. São com meus dois filhos, já de maiores mais são irresponsáveis. Não queria dizer isso a vocês, mas tinha que desabar e nada melhor do que numa mesa de bar entre uma cerveja e outra.

Estávamos calados e calados ficamos.

Continuou Bocão, com a sua voz estridente – Olhe quando me formei fui morar na Bahia, o mercado imobiliário estava melhor do que aqui em Recife. Lá encontrei uma bela moça, morena, de olhos pretos e cabelos lisos. Uma joia de mulher. Engracei-me dela e ela de mim. Casamos e deste casamento nasceu um filho homem e outro filha mulher. Foi só alegria. Tratei-os com o maior carinho e talvez por isto tenha errado.

Tomou o gole da cerveja e com o garfo um pedaço da galinha guisada. Enquanto ela fazia isto, olhamos um para o outro admirado daquela conversa em plena sexta feira ao meio dia, mas... Continuou Bocão depois que limpou os dedos em guardanapo de papel e, disse – O rapaz passou no vestibular para o Direito e não é que entrouxou!. Na Universidade em más companhias, ingressou no mundo das drogas, não é danado? Um menino criado a pão de ló dar-me desgosto a cada dia, já não sei o que fazer; a menina moça ficou na Bahia estudando Letras e morando em uma pensão, pois, não queria vir para o Recife e, não é que deu para fazer “programa” pela orla de Salvador, junto com algumas amigas que a colocaram na “vida fácil”. Não é prá se lascar? Dois filhos todos em mau caminho. Não sei mais o que fazer! E embarco nesta melancolia que me atinge nestes últimos tempos!. Fujo da realidade. Ando a esmo. O que fazer, repete! Não, não enfrento com vigor este drama. Já tive várias vezes em Salvador, em busca de uma reconciliação, mas que nada a “vida fácil” leva ela ficar com desdém comigo. O rapaz já se internou duas vezes, mas volta ao vicio. Veja vocês que barco furado eu estou. Tomou mais um gole de cerveja e um taco da galinha e disse – vou passear, levantou-se e seguiu em direção a Ponte Princesa Izabel.

Ficamos atordoados com este desabafo comentando entre nós este drama, que atinge milhares de pessoas, mas a vida continua, pedimos mais uma cerveja, que o garçom trouxe de imediato, abrimos um caixa de fósforos tiramos alguns palitos e começamos os a jogar porrinha.

sexta-feira, 30 de março de 2012

CHICO ANIS ESTRELADO




Por Carlos Sena (*)

Chico me lembra de Francisco que me lembra de José que a gente chama de Zé. Chico me lembra de Maranguape que me lembra de seara que me lembra de Ceará. Chico em sua seara, em que Ceará estará montado o riso de agora?

Chico, que chiqueza era teu sarcasmo visceral, debelando a falsa moral deste país sem pais. Chico chiqueza, nem maluco só, mas, só beleza  com seu arsenal de cria ativa idade. A cria de Chico era a criatividade de cada personagem – todos advindos da fonte do Orós que nem sempre roga por nós. Ou dos lábios da Ira que a Pira Cema lhe outorgou infante. Lábios de mel que às tantas mulheres soube dar, mas que só a “Caridosa” de Melo quase lhe fez  murchar em dissabores mil.

“Maior rapoio” é o que nordestedamos. Nós, que destinados somos para a luz dos holofotes das megalópoles, agora te destinamos sem nós. Ô NOR, Deste? Deste, sim, Francisco. Com Francisco nos deste a sabedoria dos livros, com Francisco prosseguiste na sabedoria das telas e nas conjugações das cores em quadros e telas geniais. com Francisco ainda nos deste sem nó belas canções em tons maior do teu tamanho pictórico.

Se Chico e enquanto Chico, só pensavas “naquilo” se o quesito fosse chão, nordeste, sina, torrão, seca, chuva, casamento de viúva. Saúva da seara dos sem terra para a aventura sudestina dos destinos nunca dantes traçados pela cigana sem linhas, sem mãos, sem aceno, sem solidão...

Se Chico, sempre Anis estrelado rumo ao fim sem “ZEFINI”, junto a nós pela voz dos sem ela, dos sem trela, dos que pra fazerem ri primeiro choraram seus prantos mesmo sem canto. Se Francisco, o Fantástico que da vida não era o Show, mas era o gol das nossas gargalhadas, das tiradas hilárias da vida por ela mesma dividida.

Se Francisco era primor na escrita, bendita verve que polia o idioma com suas peripécias eruditas, mais ditas do que sábias, mas sábias e ditas ao mesmo tempo.  Prelo da solidão vencida na sintonia fina da ironia sábia que faz os sisudos sorrirem e os descontraídos farfalhares. Se Chico, a Chiqueza do Véio Zuza, a destreza do homem do Abaitolá.

“Foi pra Galera”... Quem te espera quem te espera? Anis Anísio Francisco Chico do nordeste não precisa de espera. A espera é difícil pra quem sempre soube fazer a hora da existência por si mesma. Foi pra galera sem galeRIA, foi pro céu e nem mesmo ele sabia. Quem como ele sabia da morte se o riso enquanto passaporte da felicidade lhe conferia eternidade?

Salomé do Passo Fundo está inconsolável. Seu “Guri” não era biba, mas virou purpurina no seu maior estilo. Como Francisco era a cor Púrpura do Riso, como Chico era a purpurina sem motivo das noites que só ele restava para apaziguar a mesmice. Como Chico escreveu para Seu Piru, para Dona Cacilda, Seu Galeão Cumbica, Seu Rolando Lero, Seu Boneco, Dona Meirinha, Seu Bicalho, Pantaleão, Terta, Cuinhã, João Cana Brava, Paulete, etc., etc. Como Chico deu a mão a tantos, mas recebeu os pés de muitos. Ofício que ele não cansava nunca, posto que nunca perdera essa verve de nordestino que nunca se vence do invencível.

Como Chico foi quase completo. Como Francisco claudicou se juntando à Collorida que até onde imagino descoloriu sua vida de tanto brilho. Cumpriu, o cearense, mais uma sina de ser caridoso – agora com a Caridosa de Melo que ele tão bem batizou na escolinha. Como Francisco foi franciscano em seu despojamento. Como Chico, foi fiel ao seu juramento de fazer da vida um sorriso e deste país uma piada nem sempre de mau gosto. Como Francisco mostrou ao Brasil com quantos paus os nordestinos fazem uma cangalha. Como cearense disse pro país da sua seara insana de viver até a ultima gota como se orvalho fosse, desde que não fosse de uma rosa qualquer, nem de um pomar qualquer, nem de uma relva qualquer. Como Chico, uma Chiqueza de inteligência bem direcionada para o bem. Chico anis estrelado, junto do firmamento aguardado... No céu, fico pensando quem irá lhe abrir a porta. Rolando Lero? Biscoito? Não. Talvez quem melhor vá lhe saudar seja a Derci Gonçalves com um terrível “PUTA QUE O PARIU, mas você não devia nunca morrer”!
 
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(*) Publicado no Recanto de Letras em 24/03/2012

quinta-feira, 29 de março de 2012

São muitas emoções...




Por Zezinho de Caetés

Eu estou acompanhando a política brasileira. Isto além de ser minha obrigação como cidadão, torna-se também um prazer por poder participar escrevendo sobre ela. Digo prazer, mas, deveria dizer emoção, que são às vezes boas, porém, podem ser muito ruins.

Uma das emoções ruins que tive nos últimos dias foi com o senador Demóstenes Torres. Eu confesso que o admirava pela sua ideologia política, que ele praticava com inteligência, fazendo do liberalismo uma bandeira limpa da que tanto precisa nosso país. Eis que um belo dia ele começou a querer se comunicar demais com um meliante do nível de um Cachoeira, que já era mais sujo do que pau de galinheiro. E deu no que deu.

Eu vi e ouvi sua defesa no senado, por ter recebido um presentinho do bandido, dizendo que, além de bandido ele era seu amigo e que, bandido é bandido mais geladeiras e fogões devem ser à parte. Ali, juntando com os 300 telefonemas trocados, eu já comecei a ficar inquieto. É certo que ninguém tem uma estrela na testa dizendo: eu sou bandido (embora dizem que a estrela do PT já denuncia isto), e minha geladeira é “quente”. No entanto, para uma pessoa que já exerceu as funções que o senador exerceu, foi muita inexperiência, pedir dinheiro emprestado a uma tal figura.

E agora, os liberais perderam uma voz no congresso e que precisa ser recuperada, mas, tendo um substituto, que além da ética, zele melhor pelas suas amizades.

Todavia, não foi para falar desta emoção ruim que senti que fez escrever. Esta eu senti, vinda do outro lado, do desbragado intervencionismo estatal na economia, que está nos fazendo perder todos os fundamentos econômicos que construímos por décadas, e do qual este governo da presidenta anda cada dia mais impregnado.

No governo Lula ainda tínhamos a alegria de ver estes fundamentos intactos no seu primeiro mandato, mas,  começaram a ruir no segundo e está nos estertores no governo da presidenta. Todos podem pensar que foi por ela mudar a forma de agir, levando o país a ficar paralisado e a mercê do estado patrão. Mas, não foi assim. Simplesmente ela não fez nada até agora, a não ser tapar os furos deixados por Lula, num ministério caótico.

E o pior de tudo é que as mudanças ministeriais, passam longe de serem mudanças. Houve apenas troca de seis por meia dúzia. Agora a crise chega à sua própria base aliada, o congresso parou e ela viaja junto com o vice-presidente. Pelo menos vemos um aspecto bom nesta viagem, que é o Brasil não correr mais riscos de golpes tão comuns no passado idiota de nossa América-Latina.

Mas, eu os deixo com um texto do J. R. Guzzo, saído na revista Veja desta semana e com o sugestivo título ‘Em busca do nada’ onde procura alguma realização no governo da presidenta. Vejam se ele achou, e eu nem volto mais, pois vou procurar o que o PT fez pelo Recife nos últimos 12 anos, e isto é fácil de encontrar, basta sair a rua desatento e sumir num buraco da rua.

“A palavra provavelmente mais correta para descrever a maior parte das atividades do governo brasileiro hoje em dia, em português comum, seria “farsa”. Mas é melhor, por prudência e pela cortesia com que se devem tratar nossas altas autoridades em geral, utilizar alguma coisa mais leve ─ “ficção”, talvez, é o termo que se aconselha, já que não pode ser entendido como ofensa (Deus nos livre de uma coisa dessas), e ao mesmo tempo serve para resumir com bastante clareza a atual conduta do superior comando da nação.

Entre as paredes do caixote de concreto e vidro em que funciona o Palácio do Planalto, é fabricada todos os dias a impressão de que ali se vive numa colmeia de trabalho sem descanso e de operosidade sem precedentes; segundo essa visão, apresentada como fato praticamente indiscutível na propaganda oficial, ainda não foi criado no Brasil o problema que as prodigiosas qualidades de gerência atribuídas à presidente Dilma Rousseff tenham deixado sem solução. Mas um metro para fora do Palácio, na vida real que começa na rua, o mundo dos fatos, indiferente ao que se diz do lado de dentro, mostra o contrário: nada do que o governo manda resolver, ou quase nada, consegue ser resolvido.

Falta de tempo para mostrar serviço de verdade, do tipo que pode ser visto e comprovado, com certeza não é. Já faz mais de nove anos que a presidente Dilma está dentro do governo, no qual dá expediente desde o primeiro dia de mandato de seu antecessor ─ com a função, justamente, de ser a tocadora de obras número 1 da República. Alguma coisa de porte, a esta altura, já tinha de ter aparecido. Mas não aparece.

Tão inúteis quanto a passagem do tempo ou os oceanos de dinheiro que o poder público tem para gastar vêm sendo as demissões em série na equipe ministerial. Em pouco mais de um ano de governo Dilma, já foram para a rua doze ministros, mais os lideres no Senado e na Câmara ─ todos nomeados por ela mesma, é verdade, incluindo-se aí alguns dos mais notórios candidatos a morte súbita que já passaram por um ministério na história deste país. Os resultados disso, pelo que se viu até agora, foram nulos. As demissões, sem dúvida, mostram que a presidente está disposta a valer-se de sua posição no topo da cadeia alimentar de Brasília ─ pode mandar qualquer um embora, e não pode ser mandada embora por ninguém.

O problema, tristemente, é que o exercício repetido de toda essa autoridade não tem sido capaz de gerar nenhum efeito útil para a vida prática do país e do cidadão. Seja porque Dilma está substituindo tão mal quanto nomeou, seja porque os novos ministros vivem paralisados pelo medo de perder o seu emprego, o fato é que nenhuma de todas as trocas feitas até agora resultou num único metro a mais de estrada asfaltada, ou num poste de luz, ou em qualquer coisa que preste.

O que certamente não falta, nesse deserto de resultados, é a construção de miragens. Empreiteiras de obras públicas, por exemplo, fazem aparecer na imprensa fotos da presidente em cima de um carrinho de trem, cercada por um alarmante cordão de puxadores de palmas, numa visita de inspeção à Ferrovia Norte-Sul. Uns tantos minutos depois, todos voltam a seu carro oficial ou helicóptero e deixam para trás a realidade.

A Ferrovia Transnordestina, por exemplo, com 1700 quilômetros de extensão, foi iniciada em 2006 e deveria ter sido entregue em 2010; já estamos em 2012, o custo de 4,5 bilhões de reais pulou para quase 7 bilhões e tudo o que se conseguiu construir, até agora, foram 10% do percurso. O petroleiro João Cândido, que começou a ser construído quatro anos atrás para a Petrobras em Pernambuco, e foi lançado ao mar em 2010 pelo ex-presidente Lula como um prodígio da nova indústria naval brasileira, voltou a terra firme logo após a cerimônia; continua lá até hoje. Entre as mais espetaculares obras do PAC, com todos os seus bilhões em investimentos, inclui-se o “trem-bala” ─ mas a única coisa que se pode dizer com certeza sobre o “trem-bala”, até agora, é que ele não existe.

A presidente Dilma, que sabe muito bem o que é inépcia, tenta há nove anos achar o caminho de saída desse vale de lágrimas; pode continuar tentando pelos próximos cinquenta e não vai encontrar nada. Não vai encontrar porque procura no lugar errado; imagina que a solução está em criar mais repartições públicas, mais regras, mais controles, mais programas e mais tudo o que faça um “estado forte”. É o tipo de ideia que encanta a presidente. Nunca deu certo até hoje. Mas ela continua convencida de que um dia ainda vai dar.”

quarta-feira, 28 de março de 2012

Resultados da velha e um nova enquete: Agora os vereadores




Por Zé Carlos

Já faz algum tempo que pretendo apresentar oficialmente o resultado de nossa última enquete. Não o fiz até agora porque estávamos assuntando sobre qual outra enquete colocaríamos no lugar desta. Neste ínterim, além das análises que cada um deve ter feito por si próprio, até nossa colega Lucinha Peixoto, usou de suas teclas para cometer a sua (aqui). Eu até a reli para aprender com sua expertise política, e me sinto incapaz de fazer uma análise como a que ela fez, mesmo se eu descesse do muro que ela inventou para mim.

Eis então o resultado final de nossa enquete, que é uma continuação da anterior e que durou bastante tempo:

Alípio Soares - 77 (16%)
Ana Soares (CERU) - 1 (0%)
Audálio Ferreira25 -  (5%)
Daniel Brasileiro Filho - 43 (8%)
Dr. Daniel Brasileiro - 99 (20%)
Dr. Fabrício Benjoino - 2 (0%)
Emanuel Tenório Luna - 48 (10%)
Gervásio Matos - 1 (0%)
Gilmar Aleixo - 5 (1%)
Judith Alapenha - 10 (2%)
Petrúcio Borges - 79 (16%)
Renato Curvelo               - 43 (8%)
Zenício dos Santos - 42 (8%)

Em branco - 1 (0%)
Nulo - 3 (0%)
Não sabe - 1 (0%)

Este é o resultado como se apresenta no mesmo local da enquete onde tivemos quase um recorde de 480 votantes. E não vou voltar a dizer, mas, já dizendo que isto deveria ser o resultado de 480 computadores votantes. No entanto, não podemos deixar de lembrar, igual ao que acontece com as eleições reais, nas quais de vez em quando se encontra um morto sufragando algum candidato, que pode ter havido algum burla no processo.

O que deveremos aqui salientar é que é impossível, para os blogueiros, usando esta metodologia de enquete, pelo seu baixo custo, controlar as fraudes por ventura existentes. Estas deverão ser levadas em conta nas análises, mas, fica difícil para os autores das enquetes como nós, já começarmos uma análise de resultado dizendo que ele foi fraudado a um ponto que para nada sirva. Alguns fazem isto quando querem discordar dos resultados, mas, continuam firme usando as enquetes quando lhes convém. Aqui não faremos isto. E partiremos do pressuposto da mais absoluta moralidade do pleito.

O melhor é apresentar o resultado classificado pela ordem e começar alguns possíveis devaneios em torno dos resultados:


Dr. Daniel Brasileiro - 99
Petrúcio Borges               - 79
Alípio Soares - 77
Emanuel Tenório Luna - 48
Daniel Brasileiro Filho - 43
Renato Curvelo - 43
Zenício dos Santos - 42
Audálio Ferreira - 25
Judith Alapenha - 10
Gilmar Aleixo - 5
Dr. Fabrício Benjoino - 2
Ana Soares (CERU) - 1
Gervásio Matos               - 1

É quase impossível esquecer a acuidade analítica da Lucinha Peixoto quando divide em clãs os políticos para uma melhor análise. Embora, mesmo dentro de minha formação política aristotélica, pensar que um chapa formada pelo Dr. Daniel e o Petrúcio Borges fosse imbatível porque eles tiveram o maior número de votos, seria até temerário. Eu sei que o caminho mais curto entre dois pontos, em política, não é uma reta. Como se diz, neste campo muitas vezes nem a vaca reconhece o bezerro. Talvez, quem sabe, uma chapa composta pelo Dr. Daniel e pelo Gervásio fosse mais viável?

Eu sou de um tempo em Bom Conselho, em que se apelava, algumas vezes, para um candidato único, ou candidato de conciliação e eu penso (me corrijam se estiver errado) o Dr. Raul foi um deles. Era aquele candidato que evitava as brigas políticas e que se pensava representar os verdadeiros anseios da população do município. Nem sempre isto é verdade, e eu não tenho saudades daqueles tempos.

Uma sociedade como a de Bom Conselho, já é muito complexa para termos “coronéis”, que normalmente eram aqueles que de uma forma ou de outra passava por cima das forças políticas da sociedade, com o propósito de uni-las. Muitas vezes, estas pessoas eram boas para o município do ponto de todos os pontos de vista, menos de um processo político democrático onde as correntes de ideias vão se ajustando de forma a que a sociedade progrida.

Não posso chegar aqui e dizer que os resultados apresentados são justos ou já esperados, pois eu tenho meu senso de justiça política e minhas esperanças, que são muito diferentes das de outros. Embora, não seja contra a quem emite suas opiniões quando tem uma boa base para se manifestar. A minha base é pequena, o que justifica parcialmente, gostar tanto do aconchego de um muro. Isto não que dizer que eu seja neutro, pois na vida como na política, a melhor forma de ser parcial, é ficar calado.

E não é fugindo do muro que apresento a nossa nova enquete aos nossos distintos leitores e eleitores. A ideia não foi minha, e apenas a aprovei votando nela.

Algum tempo atrás eu li um texto da Lucinha Peixoto (aqui), muito pertinente por sinal, sobre outra reportagem do Diário de Pernambuco que abordava os gastos com diárias por parte dos nossos vereadores. E fiquei acompanhando tudo aquilo, e tendo certeza que este fato foi politicamente relevante até para influenciar nossas enquetes, pelo tanto que foi abordado pela mídia local.

Então alguém pensou, porque não criarmos uma enquete abordando as eleições legislativas e não as executivas como viemos abordando até hoje? Quando eu pensei que começamos com quase 50 candidatos para o executivo, eu afastava a ideia (começaríamos com 500 candidatos a vereador?). Até que alguém mais inteligente disse: por não fazer uma enquete de rejeição envolvendo os atuais vereadores? E este cérebro privilegiado, que nos ajuda, explicou, dizendo logo o que perguntaríamos aos nossos leitores/eleitores:

“Em quais dos vereadores abaixo você não votaria nas eleições de outubro próximo?”

E aí criamos nossa nova enquete envolvendo os nossos vereadores em ordem alfabética:

Arlan Wanderley Curvelo (Arlan da Barra)
Carlos Alberto Pereira de Oliveira (Carlos Alberto)
Eliane Ramos Dias de Melo (Léa Ramos)
Francisco Bento Soares (Chico Bento)
Gilmar Aleixo (Aleixo)
Ivete da Silva (Ivete Enfermeira)
José Arnaldo Gonçalves Pereira (Arnaldo Pintado)
Luís Pedro Sobral (Luizinho da Malharia)
Petrúcio Borges dos Santos (Dr. Petrúcio)

Mantivemos no quadro da enquete apenas os nomes como são reconhecidos para melhor entendimento e visibilidade na hora da votação, também em ordem alfabética:

Arlan da Barra
Arnaldo Pintado
Carlos Alberto
Chico Bento
Doutor Petrúcio
Gilmar Aleixo
Ivete Enfermeira
Léa Ramos
Luizinho da Malharia

Os eleitores (que são os computadores) poderão votar apenas uma vez, mas, poderão votar em mais de um dos vereadores. Pelo tecnologia do Blogger, a pessoa pode alterar o voto. Então podem votar e se se arrependeram podem consertar ao longo da enquete que durará 20 dias, tempo mais do que necessário para quem quiser influenciar no processo político de nossa terra.

Então vamos às urnas com honestidade, retidão, lisura, ética e moralidade, como ocorre com nossas eleições reais. Votem!

terça-feira, 27 de março de 2012

A PODEROSA




Por Carlos Sena (*)

A Globo deveria ser a presidenta do Brasil. Talvez já seja e a gente, a rigor, não saiba. Sabe-se Deus o que se passa pelos porões que cortam o Distrito Federal. Tudo por lá acontece por debaixo dos panos, digo, por debaixo da terra. Até a reza – aquela que o padre faz na missa, é por debaixo da terra. A famosa igreja de Brasília, a Catedral, está erguida sobre imensas “avenidas” por debaixo dela, inclusive os estacionamentos. Ora, se até as preces passeiam pelas valas sem velas, quem vai vê-las? Assim, meio que pelas valas do poder devem caminhar o que está podre. Podres poderes, padres poderes podres, pátrios perderes de grana que se vão silenciosos pelos porões cheios de “ratos”...

A Globo deveria ser a nossa Presidente/a. Não que a nossa Dilma não esteja bem, mas porque ela talvez não seja a ratazana que possa “seduzir” os “ratos” e, pela lascívia, dá o golpe mortal para recompor aquela que seria uma “NOVA ORDEM MORAL”. Por isto acho que a Globo deveria assumir, mesmo que temporariamente, o poder maior da nação. Querem saber por quê? –  Quem elegeu o Collor? – Ela a poderosa. Quem o derrubou? – Ela, a poderosa. Quem desbarata quadrilhas? – Ela, a poderosa. Quem deflagra escândalos políticos? – Ela a poderosa. Quem flagra dinheiro na cueca dos políticos? – Ela, a poderosa. Quem consegue entrevistas com gente inacessível? – Ela, a poderosa. Quem flagra ministros traquinos com a mão na botija? – Ela, a poderosa. Quem consegue furos jornalísticos com marginais em presídios de segurança máxima? – Ela, a poderosa. Quem manda no horário do nosso futebol? Ela, a poderosa. Quem transforma livros de merda em sucessos de venda e de público, bem como cantores não menos de merda em sucesso de mídia? – Ela, a poderosa. Quem deu o “furo” do ENEM? Ela, a poderosa. Quem mostrou as melhores imagens da pacificação dos morros do Rio? – Ela, a poderosa. Quem é que descobre licitações públicas fraudulentas no serviço público federal? Ela, a poderosa. Quem denuncia os maus tratos da saúde pública e os fracassos das nossas escolas? – Ela, a poderosa. Sabe quem vai anunciar a terceira guerra mundial? Sabem quem vai anunciar o fim do mundo? Ela, a foderosa.

Como vimos, ela é onipresente, oniciente e onipotente. Qual o mortal que consegue isto sozinho? A nossa Dilma? Dificilmente. O que a gente teme é que, em sendo a poderosa a nossa presidenta, os “ratos” se disfarcem de coelhinhos e ofereçam ovo envenenado pra ela (a Globo) e se locupletem do podre poder para, sem que ninguém saiba, passando-se por ela, mantenham a mesmo câncer da corrupção generalizada que mata nosso povo sem educação de qualidade; dizima nosso povo por conta do precário SUS que padece da falta de financiamento e aniquila nossa cidadania que se desespera a cada escândalo político e a cada roubalheira que a TV nos mostra com detalhes todo dia.

Portanto, dona Globo, se a senhora se candidatar a presidenta nas próximas eleições conte com o meu voto.

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(*) Publicado no Recanto de Letras  em 21/03/2012

segunda-feira, 26 de março de 2012

A semana - O Chico morreu: Risos por favor...




Por Zé Carlos

Hoje estamos chegando e vendo o filme da semana. Escreveremos apenas o suficiente para que não digam que a gente aqui é só “copia e cola” o que nos deixa muito triste quando não usam o “quase”; e quando o fazem nos irritam ainda mais, pois é uma verdade ainda maior. Só ficamos alegres porque nossos leitores gostam e isto é importante.

Esta semana que passou teve como fato marcante uma reportagem logo do domingo, não este de ontem, mais o outro, sobre a corrupção que grassa nos processos licitatórios, filmada e coreografada num hospital  do Rio de Janeiro. Chocante.

E quando vemos estas coisas, um economista que já se foi, volta para usar nosso corpo para perguntar: “Chocante por que?” Ora, o que nós vimos foram pessoas fazendo seu trabalho, como qualquer brasileiro, dentro do nosso sistema capitalista, tentando tornar máximos seus ganhos. Se com estes ganhos há uma transferência de renda do setor público para o setor privado, isto é tão comum como qualquer obra pública. Se esta verba é melhor utilizada, de forma mais eficiente o sistema econômico produzirá mais, inclusive gerando mais impostos para serem utilizados em outras transações, inclusive pagar os salários do funcionalismo.

Depois de muito nos debater deste ser amoral que de vez em quando baixa em nós, e por isso, tentamos evitá-lo a todo custo, nós continuamos vendo o filme e rindo de algumas passagens, como aquelas em que Ronaldo, o fenômeno, se gaba de sua intimidade com vários presidentes da república, menos com Dilma. Vai ver as mulheres tem mais sensibilidade em arranjar suas amizades ou inimizades. Vejam inclusive alguns trechos da entrevista do Jarbas Vasconcelos que aqui publicamos sobre nossa presidenta.

Ou fato risível é a candidatura de Zé Serra à prefeitura paulistana. Alguém ainda duvida que se  outra candidatura, a presidente ou a governador do estado passar na sua frente ele não vai embora?  Quem viver verá.

O filme termina com uma nota que seria triste se não fosse a pessoa que está no centro da nota: A morte do Chico Anísio. Indiscutivelmente o grande brasileiro dos últimos tempos pois fez os brasileiros rirem nos piores momentos. Mas, nossa história com o Chico e seus personagens é muito extensa para caber num comentário de uma semana.

Agora vejam o resumo da equipe produtora do UOL e logo abaixo vejam o filme. E desculpem o atraso da postagem da semana, mas, foi por um bom motivo, acreditem.

No “Escuta Essa!” desta semana, o ex-jogador Ronaldo conta de sua relação com ex-presidentes e com a atual presidente Dilma Rousseff. No Congresso, Dilma enfrenta pressão da base aliada na votação da Lei Geral da Copa, que deve decidir, entre outros aspectos, a liberação de bebida alcoólica nos estádios durante a Copa de 2014. Na corrida das eleições municipais deste ano, o pré-candidato tucano José Serra minimizou o compromisso assinado durante sabatina da Folha em 2004 de que não deixaria a prefeitura para disputar o governo de São Paulo. E o ator de pornochanchada Paulo César Pereio, 72, se candidatou pelo PSB a vereador de São Paulo.”

domingo, 25 de março de 2012

Canção do Exílio




Por Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

sábado, 24 de março de 2012

Nem tudo é fácil




Por Cecília Meireles

É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar
alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar
para que não apenas sonhemos, Mas também tornemos todos esses desejos,
realidade!!!

sexta-feira, 23 de março de 2012

ENTREVISTA COM JARBAS VASCONCELOS



JARBAS VASCONCELOS


Por Zé Carlos

Quem acompanha meu textos aqui neste blog, em minha tentativa de me tornar um jornalista, pelo menos bissexto, sabe que eu gosto muito de política, mas, como a Lucinha Peixoto diz, olhando-a lá de cima do muro. E esta minha posição é justificada por eu não ainda ter menos capacidade para me tornar um político bissexto do que um jornalista idem.

Eu gosto de comentar um vídeo que a UOL faz quase toda semana, que é mais de humor do que de política, e é para mim gratificante. Esta semana, por força de uma viagem ao interior (e antes que alguns olheiros de plantão pensem que irei me encontrar com minha colega Lucinha em Gravatá eu já digo que vou mais prá longe) não posso fazê-lo no final de semana.

E hoje, fazendo a página Deu nos Blogs, eu encontrei uma entrevista do nosso “ex-um bocado de coisas” Jarbas Vasconcelos, e que, ao vê-la, pensava que iria perder mais de 35 minuto, foi o contrário, achando ao final que não perdi meu tempo, pelo menos por ver um político habilidoso que no momento custa a aparecer. Como qualquer político aristotélico eu concordei e discordei de algumas coisas, mas, achei que deveria dar oportunidade aos leitores da AGD de fazer o mesmo e a estou colocando abaixo, para seu julgamento.

Como é muito longa eu resolvi publicá-la hoje, e se ficarem cansados, vejam-na no final de semana junto com as poesias que programei, para que nossos leitores não fiquem ociosos neste tempo enquanto eu me divirto.

Vejam abaixo a apresentação do vídeo pela equipe do Fernando Rodrigues (ou da UOL), e curtam a entrevista a seguir. E tenham um bom fim de semana.

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), da ala do PMDB não alinhada ao governo de Dilma Rousseff, foi entrevistado em 22.mar.2012 no “Poder e Política”, projeto do UOL e da Folha conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues. Ele disse que a presidente Dilma erra ao tentar “ganhar sempre no grito e na cara feia” e que isso faz com que ela perca aliados no Congresso. Falou também sobre o uso do Twitter por políticos antes do período de campanha, sobre as eleições municipais de 2012 e sobre as perspectivas da oposição para a eleição presidencial de 2014.”

A MORTE DE UM GAY, qual um cão.



Por Carlos Sena (*)

 Faz tempo que ouvi a história que segue. Não sei se de fato aconteceu na totalidade, em partes ou nunca aconteceu. Contudo, asseguro que escutei de uma pessoa próxima dos atores dessa história triste.

A cena do crime foi em João Pessoa no campus da Faculdade de Medicina, mais ou menos nos anos 60. Um jovem estudante de Pernambuco foi estudar medicina por lá, pois não tinha conseguido passar na Universidade Federal de Pernambuco. Num determinado dia, aproveitando uma folga das aulas, os alunos daquela turma ficaram jogando conversa fora no pátio quando passa um gay – daqueles estereotipados, cheio de trejeitos e, certamente com indumentárias de natureza feminina. Não deu noutra. Os estudantes de medicina deram uma curra no gay e depois uma camada de pau. Ele chegou a ser levado para a emergência, mas faleceu.

O tempo passou, os alunos se formaram e foram cumprir seus naturais destinos. O gay, qual um cachorro estava morto. A policia, diante de um cachorro morto nada fez, como ainda hoje pouco faz. O estudante pernambucano que vamos chamá-lo de José, já que não nos foi dito seu verdadeiro nome, retornou a Recife. Pouco tempo depois era um especialista renomado e rico, dono de um importante consultório médico. Casou-se, teve três filhos: dois homens e uma mulher. Esses filhos, segundo nos contaram, foram criados em berço de ouro, estudando nos melhores colégios. Infelizmente a menina nasceu com um problema congênito de saúde que não a permitia andar. O pai, embora médico excelente, nada pôde fazer pela filha que viveu a vida toda em cima de uma cama. Com os dois filhos, tudo parecia dentro da normalidade das expectativas do pai e da mãe. Estudiosos, os filhos galgavam sempre os primeiros lugares na escola e na faculdade. Eram conhecidos pela inteligência e também por serem filhos do médico famoso da cidade. Contudo, algo andava errado naqueles filhos, é o que deve ter imaginado aqueles pais. Não havia jeito que fizesse os rapazes apresentarem aos seus pais alguma namorada. O pai fazia tudo. Criava situações, apresentava moças ricas, os mandava em férias para Europa, mas nada. Certo tempo, deixaram de acompanhar os pais aos eventos que outrora eram compartilhados. Demonstravam comportamentos arredios, preferindo os dois rapazes, ficar em casa ou saírem sozinhos para alguma festa que não diziam onde era nem com quem iriam. Um belo dia, sem aguentarem a barra da cobrança da família, os dois rapazes abriram o jogo: “nós somos gays”. Os pais, como todo bom pai conservador e preconceituoso, quase morreram. Até se dispuseram a pagar um bom psicólogo, mas os rapazes, conscientes da homossexualidade, não aceitaram.

A grande maioria dos amigos do médico soube e isto foi um momento de vergonha para aquela família tradicional. Quando, finalmente os pais perceberam que tinham, de fato, dois filhos “viados”, “bichas”, ou que outro nome valha, decidiram se livrar do peso que foi colocar duas bichas no mundo. Resultado: chamaram os dois filhos lhes deram dois apartamentos em bairros classe média e os mandaram viver a vida esquecendo que tinham família. Se os filhos esqueceram que tinham família não sabemos. Certamente foram bem mais felizes com suas escolhas do que com as escolhas do pai, o Dr. José. Da filha, quem me contou disse que ela veio a falecer logo depois que os irmãos foram colocados pra fora de casa.

E agora José? E agora você? Você que faz “medicina”, que zomba dos outros, não ama nem protesta, e agora José? E agora você? Com a chave na mão (consciência) quer abrir a porta, não existe porta, quer morrer no mar... Mas o mar secou, quer ir para o inferno, inferno não há mais, José e agora?

Concluo essa dissertiva acreditando que a espiritualidade esteja presente nessa trajetória de vida. Espero que o Dr. José tenha se lembrado de quando, com seus colegas, apedrejaram uma bichinha no campus da universidade em João Pessoa. Lei do retorno? Quem aqui faz aqui paga? Não sei. Tudo que sei é que hoje tudo continua do mesmo jeito: matam-se gays como não se matam cachorros sarnentos. O que mudou neste sentido foi muito pouco, talvez a forma, mas o preconceito apenas está disfarçado pelas bandeiras do humanismo tão em moda. Pra não cometer injustiça: os gays não são mais  bestas, ignorantes e sem grana, como no passado um dia foram. A imprensa, com algumas exceções, tem feito sua parte.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 19/03/2012

quinta-feira, 22 de março de 2012

Dia do Blogueiro, parabéns aos colegas




Por Zé Carlos

No dia 20 passado recebemos através do Facebook uma mensagem, de uma das nossas filhas, nos cumprimentando pelo Dia do Blogueiro. Nós nos surpreendemos não pela mensagem mas, pelo motivo dela. Nós, depois de mais de um ano nesta gratificante atividade  não sabíamos deste glorioso dia, e até agora, nos blogs da região por onde andamos, não vimos nenhuma referência a ele.

Os blogs hoje se tornaram uma boa parte de nossos meios de comunicação, e mesmo aqueles meios mais tradicionais já têm seus blogs, muitas vezes divididos pelos seus mais diversos profissionais. Hoje há pessoas que já vivem exclusivamente da profissão de blogueiro e falam até em regulamentá-la brevemente. No último Encontro de Blogueiros de Bom Conselho, foi levantada a hipótese de regulamentação da profissão, fichamento dos profissionais, organização sindical, etc. coisas que ainda somos contra, talvez até porque não soubéssemos ainda da existência do Dia do Blogueiro.

Nosso blog, graças a Deus está cumprindo os objetivos para o qual foi criado, que é o de informar Bom Conselho, ou, sendo mais rude, fazer a cidade ler  cada vez mais. Para nós, e para nossos colaboradores, o dinheiro passa longe. E nisto não vai aqui nenhum veredito contra ele. Apenas o prazer de fazê-lo já nos é muito compensador. Em nossas reuniões internas alguns tem perguntado porque não arranjamos algumas imagens propagandísticas para pagar a luz que alumia nossos computadores. Esta hipótese não está descartada, mas, lembro que já tive que tirar a propaganda que tínhamos, mesmo sendo de graça, ou que prometíamos doar o dinheiro à Casa da Caridade. Imagine quem vai querer pagar para anunciar aqui. E os açodados logo se aquietam.

Em uma das atividades mais prazerosas que temos, que é encher nossa página “Deu nos Blogs” encontramos, no Blog do Noblat, um texto sobre a imparcialidade do jornalista (aqui) que transcrevo abaixo por achar que o blogueiro hoje é um jornalista e como tal deve proceder. Leiam e depois eu volto.

"Este é um dos mitos cultivados há mais de século: jornalista é imparcial. Ou tem obrigação de ser.

Ninguém é imparcial. Porque você é obrigado a fazer escolhas a todo instante. E ao fazer toma partido.

Quando destaco mais uma notícia do que outra faço uma escolha. Tomo partido.

Quando opino a respeito de qualquer coisa tomo partido.

Cobre-se do jornalista honestidade.

Não posso inventar nada. Não posso mentir. Não posso manipular fatos.

Mas posso errar - como qualquer um pode. E quando erro devo admitir o erro e me desculpar por ele.

Cobre-se do jornalista independência.

Não posso omitir informações ou subvertê-las para servir aos meus interesses ou a interesses alheios.

Se me limito a dar uma notícia devo ser objetivo. Cabe aos leitores tirarem suas próprias conclusões.

Se comento uma notícia ou analiso um fato, ofereço minhas próprias conclusões. Cabe aos leitores refletir a respeito, concordar, divergir ou se manter indiferente.

Jornalista é um incômodo. E é assim que deve ser. Se não for não é jornalista."

Pedimos a gentileza de que aquele que nos leu até aqui, releia este texto do Ricardo Noblat e substitua o termo “jornalista” por “blogueiro”. Foi o que eu fiz, e consideramos nossas, as palavras do blogueiro Noblat, no Dia do Blogueiro.

Por isto seguimos dizendo que não é lícito escrever que não temos opinião de qualquer espécie, inclusive política, simplesmente porque isto é impossível. Mas, estas opiniões devem serem faladas ou escritas preservando os fatos, e mantendo nossa independência ao relatá-los.

Nós, a AGD, nos consideramos um blog de notícias de “segunda mão”, dosados com um pouquinho de opinião. Fomos já até criticados por usar as informações dos outros e não as nossas informações colhidas no dia a dia pelos nossos repórteres. Só os malucos pensam que a notícia de primeira mão é única que pode ser dada por um órgão da mídia. Com o orçamento aprovado, e seu plano de gastos que a AGD vem aprovando nos últimos meses, sendo voltado para Bom Conselho, a única notícia de primeira mão que poderíamos dar é que o Luis Clério estava vestido de branco no Encontro de Blogueiros que mencionamos acima. E mesmo assim, terá alguém que dirá que a notícia foi inventada ou é irrelevante porque sabemos que ele só usa branco. Evitamos um pouco as notícias de “terceira mão”, mas, até quando a colocamos sempre citamos suas fontes explicitamente ou através de um link.

Agora já está programado pelo Cláudio André e seu Blog um novo Encontro, a que não poderemos comparecer, infelizmente. E antes que alguém diga que é porque ele vem sempre nos elogiando ao nos confundir com a Lucinha Peixoto, embora deixe a própria Lucinha uma fera, nós dizemos que é porque nos dias programados estaremos exercendo outra atividade que, em nossa escala de prioridade, nos dar muito mais prazer: ficar tomando conta de um neto. Mas, pela importância que esta atividade de blogueiro é portadora, estamos envidando todos os esforços para que a nossa colega Eliúde Vilela, vá representar a AGD, já desejando sucesso ao Encontro.

E tudo isto já faz parte da nossa vida, e agora mais com o Dia do Blogueiro então, não temos mais o que reclamar. Entretanto, acompanhando o debate de altíssimo nível entre o vereador Carlos Alberto e nossa amiga Lucinha Peixoto, em seus blogs, sobre o “feriado do Dia da Mulher”, eu diria ao nobre e atuante edil, que eu apoiaria qualquer projeto seu para homenagear os blogueiros no próximo dia 20 de março, mas, um feriado neste dia, seria demais.

Parabéns a todos os blogueiros pelo seu dia, mesmo que atrasados. 

quarta-feira, 21 de março de 2012

TODA IDADE É ENCANTO.




Por Carlos Sena (*)

Com a idade amadurecida, existir se torna mais ameno. Nada de comparações com os jovens, pois prefiro compreender a vida pela beleza que toda idade tem. A maturidade feliz é muito boa de ser curtida. Creio que um coroa feliz ou uma mulher madura igualmente feliz, podem sentir isto sem dificuldade. Quando a gente passa dos quarenta anos começa a desabrochar em nós certa tranquilidade acerca de coisas, pessoas e acontecimentos que em outros momentos da vida nos causaram frisson. Certa ansiedade como se a gente quisesse dominar o mundo ou ser onipresente dentro dele.

O tempo passa e a gente vê o óbvio, ou seja, que o tempo passa. Essa certeza nos deixa, de certa forma, mais de pé no chão com a vida – diferente dos tempos em que a gente se imaginava senhor do tempo e da vida. Não ser senhor do tempo nem da vida é acima de tudo ser o próprio tempo e a própria vida em sua trajetória factual. Dito diferente, maduros, nós homens e mulheres conseguimos viver sem o incomodo do futuro. O futuro passa a ser uma janela que a gente abre quando quiser para dela ver o horizonte do sonho e dele fazer poesia. Fechada a janela, a vida se retoma em si preta e branca, aguardando que usemos as cores desejadas se assim for o nosso desejo.

A maturidade, quando se alcança enquanto processo, acontece sem atrapalhos. Se toda idade tem seu encanto, todo encanto traz novos encontros que fazem da vida uma permanente aventura: encontros de amor, de afeto, de lugares. Encantos de se sentir feliz por nada, pelo simples fato de estar vivo. Encanto pelos reencontros do passado: festas, sonhos, pessoas, que um dia nos foram singulares, mas que hoje nos chegam plurais para a nossa tergiversação. A maturidade nos dá a impressão de que já vimos tudo e vivemos tudo. Engano. Vive-se tudo e vê-se tudo quando nada mais restar de sobrenatural para colocar nos acontecimentos. Os olhos da vida tem que ser naturais, exíguos de paixões, ou com elas, mas no alcance das mãos. A Maturidade nos permite às escolhas, às seletividades. Arrumar alguém pra casar não se torna fácil. Jamais pela falta de capacidade de amar, mas porque o nível de exigência aumenta e a seletividade vem como consequência, inclusive de nossa comodidade. Haverá sempre uma tendência para que relações com gente bem mais nova se estabeleça, mas boa parte das pessoas maduras não se interessa porque não querem dividir seus espaços com mais ninguém, principalmente com gente jovem. Particularmente acho isto um detalhe sem muita importância, posto que a vida se vive em cada dia por dia – no futuro estaremos todos mortos.

Certo que há momentos de crise existencial. Em toda idade existe, pois afinal Deus não nos deu a capacidade de existir acima do bem e do mal. Se assim fosse, certamente o mundo não existiria. O importante é que todos alcançarão maturidade se não se despedirem da vida precocemente. Cada fase do existir se me parece com a lógica da escola e da faculdade. Se, maduros, não nos sentirmos que fomos aprovados no vestibular da vida, êpa, êpa, êpa... Certamente teremos uma vida eivada a remédios, mau humor, cara feia, hipocondria e alhures.

Prefiro acreditar na plenitude que a maturidade concede. Nas suas principais concessões, o amor está em primeiro lugar. Não o amor de homem com mulher, mas também se for o caso. Falo do amor genérico em que nosso olhar não se perca nas esquinas do egoísmos e nos becos da desagregação interior.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 18/03/2012

terça-feira, 20 de março de 2012

O milagre do hospital



Por Zezinho de Caetés

Houve muitas coisas de importância política na semana que passou. Derrota de Dilma no Congresso,  consequente substituição de líderes do governo no Senado, as firulas políticas do Renan visando a presidência do Senado, além de outras coisas.

Estamos em ano eleitoral, e por mais que os municípios estejam longe de Brasília, tudo que se faz  lá desemboca no país inteiro, caçando candidatos, vitimando pessoas de grande cacife eleitoral e mesmo até ceifando por completo suas vidas políticas. O que será agora do Cândido Vacarezza?

Entretanto houve um fato político de importância essencial, que pode ser resumido em duas frases:

“Vale a pena essa luta, porque essa é a boa luta”.

“O momento é de transformação. O país vive uma nova realidade econômica e social, por isso é fundamental a renovação e a instituição de novos métodos e práticas políticas”.

Parecem frases comuns, daquelas que a gente ouve todos os dias nos rádios e televisões e lê  na mídia escrita. O grande diferencial é autor: Luis Ignácio Lula da Silva, meu conterrâneo e amigo de infância lá nos rincões de Caetés.

Hoje sabemos que, se há alguma coisa de diferente entre o governo de Dilma e o governo do Lula, além do primeiro ainda nem ter começado quase um ano e meio depois de empossado, é o fato da Dilma não vir tratando os políticos a pão-de-ló. É uma chiadeira geral, pois a presidenta colocou um freio na farra das emendas e no trânsito livre da base aliada. E isto chegou ao ponto de ruptura quando, a Dilma indicou alguém para a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), e o Senado, diga-se base aliada, aproveitou para cantar aquela música que não canso de ouvir: “Ah, se eu te pego, que delícia, que delícia...”.

Então a presidenta rodou a baiana e defenestrou  seus líderes tanto no Senado quanto na Câmara, gerando consequências imprevisíveis do ponto de vista político. Como já disse aqui, até a cervejinha nos estádios, que o Brasil havia prometido a FIFA na Copa do Mundo, está ameaçada. Se só fosse um gole a mais ou a menos da água que passarinho não bebe, estaria tudo bem. Mas, temos pela frente o Código Florestal do qual depende um dos setores, hoje, mais dinâmicos da economia brasileira que é o agronegócio. E tudo pode emperrar.

Voltemos ao autor das frases sobre a transformação. E neste ponto, devo confessar, nunca na história deste país existiu um político como o Lula, para se entender com uma base aliada como esta que a Dilma dele herdou. O cara, como se diz, deu nó em pingo  d’água. Naquela época ele já fazia o milagre de manter todos unidos em torno de um só ideal, “Mateus, primeiro os meus”. E fez sua sucessora, como se tivesse alguém neste mundo que pudesse se manter no poder sendo acossado por uma bando de políticos que não deixaram de usar os métodos da república velha.

E agora, o que já estão chamando, o “milagre do hospital”, depois de receber um dos líderes ungidos por Dilma, o Eduardo Maia, segundo este, o Lula pronunciou as frases acima. Todo este texto se baseia na presunção da verdade do que este líder falou. E assim realmente temos um milagre, ou, conhecendo bem a trajetória política do Lula, mais uma picaretagem das grossas e daquelas que os 300 picaretas faziam no Congresso em seu tempo com tal.

Tenho certeza que o próprio Lula sabe que estas são palavras ao vento no mundo político, e que a grande e real briga vai ser travada nos bastidores do congresso nacional e nos bastidores da baixa política, e que se houver algum sinal de transformação é apenas fogo de palha, enquanto o Estado maluco brasileiro se arvorar de defensor dos pobres e oprimidos, alargando suas asas sobre a economia e fazendo cada dia mais vítimas de sua imoralidade.

Eu estava pensando em escrever (e vou fazê-lo outra hora) sobre o que vi ontem no Jornal Nacional sobre a bandalheira a que chegou a forma como os empresários se relacionam com o setor público no Brasil. Sei que alguns petistas e apaniguados vão dizer que tudo é mais uma jogada da Rede Globo de Televisão contra A ou B. Será? Claro que não. A culpa é da própria maneira como o Estado está tentando resolver questões para as quais não tem o mínimo de capacidade para fazê-lo, e dentro de um quadro político, que, a começar por Brasília e se espraiar pelos mais longínquos municípios, vai levar este país ao caos.

E agora, depois de apeado do poder formalmente, o Lula vem tentar fazer revolução nos métodos e práticas políticas. Parece brincadeira, mas, não é, pelo menos para ele. Ele talvez esteja com remorso pelo que fez com este país durante este tempo e agora, se sentindo um deus, quer tentar se redimir. Só que para que isto ocorra no governo Dilma, vai ser preciso mais do que um "milagre de hospital"

segunda-feira, 19 de março de 2012

PRECONCEITO: TESTE RÁPIDO




Por Carlos Sena (*)

Diante do politicamente correto tão em moda, parece que todo mundo adora dizer que não tem preconceito. Quando tiver oportunidade faça o seguinte teste rápido:

1 - quando um amigo seu lhe apresentar a esposa desse jeito “Fulano esta é minha mulher”, pergunte a mulher: “esse é seu homem”? Você verá como ela fica sem saber o que responder e ele sem entender o motivo daquele desrespeito. Aconteceu comigo, mas eu adorei ter presenciado essa cena falso-moralista no melhor estilo dos novos ricos que assolam este país. Grosso modo fica claro que homem pode ter mulher, mas mulher casada que tiver homem é puta, pois mulher que tem homem é rapariga, messalina, rameira e alhures.

2 - Outro teste rápido que você pode não fazer, mas presenciar: veja se você tem algum amigo que sempre aparece com o primo a tiracolo. Observe se quando ele atende ao telefone não se refere a alguém como “figura”. Observe ainda se ele não costuma dizer que vai sair com um pessoal. Ele também costuma se ausentar para distante quando determinada ligação de celular acontece. O resultado do teste é o seguinte e com pouca chance de erro: seu amigo é “do babado” ou como se diz no popular “vive no armário”...

3 - Mais um teste rápido: você tem um amigo ou de alguém teve noticia que não se cansa de contar vantagem acerca das mulheres. Quando passa uma logo ele diz que é gostosa, que faria tudo com ela na cama. Se alguém disser que ela é sapatão, logo ele defende dizendo que sapatão é mulher mal cantada e com ele ela, certamente, mudaria de “opção”. Quando sai com uma garota e os amigos ficam sabendo, no dia seguinte já está ligando dizendo o que fez e o que fez para poder fazer alguma coisa no motel. É o típico homem cheio de pabulagem, ma que a rigor tudo caminha para ser um cara frio, de pau pequeno e cheio de medo que alguém duvide da sua masculinidade. Esse teste é meio genérico, tipo dois em um: serve para o que dissemos, mas também para uma esconder uma bichona enrustida, “no armário”...

Esses três testes rápidos (poderia citar mais) servem para a gente fazer o link com os preconceitos que pululam no nosso cotidiano tão cheio de “POLITICAMENTE CORRETO”. Esses aspectos denotam um pouco do preconceito às avessas, ou seja: a) uma bicha que tem preconceito de ser bicha; b) um homem que tem preconceito com suas limitações sexuais além de viver em dúvida acerca delas; c) outros que, igualmente não aceitam suas dificuldades afetivo-sociais canalizadas para a pabulagem como se a autoestima melhorasse diante de suas oralidades. Afora os preconceitos das sexualidades, outros igualmente se delineiam com altos poderes de destruição dos indivíduos por dentro. Todos carreados pelo  fato de alguém ser negro, ser gay, ser mulher, ser velho, ser judeu, ser índio, ser deficiente físico, etc.

Outros testes rápidos do nosso cotidiano:

a) Quando uma mulher diz que não gosta de ser examinada por uma ginecologista (mulher) não estaria aí, implícito, um preconceito?

b) Quando um homem diz que não faz o "toque" num exame de próstata não será porque os médicos dessa especialidade são, no geral, homens? (Sou da área de saúde e confesso que não conheço uma médica especialista em proctologia).


c) A grande maioria dos negros prefere se relacionar afetivamente com brancos. E aí?

Coisas de uma sociedade que se rejubila de ser moderna, de pertencer a geração que faz parte da era do conhecimento... Me engana que eu gosto. Tudo contra o preconceito. Invente seu teste rápido.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 15/03/2012. A imagem não faz parte do artigo original do Carlos Sena.

domingo, 18 de março de 2012

A semana - "Mas, será a Benedita?!"




Por Zé Carlos

A semana que passou foi mais hilariante do que o próprio filme da UOL que sempre apresentamos aqui, nos fins de semana. Dizíamos lá em Bom Conselho, em nossa mocidade, quando nos surpreendíamos com alguma coisa: “Mas, será o Benedito?!”. Até hoje eu não sei porque se dizia isto. Se hoje alguém me perguntasse assim, eu diria que não foi o Benedito, mas sim a Benetida da Silva, que abre o filme abaixo, pedindo ao vice-presidente para cuidar da presidenta. O vice não falou nada, mas a presidenta prometeu se cuidarem ambos, um do outro. “Mas, será a Benedita?!”

E o nosso futebol? Como fica sem o Ricardo Teixeira? Espero um texto do amigo Jameson nos contando o que acha disto. Aqui apenas comento o filme onde alegam ter sido a presidenta que demitiu o cartola. Sei lá, eu penso que foi a FIFA, que já conseguiu colocar a ‘cervejinha’ goela abaixo dos torcedores na Copa do Mundo. Eu só fico pensando é, por que só na Copa? Ou só vai ser liberada para torcedor estrangeiro? Penso que quem deve cuidar de nossa presidenta é o Joseph Blater. “Mas, será a Benedita?!”

E eu, já sendo assunto do Estatuto do Idoso, já havia comido, ou pelo menos ouvido falar, em rodízio de carne, rodízio de pizza, rodízio de comida japonesa, rodízio de carros, rodízio no voleibol, mas, de rodízio de líderes foi a primeira vez. Quase morrendo e ainda aprendendo. Tivemos nesta semana passada o rodízio de Jucá, que é uma carne vinda diretamente de Pernambuco, mas é ultimamente apreciado em Roraima. Este rodízio é muito popular em Brasília e se come desde a época do FHC. Foi apresentado o rodízio Vacarezza, cuja principal característica é sua carne gorda e um pouco indigesta para quem tem problemas de expressão oral, principal, motivo de não ser muito apreciado. “Mas, será a Benedita?!”

Mas, no filme, o destaque fica para o prefeito de São Paulo, o Kassab, que do alto de seus 71% de rejeição ou de descrédito em sua administração, conseguiu criar um partido, o PSD, do qual todos querem seu apoio. Como diz o bispo Crivella, o ministro da pesca, este partido é mesmo de conveniência, ou seja, é o mais adequado para nossa “coalizão” democrática. Alguém dizia que esta país alguma dia vai se tornar um imenso Portugal, hoje, depois da crise europeia os portugueses devem dizer que aquele país ainda vai ser um pequenino Brasil. Já eu penso que neste ritmo sempre seremos o nosso Brasil, gigante pela própria natureza, mas, ainda deitado em berço esplêndido. “Mas, será a Benedita?”

E alguém acredita que ruas do Rio foram fechadas para o príncipe Harry tomar chopp na orla marítima, derrubar bandejas e comer rodízio de frango? Eu li isto em algum lugar, e agora ouço no filme alguém dizer: “Mas, que príncipe desastrado?!”. Eu só diria: “Mas, será a Benedita?”

Enfim, fiquem com o roteiro resumo da equipe produtora e curtam o filme logo em seguida.

“O “Escuta Essa!” desta semana traz mais estripulias do PMDB no governo. A presidente Dilma Rousseff inventou até um “rodízio de líderes” para poder afastar o senador Romero Jucá do papel de porta-voz dos interesses do palácio do Planalto dentro do Congresso. Até o vice-presidente Michel Temer foi convocado para cuidar de Dilma. Por outro lado, o príncipe Harry veio ao Brasil e causou alvoroço entre as plebeias tropicais. Para fechar a edição, oferecemos os sucessos musicais do premiê israelense, Benjamin “Bibi” Netanyahu.”

sábado, 17 de março de 2012

Às enquetes, outra vez...




Por Zé Carlos

Sou eu sempre que anuncio novas enquetes aqui no blog e sirvo de relator da proclamação de seus resultados. Se pesquisarem o passado desta AGD, verão muitos textos sobre anonimato e enquetes, e muitos de minha autoria.

Eu já disse e repito aqui que não faço uso da instituição do anonimato além de usar o pseudônimo não registrado de Zé Carlos, mas, defendo, talvez não até a morte o direito de outrem fazê-los. Mas este texto não trata diretamente deste tema, e sim de enquetes e suas possibilidades de burla, e os assuntos estão bem relacionados. Pois o “burlão”, quase sempre é um anônimo, tal qual os eleitores das eleições reais, pelo segredo do voto. Este tema foi tratado principalmente aqui, embora apareça outras vezes. (por exemplo, aqui).

Hoje, mais uma vez, e diante de um resultado parcial de nossa enquete presente, que para alguns amigos está ocorrendo o que chamei um dia de distorção mercadológica no uso dos “votadores de enquetes”, eu volto ao tema do que realmente significam as enquetes para mim.

Relendo a mim mesmo, o que não gosto muito de fazer, embora seja necessário na atividade da escrita para não ficarmos nos repetindo, por nossas falhas neuronais, eu encontrei algo que introduzirei abaixo, fingindo que estou escrevendo tudo hoje, pois a situação não mudou e nem mudou muito minha opinião. Além disto sigo a opinião de um professor meu que dizia não ser o autoplágio um pecado mortal.

Diante dos comentários de que as enquetes podem (e são muitas vezes) serem burladas ou desvirtuadas em seu resultado, vamos entrar no mundo da imaginação e tentar sair dele com uma ação no mundo real.

Vamos começar imaginando uma situação extrema, na qual, os computadores não tivessem limite de votos. Isto é, um indivíduo, caso quisesse, pudesse sentar 24 horas por dia na frente de um computador e votar à vontade, quantas vezes quisesse. Ou exagerando mais ainda, ele pudesse introduzir um programa em sua máquina que votasse por ele. E, ainda mais, neste reino da fantasia das enquetes, ele fosse o único a ter acesso a este tipo de procedimento. Assim sendo, dificilmente seu candidato teria menos votos numa enquete. Sendo ele um ateu, até Deus perderia feio.

É óbvio que enquetes onde pudesse isto existir estariam fadadas ao descrédito e ao fracasso. E as consequências seriam trágicas para nós blogueiros, que costumamos alavancar nossa audiência com elas, dando-lhes o máxima de rigor informativo possível. Esta situação é tratada como um monopólio e exploração da informação e do conhecimento. Isto não e impossível de ocorrer nem nas enquetes e nem na vida. O problema aqui é que este monopólio é usado de forma que se diz assimétrica, pois todos os eleitores de uma enquete deveriam tem a mesma capacidade de voto.

Vamos ao outro extremo da imaginação e pensar que a informação sobre votar multiplamente fosse disseminada por toda a população votante. Todos teriam os mesmos meios para votar e liberdade para votar em quem quisesse e quantas vezes quisesse. Aí Deus teria uma chance, se o Diabo fosse seu opositor na enquete. Se os partidários de cada um tivessem os mesmos meios e votasse cada um o máximo possível, voltaríamos ao velho mundo ideal de um computador um voto, e quem tivesse mais partidários venceria a enquete, se todos ficassem com a bunda colada no assento na frente do computador pelo mesmo tempo.

No meio termo, ou em cima do muro, como é sempre mais realista, temos as situações híbridas onde alguns detêm mais informação e conhecimento do que o outro, e o comportamento dos votantes é imprevisível. Não se pode afirmar que, porque eu hoje acredito que se pode votar mais vezes, que eu irei fazê-lo. E lá vem outra vez um aspecto que envolve todas nossas ações em sociedade e que deve ser prezado para não voltarmos à barbárie: o aspecto ético dos nossos atos.

Numa linguagem tortuosa e simples como deve ser a linguagem blogueira, o que queremos dizer é que “a mão que afaga é a mesma que apedreja”, ou que, os instrumentos que temos servem para o bem ou para o mal, e, quando se trata do conhecimento, é um dogma moderno que ele seja disseminado para todos, e que se deixem os aspectos éticos e morais envolvidos decidirem como eles serão utilizados. Sem saber como construir uma bomba atômica talvez não fosse possível saber como poderíamos curar o câncer. Antes que comece uma seção filosófica onde não chegaria nem a um silogismo válido, baixemos a bola e voltemos às enquetes.

Hoje mais do que ontem eu tenho a certeza de que as enquetes, como são formuladas por quase todos nós que usamos o Blogger e sua metodologia, nos mostram muito pouca coisa a não ser tendências muito vagas do que algumas pessoas escolhem, sem nenhum rigor de representatividade. E não quero dizer aqui que elas não são importantes, mesmo que haja possibilidade de burlá-las, como nos mostram os entendidos no assunto. A informação tem o seu valor para o bem ou para o mal. Nossa obrigação é estarmos do lado do bem, sempre votando em Deus nas enquetes (só sobre esta afirmação muitos tratados já foram escritos).

O que não pode ser feito é analisar seus resultados com se tivessem um rigor que não existe, a não ser que explicitemos nossa crença em assim agirmos. Ora, se fazemos uma enquete perguntando em quem você votaria e colocamos dois candidatos, por exemplo, Deus e o Diabo, já deveremos saber que pode haver burla, e que supondo Deus mais ético, ele perderia a enquete, nem que fosse na Terra do Sol do Glauber Rocha. Mas, não podemos também dizer de antemão que os correligionários do Diabo fossem sempre anti-éticos, pois até no inferno se precisa de alguma norma moral, que não sabemos qual, para que mais de um diabinho sobreviva.

Em suma, o que é importante é que estejamos cientes das limitações das enquetes e que o conhecimento para burlá-las seja obtido por todos, inclusive e principalmente, pelos blogueiros, embora não devamos nunca incentivar a burla. E não me venham com a velha estória de que revelar os métodos incentiva a burla, pois “o risco que corre o pau corre o machado”, e todos detêm o conhecimento para o bem ou para o mal.

Em suma, quando se olha para um resultado de uma enquete devemos, como em qualquer outra atividade da vida política e social, termos sempre um olhar crítico do que estamos vendo. O Nelson Rodrigues dizia que a unanimidade é burra, e eu diria que a burrice é gradativa e também existe na “desunanimidade” total.

O que se deve perseguir é a verdade dos fatos, que nas enquetes seria a maior representatividade possível. No entanto, esta é tão cara, que nem Jesus, em uma resposta a Pilatos, se aventurou a uma definição precisa dela. Então fiquemos com nossas enquetes, e que todos levem as batatas, e as descasquem e consumam, com espírito crítico.