Por Zé Carlos
Que semana,
hein!? Foi a semana do Dia do Trabalhador, onde os políticos trabalharam mais
do que os próprios trabalhadores. Isto sempre acontece e por um motivo óbvio.
Em nosso mundo sobrevivemos vendendo coisas, mesmo que pensemos que não as
vendemos. O comerciante vende suas mercadorias, os trabalhadores vendem sua
força de trabalho (e muitas vezes vendem o próprio corpo para ser visto ou
usado), os papas vendiam indulgências e agora vendem Roma, e os políticos
vendem palavras a todos que os mantém depositando um papel em uma urna de
tempos em tempos.
E como não
poderia deixar de ser, no dia dedicado ao trabalhador, lá estavam os políticos
vendilhões, nos fazendo rir, através do filme do UOL, que resume nossa
hilariante semana.
E tudo começou
com o pronunciamento da presidente, véspera do Dia do Trabalho para comunicar
coisas importantíssimas em benefício dos trabalhadores. Deu-me a impressão de
que tínhamos um novo comandante em nosso país tropical e bonito por natureza.
Quando eu descobri que ela está há quase quatro anos no poder e diz ser a
continuidade do governo do presidente honorário, o Lula, quase bolei no chão de
tanto rir. Parecia até que ela não governou e nunca fez nada, afinal, está tudo
por fazer. E ri mais ainda enquanto ela detalhava o que estava fazendo e o que
iria fazer.
Segundo ela
tudo está sobre controle no Brasil, inclusive a inflação. Quando fui ao
supermercado no outro dia e vi que minha inflação particular havia sido de 10%
na semana, não tive alternativa, para não chorar: Ria feito um louco diante das
gôndolas (é isto mesmo?) do supermercado, querendo me tornar um fiscal do
Sarney. O povo, que comprava e que também reclamava, achou que eu era louco. Eu
nem liguei, melhor um louco risonho do que um burro triste.
Aliás, quem
ainda pode dizer que o discurso da presidente foi um ato oficial de chefe da
nação num dia importante? Aquilo foi um comício e tenho certeza que por baixo
do seu penteado impecável corria um fio com um fone cujo som imitava uma claque
batendo palmas. Ela talvez tenha se sentido mais à vontade, porque nos últimos
tempos, depois que ela começou a derreter nas pesquisas, em suas aparições
públicas, só vaias são ouvidas. Minto. De vez em quando são ouvidos gritos de:
“Volta Lula!”.
Eu penso que do
jeito que vai a coisa, dentro de pouco tempo, mesmo eu, que votei em Lula uma
vez, vou esconder este fato, para não dizerem que eu sou culpado pelo que está
ocorrendo hoje no Brasil. Eu votei em Lula em 1989, em plena e majestosa
Londres, para não votar em Collor, que não conhecia. Hoje o Lula se assina
Lulla, para imitar o companheiro das Alagoas, que, no filme critica o
presidente do STF, porque este tribunal o absolveu. Não tem jeito, para não
morrer de rir, só tomando banho com Bruna Lombardi, para economizar água. Dizem
até que agora os paulistas estão emigrando para o Nordeste, fugindo da seca em
São Paulo. A diferença é que a Baleia, que eles puxarão, é da raça poodle.
Risos em profusão.
E eu só não
morri mesmo de tanto rir, porque o filme não trouxe alguns fatos que ocorreram
nesta semana trabalhosa para os políticos. O José Genoíno voltou para a Papuda.
Não vi em canto nenhum sua entrada triunfal naquela casa onde seus colegas são
privilegiados. Será que levantou o braço com o punho cerrado, ou, pela sua
doença, já não pode? Depois vi que uma comissão de deputados foi verificar as
condições de vida dos presos de lá, flagrando o Zé Dirceu em pleno deleite
vendo um jogo numa televisão de plasma, depois de tomar um banho numa ducha
Corona (marca registrada). Como deve ter saído na cartilha do PT, que foi
lançada recentemente para orientar os militantes como proceder para reeleger a
Dilma, parafraseando o George Orwell (*), com os Sete Mandamentos da bicharada:
1. Qualquer
coisa que mostre os malfeitos do governo é inimigo.
2. Qualquer
coisa que elogie o Lula e os mensaleiros, ou pague bem o dízimo ao partido é
amigo.
3. Nenhum
petista usará roupas de grife.
4. Nenhum
petista dormirá de touca.
5. Nenhum
petista beberá álcool, seguindo o exemplo do mestre, agora.
6. Nenhum
petista matará outro petista.
7. Todos os
petistas são iguais.
E como sempre,
quando se chega ao poder, ainda todos tem que seguir os mandamentos, embora
como dizem os porcos que chegaram ao poder no livro do autor citado: “Todos são
iguais, mas, existem alguns mais iguais que os outros”. E haja risos.
Eu acho que já
estou me estendendo demais, além do filme, mas, quem manda o filme vir
incompleto? O importante é que riamos com nosso país de uma forma saudável e
ordeira como está ocorrendo em nossas cidades. Há quase uma competição para ver
qual é a gang que incendeia mais ônibus nos protestos. Aqui em Recife,
resolveram não incendiá-los, só depredá-los em dia de jogos de futebol. E se
resvala para o humor negro. Alguém resolveu usar, como arma de guerra entre
torcidas, um vaso sanitário. Contive-me do riso pela morte do torcedor, mas, se
a moda pega, vão competir para ver qual é o vaso mais fedorento. Pelo menos que
usem penicos. Penicos não matam.
Que semana,
hein?! Quero parar e não consigo. Vocês viram que já há estudos acadêmicos
procurando demonstrar a relação entre reeleição da Dilma e a Bolsa de Valores?
Pelo jeito nem a presidente gosta dos mercados nem os mercados gostam da
presidente. Então não tem outro jeito, como fui economista um dia, só posso
aconselhar que comprem ações da Petrobrás, antes da próxima pesquisa, pois com
99% de certeza, a Dilma cairá. E para não dizerem que sou elitista, aconselho a
aqueles que terão 10% de aumento no Bolsa Família que apliquem o aumento na
Bolsa de Valores. No final, todos estaremos numa grande bolsa.
Agora pararei,
mas, não sem antes falar sobre o episódio dos haitianos que estão sendo
exportados do Acre para São Paulo. Onde será o Haiti? Caetano Veloso dizia que
o "Haiti é aqui!". Parece que ele estava certo.
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(*) Revolução
dos Bichos. Os Sete Mandamentos originais são:
1. Qualquer
coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2. Qualquer
coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
3. Nenhum
animal usará roupas.
4. Nenhum
animal dormirá em cama.
5. Nenhum
animal beberá álcool.
6. Nenhum
animal matará outro animal.
7. Todos os
animais são iguais.
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(**) Este texto foi publicado em maio de 2014 (aqui).
Por falta de tempo e querendo homenagear o Dia do Trabalho amanhã, o estou
republicando com dando uma editada básica.