Por Zezinho de Caetés
O leilão do pré-sal foi uma piada formal. Eu vi pela
internet todo o aparato que foi armado em torno dele e até esperei que aquela
urna “bombasse” de envelopes de todas as empresas do mundo querendo explorar o
que a Dilma disse ser a redenção do
Brasil.
No final das contas chegou um envelope com alguns gatos pingados
de empresas capitaneadas por uma Petrobrás quase falida pela irresponsabilidade
de um governo que a usa para ganhar eleições, sustentando baixos os preços dos
combustíveis.
E o pior de tudo, como diz o Sandro Vaia, em texto
transcrito abaixo (“Go home, Petroleiras”
– Blog do Noblat – 25/10/2013) é que não se sabe, ao certo o que é o pré-sal em
termos de quantidade produzida e preço. A primeira gota de óleo, se houver,
surgirá daqui a cinco anos, e a produção rentável talvez com dez anos. Por que
o talvez? Porque o que hoje se faz mais no mundo é pesquisa para o
desenvolvimento de tecnologias alternativas ao petróleo, para geração de
energia.
O Brasil, mais uma vez, como no computador tempos atrás, sai
na “rabeira” tecnológica por pruridos
ideológico. Enquanto os Estados Unidos desenvolvem a tecnologia da produção de
energia a partir do xisto, que pode deixar o petróleo para trás, e já é estudada
em outros países, nós ficamos fazendo do pré-sal a plataforma eleitoral do PT,
como fez a presidenta em cadeia de TV. Daqui a dez anos poderemos ter um mundo
de petróleo a preço de banana pela mudança tecnológica. Os carros podem ser “flex” entre o xisto e a eletricidade,
enquanto nós poluímos os oceanos atrás de petróleo.
Tudo pode ser diferente, no entanto, e o pré-sal e o
dinheiro que dele advirá poderá servir para educar o povo brasileiro para que
não acreditem em promessas e apeie o PT do poder. Se continuar com este partido
no governo a Petrobrás não chega a retirar a primeira gota de óleo.
Fiquem com o Sandro Vaia que vou tentar sair com meu carro “flex” entre álcool e gasolina, que nunca
mais usou um pingo de etanol, que segundo Lula era a redenção do Brasil. Para
Dilma é o pré-sal. E de mentira em mentira....
“Existe alguma coisa mais inútil, ociosa ou ridícula do que a discussão
semântica sobre privatização ou concessão? Pode ser, mas vai ser difícil
encontrá-la.
A imagem de um manifestante dando um pontapé no traseiro de um agente
foi o que ficou como imagem icônica da oposição a um leilão de privatização
durante o governo “neoliberal” do social-democrata Fernando Henrique.
Na semana passada, durante a realização do leilão do campo petrolífero
de Libra, a jóia da coroa do “bilhete premiado” do pré-sal, houve escaramuças
entre manifestantes e policiais, mas parecia apenas um replay compacto das
manifestações de junho, sobre cuja natureza os sociólogos ainda nos devem uma
explicação.
Houve a clássica foto dos leiloeiros e arrematadores segurando um
martelo, mas por via das dúvidas, a presidente da República resolveu ficar
longe do fragor das ruas e deixou para cantar vitória em mais um dos seus
inúmeros solilóquios televisivos, onde ela diz o que quer sem o perigo de ser
contestada.
Um sucesso ou um fracasso?
Do ponto de vista do significado estrito da palavra leilão - que
significa a venda pública de um objeto pelo maior lance foi um fracasso. Houve
apenas um consórcio concorrente, que levou o direito de explorar Libra pelo
menor preço: devolução ao governo de 41,65% do lucro-óleo.
Do ponto de vista do negócio em si, os especialistas se dividiram:
poderia ser melhor ou poderia ser pior, dependendo do viés do analista. Como
disse o colunista José Paulo Kupfer, chamemos de empate.
Deixando de lado a ridícula batalha semântica sobre a diferença entre
privatização e concessão, há algumas dúvidas que ficam pairando no ar e que só
o tempo responderá.
1) O sistema de partilha é mais vantajoso para o País que o sistema de
concessão que vinha sendo usado?
2) A Petrobrás continuará sendo submetida a um estrangulamento
econômico como esse que a tornou a empresa mais endividada do mundo pelo cínico
usufruto eleitoral que o governo faz dela? Continuará sendo obrigada a
subsidiar preços de combustível em nome do combate à inflação ou a assumir encargos
visivelmente superiores à sua capacidade operacional e de investimentos?
3) As previsões sobre o tamanho da jazida, da qualidade do óleo, do
preço do barril e do seu custo de exploração serão confirmadas?
Se tudo correr bem, ótimo para o País. No mínimo, serão derrubados
tabus obsoletos contra a participação de empresas privadas na exploração do
petróleo ,e embora a presidente seja obrigada a demonizar a privatização que
seu governo mesmo está praticando, a esquizofrenia ideológica que atrasa o país
a obriga a dizer que a reação às empresas estrangeiras no consórcio é
“xenofobia”.
Ela que não espere, porém, que seus próprios jurássicos saiam à rua
gritando "Go home, petroleiras" nem Wellcome Shell...”