Por Zé Carlos
A meu ver, o filme desta semana, do UOL, não teve graça
nenhuma. Ou melhor, teve. O Senador Suplicy cantando Vinícius da tribuna do
Senado. “Olha que coisa mais feia, e mais
sem graça, desafinando tudo que ver e que passa...”. Talvez Vinícius, com
sua genialidade merecesse coisa melhor. Mas, vamos fazer de conta que o filme é
de humor.
O que não leva ao riso mesmo, e sim ao choro, é o caso das
biografias não autorizadas. Artistas, como se diz, de fino trato, embarcarem
nesta canoa furada de elevar a censura prévia aos píncaros da glória. O que
mais impressionou foi que o Chico Buarque estivesse entre eles. Em minha
adolescência, cantar suas músicas era quase uma forma de protesto. Será que
dizer isto me fará ir parar nas barras de um tribunal, ou, para evitar, tenho
que o contatar formalmente para uma autorização? Através de e-mail ou pelo
cartório?
Meu Deus, se a moda pega, ninguém conhecerá mais ninguém
neste país, a não ser que se entre num processo burocrático infernal, que
gerará empregos para despachantes mil, para dizer que alguém nasceu em
Quebrangulo. Eu não entendi nada. E eu que já estava pensando em incentivar a
Lucinha Peixoto a escrever a história de Dominguinhos. Só não sei a quem ela
deveria pedir autorização. Eu, pessoalmente, gostaria de escrever a biografia do Zé Bebinho, a quem conheci em
Bom Conselho, e foi um dos homens importantes da minha época. Mas, a quem pediria
autorização para fazê-lo?
Para mim, este é o ponto alto do filme cuja vontade de rir
vem apenas quando eles dizem que estão usando músicas do Chico (lindas, por
sinal) sem autorização. Penso que os artistas perderam muito com isto. E
confesso, não ri nenhum pouco.
Outro ponto é que a presidenta Dilma repetiu o que meu avô
dizia a mim quando me mandava fazer uma coisa e eu rebatia dizendo que ele não
fazia aquilo: “Faz o que digo mas não
faço o que eu faço.” A Dilma falou que para ser presidenta é necessário que
se estude e se aprenda sobre o Brasil. Se alguém reclamou que ela não fez isto,
ela apenas deve ter repetido o meu avô. E continua governando, de salto alto, e
como aluna do mundo. Não explicou de qual mundo.
Diante do ringue formado para a luta entre o PT e o PSB, o
Eduardo diz que não é um ringue. Talvez, penso eu, seja uma rinha de galos. Ou
me expressando melhor, uma inovação moderna no Brasil, um ringue de “galinhas”
(entre aspas para não ficarem pensando besteira com as várias interpretações do
termo). Marina bate no fígado da Dilma de que seu governo foi um retrocesso e
Dilma retruca citando o velho do restelo, que de tão velho, parece que não
surtiu efeito, e os dólares de reserva que estão se exaurindo não tão
lentamente. E a luta continua, companheiros. É pena para todos os lados.
O fato definitivamente mais triste, sem humor, ou se tiver,
da mais clara negritude, é o caso de vandalismo mostrado junto com as
manifestações dos professores. Não é possível que se possa continuar no Brasil
com estes tristes eventos. Depois das manifestações de junho, das quais
pensamos ter sido um despertar democrático para um país reivindicador, para
torná-lo mais justo, agora temos uma população medrosa diante do inescrupuloso
uso de suas sérias demandas por individuas que usam a violência como objetivo
final. Não é para rir, se sim para chorar.
Fiquem com o resumo dos roteiristas do UOL e riam ou chorem
conforme o sentimento de cada um.
“Na semana dominada pela discussão sobre as biografias não
autorizadas, o Escuta Essa! traz trilha sonora especial inspirada no personagem
central dessa polêmica: o compositor Chico Buarque –contrário a essas
publicações, ao lado de nomes como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Chico embala
também a pesquisa Datafolha que mostra a presidente Dilma Rousseff (PT) em
vantagem nas intenções de voto para 2014, além das manifestações que culminaram
em uma aula de vandalismo em cidades como Rio e São Paulo.”
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