Por José Antônio Taveira Belo /
Zetinho
O medo leva muitas pessoas
deixaram de ser aquilo que apresenta e involuntariamente age diferente. “Manezinho,
gostava de tomar pinga”. Era um homem boêmio. Vivia de bar em bar, no bairro de
Cavalheiro em Jaboatão dos Guararapes. Gostava de conversar bastante e contar
causos e piadas, onde todos riam, entre goles. Era namorador. Afirmava que
tinha três mulheres uma “matriz” e duas “filiais” e com vaga pra mais uma,
dizia rindo aos amigos. Mas com o tempo começou a sentir as pernas cansadas. Pela
manhã ao acordar cambaleava. Não tinha mais a firmeza, que tinha alguns anos
atrás, mesmo com os seus cinquenta e cinco anos. Ficou apavorado. Correu ao
medico. Foi ao médico que atestou problemas de atrozes e atrite. Começou a
fazer fisioterapia e hidroterapia. As juntas doíam e os amigos gozando diziam
“junta tudo e joga fora”. A conselho médico passou a usar muletas para se
sustentar e se equilibrar. Foi um desastre para ele que gostava de folguedos
nos finais de semana. E sem esses encontros nos bares a sua vida arruinou-se,
ficando em casa a ver televisão e tomando uma e outras no terraço. A saudade
doí-lhe do convívio dos amigos seresteiros. Afastou-se do trabalho e começou
receber auxilio doença pelo INSS. De seis em seis meses comparecia ao
ambulatório para refazer exames e renovar o auxilio. Chegou o tempo de mais uma
vez ele se apresentar. Tomou banho logo cedo. Fez a barba. Vestiu a roupa calçou
uma sandália franciscana após um “gordo” café da manhã. Apanhou as duas muletas
que estavam ao seu lado, levantou-se e foi até o banheiro pentear os cabelos
grisalhos e colocar um perfume dado pelo filho no Dia dos Pais. Saiu de casa capengando.
Apanhou o ônibus com destino ao Posto do INSS na Avenida Mario Melo, chegando
por volta das nove e meia da manhã. Apanhou a ficha 19 e sentou-se enxugando os
rosto com lenço já amarrotado. Colocando a muletas ao lado, conferiu o numero
que estava no painel, 14. Tinha cinco pacientes à sua frente. O ar condicionado
estava sem funcionar. O calor era intenso e o vozerio era ensurdecedor. A sede
batia-lhe na boca. Levantou-se e foi tomar agua. Chegou um paciente em “cadeira
de roda” o que lhe fez pensar“ será que eu vou necessitar deste troço para me
locomover” Cada pessoa que ali estavam contavam suas estórias e atendiam o celular.
As atendentes em frente ao computador atendia aqueles que ali chegavam. O barulho foi quebrado por um homem alto e
forte, louro e de olhos azuis e barba prá fazer. Sandálias nos pês vestindo
bermudas colorida. O doutor Eduardo esta ai?
Gritou forte. Todos olharam para ele assustados. Quero falar com ele! Aquele
“safado” ainda vai me pagar, pode crer! Vou matar este “nojento” que me
prejudicou! Estou doente e ele diz que estou bom para o trabalho e cortou o meu
auxilio. Quem sabe se estou doente sou eu! Todos ficaram paralisados. O guarda
veio em seguida tentando acalmar a situação. Quanto mais o guarda falava ele
gritava. Sentou-se na frente do consultório e ali ficou calado. Todos voltaram
a conversar sobre este acontecimento e outros. O painel anunciou o meu numero,
depois, de mais uma hora. Sentei-me em frente ao médico enquanto ele de cabeça
baixa fazia anotações na ficha do paciente que saíra. De repente este homem
entrou na sala, aos gritos O susto foi grande tanto por mim como para o doutor
que ali ficou paralisado. Doutor “safado” vim aqui para acertar as “contas” com
o senhor! E não vim para brincar e vim para matar, sacando de um canivete, ameaçando
e aquele que se meter morre também. Investiu em direção ao medico furioso. Eu
estava sentado esperando ser atendido levantei-me às pressas e agarrei-me com o
agressor enrolando no chão. A guarda do posto veio logo correndo, me
socorrendo, o prendeu, chamando a policia que o levou para a Delegacia. Levantei-me
como nada sentisse. Os pacientes voltaram para o seus lugares, assustados. O
medico saiu da sala e foi até a copa tomar agua pelo susto que passou, enquanto
uma enfermeira trouxe para mim agua....
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