Por Zezinho de Caetés
A última vez que escrevi sobre sucessão em 2014 e na REDE da
Marina Silva foi para comentar um texto do imortal Merval Pereira (aqui)
e dizia que a surpresa poderia ser o José Serra sair como candidato. Já hoje,
sabemos que a surpresa foi outra: A Marina entrou para o PSB. É como se no
século XIX, o Marx comprasse um empresa de sucesso e esquecesse os
trabalhadores. Seria muito melhor para o mundo mas improvável.
Abaixo transcrevo o texto do Sandro Vaia de 11/10/2013, no
qual ele, ainda atônito como eu, comenta a adesão da sonhática com o pragmático,
ou seja, Marina e Eduardo, que agora, ambos bem juntinhos prometem continuar
tangendo os tubarões de SUAPE e sustentando os mangues aqui em Pernambuco e
alhures.
Este fato, o casamento do século, apenas prova que o
analista político, tanto quanto os políticos só fazem história nos arquivos
mortos das bibliotecas, um século depois. E amanhã será outro dia.
Hoje já começou a guerra de quem será o (a) cabeça de chapa,
e a Dora Kramer diz que é de Eduardo e ninguém tasca, como publiquei no mural
acima, outro dia. E eu pergunto, e por que a Marina tem que ser a vice? Só
porque não pode ser o Caiado? E Fernando Bezerra Coelho? Seria Pernambuco
demais? O grande problema agora é encontrar gente do PSB, fora de nordeste que
possa compor uma chapa presidencial. Havia muito cacique para pouco índio na
época do Ciro Gomes, agora temos um cacique só para dezenas de índios da REDE.
Sendo menos irônico, achamos que a chapa Marina-Campos ou
vice-versa vai dar trabalho mais ao Aécio do que à Dilma. O grande problema
dela vai ser se Aécio não passar para o segundo turno, porque não concebo o
Eduardo falando mal de Lula. E tenho certeza, se não falar mal dele, a Dilma continuará
na presidência.
Mas, o que seria mesmo surpreendente seria uma segundo turno
entra Lula e José Serra. Quem sabe? E desta vez, com ambos apoiando o Bolsa
Família, o Mais Médicos, e o Fome Zero, a população resolva votar por idade,
considerando que antiguidade é posto.
Cansei destas divagações de analista político em dia de
feriado, e os deixo com o jornalista Sandro Vaia. Não que ele divague menos do
que, e sim porque ele escreve melhor. E agora vou curtir a praia de Boa Viagem,
sem entrar na água, claro. Os tubarões de SUAPE estão á espreita.
“Eis que estavam todos postos em sossêgo curtindo na sombra os
preparativos para a eleição de 2014 quando alguém atirou uma pedra no lago e a
marola se fez.
Os círculos concêntricos provocados pela pedra que caiu no meio do lago
pegaram o marqueteiro presidencial no contrapé, pois ele havia acabado de
classificar a luta de sua candidata como um passeio sobre uma federação de
anões.
Excesso de confiança antes do jogo não faz bem à alma, como seria capaz
de ensinar até o Felipão, e mesmo que o time tenha cara de favorito, cantar
vitória antes da vitória pode soar como soberba.
O fato é que a transferência da sonhática Marina e seu embornal de
fundamentalismos para o PSB de Eduardo Campos, embora envolto pela marca da
transitoriedade, com data de vencimento válida até o momento em que ela consiga
legalizar a sua Rede, entornou a água do lago.
Ou, pelo menos, deu ao jogo a aparência de um novo kickoff para uma
partida que parecia terminada antes de começar.
Pode ser que o terremoto seja apenas uma marola de superfície, porque
como disse o ministro Paulo Bernardo, com seu proverbial senso prático e pragmático,
“ninguém vota em vice”.
Ainda assim, a água do lago se mexeu e provocou algumas ondas até do
lado do PSDB, onde José Serra relutará até os 45 minutos do segundo tempo e
mais a prorrogação que conseguir, em reconhecer que o candidato do partido desta
vez não será ele.
Aparentemente nasce uma espécie de frente de oposição extraída das
próprias costelas da situação, que é o que costuma acontecer em política quando
algumas situações se tornam incomôdas, e o ventre do poder costuma gerar a sua
própria antítese para no fim terminar numa síntese onde algo pareça mudar para
que fique tudo como está, só para lembrar Lampedusa.
A aparente frente de oposição tem mais cara de aparente do que de
oposição. Os espíritos da floresta ungiram Marina Silva com os santos óleos de
uma quase divindade, que lhe deram uma aparência de um novo que desfralda
bandeiras tão paradoxais quanto o de fazer política pregando ser a negação da
política.
Eduardo Campos, tão pragmático quanto o histórico avô, é uma oposição
situacionista, que quer manter tudo o que ele apoiou desde o começo com algumas
pitadas a mais de eficiência gerencial, ítem em que a atual presidente,eleita
como uma factótum, não conseguiu convencer. Ele acha que pode fazer a mesma
coisa, mas fazer melhor.
Embaixo do aparente maremoto, a única verdadeira oposição que desponta
até o momento, é a que José Serra faz à sagração do candidato de seu partido,
Aécio Neves, que com paciência beneditina espera a sua vez de poder dizer que a
oposição é ele e explicar,finalmente, o que isso significa e para que serve.”
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