Em manutenção!!!

sábado, 29 de junho de 2013

Sobre constituintes e plebiscitos




Por Zezinho de Caetés

E as manifestações continuam, e cada dia, mais violentas, como pôde ser comprovado, aqui em Pernambuco, pelo Secretário de Defesa Social, pelo menos proporcionalmente, como ele disse. Ontem quase que botavam o governador para fora do Centro de Convenções. Penso que isto vai dar razão a uns poucos jornalista que viam como uma terrível ameaça à Democracia esta onda de movimentação sem eira nem beira.

Eu não sou muito a favor do gênero. Preferia aquelas onde marchávamos de braços entrelaçados e com objetivos claros, gritando ABAIXO A DITATURA. Alguém viu algum cartaz com  estes dizeres nas recentes manifestações? Eu não vi. Caiu de moda ou vivemos realmente nosso melhor período de democracia no pós-guerra? Respondo sim para a última questão.

Agora, depois de cair do cavalo chamado constituinte, que lhe deu um coice que ainda está zonza, a presidenta diz que quer um plebiscito, ainda esta ano, e que já deve valer para o próximo ano, os seus resultados. Pergunta-se: Por que a pressa? Com que intenção? Quem mandou? Todas questões mais fáceis de responder do que aquelas que possam ser preparadas para o plebiscito, que deveria ter uma única questão? “Vocês querem que o PT continue no poder?”.

Diante do caos político gerado pela enganação dos programas sociais de cunho eleitoral, vocês já imaginam qual será a resposta. Não se enganem, o povo das passeatas não é o mesmo que vota e o PT está apostando nisto para se manter no poder. E se não conseguirem o plebiscito então vão chamar o Lula para 2014. O que espero é que toda esta movimentação leve pelo menos à consciência de que, com o PT, o Brasil vai para o buraco negro em que se meteu uma parte da América Latina, sobre a influência do morto-vivo, Cháves.

Mas, fiquem com o texto do Sandro Vaia, publicado em 28/06/2013, com mais reflexões sobre inutilidades e postes de todos os gostos e tamanhos que componhem “a voz rouca do poder” (título do artigo do jornalista).

“Conheço todos: Maria foi à manifestação por causa do preço dos ônibus; Pedro foi porque é petista; João foi porque não gosta do PT; Antonio foi porque é contra a corrupção; Alfredo foi porque é contra a “cura gay”, embora não saiba o que vem a ser isso; Lúcio foi porque é contra a PEC 36, que não sabe distinguir da 37, ou da 99, ou de qualquer outra; Ricardo foi porque quer uma passarela mais próxima para cruzar a estrada; Lúcio foi porque adora futebol mas é contra o dinheiro público enterrado nos estádios da Copa.

Enfim, tem para todos os gostos. E cada um deles canta a sua vitória. A esquerda diz que escorraçou os agentes provocadores da direita golpista e os conservadores dizem que colocaram os agitadores esquerdistas em seu verdadeiro lugar.

Entre uma “manifestação linda e pacífica” (como diziam os locutores de TV) e outra, houve alguns vândalos e depredadores, mas isso é da vida. Não existe primavera grátis, como já nos ensinaram as praças árabes.

Enquanto as manifestações mais ecumênicas e contraditórias que já povoaram as nossas ruas e praças obrigavam os nossos cientistas políticos e psicólogos sociais a correr para seus livros para bordar explicações recheadas de alguma erudição, os fenômenos políticos se sucediam.

A chamada “voz rouca das ruas” obrigou a presidente a atropelar o país com uma lista de cinco panacéias elaboradas urgentemente em sua farmácia de manipulação, e os políticos a trabalharem com uma energia e um ritmo de uma esteira ergométrica desgovernada.

(Breve parênteses: para quem se interessa pelo estudo de casos patológicos provocados pela leitura labial errada do que diz a “voz rouca das ruas”, recomendo procurar no Youtube trechos do documentário sobre a queda do ditador romeno Nicolau Ceausescu em 1989. Basta digitar “Videogramas de uma revolução”. Ou então procurar em alguma locadora o filme “A Leste de Bucareste”, que além de tudo é pateticamente engraçado).

Das propostas apresentadas solenemente pela presidente (que o jornal “Financial Times” chamou com fleugma britânica de “propostas de baixa efetividade”), a maioria era requentada de outros carnavais, ainda que apresentadas com roupagem nova.

Mas a sensação foi a sugestão de um plebiscito destinado a criar uma Constituinte exclusiva para a reforma política. Tão sensacional que as pessoas que estavam em volta dela foram surpreendidas pela novidade - inclusive seu vice, que é tido por notável constitucionalista e sequer foi avisado antecipadamente das intenções da titular. Não fez cara de espanto porque manteve a postura hierática de um mordomo e mordomos não se espantam.

A confusão conceitual, política e jurídica que a proposta causou foi tamanha que ela teve que voltar atrás e ficar só com o plebiscito, sem a Constituinte exclusiva.


Além dos tumultos de rua, o Brasil agora tem uma solene inutilidade para discutir.”

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A Macaxeira do Velho.




Por Carlos Sena (*)

 Passeando por Casa Amarela – importante bairro do Recife, deparei-me com uma banqueta cheinha de lindas macaxeiras. O visual era o melhor possível: elas, as macaxeiras também conhecidas como aipim, estavam dispostas "elegantemente" na banqueta lembrando as garotas de programas que ficam nas avenidas pedindo para serem “comidas”. Como as putas, as lindas “maca” cheiravam; pareciam exalar “cheiro” bom como que nos remetendo ao momento em que tiramos as bichinhas do fogo e, com manteiga ou carne guisada, a gente se lambe os beiços e “lou” – se empanturra todo.
Diante daquele marketing feito pelo visual das macaxeiras dispostas na banca, ente ramos verdes da própria leguminosa, havia a simpatia do senhor, do velho vendedor. Bonachão, conversador, escondia no seu semblante algo de contraditoriamente tímido.

– Quanto é a macaxeira?
– Três reais o quilo!
– Bote um quilo.
– Leve dois que faço cinco.
– Ok.

Nesse meio tempo chega uma senhora toda chique. Coberta de maquilagem, relógio grande no braço e bijuterias que não acabavam mais. Algo como típica perua à Hebe Camargo, com todo respeito à defunta. Logo a “perua” foi se roubando minha conversa e eu fiquei quieto esperando que o velho a atendesse, pois ela tinha toda pinta de ser freguesa antiga. – Nunca mais foi lá em casa, perguntou ela. – Não dona, porque da ultima vez não me deixaram entrar. Disseram que a senhora não queria macaxeira. – Mas eu não sabia que era o senhor! Da próxima vez, disse a perua, diga que é o “homem da macaxeira”. – Tá certo, respondeu o velho. A perua foi embora toda faceira. Quando ele, finalmente, me atendeu, eu comecei a galhofar um pouco: “quer dizer que o senhor vai mostrar a “macaxeira” à madame?” – Não, “afe” Maria, respondeu. Pois, é, continuei num lero. Ele, coitado, ficou pensando que tinha culpa no cartório, embora não tivesse, pois era mesmo coisa que eu tinha dito para mexer com ele. De fato, o pobre velho ficou preocupado com a história da “macaxeira dele” – certamente tinha mesmo que ficar preocupado, pois parecia iminente que seu “prazo de validade” estava vencido já fazia algum tempo. Mudei o rumo da prosa, mas ele ficou pensativo e, certamente, não iria mais oferecer sua “macaxeira” àquela senhora na casa dela.

Quanto a mim comprei as benditas macaxeiras. Ele fez cinco reais e colocou um monte delas numa sacola. Eu me assustei, mas ele disse que aquele monte era apenas os cinco reais que eu já tinha lhe dado. Saí feliz com as minhas (então dele) macaxeiras que eu adoro comer de manhã com manteiga. Em casa descasquei as danadas e, para minha surpresa, todas estavam brocadas por dentro a despeito do aspecto bonito que apresentavam na banca de feira. Cozinhei as danadas por quase duas horas, mas elas continuavam resistentes ao cozimento. Resultado: duras e cheias de brocados só prestavam mesmo, as macaxeiras do velho, para fazer bolo de liquidificador...

Ironia: as putas e putos de rua têm muito a ver com essa história –  ambas ficam se oferecendo. A gente compra, mas nem sempre ficamos sabendo o que vamos, literalmente, “comer”...  Mas valeu, inclusive porque me serviu de mote para essa prosa.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 11/05/2013

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Democracia Direta, a grande ilusão




Por Zezinho de Caetés

Os ventos estão soprando na direção de uma “democracia direta”, e este é o título do texto que reproduzo abaixo do imortal Merval Pereira (publicado no O Globo em 25/06/2013), e aqui eu faço apenas alguns comentários, de um liberal, ideologia hoje que é tida como de direita, e que não ligando para rótulos, não dou a mínima.

Como todos sabemos, o liberal pensa a partir do indivíduo e não do coletivo. É a força da individualidade que faz rodar as forças de uma sociedade organizada. Não precisamos de muitos cabrestos para que possamos viver e sermos felizes, na medida em que os seres humanos possam ser felizes. Este cabresto, nas sociedades modernas estão quase sempre ligadas ao aparelho de Estado, que foi uma forma encontrada pelo homem, para tentar diminuir alguns problemas que a atuação individual não consegue resolver a contento.

A forma como isto é feito variou muito no tempo e no espaço. Desde o puro costume, onde o coletivo suplanta o indivíduo apenas pela preguiça de pensar, até as civilizações modernas, onde se obtém o funcionamento social a partir de e para os indivíduos, através de instituições que o contemplem com maior bem-estar possível.

Durante todo este tempo, o ser humano progrediu e foi capaz de feitos que cada geração passada sempre duvida, da seguinte. E onde tivemos maior progresso foi naquelas onde o indivíduo é o centro das atenções, como ocorre nas democracias ocidentais, pelo menos naquelas em que os ideais coletivistas e utópicos não suplantaram a fé no esforço e na liberdade individual. Estes, chamados aqui de sistemas socialistas, cheios de crenças e objetivos meritórios, mas inexequíveis, foram suplantados em suas experiências, no século XX, restando hoje apenas alguns rebotalhos de nações que continuam em suas sagas coletivistas (v.g. Cuba, Coreia do Norte, e ainda um pouco da China, embora em extinção), mais, para manter ditadores no cargo do que na crença de realmente estarem servindo a seu povo.

E aqui, na América Latina, o aventureirismo em direção aos socialismos tem causado males insuperáveis em muitos países. Neste momento recente o maior exemplo é a Venezuela que sofre sua principal crise política e econômica devido à loucura do Hugo Chávez, que antes de morrer, e para morrer no poder, tentava impor a seu povo e a outros o tal do Socialismo Bolivariano. Nunca na história do mundo existiu engodo maior. Graças a Deus, morreu com ele, ou está morrendo com seu sucessor.

Enquanto isto, aqui no Brasil, a presidenta, num surto quase psicótico lança a ideia estapafúrdia de uma Constituinte e flerta com a multidão, que vão as ruas de forma atabolhoada, em busca de mecanismos de Democracia Direta.

Democracia Direta nunca existiu nem na Grécia antiga, de onde vem a ideia do regime. Existia, e será sempre assim uma autocracia dos sábios e espertos, enquanto os escravos, mulheres, e menos dotados ficavam de foram. A ideia de Democracia Representativa, surgida depois, foi a única que conseguiu elevar a dignidade dos povos, além das vontades dos tiranos. E, para mim, continua assim. Democracia Constitucional, representativa, que proteja os direitos individuais é ainda o melhor sistema. Isto não indica que ele funciona bem aqui no Brasil, mas, temos uma Constituição que, bem ou mal, pode ser aperfeiçoada para que se melhore o processo representativo, sem apelar para a chamada Democracia Direta, onde ficaremos como sempre a reboque de quem lidere as massas, o que hoje é feito, mal e porcamente pelo sistema partidário.

Então, muito atenção para o espertos do momento, pois o que eles querem mesmo é dominar a massa e balançar a pança com nosso dinheiro.

Fiquem com o texto do imortal e meditem, por eu vou me manifestar, se me deixarem, contra as manifestações amorfas e sem sentido.

“A presidente Dilma está tentando aproveitar-se de momento delicado das relações partidárias com a opinião pública para passar por cima do Congresso, tão desprezado pelas vozes das ruas, e assumir uma proposta de Constituinte exclusiva para reforma política que não é nova e, sendo lançada pelo Executivo, cria um clima de suspeição.

A ideia já chegou a ser lançada tempos atrás pelo próprio PT, através do então presidente Lula, e com o apoio da OAB, e fracassou por falta de apoio. Sempre pareceu a muitos — a mim inclusive — ser uma saída para a efetivação de uma reforma que, de outra forma, jamais sairá de um Congresso em que o consenso é impossível para atender a todos os interesses instalados.

O deputado Miro Teixeira defende de há muito a tese de que a Constituinte poderia, além da reforma política, tratar de dois assuntos polêmicos: pacto federativo e reforma tributária. Há diferenças básicas, no entanto, pois, além de ser uma proposta de um deputado, a de Miro não foi feita em tempos de crise como o atual e era um instrumento para evitar a crise, que acabou chegando pelas ruas.

A convocação de uma Constituinte restrita, ou um Congresso revisor restrito, para tratar da reforma política, segundo Miro, daria oportunidade de tratar de forma mais aprofundada esses temas, com discussões estruturais que se interligariam, com a redistribuição das atribuições e verbas entre os entes federativos, temas que, aliás, estão na ordem do dia com a disputa pela distribuição dos royalties do petróleo.

A convocação dessa Constituinte, porém, ficaria dependendo da aprovação da população através de um plebiscito, o que torna a tarefa muito difícil de ser concluída: uma proposta de emenda constitucional (PEC) nesse sentido, além das dificuldades inerentes ao quorum qualificado nas duas Casas do Congresso, precisaria também ter o aval do povo para valer e, mesmo assim, certamente seria acusada de inconstitucional, indo parar no Supremo Tribunal Federal (STF), onde há uma opinião predominante de que Constituinte exclusiva é inconstitucional.

Mas toda essa teoria fica anulada pelas experiências na América Latina, onde vários governos autoritários utilizaram a Constituinte para aumentar o poder do Executivo, como ocorreu na Venezuela de Chávez, na Bolívia de Evo Morales, no Equador de Correa.

Tem sido politicamente inviável tentar levar adiante a proposta devido ao uso distorcido das Constituintes em países da região, que acabaram transformadas em instrumentos para aumentar o poder dos governantes de países como Bolívia ou Equador, seguindo os passos da “revolução bolivariana” de Chávez.

A base teórica da manipulação dos referendos e do próprio instrumento da Constituinte para dar mais poderes aos presidentes da ocasião, como já foi dito aqui, é o livro “Poder Constituinte — Ensaio sobre as alternativas da modernidade”, do cientista social e filósofo italiano Antonio (Toni) Negri.

O filósofo italiano diz que “o medo despertado pela multidão” faz com que o poder constituído queira impedir sua manifestação através da Constituinte: “A fera deve ser dominada, domesticada ou destruída, superada ou sublimada.” Negri considera que o “poder constituído” procura tolher o “poder constituinte”, limitando-o no tempo e no espaço, enquanto o dilui através das “representações” dos poderes do Estado.

Em uma definição mais popular, Evo Morales diz que se trata de uma nova maneira de governar através do povo. Defende, na prática, a “democracia direta”, o fim das intermediações do Congresso, próprias dos sistemas democráticos.

Esse é o tipo de ação basicamente antidemocrática, pois uma coisa é criticar a atuação do Congresso e exigir mudanças na sua ação política para aproximar-se de seus representados, o povo.

Outra coisa muito diferente é querer ultrapassar o Poder Legislativo, fazendo uma ligação direta com o eleitorado através de um governo plebiscitário, que leva ao populismo e ao autoritarismo.


O cientista político Bolívar Lamounier considera que a possibilidade de manipulação é inerente ao instrumento do plebiscito, “pois a autoridade incumbida de propor os quesitos pode ficar muito aquém da neutralidade”.”

quarta-feira, 26 de junho de 2013

IGNORANTE OU APROVEITADOR?




Por Ademir Ferraz (*)

O homem é um animal Político. Mas não só isso: Essencialmente Político. Aristóteles usou o termo Zoon Politikon (Animal Político), a fim de definir sua compreensão do homem. Algumas pessoas, menos afeitas a epistemologia da palavra, costumam confundir tal Animal Político com política partidária. Há um provérbio russo que esclarece o significado de Animal Político: “Quanto melhor viver meu vizinho, quanto melhor vivo eu”. O provérbio quer dizer que o viver bem depende do bem viver do próximo. E isso significa prover o sentido Político de uma indexação social. Quando ouvimos alguém dizer que é politicamente neutro, o sentido pode ter, pelo menos, dois ditos:

a) Ou se está dizendo neutro do ponto de vista da política partidária onde os governantes não lhe importam, e assim se está sendo ingênuo por não perceber o engajamento da neutralidade, ou se está apontando para o locupletar-se com qualquer que seja o poder;

b) Ou se está dizendo neutro do ponto de vista aristotélico por ignorância. Neste último caso lhe falta saber que um homem somente pode ser neutro se viver só. Afastado de tudo que é ser, incluindo os vegetais, os vermes e os germes no viés de Maquiavel. Por isso não podemos saber se quem vê o atual movimento social passar sem se posicionar, é ignorante ou aproveitador.

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(*) Publicado originalmente no Facebook.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Mãe é luz o resto é lâmpada




Por Carlos Sena (*)

O dia das mães e meio piegas. Apenas meio. Isso por conta da exploração comercial, mas que termina tendo outros efeitos que vão no "pacote" de presente que os filhos dão às suas mães. O afeto não tem endereço certo e, certamente, não seria no dia das mães que se perderia pelas avenidas despudoradas, violentas das nossas cidades.

Mãe só tem mesmo uma, embora pais existam vários. Quando o filho é bonito, olhos claros, todos querem ser pai. Para as mães, não. Todo filho é lindo. Mãe? Mãe é como expressão digital que não existem duas. É como os mistérios da santíssima trindade que bem poderiam ser quatro; mãe é um não sei que de certezas que em cada incerteza dos filhos ela se define pelo acerto. Mãe consegue falar sem palavras e dizer pelo exemplo. Consegue, por exemplo, ser singular na pluralidade dos filhos, embora nem todos os filhos tenhas plural de almas para compor dentro deles esse "kit" de sobrevivência chamado mãe. Mãe sente e consente, fala verdade e até mente, se mentir for a sina de não trocar amor por capricho; não trocar amor por ardor. Mãe verte, mas adverte e converte: grosseria de filho em imaturidade juvenil; dias de chuva em atmosfera caseira com direito a colo e pipoca no sofá da sala; converte solidão de final de semana em retiro espiritual ou em oportunidades de orar mais intensamente pelo filho que se foi ou por aquele que se perde nas baladas da noite. Quando verte lagrimas dificilmente o faz para os filhos verem, pois o canto matinal, o acalanto das cantigas de ninar não podem ser traídos por momentos de fragilidade.   Fragilidade! As mães nem sempre vivem dias de Nossa Senhora e se perdem nas suas vulnerabilidades humanas. Fraquejam, claudicam, mas não demoram muito e logo, como que conversando com Deus se fortalecem. Porque mãe "dobra mas não quebra", utilizando o jargão popular.

Mãe é arte divina. Filho é o divino da arte. Mãe é sim, filho muitas vezes é não. Mãe põe e filho dispõe e nalgumas vezes opõe. Mãe cala para consentir, filho consente para poder falar. Mãe fala mesmo sabendo que nem todos os filhos escutam... Mãe talvez seja o ser mais feliz da terra, já nos lembrava isso o poeta Cazuza : "só as mães são felizes" ele dizia. Talvez porque mãe é LUZ e os demais seres humanos são lâmpadas. Luz que vem do sopro que conduz a vida que Deus outorgou só às mães.

Por isso, a despeito de quaisquer exploração do comercio pelo dia das mães, o lado do afeto fica estabelecido e, quem sabe, não serve para alguns filhos ingratos refletirem mais sobre suas mães por eles esquecidas?

Eu tenho a minha. Tá pouquinha fisicamente, mas permanece grande e comovente. A foto de cima é dela, comigo.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 08/05/2013

segunda-feira, 24 de junho de 2013

A semana - O Brasil abriu os olhos. Sairá da cama?




Por Zé Carlos

Os acontecimentos no Brasil estão se passando tão rapidamente que sempre falta um assunto de importância no filme da UOL que tentamos mostrar e comentar aqui. Semana passada para aqueles que não lembram (aqui) faltou a vaia na presidenta Dilma no Maracanã. Nesta semana faltou seu discurso de reação à onda de manifestações que assolaram o país. E da mesma forma que a vaia foi importante para completar o filme passado, o discurso é extremamente importante para entender o que se passou durante o período abordado.

Alguns críticos poderão dizer que o discurso foi tão calmo que não teve nenhuma interferência nos acontecimentos. Eu discordo, apenas porque se ele não existisse penso que a presidência teria desaparecido junto com o dirigente da FIFA, o Joseph Blatter, que bateu em retirada, acossado tanto pelas vaias em Dilma quanto pelas manifestações. Mas voltemos ao filme.

O que mais me deixou constrangido foi o primeiro motivo alegado para houvesse tantas manifestações, que girava em torno do preço das passagens do transporte coletivo nas cidades. O constrangimento veio devido ao fato de tempos atrás, e põe atrás nisso, eu ter trabalhado com esta área e áreas adjacentes, e, quando isto acontece, nossa fraca memória começa a querer trabalhar demais, os poucos restantes neurônios ficam a saltitar, mesmo sem a vitalidade anterior.

Inicialmente, eu pensei ter voltado àquela vida, quando não tínhamos uma moeda, nem para dar como exemplo numa aula de Economia, e que os preços eram reajustados toda hora. Desta vez a questão girava em torno de R$ 0,20 (vinte centavos de real), e que um tal de Movimento Passe Livre dizia ser uma aberração, enquanto os gestores de nossas cidades diziam ser o aumento abaixo da inflação. Eu entendi então que o problema seria a inflação e não o aumento do transporte público.

Eu que vivi na época em que disparavam-se gatilhos e mais gatilhos monetários de um lado e do outro, nunca esperaria que este simples pedido pudesse mobilizar tanta gente por este país afora. Mas, mobilizou, e esta mobilização conseguiu baixar os preços dos transportes. Se para o bem ou para o mal, ainda não ficou claro.

Isto me deixou ainda mais preocupado, quando vi um prefeito e um governador também constrangidos pelo poder da manifestação voltar atrás no aumento, e tentarem explicar que o dinheiro que não receberiam mais dos passageiros, teria que vir de outro lugar. Disseram que o dinheiro sairiam dos investimentos. Mas, não disseram quais. Já pensou se forem investimentos do próprio sistema de transportes? Se forem, o que poderá ocorrer é que, cada passageiro, pagando 20 centavos a menos, terá este valor a menos na qualidade do seu transporte. Mais suor e mais lágrimas, como sempre. Para o mal ou para o bem ainda vivemos numa economia mista.

No entanto, eu vi um dos cartazes da manifestação que reflete com a  maior justeza e verdade o que se passou no país em termos de política de transporte. Demos no último meio século, mais ênfase ao transporte individual, do que ao transporte coletivo nas grandes cidades. Tornou-se sinal de pobreza andar de ônibus e de riqueza andar de carro. E, eu, morando um tempo fora do país descobri exatamente o que este cartaz dizia: “PAÍS DESENVOLVIDO NÃO É ONDE POBRE TEM CARRO, É ONDE RICO ANDA DE TRANSPORTE COLETIVO”.

E agora volto ao filme em si, que apesar das tentativas de fazer humor, o tempo todo, a situação está tão preta que os dentes se escondem automaticamente, depois de alguns risos chochos.

O que me fez mais rir foi a declaração do prefeito de São Paulo que disse que baixar o preço da passagem era uma medida populista, e que no outro a tomou, apenas referendando o caráter do seu governo. E não foi só ele que nos fez rir. Todo mundo oficial seguiu a onda com mais ou menos medo da multidão que naquelas alturas já queria outras coisas além dos 20 centavos. E o governador de São Paulo declarou, depois dos excessos de sua polícia, que estava proibida a utilização de balas de borracha. Eu ri quando pensei que fosse já para fazer economia para compensar a baixa de preço das passagens. Mas, usaram à vontade. Talvez ainda tivesse um grande estoque. E ri mais ainda com as bombas do Galvão Bueno.

E chega o ápice do humor nesta semana quando é apresentada a vaia que faltou no filme passado, no Maracanã, para a presidente Dilma. Eu ri mais quando o presidente da FIFA pediu respeito à presidenta, quando é a FIFA que não nos respeita, exigindo um padrão de equipamentos que vai nos  custar muito caro, talvez mais do que possamos pagar. Então veio o Pelé, mais uma vez, sem sorte, no campo político. Lembro que ele passou muito tempo queimado por dizer que o brasileiro não sabia votar, em plena ditadura. Agora ele pede para a população deixar esta confusão toda, numa época como esta. Neste caso o macaco e o Romário estão certos: Pelé calado é um Poeta.

E partiu a bomba! E goooooooooooooool. Veja abaixo o resumo do roteiro pelos produtores do filme e o vejam em seguida. Se quiserem se manifestem. Rindo ou chorando.

“A intensidade dos protestos que tomaram as ruas de diversas cidades brasileiras nesta semana deixou muito político de cabelo em pé e sem saber que atitudes tomar diante do pedido da população para que as tarifas de transporte público baixassem. São Paulo e Rio de Janeiro estão entre as cidades onde mais houve protestos, alguns envolvendo atos de vandalismo, e onde os políticos demoraram a decidir o que fazer. A decisão de recuar em relação ao aumento veio acompanhada de avisos de que investimentos terão que ser suspensos para pagar a conta. Os protestos tumultuaram também a Copa das Confederações, cuja abertura teve direito a vaias à presidente Dilma Rousseff. Neste contexto, Pelé queimou o filme ao defender as disputas futebolísticas no país e pedir que o povo esquecesse as manifestações, às quais chamou de “confusão”.”


domingo, 23 de junho de 2013

ARNALDO JABOR




Por Ademir Ferraz (*)

Há muito tempo tenho acompanhado Arnaldo Jabor e tolerado suas ambíguas paspalhices senoidais. Minha tolerância com o intelectual, mas confuso e xenófobo Arnaldo, dava-se por um motivo simples: Jabor é um intelectual intolerante e antidemocrático norte americanizado, mas fala! Obviamente o Arnaldo não fala apenas por ele, fala, também, por pseudos intelectuais. É muito claro que Jabor tem uma enorme vontade de ser um Nelson Rodrigues. Mas tomou o caminho errado. Nelson Rodrigues foi um intelectual-filósofo puro que bebeu nas águas de Nietzsche. Arnaldo se contentou em ler as “orelhas” dos escritos de Nelson. Tentou ancorar-se em Glauber Rocha, não deu certo. De fracasso em fracasso caiu nos braços de Paulo Francis. Tem o mesmo ranço contra tudo que não é norte-americano ou, mais amplamente, ocidental. Ocorre que ninguém, eu, por exemplo, deve ficar a vida toda acompanhando quem quer que seja sem emitir seu julgamento. Esta semana Jabor entornou meu copo d’água. Há muito ele terce críticas profundas colocando-se em lugar nenhum da crítica como se fosse neutro. Mas a neutralidade política não existe. O homem é um animal político e neutralidade não se aplica. Pedro Demo diz que o Neutro ou é ignorante por não perceber o engajamento da neutralidade, ou é um aproveitador do resultado da falsa neutralidade. Quando digo que Jabor não sabe o que é, do ponto de vista político (ou sabe muito bem!) é por coisa como: “ A esquerda é contra a social democracia - deu em Hitler. A direita é contra a social democracia - deu em Hitler”. Mas que invenção é esta? De onde Jabor tirou esta perola sobre a ascensão de Hitler? Mais, então não devemos ser nem direita nem esquerda ou progressista e conservador. Ou seja: Devemos ser apolítico que é o inerte. Jabor chegou ao máximo ao criticar os grupos do Oriente médio que não se sujeitam aos ditames norte americano de modo particular e Oriental de modo geral: Chamou-os de Cachorros hidrófobos. Sem entrar no mérito de que não existe cachorro hidrófobo, porque isso é um detalhe, faço apenas uma observação: Será que Jabor sabe o que é cultural, histórico, formacional? Será que acreditar em morrer na esperança de encontrar mil virgens no paraíso difere de acreditar em céu e inferno? Será diferente cultuar em alto pedestal um hezbollah é mais grave do que adorar (palavras dele) a Rede Globo! Subordinar-se ao FHC enquanto no poder, depois a Lula enquanto no poder e agora, fazer meia adoração a Obama! Jabor é uma espécie de franco atirador protegido no nome de grandes amigos, pois é isso que o sustenta: Foi amigo de Glauber Rocha e isso é suficiente para ser respeitado.

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(*) Publicado originalmente no Facebook.

sábado, 22 de junho de 2013

A VOZ DAS RUAS




Por Carlos Sena (*)

Não pense que a rua é lugar de puta como antigamente. A rua, finalmente agora é lugar de gente linda, caras de geração saúde em que pese rolar, certamente, um bagulho, uma coca e uma tubaína, digo cocaína. Na rua podem até ter muitas putas e muitos putos. Mas não por falta de quem pariu porque quem os pariu foram eles - os que estão locupletados no congresso nacional sob diversas formas de cores partidárias. Partidos nanicos e gigantes partidos, mais partidos do que gigantes e que por isso abrigam debaixo das suas "asas" as mais díspares indecências ou decências camaleônicas.

O povo não tá na rua. Quero dizer. O outrora "Zé Povinho" não está lá, certamente, dirão os mais críticos, por conta do"Bolsa tudo". Nesse quesito eu até nem meto o pau nem deixo que me metam ele. Porque se gastam 52 bilhões para manutenção do Congresso e 22 para manutenção da "Bolsa Tudo". Como vemos pelo menos desta vez os pobres ou os miseráveis não ficaram tão desguarnecidos. Porque não se pode dizer que são os pobres que só gostam de pão e circo. Os ricos também. Muitos dos que estão nas ruas também. Afinal, a violência em alto estilo não tem sido praticada pelo populacho, mas pela maioria dos chamados filhinhos de papai - aqueles mesmos que matam no volante após se embriagarem e no outro dia estão fora, zombando de nossa cara porque tem dinheiro. Pois bem. As ruas agora não são mais das mulheres da vida fácil ou as putas como no passado. As ruas são das putas e dos putos paridos por aqueles que lhes traíram na hora do voto. Só que são todos putas e putos, digamos assim, do bem; meninas e meninos de família. Universitários, preferencialmente. Universotários também. A mídia deita e rola e mais rola do que deita porque pra ela é rolando que se joga o povo contra a democracia e contra o que não se contraria por princípio.

Os jovens estão nas ruas das nossas cidades. Não precisa ser Sociólogo, nem Cientista político - desses que vivem com teorias prontas a tiracolo para criarem diagnósticos que fazem emocionar as arquibancadas carentes desse "reforço" emocional. Pensar que é passagem de ônibus é, no mínimo, escroto. Os jovens estão nas ruas porque não se sentem mais representados por aqueles que eles mesmos e nós colocamos lá. Comprando ou vendendo os votos, lá no Congresso está a nossa mais perfeita tradução. Por quê? Porque os valores são frouxos, a família está moderna demais ao ponto de ver as filhas dando o priquito no Big-Brother e acharem lindos; de ver os filhos pichando muros e monumentos públicos e acharem normais; de verem filhos incendiando índios e acharem normais; de verem os filhos cheirando cocaína em vez de xoxota e acharem normal, dentre outras coisas mais.

Nas ruas, certamente há clamor legítimo. Mas não o clamor que a mídia traduz. Nas ruas está o povo agora "acordando pra Jesus". Como é que se acorda pra Jesus na terra de Santa Cruz? Eu tento dizer: reagindo contra os altos impostos que não se convertem em saúde e educação; reagindo contra a violência que está chegando a todas as classes sem que o congresso modifique as leis; gritando contra a impunidade dos políticos corruptos que jogam na cara dos eleitores toda sorte de humilhação, dentre outros. Com esse cenário, o povo, principalmente as putas e os putos da rua - aqueles que hoje se "prostituem" e sai dos casulos das universidades e das suas casas de luxo para dizer o recado aos poderes: "nós não nos sentimos representados" por essa "sopra de letrinha" partidária que vive leiloando o país por "trinta dinheiros" qual Iscariotes.

Porém, sempre há um, porém: que moral vai ter um politico para não fazer o que faz de ruim na medida em que ele comprou os votos que o elegeu? Chupemos todos essa manga. Pois é. Não se pode radicalizar entendendo que o atual governo tem culpa nisso sozinho. O processo é histórico, mas só agora se tornou histérico. Isso dá medo porque qualquer forma de histeria nos dá receio de que se possa fazer uso de medicação "tarja preta" que seria, grosso modo, um retrocesso na nossa democracia.

Portanto, melhor ter nossas ruas com as novas "putas e putos", porque desse movimento, certamente alguns setores se acordarão como disse, "pra Jesus"... Pena que tem gente demais dando diagnóstico de menos acerca dessa invasão das ruas. Mas, afinal, a rua é do povo, ou não?

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(*) Publicado no Recanto de Letras  em 17/06/2013

sexta-feira, 21 de junho de 2013

PRACINHA DO DIARIO




José Antonio Taveira Belo / Zetinho


Gosto muito de passear pelas ruas do Recife. O casario da Rua da Aurora visto de longe com as suas originalidades dos tempos passados, mesmo com uma falta de conservação pelo patrimônio público; o rio visto de cima da ponte Duarte Coelho com suas águas poluídas, mesmo assim escorre mansamente pelo seu leito; a Avenida Guararapes, onde outrora era o coração da cidade, pulsando forte, hoje acometida pelo desleixo do poder público se encontra doente prestes a morrer e, não tem doutor (governantes) que a salvem, pela invasão das pessoas carentes, que necessitam de trabalho mais que não conseguem. As ruas Sete de Setembro, Hospício, Palma, mostram a calamidades que se encontram, exalando mau cheiro pelo lixo que lá se encontram; as praças Maciel Pinheiro, Joaquim Nabuco está totalmente tomada por pessoas que não tem um teto e, com isto se deitam pelas calçadas mostrando a todos a sua miséria; as calçadas esburacadas e com saliências fazendo com que as pessoas drible o espaço do caminhar, principalmente os idosos que muitas das vezes vão ao chão. Mas, o que me faz escrever neste momento, é o abandono da Pracinha, ocupadas por pessoas desocupadas. Parando um pouco para respirar do passeio sentei no canteiro e  em menos de dez minutos já fui abordado por uma mulher de meia idade, toda pintada e com uma saia curta vermelha e uma blusa amarela; Um par de argolas douradas na orelha com um cordão cheio de miçangas verdes. Uma sandália lilás frouxa nos pés. Chegou-se perto de mim – Como vai meu gato? Olhei para lado e para o outro, não vi ninguém – Vamos fazer neném? Eu faço de tudo para o homem! Como é vai ou não vai aceitar o convite desta gatona? Somente dez mil reis. Estou esperando a resposta. Fiquei ali paralisado olhando aquela triste criatura que se vende para qualquer um. Que lastima se encontra a nossa sociedade, ali estava o escárnio de tudo que a sociedade dá. Olhou para mim novamente e, como não havia me manifestado disse – estou perdendo o meu tempo. Até logo broto e, saiu. Logo lá na frente encontra outro velho e começou a conversar e, parece que ele aceitou a oferta, pois ela saiu em frente seguida por este velho. Enquanto me recuperava desta abordagem, quando me viro esta sentada perto de mim uma moça dos seus vinte cinco anos, com a mesma proposta. Alta, cabelos cumpridos, metida numa calça azul colada no corpo e uma blusa mostrando praticamente os seios. Riso fácil e com gesto acendeu um cigarro. Vi como o Broto deu o fora naquela velha enxerida. É uma velha metida à moça. Aquela ali não é de nada. Eu não! Eu sou enxuta, bela e gostosa. Levantando-se e se exibindo, rindo. Faço de tudo para agradar o meu parceiro. Com os agrados com certeza ele vem me procurar em pouco tempo. E que tal eu dar este agrado? Topa? Por este “agrado” cobro vinte mil reis. O meu cantinho é logo ali na Rua Frei Caneca. Primeiro andar. Entramos em silencio e saímos da mesma forma.  Sabe onde fica a Basílica do Carmo, é naquela rua? Venha não me faça esta desfeita. Levantou-se rebolando em plena manhã de uma quinta feira, às 10 horas. Olhava para trás se certificando que  estava sendo seguida, desiludida desapareceu pela Rua Nova. Ali fiquei mais estupefato com estas abordagens. Quantos velhotes não caem nesta armadilha? Empolgam-se com as mentiras lhes dirigidas por “mulheres da vida” e seguem sem pensar no que lhe vai acontecer. E quantos não são dopados e roubados nestes encontros clandestinos?  E quem a reclamar?  Ninguém. Fiquei por pouco tempo meditando, observando as pessoas que passam pelo local sem saber o que ocorre naquele pedaço de chão. Quando estava me levantando para ir embora, um rapaz dos seus vinte anos cheio de maconha, argolas nas duas orelhas, um cordão de metal pendurado sobre a camisa listrada e desgastada, sandália japonesa, pois o seu semblante deixava ver, disse – meu velho estava ali observando a abordagem da “quenga” Bia e da outra Fia, são perigosas quando algum trouxa vai à sua lábia. Elas tomam tudo do cara! Não deixa nada, pois, no cubículo onde ela se esconde, grita alto para as demais companheiras que estão lá embaixo, dizendo que foi surrupiada pelo homem que está em sua companhia. O alarde é tão grande dizendo que vai chamar a policia para resolver o seu caso. Não tem pena de ninguém é mulher safada.  Já foi presa varias vezes e encaminhada para aquele posto policial por ter roubado alguns velhotes que vão à sua onda. Já de pé para ir embora - tudo bem, meu amigo pela advertência. Mas o senhor pode me ajudar, pois não tomei café esta manhã, estou com fome. Qualquer trocado serve juntando com outros, da para comer um pão doce com caldo de cana, ali na Rua da Palma, esquina com a Rua Tobias Barreto. Tinha uma nota de dois reais e dei a ele. Saiu em direção a Avenida Dantas Barreto. Sai dali temeroso e ao mesmo tempo participando de cenas que as pessoas pensam que não acontecem. Este é nosso Centro do Recife. Quem quiser comprovar vá até lá e sente que breve será abordado.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O gigante acordou. Será que dormirá de novo?




Por Zezinho de Caetés

Eu tive alguns problemas e sumi um pouco daquilo que gosto de fazer que é publicar alguma coisa na AGD. Pensava que ao voltar continuaria tudo na mais perfeita ordem e paz, e continuaria minha saga pela defenestração do PT do poder, falando sozinho. Quando voltei não entendi, se estava no Brasil ou em algum país destes onde sempre há um “primavera” que se define como o povo nas ruas. Senti que não estava só, como o Collor tempos atrás.

Fiquei sem entender nada, mesmo que ouvisse rádio, visse TV, lesse jornais e mídias eletrônicas. O povo estava na rua, em marchas intermináveis, mas eu não sabia, ao certo, o que estava ocorrendo. Pensei logo, será que os bolsistas familiares desceram ao asfalto porque a CEF não depositou o dinheiro? Mas, quando olhei as pessoas que estavam no protesto, elas não estavam vestidas com saias de R$ 300,00, então não seriam do programa Bolsa Família.

Continuei com a mente indagativa quem seriam os participantes, ou melhor, o que queriam eles, para ver se me integrava á turma. Confesso que até hoje eu não sei. Li um texto do Elio Gaspari onde ele compara as manifestações a um “monstro”, repetindo Ulisses Guimarães, por não saber como explicar o fenômeno, e diante  de tanta dúvida ele cita alguns fatos relevantes que podem ter causada a explosão popular pelas ruas do país. Escreve ele:

Aqui vão sete coisas que aconteceram nos últimos dez dias:

1 — O prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo Alckmin subiram as tarifas e foram para Paris, avisando que não conversariam nem com os manifestantes. Mudaram de ideia.

2 — Geraldo Alckmin defendeu a ação da polícia na manifestação de quinta-feira passada. Mudou de ideia e pacificou sua PM.

3 — O comandante da PM disse que sua tropa de choque só atirou quando foi apedrejada. Quem estava na esquina da Rua da Consolação com Maria Antonia não viu isso.

4 — Dilma Rousseff foi vaiada num estádio onde a meia-entrada custou R$ 28,50 (nove passagens de ônibus a R$ 3,20.)

5 — O cartola Joseph Blatter, presidente da Fifa, mandarim de uma instituição metida em ladroeiras, achou que podia dar lição de moral aos nativos. (A Viúva gastará mais de R$ 7 bilhões nessa prioridade. Só no MaracanãX, torraram R$ 1,2 bilhão.)

6 — A repórter Fernanda Odilla revelou que o Itamaraty achou pequena a suíte de 81m2 do hotel Beverly Hills de Durban, na África do Sul, e hospedou a doutora Dilma no Hilton. (Por determinação do Planalto, essas informações tornaram-se reservadas e, a partir de agora, só serão divulgadas em 2015.)

7 — A cabala para diluir as penas dadas aos mensaleiros que correm o risco de serem mandados para o presídio do Tremembé vai bem, obrigado. O ministro Dias Toffoli, do STF, disse que os recursos dos réus poderão demorar dois anos para ir a julgamento.

Para completar uma lista de dez, cada um pode acrescentar mais três, ao seu gosto.

Eu não acrescentarei nada à lista, mas reputo como a grande causa das manifestações o item 7, que mostra as declarações do Ministro Dias Toffoli, de que o Zé Dirceu poderá ficar livre por mais 2 anos. Com esta, até eu pensei em ir para as ruas, mas estava sozinho. Agora não mais e hoje irei (embora com cautela) à passeata no Recife pedindo prisão para os mensaleiros.

Quem parece concordar comigo, generalizando a causa, é o imortal Merval Pereira que aposta na corrupção como a causa, num texto publicado no O Globo em 19/06/2013, intitulado “Corrupção é o foco”, e que transcrevo abaixo. E eu pergunto: Houve na história deste país um fato que envolvesse mais corrupção do que o mensalão?  Fiquem com o imortal que eu vou tentar não morrer na passeata.

“Mesmo que as reivindicações sejam várias e muitos cartazes exibam anseios mal explicados ou utopias inalcançáveis, há um ponto comum nessas manifestações dos últimos dias: a luta contra a corrupção.

A vontade de que o dinheiro público seja gasto com transparência e que as prioridades dos governos sejam questões que afetam o dia a dia do cidadão, como saúde, educação, transportes, está revelada em cada palavra de ordem, até mesmo nas que parecem nada ter a ver com o fulcro das reivindicações, como no protesto contra a PEC 37.

Nele está contido o receio da sociedade de que, com o Ministério Público impedido de investigar, o combate à corrupção seja prejudicado. Todas as questões giram em torno do dinheiro público gasto sem controle, como nos estádios da Copa do Mundo, todos com acusações de superfaturamento.

O dinheiro que sobra para construção de “elefantes brancos” falta na construção de hospitais ou sistemas de transportes que realmente facilitem a vida do cidadão.

O mundo político está de cabeça para baixo tentando digerir as mensagens que chegam da voz rouca das ruas, como dizia Ulysses Guimarães, que dizia também que “a única coisa que mete medo em político é o povo na rua”.

Ninguém entende, por exemplo, por que houve esse verdadeiro estouro da boiada agora, e não há um mês ou mesmo há um ano.

Tenho um palpite: assim como as manifestações na Tunísia, as primeiras da Primavera Árabe, começaram com o suicídio de Mohamed Bouazizi, de 26 anos, vendedor ambulante que ateou fogo ao corpo depois de proibido de trabalhar nas ruas por não ter documentos nem dinheiro para pagar propinas aos fiscais, as manifestações aqui foram grandemente impulsionadas pela reação violenta da polícia em SP semana passada.

O movimento contra o aumento das passagens de ônibus poderia não ter a amplitude que ganhou se não houvesse uma reação nas redes sociais à atitude da polícia, como se todos sentissem a opressão do Estado na sua pele, e de repente liberassem os diversos pleitos que estavam latentes na sociedade.

Creio que foi a partir do entendimento de que uma reivindicação justa como a da redução das tarifas de ônibus estava sendo tratada simplesmente como um pretexto para arruaças e vandalismos que a sociedade passou a se mobilizar para ampliar suas reivindicações.

Isso nada tem a ver com comparações entre as mobilizações que ganham as principais cidades do país e a Primavera Árabe, pois estamos em uma democracia e não se trata de derrubar governos, mas de mudar a maneira de geri-los, política e administrativamente.

E também não é possível considerar que os abusos de um dia impedem as polícias de reprimir a parte radicalizada das manifestações, que vandaliza cidades ou tenta invadir prédios públicos ou residências das autoridades.

Creio mesmo que no Rio e em São Paulo as autoridades ficaram paralisadas diante da violência de parte dos manifestantes e não agiram com o rigor devido nessas ocasiões. O que demonstra falta de bom senso.

Um detalhe que define bem a divisão desses movimentos foi o grupo de jovens que foi ao Centro do Rio ontem tentar limpar e consertar em parte o que os vândalos fizeram no dia anterior.

E em São Paulo, em frente ao Palácio dos Bandeirantes, enquanto um grupo tentava derrubar o portão de entrada, outros o recolocavam no lugar.

O ambiente econômico também deve ter contribuído para quebrar aquela falsa sensação de bem-estar. E é impressionante que o imenso aparato de informações de que cada governo dispõe, especialmente a Presidência da República, e as pesquisas de opinião não detectaram a indignação que explodiu nas ruas.

O dono de um desses institutos de opinião que vende seus serviços para o PT, e acrescenta a eles, como um bônus, comentários em revistas chapas-brancas, chegou a ironizar as oposições e analistas que criticavam o governo, afirmando que viviam em uma realidade paralela, que nada tinha a ver com a vida do cidadão comum, que estava muito satisfeito. Segundo ele, não havia sinal de mudança de ventos que suas pesquisas pudessem captar.


Também o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, que anunciou que “o bicho vai pegar”, parece estar atordoado com o bicho novo que está pegando sem que ele ou o PT dominem a situação.”

ALGO DE "CONFUSO" NAS MANIFESTAÇÕES




Por Ademir Ferraz (*)

As manifestações populares que iniciaram no dia 15/06 em Brasília e continuaram no dia de 16/06 por todo o Brasil da Copa das Confederações, ou Copa das Manifestações como está sendo chamada, trouxe no dia de ontem um novo ingrediente. É que as manifestações iniciadas no sábado sem liderança, articuladas pelo facebook, twitter e outras mídias, neste dia 17/06 passaram a ser “lideradas”. Aí vem o ambíguo. O Haddad, prefeito petista de São Paulo, bem como os governantes ligados ao PSDB, fizeram um discurso duro contra os manifestantes com a velha e surrada colocação: É apenas um bando de vândalos e com vândalos nós não vamos conversar! Antes que soubéssemos que AGORA o movimento tinha LIDERANÇAS, o Haddad e os governantes do PSDB já mudaram de conversa. A Alckmin, Governado de são Paulo, PSDB e o Haddad, vieram novamente a público dizendo da necessidade de conversar com o movimento. Mas quem são "os cabeças" do movimento a partir de ONTEM? Oito servidores do Gabinete da Presidência da Republica e dois servidores de Ministérios do PT! Muitas coisas estranhas. Primeira: A polícia de Brasília, logo, subordinada ao PT, passar essa informação para a imprensa; Segunda: a imprensa governista divulgar! É uma coisa a se pensar. Por quê? Por outro lado há um histórico no PT sobre a questão. Lembremos que na eleição da Dilma surgiu um dossiê contra ela e o PSDB foi acusado, logo se provou que o PT fez o dossiê para culpar o PSDB. No caso do mensalão a coisa era para cair, se caísse, nas costas do PTB, mas aí não combinaram com Roberto Jefferson, presidente do PTB. Deu no que deu. Será que o PT, novamente, infiltrou seus capangas em uma manifestação para culpar o PSDB? Se fosse mais perto da eleição eu não teria dúvida... É, estou mais perdido do que o Adão nos dia das mães! Ora a Dilma deflagrou o processo de sucessão antecipadamente com medo do golpe que Lula vinha aprontado (vide LULA: O GOLPE BRANCO). Será que foi isso? Mas então, se o foi, porque diabos o PSDB ainda não falou. Está bem, hoje eles vão falar e vão lembrar o dossiê. Finalmente, finalmente o facebook serviu para alguma coisa e finalmente, finalmente, o povo acordou. Não se iludam, as manifestações vão muito além do aumento das passagens. Ela são muito mais profundas.

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(*) Publicado originalmente no Facebook

quarta-feira, 19 de junho de 2013

DUDU




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Encontro no Shopping Boa Vista, em uma tarde de sexta feira, Dolores, mulher de Stefan um grande boêmio em época passada. Sempre sorridente e elegante lá estava com a neta Lurdinha, menina dos seus quinze anos a compra de uma sandália. Ao cumprimentarmos com aquele “como vai” apertou a minha mão. Perguntei por Stefan, como estava, pois nunca mais o teria visto nestes últimos dez anos, desde que o Savoy fechou, o nosso reduto de amizade.  Começamos a conversar e ela me disse – olha ele deixou toda aquela cachaçada que fazia nos finais de semana, pois, adoeceu de uma cirrose e o médico proibiu de beber, pois, se continuasse o cemitério seria a sua morada.  Tudo sabes quando tu ias lá a casa, que ele era um frouxo. Apavorou-se com esta conversa do medico e parou. Mas, não passou dois anos e voltou à boemia, chegando a casa tarde da noite sentado e no bar do Aristóteles, já velho e cansado com uma sobrinha despachando a mesa. Era uma moca dos seus vinte e oito anos, bonita e bem dotada e enxerida, soltava piadas para todos e o seu Aristóteles, apenas ria das presepadas e piadas da sobrinha. Não é que Stepan se engraçou desta “quenga” e se ajuntou com ela em outro bairro sem eu saber. Pois é meu amigo! Mas, nesta vida tudo se descobre e diz um velho ditado para homens – marido traído é o ultima, a saber – só que desta vez fui eu. Uma vizinha minha viu quando ele pegou um taxi com ela no domingo à tarde, de mãos dadas e se beijando saindo do bar. Apurei o faro e alguém me disse é verdade Dona Dudu, o Stefan esta de caso com a sobrinha do seu Aristóteles, a Daniele. Fiquei na minha esperando uma oportunidade para me certificar. Entrei no meu carro e fiquei na espreita, no domingo seguinte, quando ele disse vou tomar uma cerveja com os amigos e botar conversa em dia. Saiu perfumado e barbeado. Elegante vestido com uma camisa listrada e numa calça branca.  Logo em seguida, comprovei que ele já estava no bar do seu Aristóteles, sentado na primeira mesa com um copo na mão. Esperei até as quatro horas da tarde. Saiu, como havia me dito, Expedito, de mãos dadas. Pegaram o taxi e eu segui. Foram para um motel no bairro de Afogados. Comprovei o que me disseram. Voltei para casa. Sentei-me em frente à televisão e ali fiquei esperando. Lá para meia noite lá vem ele. Entrou, lavou o rosto e enxugou e com a cara mais cínica, disse – Estes meu amigos não tem jeito, não! Queria vir para casa mais cedo e eles vamos tomar a saideira.

 Nojento.

Velho sem vergonha.

Corno velho!

Estais amigados com aquela sirigaita sobrinha do Aristóteles! E não venhas dizer que não, pois eu te segui e entraste com ela no Motel. Negues? Arruma tuas coisas e te vai daqui. Não quero nem saber arruma tuas coisas e vai, repeti. Amuado e sem saber o que dizer, disse – perdi a cabeça, pois tu sabes como homem é! Perdoa-me! Dormimos nesta noite separados. De manhã, já tinha arrumado as suas coisas, vai-te embora, repeti. Calado estava e calado ficou, sentado a mesa, tomando uma xícara de café. O tempo passou e ele não saiu de casa, porem dormíamos em quarto separados.


Certo dia soube que sirigaita, começou a telefonar. Não me contive quando soube deste fato. Arrumei suas coisas e coloquei no terraço. Saiu de casa e não passou seis meses, voltou doente. A cirrose voltou. Amarelo que só você vendo. Apavorado. Não tinha mais jeito, culpa dele, pois foi avisado pelo médico. A sirigaita arranjou outro e deu-lhe “uma banana” você já não me serve. Adoeceu. Ficou em casa tomando remédio, mas não tinha mais jeito. Cada dia piorava. Fraco e emagrecido já não tinha forças para resistir à doença. Já não tinha tanta raiva dele. Ninguém cuidava dele e os cuidados caíram nas minhas costas. Piorou, internou-se no Hospital Português e apenas durou uma semana. Faleceu. O sepultamento no Cemitério Santo Amaro, alguns amigos do bairro compareceram. Isto aconteceu há cinco anos. Um colega vizinho disse – Dona Dudu eu aconselhei muito o Stefan sobre este ajuntamento com Daniele. Onde já se viu um homem já com os seus setenta anos engalfinhar com uma moça de 27 anos. É gala! É muita gaia!! - agente brincava com ele. Mas não atendia e veja o que aconteceu ele morreu a sirigaita continua no bar alegre e fogosa, rindo a toa como se nada tivesse acontecido. Bem já conversamos demais, deixe-me ir embora. A minha neta esta me chamando. Ali eu fiquei a pensar naquele desfecho triste.  “Recordei os dizeres do meu velho e conselheiro pai – Quem não sabe viver sabe morrer”. Voltei para casa pensando no velho amigo.

terça-feira, 18 de junho de 2013

CURA GAY




Por Carlos Sena (*)

Esse país deve mesmo não ser sério como sempre ouvi dizer. Um país com tantos problemas de educação e saúde, segurança pública e tantos outros fica discutindo, via parlamentares, a CURA GAY.

Perdendo um pouco o que seria a “classe” do bem escrever polidamente, parece mesmo que o “CU e a XOXOTA” que tem vida própria passaram, contra suas vontades a ser postos em lugares de destaque além do que normalmente eles já têm. Não bastasse o Estado viver se metendo na vida das famílias em assuntos que não lhe dizem respeito como  a LEI DAS PALMADAS, agora vem a história da CURA GAY – proposta por um deputado (deputada) do PSDB e encampada por tantos outros da ala dita evangélica e religiosa. Não basta que as famílias não tenham boa educação; não basta que as famílias não tenhas saúde pública de qualidade; não basta que as famílias vivam presas dentro de casa enquanto lá fora os ladrões e sequestradores tomam conta das ruas que um dia foram públicas. Porque em não bastando tudo isso, basta agora discutir a CURA GAY, no popular: saber quem “dá” pra quem e quem “come” quem! Nesse bojo de falta do que fazer, discutir a cura gay é, certamente, um atentado a inteligência. Se não aos bons costumes, mas, repetimos, à inteligência. Por que não aos bons costumes? Porque eles simplesmente não existem, pois a falsa moral se encarrega de dizer o que eles sejam na superfície, porque na profundidade a putaria acontece nos palácios e nas palafitas, nos “lampiões e nas marias bonitas”... A Rainha Vitória que não nos diga, porque os parlamentares brasileiros, incapazes de legislar sobre coisa séria, agora estão debruçados na CURA GAY. Isso nos remete aos questionamentos:

a)Será que alguns parlamentares não são “do babado”, mas preferem se iludir com essa “cura” para se esconder sobre ela?

b)Será que estimulando o “finge que não sou mais gay que eu finjo que tu és homem”, não vai aumentar a arrecadação das igrejas?

c)Será que estimulando a chamada cura gay não se estará fortalecendo um bando de gays evangélicos que já estão quase caindo fora da igreja por não aguentarem viver dentro do armário a vida toda?

d)Será que o estímulo fantasioso da cura gay não está fundamentado da lógica financista que fatura em cima do casamento e dos filhos?

e)Será que os evangélicos que a isso buscam não estão querendo que o manto falso moralista se perpetue para que seus membros gays permaneçam sentido o sabor do proibido com mais ênfase?

f)Será? Qualquer um pode fazer o seu “será” e, certamente não vai encontrar muito conteúdo científico ou mesmo religioso, exceto o dogmático.

Como se percebe é coisa mesma de quem não tem o que fazer na qualidade de parlamentar, como costumo dizer de “pralamentar”. Porque lá fora tá chio de criança abandonada e de tanta mazela social que seria pano para as mangas e para a camisa toda, se eles quisessem ser sérios e trabalhar para o bem do povo. Porque do fiofó do povo, da xoxota das mulheres elas sabem  muito bem o que fazer com elas...

Mas, se de todo, alguém ainda tiver dúvidas dessa coisa que estão chamando de “cura gay”, basta imaginar o  contrário: “cura hetero”. Verá na hora que não se vira hetero ou homossexual na lógica do controle remoto de uma televisão: você muda de canal com um simples toque e tudo bem. Tudo existe no mundo desde que o homem é homem e que o mundo é mundo. Pior (ou melhor?): a homossexualidade existe, inclusive no reino dos animais irracionais, isso comprovado pela ciência no mundo inteiro. O grande problema é o de sempre: todo mundo tem o rabo preso, mas só quer saber de pisar no rabo dos outros.

Senhores parlamentares, deixem o povo dar o que eles têm, pelos menos eles dão o que é deles e vocês dão o que é nosso, do Brasil, na medida em que entregam nossas riquezas ao capital internacional sem nenhum escrúpulo. Viu? Os gay dão o que é deles, ou seja, o fiofó ou a xoxota. Vocês, além de darem o que não tem, ainda roubam quando não podem dar... Um recado: cuidado senhores deputados, padrecos e pastorecos: certamente vocês tem gays na família, porque as igrejas estão cheias deles... Fui.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 05/05/2013

segunda-feira, 17 de junho de 2013

DIA DO DIA DO DIA.




Por Ademir Ferraz (*)

Não sabia eu que hoje era comemorado o tal dia dos namorados até uma amiga mandar-me parabéns. Não entendi, mas alertou-me para uma questão. Dia dos namorados, dos ficantes, dos amantes avulsos, da mulher, do marido, da filha, do filho... Não sei mais do que se trata. Em dado momento somos namorados e em outro somos amantes. Num instante namorado não faz sexo, noutro sem sexo não há namoro. Há um quê de “esdruxilidade“ permeando as características seja dos sentimentos, seja da normativa dos sentidos. Nesta linha, o garoto esfomeado, nas portas ébrias dos bares sonolentos dizia: Professor “to aí no carro”. Depois de um tempo em que todo mundo já professava, veio o patrão. Patrão “to aí no carro”. Quando não mais existiam trabalhadores, pois todo mundo era patrão, veio o Doutor. O pós-doctor não é título, então ou se fica aí ou recomeça o ciclo. Analiticamente há um entrelace entre as duas coisas: Dia disso e título por veículo, ou não. Se observarmos outras datas como dia da mãe (Abro parênteses para dizer que um deputado propôs dia da avó, e eu não conheço avó que não tenha sido mãe) e volto para o dia de sua mãe, da minha ou das duas. Não há a menor importância de quem, de fato, é o dia. Dia das mães deveria ser, pelo menos o é para mim, todos os dias. Mas as coisas esdrúxulas fenecem na paixão pela mediocridade das idéias, de tal forma que no dia da mulher ai de quem não parabenizar. Assim, ou o homem fica com 365 dias e a mulher com um, ou o ano passa para 366 dias. A menoridade humana da qual fala Kant conjugada com idéias buberianas e terrenas, vai bem nesta direção: Clonar um dia para esquecer os outros em um paradoxo cansado, mas muito feliz! A clonagem não é de seu José nem de dona Maria da esquina. Esta duplicidade de datas vem dos grandes comerciantes, nasce no seio dos grandes economistas para produção de mais riqueza dos 10% que sabem tirar vantagem dos demais 90%. É como se estes 90% de mulheres e homens teimassem em não tomar nas mãos a feitura de seu conhecimento, mas, ao contrario, permanecessem reféns impensantes dos que usam sua pobreza mental para fazer dinheiro. Finalmente, se casamento é uma instituição falida, pelo menos é uma coisa. Mas e o namoro, que tipo de instituição é, se é que é!

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(*) Publicado originalmente no Facebook

A semana - Só faltou a vaia




Por Zé Carlos

Esta semana, retratada no filme abaixo, da UOL, não pegou o sábado. Ou seja, não tocou nem um pouquinho na Copa das Confederações. Talvez não tenha dado tempo, ou os produtores não o achem um evento adequado para entrar num resumo de semana. Eu esperava que o sábado entrasse apenas por um protesto que foi consequência de uma fato que foi pelo filme retratado,  a queda de popularidade da presidenta Dilma Roussef.

O motivo para minha espera foi uma vaia que vi sendo dada pelos que pagaram caro para assistir ao primeiro jogo da Copa no Estádio Mané Garrincha, quando a presidenta tentou balbuciar algumas palavras para inaugurar o evento. Para mim, talvez pela minha timidez, foi constrangedor. Mas, pensando bem, uma forma de protesto que não tenha seus aspectos constrangedores, pelo menos para alguns, não pode ser efetiva.

O filme começa com o protesto dos que se insurgem contra o aumento do preço das passagens de ônibus, em São Paulo, e o lado hilariante da história vem das atitudes dos responsáveis maiores pelo o aumento. O governador e o prefeito da cidade estavam em Paris, pois ninguém é de ferro. A parte constrangedora foi a violência que se introduziu no protesto, enquanto os dirigentes máximoa dançavam ou admiravam a dança do Can-Can no Moulin Rouge, em Paris.

E não se pode retirar o fato do aumento das passagens de ônibus para fora das explicações da perda de popularidade da presidenta, e por consequência da vaia que terminaria com o brilho  maior o filme da semana, e que para alguns, é motivo de humor. Eu não chegaria ao ponto de dizer que é humor negro, mas, que é pelo menos lilás, ele é.

Hoje, no momento em que escrevo, ainda antes da primeira partida na Arena do Náutico pela Copa das Confederações, o tempo está bom e, na certa, melhorará a questão da mobilidade para chegar a ela. No entanto, se eu fosse o governador, depois do que alguns times sofreram com a chuva, se o tempo piorar, eu não compareceria com muita visibilidade ao jogo. Eu não diria que o pernambucano, se equipara ao carioca, que no dizer de Nelson Rodrigues vaiava até minuto de silêncio no Maracanã, mas, se chover e muita gente sofrer com isto, que se cuidem as autoridades.

Fiquem com o resumo do filme pela equipe da UOL e em seguida com o filme. Mas, se não quiserem rir não façam. Eu ri muito pouco.

“Enquanto milhares de pessoas tomavam as ruas do centro de São Paulo esta semana para protestar contra o aumento das tarifas do transporte público, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Fernando Haddad passaram três dias em Paris para participar de um evento. O ato de quinta-feira (14) foi marcado pela violência da Polícia Militar contra manifestantes e jornalistas.
Também nesta semana a popularidade da presidente Dilma Rousseff caiu 8 pontos percentuais de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, e cada político tem uma explicação para o fato.”


sábado, 15 de junho de 2013

DIZER QUE AMA EM VIDA




Por Carlos Sena (*)

Tem gente que não imagina que a vida é breve. Até verbalizam isso, mas não se dobram às evidencias da vida tão passageira. Tem gente que não sabe dizer que ama: ou por dificuldade interior ou porque se acham acima do bem e do mal. Tem gente que só sabe compreender a vida dentro dos seus próprios sentimentos de mesquinhez, como se elas fossem as únicas pessoas do mundo a serem "donas da verdade e das mentiras". Fato é que não são donas de nada, nem mesmo das mentiras que poderiam ser delas. Porque tem gente que até quando mente, quando expõe seus sentimentos negativos, o fazem em função de outros comportamentos por elas copiados. Porque tem gente que sequer tem sentimentos próprios mesmo os negativos. São pessoas que vivem "tecendo" relações sociais imaginárias como se reais fosse, utilizando tão somente o lado ruim da vida e dos seus sentimentos.

Tem gente que leva a vida como se a vida fosse coisa que se pudesse ser levada. A vida enquanto existência não se leva – vive-se com todos os ingredientes que a fazem bela ou feia dependendo do grau de evolução interior. Porque também tem gente que vive fazendo tudo certo no quesito “viver a vida”, inclusive cometendo pecados, mas, certamente praticando atos dignos. Tem gente que não diz que ama. Passam a vida toda tendo todas as oportunidades para verbalizar, mas não o fazem. Esquecem, quase sempre que a vida não manda recado, nem passa recibo com prazo de validade.

Tem gente, finalmente, que pensa que não envelhece, mas envilece em cada dia; tem gente que pensa que nunca seus males serão novos enquanto os dos outros serão velhos. Tem gente, (ah! Como tem), que envelhecem sem ver o bonde das horas lhes conduzirem... E, quando a realidade crua, dura e nua do espelho se estampa, não raro enlouquecem. São a maioria dessas pessoas que quando morre um parente ficam na beira do caixão dizendo que ama... Tarde. Porque os que ouvirão essa retardada confissão de amor não precisam dela e aqueles que dela necessitavam estarão, certamente, no outro lado da eternidade, em outro plano espiritual. Melhor mesmo é se melhorar por dentro: dizendo que ama e não dizendo quando odeia, mas procurando não odiar e perdoar. Porque quem perdoa um dia será perdoado, assim já nos lembra a doutrina Franciscana. Que não se perca pois as oportunidades de dizer que ama em vida, porque a vida pela sua essência nos ignora em nossos de sejos e nos surpreende em nossa mesquinharia...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 03/05/2013

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Testemunhos do Vovô Zé - A viagem - I


Davi e Miguel saindo para a Escola

Por Zé Carlos

Tempos atrás eu e a Vovó Marli fomos brindados com uma volta à paternidade e à maternidade tendo que ficar com o Davi, meu neto, naquela época único, enquanto os pais viajavam. Nem me lembro como descrevi aquele tempo bom. Lembro-me sim de um manual que nossa filha deixou para cuidar dele enquanto ela estava fora. Só faltou vir em várias línguas para ser aprovado pelo PROCON.

Recentemente, recebemos outro manual, agora até com mais detalhes, para ficar com os nossos dois netos Davi e Miguel, outra vez, enquanto os pais pairavam por outras terras.

Inicialmente, eu temi pela minha capacidade de voltar a ser pai de neto. Agora já mais velho e a quantidade de neto duplicada, fiquei com meus receios. Será que aguentaríamos, eu e a Vovó Marli? Tchan, tchan, tchan, tchan....

Estudamos o manual, decoramos os itens essenciais, fizemos sessões de relaxamento e meditação e aceitamos o desafio. Logo depois de esquecermos tudo que lemos do manual, partimos para a missão, lá em sua casa no interior.

Quanto chegamos a uma certa idade, parece que só lembramos de coisas de quando éramos crianças e não lembramos se tomamos o remédio do dia. Isto foi provado logo nos primeiros dias, quando depois de nossa filha nos ter levado para conhecer os locais onde deveríamos levar as crianças de forma obrigatória, como escolas de vários tipos e casas de amiguinhos, quando fomos levar o Davi na natação não sabíamos mais onde era a piscina, e foram precisas novas informações.

E fomos vivendo no dia a dia toda mais esta aventura. O objetivo aqui é descrever certas coisas que o Davi e Miguel nos fizeram viver e que eles, como nossos únicos leitores do futuro, poderão usar como lhes aprouver.

O primeiro e mais importante dos locais que teríamos de levá-los, já sabíamos: à Escola. Foi uma grande emoção vê-los de bolsas em punho (a bolsa do Miguel rivalizava em tamanho com o tamanha dele) no primeiro dia, ainda saudosos dos pais e talvez estranhando a companhia dos ilustres pais “novos”.

Durante o trajeto de carro para a escola, já ouvindo um CD de músicas infantis, eles devem ter sentido que os pais não fariam tanta falta assim. Vovô Zé e Vovó Marli davam todas as suas forças para que eles fossem logo esquecidos. Isto sem eles saberem, é claro. Ao chegar na escola, o mais velho Davi, já querendo mostrar independência  nos ensinou o caminho da sala de aula e já entrou de imediato na rotina. O Miguel, ainda recém escolar, ficou um pouco receoso na entrada mas não fez nenhum escarcéu. Graças a Deus.

Não tivemos como não comentarmos, eu e a Vovó Marli, sobre a diferença de nossa época. Já íamos para a escola com a idade um pouco avançada, lá pelos 5 ou 6 anos e normalmente eram apenas professoras, que além de donas de casa exerciam sua vocação ainda de maneira muito precária, mas, com grande vontade que aprendêssemos.

Hoje, há todo um aparato educacional por trás para dar aos pequerruchos toda pinta de estudantes. E isto nos emociona e nos alegra. Tudo parece mais seguro e eficiente, embora não possamos dizer infelizmente que todas as escolas sigam este padrão. Mas, deixemos isto para lá pois Vovô Zé é um egoísta e só pensa em seus netos.


Voltamos para casa e fomos nos organizar para cumprir a longa tarefa que tínhamos pela frente, e não havia melhor tempo do que aquele quando eles estão na escola. Afinal de contas ainda havia 10 dias pela frente, e não queríamos usar nenhum balão de oxigênio, nas emergências dos hospitais.