Por Carlos Sena (*)
Tem gente que não imagina que a
vida é breve. Até verbalizam isso, mas não se dobram às evidencias da vida tão
passageira. Tem gente que não sabe dizer que ama: ou por dificuldade interior
ou porque se acham acima do bem e do mal. Tem gente que só sabe compreender a
vida dentro dos seus próprios sentimentos de mesquinhez, como se elas fossem as
únicas pessoas do mundo a serem "donas da verdade e das mentiras".
Fato é que não são donas de nada, nem mesmo das mentiras que poderiam ser
delas. Porque tem gente que até quando mente, quando expõe seus sentimentos
negativos, o fazem em função de outros comportamentos por elas copiados. Porque
tem gente que sequer tem sentimentos próprios mesmo os negativos. São pessoas
que vivem "tecendo" relações sociais imaginárias como se reais fosse,
utilizando tão somente o lado ruim da vida e dos seus sentimentos.
Tem gente que leva a vida como se
a vida fosse coisa que se pudesse ser levada. A vida enquanto existência não se
leva – vive-se com todos os ingredientes que a fazem bela ou feia dependendo do
grau de evolução interior. Porque também tem gente que vive fazendo tudo certo
no quesito “viver a vida”, inclusive cometendo pecados, mas, certamente
praticando atos dignos. Tem gente que não diz que ama. Passam a vida toda tendo
todas as oportunidades para verbalizar, mas não o fazem. Esquecem, quase sempre
que a vida não manda recado, nem passa recibo com prazo de validade.
Tem gente, finalmente, que pensa
que não envelhece, mas envilece em cada dia; tem gente que pensa que nunca seus
males serão novos enquanto os dos outros serão velhos. Tem gente, (ah! Como
tem), que envelhecem sem ver o bonde das horas lhes conduzirem... E, quando a
realidade crua, dura e nua do espelho se estampa, não raro enlouquecem. São a
maioria dessas pessoas que quando morre um parente ficam na beira do caixão
dizendo que ama... Tarde. Porque os que ouvirão essa retardada confissão de
amor não precisam dela e aqueles que dela necessitavam estarão, certamente, no
outro lado da eternidade, em outro plano espiritual. Melhor mesmo é se melhorar
por dentro: dizendo que ama e não dizendo quando odeia, mas procurando não
odiar e perdoar. Porque quem perdoa um dia será perdoado, assim já nos lembra a
doutrina Franciscana. Que não se perca pois as oportunidades de dizer que ama
em vida, porque a vida pela sua essência nos ignora em nossos de sejos e nos
surpreende em nossa mesquinharia...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 03/05/2013
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