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sábado, 29 de junho de 2013

Sobre constituintes e plebiscitos




Por Zezinho de Caetés

E as manifestações continuam, e cada dia, mais violentas, como pôde ser comprovado, aqui em Pernambuco, pelo Secretário de Defesa Social, pelo menos proporcionalmente, como ele disse. Ontem quase que botavam o governador para fora do Centro de Convenções. Penso que isto vai dar razão a uns poucos jornalista que viam como uma terrível ameaça à Democracia esta onda de movimentação sem eira nem beira.

Eu não sou muito a favor do gênero. Preferia aquelas onde marchávamos de braços entrelaçados e com objetivos claros, gritando ABAIXO A DITATURA. Alguém viu algum cartaz com  estes dizeres nas recentes manifestações? Eu não vi. Caiu de moda ou vivemos realmente nosso melhor período de democracia no pós-guerra? Respondo sim para a última questão.

Agora, depois de cair do cavalo chamado constituinte, que lhe deu um coice que ainda está zonza, a presidenta diz que quer um plebiscito, ainda esta ano, e que já deve valer para o próximo ano, os seus resultados. Pergunta-se: Por que a pressa? Com que intenção? Quem mandou? Todas questões mais fáceis de responder do que aquelas que possam ser preparadas para o plebiscito, que deveria ter uma única questão? “Vocês querem que o PT continue no poder?”.

Diante do caos político gerado pela enganação dos programas sociais de cunho eleitoral, vocês já imaginam qual será a resposta. Não se enganem, o povo das passeatas não é o mesmo que vota e o PT está apostando nisto para se manter no poder. E se não conseguirem o plebiscito então vão chamar o Lula para 2014. O que espero é que toda esta movimentação leve pelo menos à consciência de que, com o PT, o Brasil vai para o buraco negro em que se meteu uma parte da América Latina, sobre a influência do morto-vivo, Cháves.

Mas, fiquem com o texto do Sandro Vaia, publicado em 28/06/2013, com mais reflexões sobre inutilidades e postes de todos os gostos e tamanhos que componhem “a voz rouca do poder” (título do artigo do jornalista).

“Conheço todos: Maria foi à manifestação por causa do preço dos ônibus; Pedro foi porque é petista; João foi porque não gosta do PT; Antonio foi porque é contra a corrupção; Alfredo foi porque é contra a “cura gay”, embora não saiba o que vem a ser isso; Lúcio foi porque é contra a PEC 36, que não sabe distinguir da 37, ou da 99, ou de qualquer outra; Ricardo foi porque quer uma passarela mais próxima para cruzar a estrada; Lúcio foi porque adora futebol mas é contra o dinheiro público enterrado nos estádios da Copa.

Enfim, tem para todos os gostos. E cada um deles canta a sua vitória. A esquerda diz que escorraçou os agentes provocadores da direita golpista e os conservadores dizem que colocaram os agitadores esquerdistas em seu verdadeiro lugar.

Entre uma “manifestação linda e pacífica” (como diziam os locutores de TV) e outra, houve alguns vândalos e depredadores, mas isso é da vida. Não existe primavera grátis, como já nos ensinaram as praças árabes.

Enquanto as manifestações mais ecumênicas e contraditórias que já povoaram as nossas ruas e praças obrigavam os nossos cientistas políticos e psicólogos sociais a correr para seus livros para bordar explicações recheadas de alguma erudição, os fenômenos políticos se sucediam.

A chamada “voz rouca das ruas” obrigou a presidente a atropelar o país com uma lista de cinco panacéias elaboradas urgentemente em sua farmácia de manipulação, e os políticos a trabalharem com uma energia e um ritmo de uma esteira ergométrica desgovernada.

(Breve parênteses: para quem se interessa pelo estudo de casos patológicos provocados pela leitura labial errada do que diz a “voz rouca das ruas”, recomendo procurar no Youtube trechos do documentário sobre a queda do ditador romeno Nicolau Ceausescu em 1989. Basta digitar “Videogramas de uma revolução”. Ou então procurar em alguma locadora o filme “A Leste de Bucareste”, que além de tudo é pateticamente engraçado).

Das propostas apresentadas solenemente pela presidente (que o jornal “Financial Times” chamou com fleugma britânica de “propostas de baixa efetividade”), a maioria era requentada de outros carnavais, ainda que apresentadas com roupagem nova.

Mas a sensação foi a sugestão de um plebiscito destinado a criar uma Constituinte exclusiva para a reforma política. Tão sensacional que as pessoas que estavam em volta dela foram surpreendidas pela novidade - inclusive seu vice, que é tido por notável constitucionalista e sequer foi avisado antecipadamente das intenções da titular. Não fez cara de espanto porque manteve a postura hierática de um mordomo e mordomos não se espantam.

A confusão conceitual, política e jurídica que a proposta causou foi tamanha que ela teve que voltar atrás e ficar só com o plebiscito, sem a Constituinte exclusiva.


Além dos tumultos de rua, o Brasil agora tem uma solene inutilidade para discutir.”

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