Por Zezinho de Caetés
E as manifestações continuam, e cada dia, mais violentas,
como pôde ser comprovado, aqui em Pernambuco, pelo Secretário de Defesa Social,
pelo menos proporcionalmente, como ele disse. Ontem quase que botavam o
governador para fora do Centro de Convenções. Penso que isto vai dar razão a
uns poucos jornalista que viam como uma terrível ameaça à Democracia esta onda
de movimentação sem eira nem beira.
Eu não sou muito a favor do gênero. Preferia aquelas onde
marchávamos de braços entrelaçados e com objetivos claros, gritando ABAIXO A
DITATURA. Alguém viu algum cartaz com estes dizeres nas recentes manifestações? Eu
não vi. Caiu de moda ou vivemos realmente nosso melhor período de democracia no
pós-guerra? Respondo sim para a última questão.
Agora, depois de cair do cavalo chamado constituinte, que
lhe deu um coice que ainda está zonza, a presidenta diz que quer um plebiscito,
ainda esta ano, e que já deve valer para o próximo ano, os seus resultados.
Pergunta-se: Por que a pressa? Com que intenção? Quem mandou? Todas questões
mais fáceis de responder do que aquelas que possam ser preparadas para o
plebiscito, que deveria ter uma única questão? “Vocês querem que o PT continue no poder?”.
Diante do caos político gerado pela enganação dos programas
sociais de cunho eleitoral, vocês já imaginam qual será a resposta. Não se
enganem, o povo das passeatas não é o mesmo que vota e o PT está apostando
nisto para se manter no poder. E se não conseguirem o plebiscito então vão
chamar o Lula para 2014. O que espero é que toda esta movimentação leve pelo
menos à consciência de que, com o PT, o Brasil vai para o buraco negro em que
se meteu uma parte da América Latina, sobre a influência do morto-vivo, Cháves.
Mas, fiquem com o texto do Sandro Vaia, publicado em
28/06/2013, com mais reflexões sobre inutilidades e postes de todos os gostos e
tamanhos que componhem “a voz rouca do
poder” (título do artigo do jornalista).
“Conheço todos: Maria foi à manifestação por causa do preço dos ônibus;
Pedro foi porque é petista; João foi porque não gosta do PT; Antonio foi porque
é contra a corrupção; Alfredo foi porque é contra a “cura gay”, embora não
saiba o que vem a ser isso; Lúcio foi porque é contra a PEC 36, que não sabe
distinguir da 37, ou da 99, ou de qualquer outra; Ricardo foi porque quer uma
passarela mais próxima para cruzar a estrada; Lúcio foi porque adora futebol
mas é contra o dinheiro público enterrado nos estádios da Copa.
Enfim, tem para todos os gostos. E cada um deles canta a sua vitória. A
esquerda diz que escorraçou os agentes provocadores da direita golpista e os
conservadores dizem que colocaram os agitadores esquerdistas em seu verdadeiro
lugar.
Entre uma “manifestação linda e pacífica” (como diziam os locutores de
TV) e outra, houve alguns vândalos e depredadores, mas isso é da vida. Não
existe primavera grátis, como já nos ensinaram as praças árabes.
Enquanto as manifestações mais ecumênicas e contraditórias que já
povoaram as nossas ruas e praças obrigavam os nossos cientistas políticos e
psicólogos sociais a correr para seus livros para bordar explicações recheadas
de alguma erudição, os fenômenos políticos se sucediam.
A chamada “voz rouca das ruas” obrigou a presidente a atropelar o país
com uma lista de cinco panacéias elaboradas urgentemente em sua farmácia de
manipulação, e os políticos a trabalharem com uma energia e um ritmo de uma
esteira ergométrica desgovernada.
(Breve parênteses: para quem se interessa pelo estudo de casos
patológicos provocados pela leitura labial errada do que diz a “voz rouca das
ruas”, recomendo procurar no Youtube trechos do documentário sobre a queda do
ditador romeno Nicolau Ceausescu em 1989. Basta digitar “Videogramas de uma
revolução”. Ou então procurar em alguma locadora o filme “A Leste de
Bucareste”, que além de tudo é pateticamente engraçado).
Das propostas apresentadas solenemente pela presidente (que o jornal
“Financial Times” chamou com fleugma britânica de “propostas de baixa
efetividade”), a maioria era requentada de outros carnavais, ainda que
apresentadas com roupagem nova.
Mas a sensação foi a sugestão de um plebiscito destinado a criar uma
Constituinte exclusiva para a reforma política. Tão sensacional que as pessoas
que estavam em volta dela foram surpreendidas pela novidade - inclusive seu
vice, que é tido por notável constitucionalista e sequer foi avisado
antecipadamente das intenções da titular. Não fez cara de espanto porque
manteve a postura hierática de um mordomo e mordomos não se espantam.
A confusão conceitual, política e jurídica que a proposta causou foi
tamanha que ela teve que voltar atrás e ficar só com o plebiscito, sem a
Constituinte exclusiva.
Além dos tumultos de rua, o Brasil agora tem uma solene inutilidade
para discutir.”
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