Por Zé Carlos
Mais uma vez comento um filme da UOL, sobre os eventos da
semana que passou. Adivinhem qual é o tema principal. Adivinharam. As
manifestações nas ruas do país. Alguns políticos as chamam das vozes roucas da
rua. Eu não sei por “rouca”, e nem
tenho tempo de procurar a origem desta frase, que deve ter sido também de algum
político. No entanto, eu acho que as vozes estão muito límpidas. Apenas, até
agora não se fixaram num discurso legível.
Eu adorei a música de São João e o jovem pulando uma
fogueira sem muito sucesso. Eles resumem muito bem o que se passa com os nossos
parlamentares que, no afã de atender as vozes roucas da rua, estão querendo
aprovar todos o projetos que tem estocados nas prateleiras da casa. A primeira
vítima foi a PEC 37, que ninguém sabe muito bem o que é, mas, se foi, já vai
tarde. Como aqui se trata de humor, eu relato o caso contado pelo nosso
colaborador, o Carlos Sena, que disse ter ouvido de uma senhora a seguinte
pergunta: “O que diabos é esta tal de
peste 37?”. A pergunta revela bem o nível de entendimento do povo sobre o
que está se passando.
Agora também aprovaram pagar com o petróleo os gastos com
educação e saúde. Já não era sem tempo. Petróleo só nos serviu até agora para
poluir nosso mundo, e particularmente nossas cidades. Agora, espero que seja
vendido aos outros para que custeie nossa educação, e melhore nossa saúde, que
o próprio petróleo combaliu, poluindo nosso meio ambiente.
No Senado aprovaram um projeto que torna a corrupção um
crime hediondo. Eu não entendi bem o que isto vai acarretar, porque mesmo não
sendo ainda um crime hediondo, é muito difícil levar algum corrupto para a
cadeia. Imaginem se for hediondo, aí é que não vai funcionar mesmo. Num país em
que houve um engajamento de quase toda nossa imprensa para noticiar a prisão de
um deputado corrupto, que envolveu quase todo nosso aparato policial, e tendo
corruptos condenados pelo seu órgão máximo de Justiça, pelo mesmo crime, que
foram cometidos há quase uma década, isto deve ser mesmo uma grande notícia. E
foi. Se dar vontade de rir, pelo menos em mim, não deu.
Li, também hoje, que a Xuxa, nesta onda de aprovação de
projetos pelo clamor popular, quer aprovar a Lei da Palmada. Eu, como pai sou
absolutamente contra, já como avô, eu mesmo admoestarei quem tocar nos meus
netos. É a mudança de princípios dependendo da faixa etária.
E o que mais chegou perto do refrão “que mentira que lorota boa” que vemos no filme junto com o filme do
Pinóquio, foi ver o Senado trabalhando em dia de jogo da seleção brasileira. E
o filme enfatiza o fato de que nunca na história deste país isto aconteceu. É a
prova que as vozes roucas da rua estão fazendo efeito. E um dos senadores vai à
tribuna para dizer que estas vozes são contra a velha tradição brasileira de só
prender os três Ps. Quando eu pensei que fossem os elaboradores das PPP, ele
esclareceu: Eram os pretos, os pobres e as putas. Talvez as ruas deveriam jogar
mais um P na cadeia, o de “palhaço”,
que parece ser todos nós que acreditamos tais entidades.
E para concluir, o filme toca na reunião dos pactos
propostos pela presidenta aos prefeitos e governadores e nação em geral. Lembro
que o Delúbio Soares disse uma vez que o mensalão se tornaria uma “piada de salão”, no futuro, e ainda hoje
não se sabe se ele está certo. No entanto, a ideia da constituinte exclusiva
para uma reforma política já se tornou uma “piada
nacional”. O filme não chega lá, como sempre falta um dia, mas a presidenta
já ouviu tantos risos que já desistiu da proposta. Agora ela se fixa na
realização do plebiscito. Se tentarmos imaginar as dificuldades para se
realizar uma consulta destas, mesmo só pensando no aspecto de custo financeiro,
só poderemos rir muito mais com a ideia.
Fiquem então como roteiro resumo dos produtores do filme da
UOL e depois vejam o filme. Espero que comecem a semana rindo, com seriedade.
“O Escuta Essa! desta
semana mostra que o Congresso Nacional reagiu às manifestações nas ruas com uma
espécie de mutirão de votação de projetos que vinham pautando os gritos dos
manifestantes. Entre as votações feitas na Câmara dos Deputados está a que
derrubou a PEC 37 e a que escolheu que 75% dos royalties do petróleo devem ir
para a educação, enquanto o restante vá para a saúde. Já o Senado Federal votou
lei que faz da corrupção um crime hediondo, o que havia sido pedido pela
presidente Dilma Rousseff em reunião no início da semana com prefeitos de
capitais e governadores. “
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