Por Zezinho de Caetés
Quem me acompanha, ou seja, quem me lê, desde o Blog da CIT,
quando ainda nem adotava o meu pseudônimo, sabe, que, por um triz, eu não fui
do PT. Só não digo que participei de sua formação porque não estava em São Paulo,
mas, apoiei muito meu conterrâneo Lula em suas ações para criar o PT.
Graças a Deus, eu fui mais esperto do que Heloísa Helena, e
nem me filiei ao partido, como esta jovem fez e saiu escorraçada pelo que em
política chamam de “núcleo duro” do
partido. Eu diria o núcleo “troglodita”
e stalinista que ainda hoje comanda seus destinos, com as defecções forçadas
dos mensaleiros condenados, que já foram devidamente abandonados, pelo Lula,
como sempre ocorre. É aquilo que falei no texto anterior, relembrando nossa
criancice em Caetés: Se a rolinha
apareceu morta e está boa para comer, quem matou foi ele. Se deu indigestão em
alguém, ele não sabia de nada.
E é sobre esta caminhada sobre mortos e feridos que o
historiador Marco Antonio Villa escreve abaixo, num texto publicado, ainda em
maio passado que tem como título: “O PT
não gosta de democracia.” E eu repito, não gosta e nunca gostou, a não ser
da chamada “democracia popular” com
que o socialismo real (de não saudosa memória na maioria dos países, e nos
estertores em Cuba e cuidando de um criança na Coreia do Norte) tentava enganar
aqueles que acreditavam (e há muitos até hoje que acreditam) que o Estado
pudesse mudar o homem para que ele melhorasse, quando esta tarefa está em cada
um de nós e não no aparato institucional que nos cerca, e que não dá atenção à
liberdade individual.
Hoje, estamos vendo um episódio de autoritarismo stalinista
explícito nesta tentativa de Dilma e seu governo petista de lidar com as
manifestações populares em busca de um vida melhor. Meu conterrâneo, o Lula, em
artigo que ditou para alguém escrever, chegou ao ponto de dizer que isto tudo
está acontecendo porque o Brasil é sucesso de crítica e de público. E isto pode
até ser verdade, a partir da imprensa dos outros países que não sabe o que está
acontecendo aqui dentro. Então no The New York Times cabe tudo, inclusive mais
esta “lulice”.
O programa Mais Médicos mostrou, de forma clara e precisa,
como o PT e este governo não liga em nada para nossa Constituição de 88 (que
não é perfeita, mas, a que temos, e que ele se recusou a assinar) e
simplesmente, leva os médicos a agirem como escravos modernos, sem nenhum
respeito pela sua individualidade, porque o importante é oferecer seus serviços
aos pobres do SUS, quando Lula e Dilma vão se tratar no Sírio-Libanês.
Foi assim que fizeram todos os “socialismo” que até agora existiram. Alguém escolhe os
beneficiários e tudo é permitido de bom ou de ruim para que eles melhores de
vida. E não veem que o grande problema é “quem”
escolhe os beneficiários, e que terminam sendo os únicos. E no caso do PT, o
partido se ungiu como o grande deus e faz todas as falcatruas para ser o “quem”, mesmo ferindo todos os princípios
de um Estado Democrático de Direito, que nos sacrificamos para conquistar,
enquanto eles queriam implantar uma ditadura do proleteriado.
Mas, agora, fiquem com o historiador, que, melhor do eu,
narra a saga petista, para tornar este país uma imensa Venezuela, com um Chávez
vivo. O Chávez morto sofreu a carência de médicos em Cuba, que estão todos, em
outros países, pegando dólares para Fidel.
“O PT não gosta da democracia. E não é de hoje. Desde sua fundação foi
predominante no partido a concepção de que a democracia não passava de mero
instrumento para a tomada do poder. Deve ser recordado que o partido votou
contra a aprovação da Constituição de 1988 – e alguns dos seus parlamentares
não queriam sequer assinar a Carta. Depois, com a conquista das primeiras
prefeituras, a democracia passou a significar a possibilidade de ter acesso aos
orçamentos municipais. E o PT usou e abusou do dinheiro público, organizando
eficazes esquemas de corrupção. O caso mais conhecido – e sombrio – foi o de
Santo André, no ABC paulista. Lá montaram um esquema de caixa 2 que serviu,
inclusive, para ajudar a financiar a campanha presidencial de Lula em 2002.
Deve ser recordado, que auxiliares do prefeito Celso Daniel, assassinado em
condições não esclarecidas, hoje ocupam posições importantíssimas no governo
(como Gilberto Carvalho e Míriam Belchior).
Antes da vitória eleitoral de 2002, os petistas já gozavam das benesses
do capitalismo, controlando fundos de pensão de empresas e bancos estatais; e
tendo participação no conselho gestor do milionário Fundo de Amparo ao
Trabalhador. Os cifrões foram cada vez mais sendo determinantes para o PT.
Mesmo assim, consideravam que a “corrupção companheira” tinha o papel de
enfrentar o “poder burguês” e era o único meio de vencê-lo. Em outras palavras,
continuavam a menosprezar a democracia e suas instâncias.
Chegaram ao poder em janeiro de 2003. Buscaram uma aliança com o que,
no passado, era chamado de burguesia nacional. Mas não tinham mudado em nada
sua forma de ação. Basta recordar que ocuparam mais de 20 mil cargos de
confiança para o partido. E da noite para o dia teve um enorme crescimento da
arrecadação partidária com o desconto obrigatório dos salários dos assessores.
Foi a forma petista, muito peculiar, de financiamento público, mas só para o
PT, claro.
Não satisfeitos, a liderança partidária – com a ativa participação do
presidente Lula – organizou o esquema do mensalão, de compra de uma maioria
parlamentar na Câmara dos Deputados. Afinal, para um partido que nunca gostou
da democracia era desnecessário buscar o debate. Sendo coerente, através do
mensalão foi governando tranquilamente e aprovando tudo o que era do seu
interesse.
O exercício do governo permitiu ao PT ter contato com os velhos
oligarcas, que também, tão qual os petistas, nunca tiveram qualquer afinidade
com a democracia. São aqueles políticos que se locupletaram no exercício de
funções públicas e que sempre se colocaram frontalmente contrários ao pleno
funcionamento do Estado democrático de Direito. A maior parte deles, inclusive,
foram fieis aliados do regime militar. Houve então a fusão diabólica do
marxismo cheirando a naftalina com o reacionarismo oligárquico. Rapidamente
viram que eram almas gêmeas. E deste enlace nasceu o atual bloco
anti-democrático e que pretende se perpetuar para todo o sempre.
As manifestações de desprezo à democracia, só neste ano, foram muito
preocupantes. E não foram acidentais. Muito pelo contrário. Seguiram e seguem
um plano desenhado pela liderança petista – e ainda com as digitais do
sentenciado José Dirceu. Quando Gilberto Carvalho disse, às vésperas do Natal
do ano passado, que em 2013 o bicho ia pegar, não era simplesmente uma frase
vulgar. Não. O ex-seminarista publicizava a ordem de que qualquer opositor
deveria ser destruído. Não importava se fosse um simples cidadão ou algum poder
do Estado. Os stalinistas não fazem distinção. Para eles, quem seu opõem às
suas determinações, não é adversário, mas inimigo e com esse não se convive, se
elimina.
As humilhações sofridas por Yoani Sánchez foram somente o começo. Logo
iniciaram a desmoralização do Supremo Tribunal Federal. Atacaram violentamente
Joaquim Barbosa e depois centraram fogo no ministro Luiz Fux. Não se
conformaram com as condenações. Afinal, o PT está acostumado com os tribunais
stalinistas ou com seus homólogos cubanos. E mais, a condenação de Dirceu como
quadrilheiro – era o chefe, de acordo com o STF – e corrupto foi considerado
uma provocação para o projeto de poder petista. Onde já se viu um tribunal
condenar com base em provas, transmitindo ao vivo às sessões e com amplo
direito de defesa? Na União Soviética não era assim. Em Cuba não é assim. E
farão de tudo – e de tudo para o PT tem um significado o mais amplo possível –
para impedir que as condenações sejam cumpridas.
Assim, não foi um ato impensado, de um obscuro deputado, a apresentação
de um projeto com o objetivo de emparedar o STF. Absolutamente não. A
inspiração foi o artigo 96 da Constituição de 1937, imposta pela ditadura do
Estado Novo, honrando a tradição anti-democrática do PT. E o mais grave foi que
a Comissão de Constituição e Justiça que aprovou a proposta tem a participação
de dois condenados no mensalão e de um procurado pela Interpol, com ordem de
prisão em mais de cem países.
A tentativa de criar dificuldades ao surgimento de novos partidos (com
reflexos no tempo de rádio e televisão para a próxima eleição) faz parte da
mesma estratégia. É a versão macunaímica do bolivarianismo presente na
Venezuela, Equador e Bolívia. E os próximos passos deverão ser o controle
popular do Judiciário e o controle (os petistas adoram controlar) social da
mídia, ambos impostos na Argentina.
O PT tem plena consciência que sua permanência no poder exigirá
explicitar cada vez mais sua veia anti-democrática.”
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