Por Zé Carlos
Como não poderia deixar de ser, o filme da UOL, quase todo,
mostra a passagem do Papa Francisco pelo Brasil. Alguns podem dizer que este
assunto não é motivo para humor. Engano completo, podendo-se comprovar isto
pelo sorriso permanente do Papa, diante das várias situações pelas quais passou
no Brasil.
Depois de um Brasil conturbado do qual se dizia que “acordou” enfim, e acordou para mostrar a
situação de pesadelo em que vivemos na saúde, na educação, na segurança
pública, no saneamento básico, etc. o Papa parece ter unido uma multidão em
torno do seu sorriso e de sua mansidão de pastor. E como sempre, a melhor da
semana não entrou no filme: A entrevista que ele deu ontem à Rede Globo.
Nela, até a porção mais humorística da figura papal, que é
sua nacionalidade argentina, foi superada com graça e sabedoria. Diante da
pergunta do jornalista de como ele lidava com esta animosidade entre
brasileiros e argentinos, vinda, principalmente, do futebol, ele foi de uma
diplomacia que nosso Itamarati deveria ser seu aluno. Disse, com outras
palavras, que a animosidade já foi superada, através da negociação porque “agora temos um Papa argentino, mas, Deus é
brasileiro”. Um dito humorístico não tão original, mas, usado no momento
oportuno tornou-se uma espécie de símbolo de sua visita.
Ontem, mais de três milhões de pessoas o acompanhavam em
Copacabana. Não tive notícias de nem um saque, e talvez nem de uma carteira
batida. O que prova que as divisões e batalhões do Papa são mais poderosos dos
que muitos policiais com gás e balas de borracha. E hoje, depois do sonho,
viveremos outra realidade, sem o sorriso do Francisco que nos encantou, e de
volta ao sorriso de nossos políticos que não nos encanta mais.
Eu, com muito esforço, posso dizer que sou católico. Nasci
católico e continuo sendo, e até visito o Zé Basílio quando vou a Bom Conselho.
Mas, não sou um católico praticante. Vivo bem assim e não sei se morrerei tão
bem nesta condição de ficar mais perto de César do que de Deus. O Papa
Francisco não me demoveu desta posição, mas, confesso, que continuarei católico
até o próximo Papa, e mais, tentando sempre botar água no feijão para cumprir
seus conselhos sobre solidariedade.
E o grande espetáculo, mostrado no filme, foi a multidão de
políticos a cometer asneiras e falar
besteiras, não necessariamente nesta ordem. Nossa presidenta, mais uma
vez, mostrou que não se preparou bem para o cargo que exerce, e nem sei se pode
haver preparo para este fim, quando não se tem vocação. Já está virando uma
piada nacional e a liturgia do cargo indo para escanteio. Não dá para saber se
ela errou o nome do prefeito do Rio, da mulher dele ou até o cargo, mas, já
rimos com a crença de ela errou os três, dando razão ao presidente do STF em
não cumprimentá-la sem também sabermos os motivos para tal. Diante do alarido
que foi feito com a cena, ele tentou explicar que usou o olhar para o
cumprimento, pois já o teria feito antes. Não colou, porque, se fosse verdade,
estariam todos em casa.
Um dos temas abordados pelo filme não nos leva ao riso, mas,
ao espanto. Os problemas de segurança e organização do evento. Foi, realmente,
por obra e graça do Espírito Santo e, talvez, do Papa Francisco que não houve
maiores problemas. E quando o filme coloca repetidas vezes a frase do Papa: “rezem por mim”, está apenas querendo
fazer o que todos os brasileiros, e o mundo, fizeram para por ele, quando viram
as pessoas de celulares em punho disputando a melhor foto do papa dentre de um
carro simples com os vidros abaixados. Ainda bem que as armas eram os
celulares.
Para não dizer que não foi abordada só a viagem do Papa, o
filme revela outro acontecimento, de repercussão mundial que foi o nascimento
de mais um herdeiro ao trono inglês, o terceiro. Esta eu ri porque, quando lá
morei um dia, só existia um herdeiro e já diziam que a rainha iria passar a
coroa para ele, que era o Príncipe Charles, que é de minha idade, e deve estar
caducando como eu, por estar comentando bobagens.
Fiquem com o resumo do filme, dos produtores da UOL, e logo
abaixo vejam o filme, e riam, pois o Papa Francisco já chegou são e salvo a
Roma.
“O Escuta Essa! desta
semana traz um resumo da vinda do papa Francisco ao Brasil e os problemas no
Rio que o líder religioso encontrou durante o evento. Além disso, veja como os
políticos se portaram diante do Sumo Pontífice.”
Chegou o homem de branco / e de branco ele voltou. Na mala, a simplicidade / no coração a bondade! / Veio lá do Vaticano / e se fosse italiano / seria euro-latino. / Mas como é argentino / é latino-americano! / Trouxe muita alegria / pra gente de toda idade / e do carro ele descia / andando pela cidade. / Cidade maravilhosa / é o Rio de Janeiro / e ficaria o ano inteiro / pregando e fazendo prosa. / Ele é o papa Francisco / afável, não é arisco / aqui foi bem recebido / por gente do mundo inteiro / e saiu agradecido / buscou outro paradeiro./.
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