Em manutenção!!!

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Ah! Os Relógios




Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mário Quintana

sábado, 29 de dezembro de 2012

BRASILIA: DO COMPLICADO AO COMPLEXO.





Por Carlos Sena (*)

Retorno a Brasília como quem retorna ao limbo. Após quase dez anos, volto como que não quer, mas volto. Aqui tem isso, quero dizer, a gente não tem querer embora tendo. E é por isto que fica meio difícil sair do litoral pra ficar por aqui. Ficar aqui é complicado, mas não é complexo. Complicado porque a gente que aqui não nasceu quando precisa residir, mesmo por pouco tempo, tem implicações diversas. Uma dessas é o fato de vir morar numa cidade sem beco, sem boteco, sem manemolência como na Bahia; sem a astúcia e sagacidade do pernambucano e, naturalmente, sem a malícia do carioca. Evidente que qualquer cidade tem sua alma, sua calma, sua perturbação também. Aqui tem muita perturbação e não seria diferente com tantos políticos pensando iguais quando tem interesse próprio e, diferentes, quando há desinteresses. Por isso me busquei no “complicado” pela tentativa de explicar o complexo. Algo mais ou menos assim: o complicado porque romper com uma rotina de uma cidade que se fez por si par conviver numa cidade que se fez pelos outros, fica assim mesmo, quero dizer, complicado. Assim, o complexo se torna vivo na medida em que, no dia a dia, nos rebuscamos nas rotinas desta cidade tão cheia de mistérios. Mistérios e místicas, talvez pela sua localização no centro do Brasil, mantendo-se no front do misticismo.

Aqui é tudo muito complexo. Um simples ato de pegar ônibus é assim, complexo. Há nas pessoas daqui um sentimento de que aqui não é terra de ninguém porque exatamente é a terra de todos, no papel de capital federal que desempenha. Esse viés do “complexo” atravessa, inclusive, nossas expectativas de mundo e de cidade. Priva-cidade. Há privacidade até demais, desde que se considere o individualismo aqui galopante. Grosso modo, funciona por essas paragens, a lógica do “cada um por si e Deus por todos”, mas já foi pior. Se já foi pior está melhor no quesito descontração e atividades culturais. Talvez a influencia das cidades e capitais do país tenha dado a Brasília essa nova cara – nem sempre bonita, nem sempre vestida com roupa de gala, nem sempre com ruge e batom, mas sempre receptiva.

Daqui de onde estou, descortina-se na minha frente a Praça dos Três Poderes. Com um simples movimento de rosto vejo a bandeira nacional tremulando; vejo o Palácio do Governo, da Justiça, o Itamarati, o Congresso Nacional, enfim. Daqui, mais que sentir o peso, dá pra vê-lo. Brasília não é assim, leve como Rio, descontraída como Salvador. Pesa no seu visual o concreto armado – pessoas também armadas? Afinal, o dito concreto armado, para nós que viemos de fora, é apenas um componente do que chamamos complexo. Diante disso, o complexo dentro de nós que não somos candangos se estabelece. Afinal é complexa a geometria desta cidade; é complexa a composição social desta cidade; é complexa a sua veia principal cheia de eixos e “tesouras”... A vida, nesta cidade, deve ser simples como tudo que do complicado vira complexo, mas que se torna assim, cristalino como a agua da fonte; transparente como o céu daqui – famoso e perpétuo.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 13/11/2012

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Soneto da Separação




De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinicius de Moraes

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O RÁDIO AM





Por Carlos Sena (*)

Nos anos 70, ainda estudante universitário, comecei a escutar uma tal de rádio FM. Que rádio é essa, eu me perguntava sempre. Mas, pra não passar por desinformado – eu acabara de vir do interior pra capital Recife – entrei, literalmente, na onda. Lembro bem que uma colega de facul (imitando a linguagem abestada) ia se casar e, no seu rol de presentes ela teria colocado “um rádio de cabeceira” FM. Certo dia, ela me convidou pra ir ao seu apartamento. Ele estava todo prontinho só esperando o dia do casamento para ser habitado. Mas lá já havia um rádio em FM. Que som limpo! Não tinha interferências como nos AM. Detalhe: só musica. Quando vinha alguma voz era aquela eloquente, sonora, cheia de rebusques que invadia nossos ouvidos e quase nos fazia “gozar” de prazer. Mas eu continuava sem entender aquela novidade, pois eu só me dava ao luxo de ter um radinho de pilha AM – aqueles que vinham cobertinhos com uma capinha com zíper, lembram? A marca dele era SHARP. Eu não me desgrudava dele um minuto. Por ele eu sentia a veracidade do slogan “RADIO JORNAL DO COMERCIO: PERNAMBUCO FALANDO PARA O MUNDO”. Futebol? Ah, nem pensar deixá-lo de lado nessa hora. Mesmo quando a gente ia ao estádio (que hoje se chama Arena) tinha que levá-lo a tiracolo. Durante a cheia de 75, foi o radinho de pilha AM quem deu todas as informações acerca de “TAPACURÁ ESTOUROU”. O RECIFE, nessa época e durante o inesquecível boato de que a barragem do Tapacurá houvera estourado, foi ele quem ficou feito “tetéu de bananeira” vinte e quatro horas no ar, informando que não havia barragem estourada nem nada. E que o povo se acalmasse, como se, àquela altura, isso fosse possível. Mas poderia ser pior, não fosse o rádio AM!
Pois bem: de repente a gente teria que trocar o amor velho por um novo! Aí virou a “peste” do momento, o tal do rádio em FM. Eu, particularmente, fiquei super triste, pois eu tinha a certeza que teria que enterrar meu radinho Sharp, diante do sucesso das ondas em Frequência Modulada. O tempo passou, minha colega de turma se casou, separou-se, ganhou o rádio em FM, mas nem esse evitou o fracasso do seu enlace. Finalmente, formado, Sociólogo por uma importante Universidade brasileira, eu permanecia diante do dilema do meu rádio AM, pois recém-formado, ainda sem ganhar bem, eu ainda não podia comprar um da moda, ou seja, o tal rádio em FM.

Agora, tanto tempo supostamente depois, eu continuo ouvindo meu rádio AM! Não me desgrudo dele, embora em cada canto da casa tenha rádio “até de um olho só e com FM”. Como eu, tem muitos, mas só eu me atrevo a dizer que não troco os amores velhos pelos novos. Desde que haja amor! Amor não tem moda, mesmo sendo um amor voltado para pequenas coisas do nosso cotidiano, tal qual um pequeno e simples radinho de pilha em AM. Certamente que tenho os dois, mas as emissoras de FM quando não são evangélicas de ultima, são conversadoras demais – essa era uma coisa boa do passado: as emissoras de FM rodavam muita musica. A expressão “Muita música e pouco papo” surgiu naquela época e dentro dos padrões de frequência modulada. Curto e grosso: o rádio AM está mais vivo do que se pensa. A rádio Jornal do Comercio do Recife, no período da manhã, tem em torno de um milhão de habitantes há quase trinata anos! Eu estou no meio deles, sempre que estou em casa pela manhã.

Pois é. Agora (hoje é sábado do ano de 2012) estou aqui escrevendo isto que você está lendo e, do meu lado, uma seleção de musicas nota dez: Rádio Clube de Pernambuco! Vai de Roberto Carlos a Frank Sinatra; de Valdick e Reginaldo Rossi, a Pavarotti. Evidente que aquele radinho antigo não se fabrica mais, mas o rádio AM cuja morte dele se imaginava decretada com a inserção do FM, não aconteceu. Os dois estão aí, NO AR. Mas nãos e casam nem a pau. É como a polícia civil e militar que ninguém conegue juntá-las, mal comparando.  Deste modo, meu sábado não fica encolhido como poderiam pensar. Ora, meu sábado sou eu e dentro de mim há domingos, segundas e outras terças, quartas, quintas e sextas. Com feiras ou sem elas. Eu sou a minha feira de mangaio, bem de Caruaru, combinante com meu radinho AM. Acho mesmo que, sem exagero, quando o mundo for se acabar, será anunciado por uma emissora em AM, preferencialmente Antes do Meio dia.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 11/11/2012

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O Cordel do Mensalão






Por FRED MONTEIRO (*)


MENSALÃO, O MAIOR ESCÂNDALO DA HISTÓRIA DO BRASIL


Corria 2005

era o dia 10 de maio

quando um mero burocrata

com a cara de lacaio

dos quadros da ECT

(Correios, como se vê)

deu uma de papagaio



Meteu a língua nos dentes

entregou todo o serviço

pra dizer a um empresário

que sem muito rebuliço

aceitava uma propina

pra poder abrir a mina

e assumia o compromisso



O empresário sabido

filmou a reunião

e o Seu Maurício Marinho

que era um perfeito ladrão

embolsou de logo a grana

e esse filme bacana

passou na televisão



O cabra tinha respaldo

de um deputado sacana

que era o tal do Roberto

Jefferson, rei da chicana

do partido PTB

ora veja então você

era uma grande ratazana



Pois pegado na botija

da tramóia dos Correios

O gorducho deputado

perdeu de vez os arreios

e entregou o PT

que essa altura como vê

já tinha afrouxado os freios



Partido metido a sério

metido a ser esquerdista

o PT era uma pulha

com chefe sindicalista

que só queria subir

e o Poder usufruir

sob a capa comunista



O Chefão desse PT

era um cabra nordestino

com uma cara de herói

e mente de sibilino

um profeta de araque

esse herói de almanaque

não engana nem menino



No dia 9 de junho

de 2005 dito

instalou-se no Congresso

a contragosto do mito

uma CPI de vera

pra entrar no mei’ das fera

botar tudo por escrito



Chamaram logo os banqueiros

que entravam com a grana

e o tal do Marcos Valério

carequinha bem sacana

foi logo indiciado

e haja muito deputado

com medo de entrar em cana



E assim no mês de junho

lá no dia 16

que Zé Dirceu, o ministro

da Casa Civil já fez

seu pedido de renúncia

pois diante da denúncia

viu chegada a sua vez



No dia 8 de julho

mais um canalha foi preso

era o irmão do Presidente

do PT então coeso

Assessor de Deputado

pela polícia pegado

sua cueca era um peso



Um peso de tanta nota

só de dólar eram 100 mil

Genuino ficou doido

porque o irmão traiu

o plano mirabolante

de transferir num instante

todo o ouro e prata vil



No dia 20 de julho

a coisa ficou mais preta

outra Comissão criada

pra investigar a mutreta

da compra de deputados

que eram cooptados

com o dinheiro da falseta



Aí em 12 de agosto

vem o Presidente Lula

Afirmar que foi traído

isso quem quiser engula

desculpou-se na TV

e até hoje se vê

que sua fala foi chula



A essa altura da novela

Falou-se até em renúncia

a oposição tão fraca

afrouxou e sem denúncia

ficou quase que encerrado

o “impeachment” desejado

pensamento sem pronúncia



Chegou o mês de agosto

afinal, aos 31

A Polícia indicia

os cabeças do fartum

escândalo fedorento

esse acontecimento

de humor não tem nenhum



Dançou Delúbio Soares

O Genuíno também

Marcos Valério foi outro

que dançou como ninguém

e até o marqueteiro

Duda Mendonça encrenqueiro

quase fica sem vintém



Cassaram Roberto Jefferson

em 14 de setembro

por corrupção das brabas

e de tudo ele foi membro

sem falar na Eletronorte

no IRB, falta de sorte

além de gordo era zembro



A CPI concluida

e novembro no final

provocou imensa ira

porque mesmo no geral

não houve uma conclusão

naquela investigação

virando coisa banal



em 1° de dezembro

O Zé Dirceu foi cassado

pela quebra do decoro

e logo foi apenado

não pode se eleger

e dez anos vai sofrer

por seu erro comprovado



2006 foi chegando

e era 5 de abril

a CPI dos Correios

encerrou como se viu

comprovou o envolvimento

desses 18 nojentos

de um Congresso servil



Mais de 100 denunciados

e a sorte está lançada

a denúncia afigurou-se

muito bem apresentada

o senhor Procurador

da República firmou

a tramóia bem traçada



Antonio Fernando Souza

no dia 11 de abril

levou 40 ladrões

desse esquema tão vil

ao Supremo Tribunal

pra prestar contas do mal

que fizeram ao meu Brasil



Mesmo assim oito ladrões

do dinheiro da nação

foram eleitos em 2 de outubro

pois a lei não disse não

ficha-suja nesse tempo

flanava sem contratempo

e ganhava a eleição



6 de dezembro chegou

covardes renunciaram

dos 19 acusados

outros 12 escaparam

os 3 que foram cassados

e um deles, desculpado

muito contentes ficaram



Mas a coisa ficou dura

depois que o Tribunal

O Supremo em forma pura

a denúncia afinal

aceitou e nomeou

para ser o Relator

Um Juiz fenomenal



Corria o ano da graça

de 2007 então

desde que o STF

conheceu do “mensalão”

que assim era chamado

por ser mensal o acertado

com deputado ladrão



2008, janeiro

e 28 era o dia

quando Silvio Land Rover

abriu o jogo e não via

hora de aceitar o falho

trocar cadeia em trabalho

e livrar-se da ingrizia



em 14 de setembro

de 2010, chegado

bateu as botas de enfarte

aquele tal deputado

do PP, José Janene

que foi de forma perene

pagar no inferno o pecado



Finalmente chega o dia

7 e de julho era o mês

da entrega do libelo

que a PGR fez

Dr Roberto Gurgel

fez denúncias a granel

e condenou 36



Dos 38 implicados

tirando Janene e Silvio

escapou Luiz Gushiken

O Lamas sentiu alívio

foi o Antonio, um irmão

de outro do mensalão

Jacinto, seu nome trívio



Finalmente foi chegado

esse julgamento agora

dia 22 de agosto

que é o mês da caipora

O Relatório foi lido

Joaquim Barbosa aplaudido

viu chegar a sua hora



Eu aqui abro uma brecha

pra saudar esse Juiz

que representa o desejo

do brasileiro que diz

Eu quero minha Nação

sem mancha de danação

um vero e honesto País



Então eu mudo a toada

rimando em modos diversos

em décimas arranjando

esses meus modestos versos

louvando um Juiz decente

orgulho da nossa gente

e aqui não tergiverso



*************

Era um vez um Juiz

um exemplo de carreira

não era de brincadeira

era um sujeito feliz

e tudo o que sempre quis

conseguiu sem falação

até fora da Nação

tinha fama de rochedo

‘Tem muita gente com medo

Da toga do Joaquinzão.’



Pensando em só agradar

nosso afrodescendente

o Lula, ex-presidente

convidou-o pra atuar

como cotista vulgar

N’ Alta Corte da Nação

pra fugir do mensalão

Mas Joaquim mudou o enredo

‘Tem muita gente com medo

Da toga do Joaquinzão.’



Assim resumo a história

de um novo herói brasileiro

que não curvou-se ao dinheiro

nem à fama e à falsa glória

mas já ficou na Memória

Honrou sua tradição

rejeitou a omissão

Revelou o seu segredo

‘Tem muita gente com medo

Da toga do Joaquinzão.’



**********************

(Aviso aqui por justiça

que este mote arretado

não pertence a este escriba

e foi só por mim glosado

é de Wellington Vicente

um poeta inteligente

em Rondônia baseado)



Agora eu passo a falar

como foi o julgamento

à medida em que o Juiz

Relator com sentimento

ia apresentando os fatos

fatiando seus relatos

com grande discernimento



Desenrolando o enredo

como se fosse novela

o Dr Joaquim indica

a trama como era ela

e assim facilitando

o roubo foi explicando

o crime claro na tela



Fatiou o Mensalão

e provando em cada parte

como se dava a mutreta

fez isso com muita arte

os banqueiros para um lado

para o outro, os deputados

disparou seu bacamarte



Num setor, publcitários

que desviaram recurso

para bancos estrangeiros

foi de vigarice um curso

mas no faro dessa grana

esse bando de sacana

ganhou um abraço de urso



A vantagem disso tudo

foi explicar a tramóia

mentiras a descoberto

político em paranóia

foi cabra dando chilique

descobriram seu trambique

e ficaram sem tipoia



Alguns até se livraram

por falta de prova certa

mesmo assim foi complicado

e o sapato lhes aperta

foi como se nus ficassem

e assim todos achassem

que nada mais lhes conserta



Até que chegou o tempo

das penas discriminar

e novamente o Joaquim

o nosso herói singular

começa a meter a peia

vai mandá-los pra cadeia

para seus crime pagar



Um deles já tem contados

36 anos de cana

multa de uns 2 milhões

pra deixar de ser sacana

foi o careca Valério

que não vai ter refrigério

na sua vida cigana



Outros mais já estão vindo

pra mira do Joaquinzão

e passando no seu crivo

mais cadeia pegarão

pois os crimes cometidos

por magote de bandidos

impunes não ficarão



O Brasil já precisava

acabar com essa agonia

de político ladrão

roubar com toda alegria

tirando a paz da nação

deixando os pobres na mão

sem nenhuma primazia



Um deputado que rouba

mata cem mil duma vez

são crianças sem escola

numa grande insensatez

e a saúde dos velhinhos,

que de si já são fraquinhos ?

tudo é grande estupidez !



O país está quebrado

Segurança não existe

A inflação desenfreada

O plano Real, que triste,

sendo vilipendiado

tudo isso é um pecado

não pode virar um chiste



Mas, mensaleiros punidos

já foi uma grande passada

para um Brasil mais sério

de ética consagrada

já basta de tanto roubo

o povo não é mais bobo

vai ganhar esta parada !



Aqui agradeço a Deus

por me conceder a graça

de assistir a tudo isso

de ver cessar a desgraça

que pairava em nossa terra

a Justiça agora encerra

toda essa vil arruaça



Eu espero que a gente

aprenda a lição agora

e também que só eleja

quando for chegada a hora

um político decente

que mude esse ambiente

e esse dia não demora



O Mensalão foi julgado

condenado pelo povo

nós devemos isso tudo

(e por isso eu me comovo)

à nossa Democracia

que trouxe com galhardia

A Esperança de novo !

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(*) Publicado no Blog do Augusto Nunes em 25.12.2012.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Soneto de Natal




Um homem, - era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno, -
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"

Machado de Assis

domingo, 23 de dezembro de 2012

A semana - O julgamento do mensalão e a igualdade perante à lei





Por Zé Carlos

Eu estava nos Estados Unidos, quando foi lançado o filme Lincoln de Steve Spielberg, mas, não pude vê-lo, como gostaria. Já disse muitas vezes que minha relação com a política é um espécie de “relação platônica”, onde existe amor, mas, não “ação”. E, sendo assim, os filmes que tratam do tema, de uma maneira ou de outra me atraem.

Esta semana, ao fazer nossa página Deu nos Blogs vi um texto do Fernando Gabeira no qual ele toca neste filme, também sem tê-lo assistido mas tendo lido o livro que lhe deu base, e ele comenta as atitudes tanto do protagonista Lincoln quanto de outros dois ases de nossa política interna: Sarney e Lula.

Não resumirei aqui nem o filme, nem o livro e nem o texto do Fernando Gabeira que pode ser lido aqui. Mas, o que tem isto com o filme da UOL que retrata a semana que passou e que gosto de comentar, de vez em quando? Aparentemente, muito pouco, porém, no fundo quase tudo.

Como vocês podem ver abaixo, o filme é todo dedicado ao julgamento da Ação Penal 470, também, chamado de julgamento do mensalão. E por consequência envolve o ex-presidente Lula, por ter sido ele quem estava na cadeira maior da nação na época das falcatruas. E não há como evitar em pensar no que disse e no papel concreto dele no episódio, e ligá-lo das formas mais variadas a ele. A ligação que o Fernando Gabeira faz é quanto ao aspecto da “igualdade em relação à lei” que é crucial num Estado de Direito. Quando se pensa nisto, não há como não se encontrar as dificuldades dos seres humanos em viverem em sociedade, por suas diferenças. Nós somos realmente todos diferentes, mas, como tratarmos-nos como iguais perante à lei, ao sabermos que sem um sistema de leis (formais ou informais) viveríamos na barbárie e talvez nem sobrevivêssemos?

É um tema complicado para ser tratado neste espaço e nesta época natalina, mas, o deixamos para meditação, apenas citando o que levou o Gabeira a escrever o texto: a tentativa de defender o Lula dos ataques pós-mensalão, com o argumento que ele não pode sofrer acusações porque foi o melhor presidente da república, defensor dos pobres, etc. etc. O PT lançou então a frase que circula nas redes sociais que diz: “Mexeu com Lula, mexeu comigo!”.

Pelo menos comigo mexeu e muito, mas, no sentido de agora querer cada vez mais que se abra uma investigação para mostrar se o Lula é inocente ou culpado do que o acusam. E digo isto, além de outros motivos pelo sentido da frase criada pelo Gabeira no final do seu texto: “Mexeu com igualdade, mexeu com todos nós”.

Torna-se quase impossível viver num país, onde campeia tanta desigualdade perante quase todas as coisas, que se diga que “para a lei, uns são mais iguais que os outros”. Os grandes homens deste país só devem ser considerados grandes e merecedores de todas as homenagens, se cumprirem as leis do seu país, como eu e outros, sem termos sido tão grandes ou o sendo a seu modo, procuramos cumprir. Quem não cumpre a lei, é um fora da lei, que eu aprendi vendo os filmes no Cine Rex, a chamar de bandidos. E, tal como Papai Noel, seja rico seja pobre, a justiça sempre vem, ou pelo menos deveria vir mais do que o bom velhinho. Deixo-lhes com o filme e com o Papai Noel. Espero que riam e que tenham um Feliz Natal.

No Escuta Essa! desta semana, o destaque é o julgamento do mensalão, que depois de mais de quatro meses terminou antes do juízo final e antes do fim do mundo! O julgamento teve de tudo um pouco: brigas entre os ministros, receita de "mandioca roxa", citações a Chico Buarque, e muitas gafes dos magistrados nas 53 sessões.”

sábado, 22 de dezembro de 2012

ARARUTA TEM SEU DIA DE MINGAU





Por Carlos Sena (*)

Não me canso de falar que na vida não há ACASO. O que há é a falta do momento exato para que muitos se sintam com essa certeza. Não se trata de nada espiritual, tampouco sobrenatural. É que a própria ciência está se “rendendo” às evidências cósmicas das energias positivas e negativas que conduzem o mundo desde sempre.

O homem não domina o tempo, tampouco o seu futuro dominará. Em função da tridimensionalidade da vida, nós humanos, nos escravizarmos pela ânsia de querermos saber o que nos acontecerá no futuro. Essa dominação do futuro em nossa vida, muitas vezes nos torna dependentes dele ao ponto de deixarmos de viver o presente. Ao passado, nada mais compete ser buscado, exceto o que ele já nos deu de experiência; exceto suas marcas em nosso rosto, corpo e cabelos.  Contudo, na imaginação de que nada na vida é por acaso, presente, passado e futuro se interligam. Então a gente tem que ser proativo com esses tempos e fazer deles todas as ilações em função da compreensão da vida presente. Neste sentido, o grande dificultador são os nossos limites. Como seres humanos o que mais temos dentro de nós, a despeito de pensarmos o contrário, são elementos dificultadores dos processos holísticos acerca dos fatos que acontecem conosco e que, quase sempre nos contrariam. Essa contrariedade é em função do pouco domínio que, como dissemos, não temos, acerca do futuro.

A expressão muito utilizada pelos pais quando dão conselhos aos filhos “quando você crescer você vai entender tudo isto” é uma forma simplificada do que estamos querendo colocar. Os pais, diante das suas experiências, no fundo, estão querendo dizer aos filhos que aquilo que lhes incomoda é uma questão de tempo, ou seja, de compreensão dos acontecimentos da vida. Outra expressão popular que leva a isto: “Deus escreve certo por linhas tortas” A rigor, Deus escreve certo por linhas certas, mas, nós não temos o alcance de fazer as ligações dos fatos com o tempo futuro. Este não nos faculta inferir. Contudo, tenho a sensação de que a natureza cósmica tem seus movimentos e que eles são infinitamente diferentes dos nossos. Por isto, talvez, quando a gente perde um grande amor sempre chega alguém e nos diz: “dê tempo ao tempo”. Ora, o tempo passa e adiante você, de fato, encontrou o seu grande amor! Mas, aquele anterior não o era? Então, é um pouco da canção de GIL que diz que “a semente tem que morrer pra renascer grão” (grifo meu).

Nós é que somos fracos de sabedoria, certamente. Pior: achamos que somos o “cão do terceiro livro”, a “bala que matou Getúlio”, “as polegadas de Marta Rocha”, mas não passamos de seres frágeis em nossa composição, embora fortes nos componentes naturais humanos de pensar, agir e sentir. Tanto nada disso somos que ainda ficamos preocupados se as pessoas são GAYS ou não. E se são devem ser “ativas ou passivas”. Quando eu estudava o ginasial (faz tempo, mas era assim que se chamava), a gente estudava as vozes dos verbos: ativa, passiva e reflexiva. Diante disto, fico matutando: se existe um gay ativo, outro passivo, quem é o reflexivo? Seria o do “armário”? Nem quero saber. Como não acredito no acaso, certamente chegará um dia, como dizem na minha terra “em que a casa cai” ou que “macaco vira homem” porque “toda araruta tem seu dia de mingau”...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 10/11/2012

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Se eu Fosse um Padre




Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
... a um belo poema - ainda que de Deus se aparte -
um belo poema sempre leva a Deus!

Mário Quintana

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

ACADEMIA BOMCONSELHENSE DE LETRAS - ABL





Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Passado as eleições municipais, volto a focar um assunto que há muito está esquecido. As eleições se passaram, os eleitos vão tomar posse no próximo mês de janeiro, enquanto os que se afastaram do governo, lamentam o fato, no entanto, ninguém sai perdendo, pois todos deverão se ajudar para o desenvolvimento da nossa querida terrinha. As picuinhas, as desavenças que por ventura aconteceram devem ser deixadas de lado. O importante é o desenvolvimento do município, principalmente para aqueles que ali residem. Há mais de um ano que não enfocamos o assunto sobre a criação da ACADEMIA BOMCONSELHENSE DE LETRAS – ABL, e voltamos a suscitar, novamente, o interesse de dar ao Município de Bom Conselho, uma casa onde se cultive a cultura. A cidade, como denominada, de CIDADE DAS ESCOLAS, não pode deixar de elevar este nome através dos seus cultuadores da leitura e da escrita. Porque este desinteresse se tem grandes nomes em nossa cidade? Homens e mulheres que podem muito bem representar a nossa cidade em outra instância da cultura?Não podemos desprezar o nosso potencial literário. Não podemos deixar para depois o que se pode fazer agora. Não podemos relevar os nossos saberes e divulgar o nosso trabalho para outros centros do Estado e do Brasil. É certo que para que isto aconteça, é necessário empenho dos lideres das cultura do Município. Vemos cidades com mais ou menos potencial do que a nossa e já detém o seu “cantinho” para discutir e elaborar programação em benefício da cidade, como festivais e encontros culturais, feira de livros, etc.

Estivemos em julho passado, na grande cidade de Serra Talhada (PE), para participar o evento teatral ao ar livre – O MASSACRE DE ANGICO – UMA HISTORIA DE TRAIÇÃO, AMOR E ÓDIO – TRIBUTO A VIRGULINO - juntamente com o ENCONTRO NORDESTINO DE XAXADO, tendo como participantes vários grupos de CANGAÇO, com as suas danças, oriundos dos Estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí, trazendo centenas de pessoas oriundas destes Estados, tendo aproximadamente a cada noite cinco mil pessoas. Visitamos o MUSEU DO CANGAÇO, com centenas de fotos referentes Virgulino Ferreira – Lampião com os demais “cabras”; armas e utensílios usados pelo “bando”; visitamos a CASA DO ARTESÃO, criado por iniciativa do presidente da CASA DA CULTURA, Sr. Tarcisio Rodrigues; a CASA DA CULTURA, mostrando os bens culturais do Município;, enfim a ACADEMIA SERRA-TALHADENSE DE LETRAS, num pequeno espaço no Pátio do Forro, com a exposição de livros dos acadêmicos, e vários exemplares do Jornal VILLA BELLA JORNAL, informativo da Academia Serra-talhadense de Letras, referente às atividades dos meses de Maio / junho de 2012, poesias dos acadêmicos. As reuniões são frequentes, onde os acadêmicos trocam ideias, bem como, a apresentação dos trabalhos literários, principalmente pela POESIA o Jornal que circula na cidade, traz além dos artigos e poesias, notas das atividades sócias. Neste número várias poesias foram divulgadas pelos poetas/Acadêmicos – MINHA HISTÓRIA (Iranildo Marques); PAJEU (José Feliciano da Silva Filho); MEU AMOR (Miguel Leonardo); PAIXÃO E RAZÃO (Dierson Ribeiro); IMPOSSIBILIDADE (Marluce Simões); AMOR SOFRIDO (João Victor); O SIMBOLO (Itamar Freire); SEGREDO (Adalva Cordeiro); MATINAL – A Adauto Carvalho (Jesus Martins); LIÇÃO DE VIDA (Gilson Brasil); VOCÊ (Tereza Ribeiro) PLANETA TERRA (Maria de Jesus Sousa); VOCÊ (Prof. José Pedro Sobrinho); DOCE TERRA ONDE EU NASCI (Adelmo Soares); ACALANTO (Francisco Leite Francineto); À MINHA MÃE (Oliveio Burrego); VIDA DO SERTÃO (Zenóbia de Melo).  E finalmente, o poema LAMPIÃO do poeta CARLOS SILVA, haja vista, que estava sendo apresentado o espetáculo sobre este CANGACEIRO falado no Nordeste;

1. Eu hoje sou Lampião /
Cabra da Peste afamado /
Mas, meu nome é Virgulino Ferreira /
Com o qual fui batizado.

2. Sou cangaceiro do mato
Mas, tive casa e gado.
Foi por vingança que entrei
Nesta dura vida de cangaço.

3. Agora comando um bando
DE homens de confiança
Que a mim se juntaram
Em busca de esperança

4. De uma vida justa
Para todo sertanejo
Que com fé no “Padim Ciço”
Caminham nessa peleja

5. Sou cabra da peste com orgulho
Mas, tenho fé no Senhor.
De morrer não tenho medo
E não fujo do horror

6. Gosto de festa animada
Com gosto faço um bailado
E no meio da caatinga
Toco e danço um xaxado

7.  Dança de cabra-macho
Que usa por para a espigarda
E se o perigo aparece
Encaro de mão armada

8. “Simbora” cambada!
Dançar xaxado pro povo
Que a festa tem ser boa
Pra eu “vortar” aqui “dinovo”.!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Vamos vestir o país de forma correta?





Por Zezinho de Caetés

Li na Veja desta seman, o texto que transcrevo abaixo, do J. R. Guzzo, e que tem como título: “Tudo ao avesso”, e depois de sua leitura fiquei imaginando se este país é o mesmo em que vi o Ministro Celso de Melo, no julgamento do mensalão, com uma sensibilidade e inteligência até comovente, mandar o petista Marcos Maia, presidente da Câmara dos deputados (embora não tenha citado seu nome, por educação) recolher-se à sua insignificância nesta matéria, quando este disse que não cumpriria as decisões do STF.

O país do Marcos Maia é o mesmo de Lula e dos petistas e de todos que sobrevivem à sua custa, como escreve o Guzzo, no fecho do seu artigo. É o país da Dilma e do Zé Dirceu que se escoraram no Lula o quanto puderam para subir.

É o país onde se perdeu completamente a noção do que é público e do que é privado. Tudo depende das conveniências dos políticos de plantão. O que os cidadãos decentes esperam é que o único poder que não sofreu a contaminação (pelo menos em sua maioria) é o poder judiciário, representado pelo STF e que vem dando lições de como se deve viver num estado democrático de direito.

Se deixarmos esta corja continuar com o poder, este país ainda será uma imensa Venezuela. Hoje, pelas minha condições de semi-férias, este nariz de cera será menor do que o dedo mindinho do Lula. Fiquem com o texto do Guzzo, que interpretei como um chamado para vestir a roupa correta no Brasil. Será que a oposição tem pano “prás mangas”?

“O que aconteceria se um belo dia, de passagem por São Paulo, o dr. Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil, recebesse um grupo de voluntários empenhados em alguma causa com méritos indiscutíveis ─ uma entidade que luta contra o câncer infantil, por exemplo ─ e ouvisse deles o seguinte pedido: o banco poderia nos ceder, por caridade, um conjunto de salas no 17° andar do prédio que tem na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta? Precisamos com urgência de espaço nessa área da cidade, e, se a gente pudesse economizar com o pagamento de aluguel, sobraria mais dinheiro para salvar a vida de nossas crianças. “Não pode”, diria na hora o dr. Bendine. “Isso aqui é uma empresa do estado brasileiro. Sabem quanto está valendo o aluguel de um imóvel por aqui? Não se acha nada por menos de 120 reais o metro quadrado. Não dá para ceder de graça uma área assim.” O presidente do BB poderia acrescentar um outro argumento: mesmo que concordasse com o pedido, a Advocacia-Geral da União, que tem por obrigação defender o patrimônio público, jamais aprovaria uma coisa dessas. Fim da conversa.

E se o mesmo pedido fosse feito pelo presidente da República, interessado em instalar nesse 17° andar uma espécie de sucursal paulista do seu gabinete no Palácio do Planalto? O local, como ficou comprovado há pouco, servia como escritório particular de uma quadrilha de delinquentes, segundo a definição da Polícia Federal, do Ministério Público e do próprio ministro da Justiça. O dr. Bendine, diga-se logo, não tem nada a ver com isso; nem era presidente do Banco do Brasil na ocasião em que o espaço foi entregue a uma amiga pessoal do ex-presidente Lula e seus associados, que no momento se preparam para responder a uma ação penal por diversas modalidades de ladroagem. Sorte dele. Seu antecessor, que recebeu a ordem de “disponibilizar” a área, disse “sim, senhor”. E o que poderia ter feito de diferente? Se tivesse, como no caso dos bons samaritanos imaginado acima, a mesma valentia para defender o interesse estatal, seria posto na rua antes de se encerrar o expediente do dia. Ou seja: dez anos de convívio com a moral que Lula e o PT trouxeram para o governo ensinam que o patrimônio público é uma coisa muito relativa no Brasil de hoje. Não pode ser usado em benefício próprio por uns, mas pode por outros ─ e quem não souber a diferença vai ter uma carreira muito curta neste governo dedicado à causa popular.

Eis aí o que Lula, a presidente Dilma Rousseff e o PT criaram de realmente original com sua conduta à frente do governo ─ um país ao avesso, onde o triângulo não tem três lados, mas quantos lados eles acharem que lhes convém. É um mundo onde não existem fatos; só é verdade aquilo que o governo diz que é verdade. No caso da amiga de Lula e dos escroques associados a ela, o ministro da Justiça admitiu no Congresso que havia, sim, uma “quadrilha”, mas decretou que sua existência nos galhos mais altos do governo não tem a menor importância, pois não há provas de que Lula tenha sido beneficiado pela gangue. Sua única participação no caso foi ter nomeado a diretora do tal gabinete. “Só” isso? Sim, só isso; qual é o problema? Além do mais, segundo o ministro, os envolvidos no bando tinham um “papel secundário” na administração pública. Como assim? A chefe do escritório paulista acompanhou Lula em trinta viagens internacionais. Os funcionários “menores” mandavam em agências-chave na máquina federal; um outro era nada menos que o braço-direito do responsável pela Advocacia-Geral da União, onde se dedicava a advogar contra os interesses da União. Seu chefe declarou-se “magoado” com ele, e a presidente Dilma decidiu que essa declaração era uma esplêndida solução para o contratempo todo. O secretário-geral da Presidência, enfim, completou a verdade petista dizendo que só “um ou outro” gângster faz, de vez em quando, alguma coisinha errada no governo.

Deve-se ao sr. secretário, também, a melhor definição do pensamento oficial diante da corrupção no Brasil de 2012: seja lá o que acontecer, nada tem importância, porque “Lula é endeusado por onde passa”. Eis aí uma teoria realmente revolucionária para o direito penal moderno: “Estão previamente absolvidos de qualquer acusação, por mais que baseada em fatos, todos os cidadãos que tiverem índices de popularidade superiores a X%”. O resultado prático de tudo isso só pode ser um: a bandalheira vai continuar a toda, e promete ocupar um espaço cada vez maior na biografia de Lula e de todos os que sobrevivem à sua custa.”

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

DEUS NÃO DÁ NADA A NINGUÉM.





Por Carlos Sena (*)

Dizem que “Deus escreve certo por linhas tortas”. Não tenho certeza disto. Nem quero insinuar que Ele não tenha o poder. Acho até que He Man (“eu tenho a força”) se inspirou Nele, por ser tão poderoso. No rol do poder, outro dia li no para brisa traseiro de um carro: “Sou filho de Deus e irmão de Jesus Cristo, pensa que sou fraco”? Melhor ler essa loa do que outras que andam nos carros tipo: “foi Deus quem me deu”! Nesse caso, Deus é fraco e não poderoso, pois, geralmente os carros que andam com essa “pérola” escrita são fuleiros demais. Ora, se é Deus quem está “dando”, por que não dá logo uma MERCEDES ou uma LIMUSINE? O outro lado dessa coisa hipócrita é que essas pessoas, no geral, se sentem melhor do que as outras só porque conseguiram comprar um carro que nem sempre é novo e bom. Ao fazerem isto, esquecem de que estão alimentando a religião com o capital, pois a maioria dos pentecostais associa Deus ao sucesso material, como eles dizem, à prosperidade MATERIAL!

Do alto da minha ignorância religiosa, prefiro aqueles que lutam por uma família unida, por filhos bem educados, por dignidade de vida e de valores. Mas, não. Isso não dá status de felicidade. Quem dá isso é um carro, uma casa bonita, conforto, viagens, passeios, etc. Vê-se, pois, que Deus não tem culpa disto. Ele tá lá no seu lugar que ninguém se atreve a dizer onde e, por isto, inventa o céu que simbolicamente está em cima de nos, e o oposto, que está debaixo do chão, na parte mais quente, certamente o inferno.

Há quem diga que prefere chorar dentro de um carro zero a chorar dentro de um fusca. Eu prefiro não chorar, mas se “eu chorar e o sol molhar o meu sorriso, não se espante, cante, que o teu canto é minha força pra cantar” – ah que saudade de Gonzaguinha. Carro é lata. Então como é que esse povo associa Deus à lata que eles andam em cima delas, jogam dentro da lama, matam gente, usam como metel, digo, motel, etc.? No rol desses ufanismos, tem um que até simpatizo com ele: “guiado por mim, dirigido por Deus”. Menos mal, pois a rigor, nem aí a gente poderia invocar seu nome em vão. Tenho a impressão de que quanto mais por Deus a gente chama, menos ele nos escuta, porque passamos pra Ele a ideia de insegurança diante de sua grandeza expressa pelo universo. Essa exploração de Deus tem surtido efeito e, confesso, até já tive vontade de abrir uma igreja. Mas desisti depois que fui pesquisar um nome sugestivo e encontrei entre outros péssimos o seguinte: “IGREJA DO CUSPE DE CRISTO”. De fato, desisti mesmo porque não sou cara de pau, nem sou eu o dono do óleo de Peroba.

Assim, prefiro a compreensão de Deus escrevendo certo por linhas certas. Nesse viés, fica melhor compreender que estamos nesta vida em missões distintas. Compomos uma multidão de aflitos que, caminhando juntos, nem sempre nos sentimos reunidos com todos. Nosso egoísmo não foi alcançado pela modernidade nem pela ciência e, desta forma, a gente vai fingindo que é moderno e a modernidade vai fingindo que é Deus e Deus mesmo, o verdadeiro, não tá nem aí pra nós. A conversa Dele conosco é depois da eternidade quando a gente bater a caçoleta...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 08/11/2012

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Os escândalos e a ridicularia petista





Por Zezinho de Caetés

O PT está se tornando algo ridículo do ponto de vista político. Pensando bem, ele sempre foi um partido ridículo desde seu nascedouro, devido à forma de atuar do seu principal criador, o meu conterrâneo Lula. O partido, igual a ele, nunca foi de esquerda, nem de direita nem de centro. Era um partido sindicalista que mexia de um lado para o outro à cata de salários melhores.

Depois de tentar por duas vezes assumir o poder central e ser derrotado, lançou a famosa carta aos brasileiros, que nada mais era do que uma carta aos banqueiros dizendo: Olha, vocês ganharão tudo que quiserem desde que subamos ao trono do planalto. E a luz foi feita, sendo o Luis Inácio guindado ao poder, junto com Marisa Letícia e Rosemary que (não se sabe qual das duas) plantaram uma estrela vermelha nos jardins do palácio, que, dizem, servia para esconder os chifres vermelhos uma da outra.

Enquanto isto, a economia mundial crescia, a China se abarrotava de nossas reservas de minério e o Lula pôde viajar à vontade pelo mundo levando a tiracolo um conjunto de bolsas e políticas que foram desenvolvidas no governo anterior. Tudo ia bem, mas o partido queria mais. O José Dirceu, quando assumisse a presidência já deveria ter o controle do PT e este do congresso e do judiciário, e aí, teríamos nosso Fidel à brasileira. Foi criado o mensalão e deu no que deu.

Foi uma reação tímida do que o Sandro Vaia chama, no texto transcrito abaixo (publicado no Blog do Noblat em 14/12/2012) de “conspiração midiático-elitista-reacionário-burguesa” , e cujo erro maior foi não ter proposto o impeachment do Lula em 2005. Não o fazendo ele voltou ao poder por mais quatro anos. Pelo menos nos livramos do Dirceu, mas, ainda não do Lula.

No entanto, agora estamos chegando cada dia mais perto de colocá-lo onde merece. E o PT fica cada dia mais ridículo, querendo esconder o sol com uma peneira, e fingindo nada acontecer ou fugindo de todas as evidências que provocam escândalo atrás de escândalo, e nos quais se envolve de maneira forçada a presidenta. Ela sabe muito bem que se o Lula cair, ela vai junto pela mesma porta da História, a dos fundos. E ficamos nós aqui à espera do próximo escândalo e da última declaração ridícula de um partido que um dia fingia ser o Partido dos Trabalhadores.

Só resta a ironia, que o Sandro Vaia usa em seu texto e que merece ser lido com atenção. Fiquem com ele, enquanto eu vou comprar uma revista semanal para ver qual a “mentira” da vez.

“Ficamos sabendo pelo jornal francês “Le Monde” que a presidente Dilma, que está de viagem por aquelas paragens, não tolera a corrupção.

Bom que o “Le Monde” nos avisou, porque a presidente, que estava mais uma vez na Europa para ensinar aos tacanhos governos austeros como é que se cresce perto de 1% ao ano arrecadando 35% do PIB em impostos e estourando as contas fiscais, não toca muito nesse assunto quando está entre nós.

Diria alguma alma maligna que não se fala de corda em casa de enforcado, porque a grei política (para usar um termo que o Estadão usava em editoriais algumas décadas atrás) à qual a presidente pertence, tem andado às voltas com alguns problemas bastante próximos a essa areia movediça que genericamente chamamos de corrupção.

Nem bem terminou o julgamento do Mensalão, do qual ainda sobraram algumas pendências complicadas, tal como a cassação ou não do mandato de parlamentares envolvidos, eis que a malvada roda da conspiração midiático-elitista-reacionário-burguesa volta a movimentar-se.

Como se não bastasse os conspiradores defenderem abertamente a tese retrógrada de que os condenados devem cumprir as penas que receberam, a máquina conspiratória não para de inventar novas histórias, com a ajuda inestimável da máquina de criar fábulas da Polícia Federal, do Ministério Público e da Procuradoria-Geral da República.

Surgiu o caso Rosemary Névoa, a senhora muito influente que era chefe do gabinete da Presidência em São Paulo e que nomeava diretores de agências reguladoras especialistas em negociar pareceres técnicos em benefício de certas empresas.

Ela foi defenestrada rapidamente pela presidente da República enquanto seus protegidos eram presos pela Polícia Federal.

Fofocou-se à vontade sobre a vida privada de dona Rosemary, quando na verdade o que deveria importar à Nação era o que ela fazia da vida pública, que é o que realmente nos interessa.

Enquanto a máquina de desmentidos pró-governo era posta a funcionar a todo vapor e o caso Rosemary começava a esvair-se no infinito emaranhado de escandalinhos e escandalões que já embaça a memória dos brasileiros, eis que emerge das trevas a voz soturna de Marcos Valério para reinaugurar com ares de novo um escândalo velho: ele disse à Procuradoria Geral da República que parte do dinheiro do mensalão pagou contas do ex-presidente Lula.

Nunca antes na História deste País uma presidente da República que detesta a corrupção e que já tinha demitido sete de seu governo por conta de denúncias , foi tão contrariada.

Só há uma explicação para isso: tem gente no governo que não gosta dela e inventa escândalos só para deixá-la nervosa.”