Por Zezinho de Caetés
Ainda esta semana falei do livro “Década Perdida – Dez anos do PT no poder” do Marco Antonio Villa e
citei um trecho dele que vi num Blog. Abaixo vem um texto do Rodrigo
Constantino, publicado no O Globo em 26/11/2013, cujo título era “Recordar é Viver – A Década Perdida”
onde ele faz uma resenha do livro do Villa, e que passo aos leitores, pois
ainda não o encontrei para comprar.
O livro é de História. Quem lê a resenha vê que tudo se
passou em nossas barbas e “só Carolina
não viu”. Hoje estamos à beira de eleições para presidente e tudo pode
continuar assim, e lembrem que a História é história dos vencedores. Se
compactuarmos com tudo que o autor descreve (dito pelo Constantino) é porque
estamos ensandecidos junto com Venezuelanos e Argentinhos no caminho do
Socialismo Bolivariano.
Ainda há esperanças. Novas candidaturas surgiram e poderão
surgirem outras. Já se fala mesmo que o Eduardo, nosso governador, vai
concorrer mesmo contra Lula, que pelo desempenho de Dilma, certamente, será
candidato. Temos agora o escândalo com o Ministro da Justiça que distribuiu
documentos apócrifos com a Polícia Federal para incriminar o PSDB. Temos os
líderes do PT na cadeia e chegando mais, mesmo que tenhamos que conviver com o
Zé Dirceu como “funcionário” de hotel.
O que a oposição precisa é que estas notícias cheguem ao
grande eleitorado do PT, que são os bolsistas familiares, de uma forma que eles
vejam, que se continuarmos assim, nem a bolsa eles terão. O programa Mais
Médicos já começa a produzir seu festival de erros, e este se encarregará de
avisar ao povo e aos prefeitos o custo do programa.
Mas, fiquem com a resenha do Rodrigo Constantino, que eu vou
na livraria ver se já chegou o livro do Villa. Talvez, não o compre se for
caro, mas, o lerei lá mesmo nas livrarias, como sempre faço quando a verba
escasseia.
““O Brasil de hoje é uma sociedade invertebrada. Amorfa, passiva, sem
capacidade de reação. É uma República bufa, uma República petista.” Assim
conclui Marco Antonio Villa em seu novo livro, “Década perdida”, onde disseca
os dez anos de PT no poder. É um trabalho conciso de historiador, resgatando os
principais acontecimentos desta triste época.
Villa optou por um relato cronológico, expondo os fatos mais marcantes
de cada ano. Basta relembrar a quantidade infindável de escândalos para
derrubar todos os mitos criados pelo PT, inclusive o maior deles: o de que Lula
é um operário que chegou ao poder para mudar tudo e beneficiar os mais pobres.
O lulismo, ao contrário, foi um grande passo na mesma direção do que há
de pior em nossa política. O patrimonialismo foi fortalecido, as oligarquias
corruptas nunca tiveram tanto poder, os sindicatos jamais foram tão vendidos, o
aparelhamento da máquina estatal foi total. A tudo isso, somou-se o culto à
personalidade, o messianismo típico das republiquetas populistas latino-americanas.
Dispostos a tudo pelo poder, Lula e o PT abusaram das mentiras, das
práticas mais nefastas na política, das alianças indigestas com os velhos
“picaretas” acusados pelo partido, do mensalão, o maior esquema já visto para
tentar controlar o Congresso e destruir a democracia.
O que Villa faz é mostrar um filme do enorme estrago causado pela
passagem do PT pelo poder nessa década. Com fortes ventos favoráveis vindos de
fora, basicamente pelo elevado crescimento chinês e o baixo custo do capital no
mundo, o Brasil teve desempenho econômico medíocre.
Crescemos bem menos do que a média dos emergentes, e com inflação bem
maior. O pouco que crescemos se deu por fatores insustentáveis, como o
irresponsável endividamento do governo e das famílias, estimulado pelo próprio
governo. Faltou um projeto de país, e sobrou a visão míope de se pensar apenas
nas próximas eleições.
O engodo que foi o lulismo, incluindo dois anos de sua “criatura”
Dilma, fica evidente no livro, com a quantidade absurda de promessas irreais,
factoides criados somente de olho nas campanhas eleitorais. Foi a era do
marqueteiro, tudo voltado às aparências, sem preocupação com resultados
concretos.
O desrespeito com as instituições republicanas foi total, chegando
várias vezes ao escárnio. “O PT aprofundou o processo de desmoralização da
política”, acusa Villa. Ser “amigo do rei” nunca foi tão importante para o
sucesso. As bases da pirâmide foram compradas com esmolas, no pior estilo
coronelista, e o topo, representado pelo grande capital, teve o BNDES a seu
dispor, em magnitude jamais vista.
Os artistas também se venderam pelo “apoio cultural”. Nada mais é
realizado nesta área sem que tenha a participação estatal, criando-se uma
relação de completa dependência. A esquerda caviar e o PT desenvolveram uma
simbiose umbilical, destruindo qualquer chance de integridade artística na
maioria dos casos.
No âmbito externo e diplomático, o lulismo também deixaria sua marca
podre. O Itamaraty tem sido responsável por vexames internacionais, deixou de
lado sua tradicional postura de isenção, aderindo ao bolivarianismo e se
alinhando aos piores ditadores. O viés ideológico e os objetivos partidários
estiveram acima dos interesses nacionais. O Mercosul é um atraso de vida, e
acordos bilaterais de livre comércio não foram selados por culpa do PT.
Por trás de tudo isso, como aponta Villa, há uma oposição acovardada,
tímida, incapaz de combater com determinação o avanço do lulismo. Em 2005, essa
postura equivocada ficou evidente, no erro estratégico de deixar o PT sangrar
com o mensalão na expectativa de derrotá-lo nas urnas. Foi um marco do “vale
tudo” adotado por Lula. Sua vitória foi a derrota da ética, a morte da jovem
República ainda em construção.
Como o autor reconhece, não será nada fácil tirar o PT do poder.
Primeiro, porque muitos grupos de interesse foram capturados. O PT transformou
as estatais e seus poderosos fundos de pensão em instrumentos partidários.
“Estabeleceu uma rede de controle e privilégios nunca vista na nossa história.”
Segundo, porque boa parte da população parece não se dar conta do que é
o PT, um partido que sequer respeita seu próprio estatuto, preferindo defender,
em vez de expulsar, criminosos condenados em última instância pelo STF, com
ministros escolhidos pelo próprio PT. O povo tem memória curta. E aqueles que
não se lembram do passado estão condenados a repeti-lo. O livro de Villa é um
antídoto contra esse esquecimento. Leiam!”