Por Zezinho de Caetés
No último dia 25/11/2013, o Carlos Alberto Di Franco
escreve: “O Brasil na banguela”
(Blog do Noblat). Para os mais novos que não sabem o que é “banguela” nessa acepção, o termo
significa que o Brasil está descendo a Serra da Russas sem freio e está quase
sem esperança de sobreviver no concerto civilizado das nações.
Já li a respeito de um livro do Marco Antonio Villa “Década Perdida – Dez anos do PT no poder”
e que deve ter pontos comuns com o texto do Carlos Alberto abaixo transcrito. E
será leitura obrigatória, para mim. Talvez o que o texto deduz venha do que se
passou nos últimos dez anos resumido num trecho do livro do Villa que vi em um
blog:
“O partido aparelhou o
Estado”.... Não só pelos seus 23 000 cargos de nomeação direta. Transformou as
empresas e bancos estatais, e seus poderosos fundos de pensão, em instrumentos
para o PT e sua ampla clientela. Estabeleceu uma rede de controle e privilégios
nunca vista na nossa história. Em um país invertebrado, o partido desmantelou o
que havia de organizado através de cooptação estatal. Foram distribuídos
milhões de reais a sindicatos, associações, ONGs, intelectuais, jornalistas
chapa-branca, criando assim uma rede de proteção aos desmandos do governo: são
os tontons macoutes do lulopetismo, os que estão sempre prontos para a ação.”
E isto se refletiu de modo evidente no que o Brasil passa em
seu sistema educacional, desde os testes internacionais até a falta de mão de
obra qualificada para seu crescimento. Tudo neste governo foi criativo, até a
contabilidade, só que para pior. E nem quero voltar a falar dos moldes de fazer
política, procurando tornar o Brasil um país de partido único e seguindo o
Socialismo do Século XXI, do Chaves, que retirou até o papel higiênico da
Venezuela. E o passarinho maduro continua fazendo sujeira, e fazendo o Natal
por decreto.
É uma pena que tenhamos desperdiçado a oportunidade do bom
momento mundial há alguns anos atrás para dotar o país das reformas necessárias
para nos tornarmos uma nação respeitável.
Fiquem com o Carlos Alberto, que eu vou estocar papel
higiênico porque nosso socialismo vem aí. Promessa do Lula.
“Armação da imprensa. Distorção da mídia. Patrulhamento de jornalista.
Quantas vezes, caro leitor, você registrou essa reação nas páginas dos
jornais? Inúmeras, estou certo. Elas estão contidas, frequentemente, em
declarações de homens públicos apanhados com a boca na botija, no
constrangimento de políticos obsessivamente preocupados com a própria imagem e
no destempero de lideranças que pescam nas águas turvas do radicalismo.
Todos, independentemente de seu colorido ideológico, procuram um bode
expiatório para justificar seus deslizes e malfeitos. A culpa é da imprensa! É
preciso partir para o controle social da mídia, eufemismo esgrimido pelos que,
no fundo, defendem a censura às empresas de conteúdo independentes.
Sou otimista. Acho que o Brasil é maior que seus problemas. Mas não sou
cego. O Brasil está na banguela. Corrupção crescente, educação detonada e
gestão pública incompetente, não obstante as lantejoulas do marketing político,
começam a apresentar sua inescapável fatura. E a sociedade está acordando.
As ruas, em junho deste ano, deram os primeiros recados. A violência
blackbloc, um desvio condenável e inaceitável dos protestos, precisa ser lida
num contexto mais profundo. Há um cansaço do Estado ineficiente, corrupto e
cínico. E a coisa não se resolve com discursos na TV, mas com mudanças
efetivas.
Corrupção endêmica e percepção social da impunidade compõem o ambiente
propício para a instalação de um quadro de desencanto cívico. Alguns,
equivocadamente, vislumbram uma relação de causa e efeito entre corrupção e
democracia.
Outros, perigosamente desmemoriados, têm saudade de um passado
autoritário de triste memória. Ambos, reféns do desalento, sinalizam um risco
que não deve ser subestimado: a utopia autoritária.
O Brasil tem instituições razoavelmente sólidas, embora parcela
significativa da sociedade já comece a questionar a validade de um dos pilares
da democracia: o Congresso Nacional. O descrédito generalizado, sobretudo dos
parlamentares, captado em inúmeras pesquisas de opinião, é preocupante.
O fisiologismo político é responsável por alianças que são monumentos
erguidos à incoerência e ao cinismo. Quando vemos Lula, Dilma, José Sarney,
Fernando Collor e Maluf, só para citar exemplos mais vistosos, no mesmo barco,
paira no ar a pergunta óbvia: o que une firmemente aqueles que estiveram em
campos tão opostos? Interesse. Só interesse.
Os fisiologistas têm carta branca para gozar as benesses do poder. Os
ideológicos, lenientes e tolerantes com o apetite dos fisiológicos, recebem
deles o passaporte parlamentar para avançar no seu projeto autoritário.
A arquitetura democrática de fachada recebe a certidão do “habite-se”
na força cega dos currais eleitorais. Para um projeto autoritário o que menos
interessa é gente educada, gente que pense. Educação de qualidade, nem falemos.
O sistema educacional brasileiro é um desastre. Multiplicam-se
universidades, mas não se formam cidadãos: homens e mulheres livres, bem
formados, capazes de desenvolver seu próprio pensamento, conscientes de seus
direitos e de seus deveres.
Há, sim, um apagão do espírito crítico. Desaba o Brasil no declive de
uma unanimidade que, como dizia Nelson Rodrigues, é sempre perigosamente burra.
Nós, jornalistas, precisamos trazer os candidatos para o terreno das
verdadeiras discussões. É preciso saber o que farão, não com chavões ou com o
brilho do marketing político, mas com propostas concretas em três campos:
educação, infraestrutura e ética.
A competitividade global reclama crescentemente gente bem formada.
Quando comparamos a revolução educacional coreana com a desqualificação da
nossa educação, dá vontade de chorar. Como lembrou recente editorial do jornal
O Estado de S.Paulo, se “ainda faltasse alguma prova da crise educacional
brasileira, o novo relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre
a escassez de pessoal para a construção seria mais que suficiente”. A
assustadora falta de mão de obra com a formação mínima é um gritante atestado
do descalabro da educação brasileira.
Governos, independentemente de seu colorido partidário, sempre exibem
números chamativos. E daí? Educação não é prédio. E muito menos galpão. É muito
mais. É projeto pedagógico. É exigência. É liberdade. É humanismo. É aposta na
formação do cidadão integral. O Brasil pode morrer na praia.
Só a educação de qualidade será capaz de preparar o Brasil para o
grande salto. Deixarmos de ser um país fundamentalmente exportador de
commodities para entrar, efetivamente, no campo da produção de bens
industrializados.
Para isso, no entanto, é preciso menos discurso sobre o Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) e mais investimento real em infraestrutura. É
preciso fazer reportagem. Ir ver o que existe e o que não existe. O que foi
feito e o que é só publicidade. Ver e contar. É o nosso papel. É a nossa
missão.
Nós jornalistas sucumbimos com frequência ao declaratório. Registramos,
com destaque, a euforia presidencial com o futuro do pré-sal. Mas como andam os
projetos reais que separam a propaganda da realidade? É por aí que devemos ir.
Tudo isso, no entanto, reclama o corolário da ética. Rouba-se muito.
Muito dinheiro público desaparece no ralo da impunidade. Queixa-se a sociedade
da impunidade radical. Seis anos após aceitar a denúncia do mensalão, o Supremo
Tribunal Federal determinou a prisão dos principais condenados no esquema de
corrupção do governo Lula. É uma decisão histórica e um claro divisor de águas.
Educação, infraestrutura e ética podem mudar o destino do Brasil”.
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