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sábado, 30 de novembro de 2013

A década perdida




Por Zezinho de Caetés

Ainda esta semana falei do livro “Década Perdida – Dez anos do PT no poder” do Marco Antonio Villa e citei um trecho dele que vi num Blog. Abaixo vem um texto do Rodrigo Constantino, publicado no O Globo em 26/11/2013, cujo título era “Recordar é Viver – A Década Perdida” onde ele faz uma resenha do livro do Villa, e que passo aos leitores, pois ainda não o encontrei para comprar.

O livro é de História. Quem lê a resenha vê que tudo se passou em nossas barbas e “só Carolina não viu”. Hoje estamos à beira de eleições para presidente e tudo pode continuar assim, e lembrem que a História é história dos vencedores. Se compactuarmos com tudo que o autor descreve (dito pelo Constantino) é porque estamos ensandecidos junto com Venezuelanos e Argentinhos no caminho do Socialismo Bolivariano.

Ainda há esperanças. Novas candidaturas surgiram e poderão surgirem outras. Já se fala mesmo que o Eduardo, nosso governador, vai concorrer mesmo contra Lula, que pelo desempenho de Dilma, certamente, será candidato. Temos agora o escândalo com o Ministro da Justiça que distribuiu documentos apócrifos com a Polícia Federal para incriminar o PSDB. Temos os líderes do PT na cadeia e chegando mais, mesmo que tenhamos que conviver com o Zé Dirceu como “funcionário” de hotel.

O que a oposição precisa é que estas notícias cheguem ao grande eleitorado do PT, que são os bolsistas familiares, de uma forma que eles vejam, que se continuarmos assim, nem a bolsa eles terão. O programa Mais Médicos já começa a produzir seu festival de erros, e este se encarregará de avisar ao povo e aos prefeitos o custo do programa.

Mas, fiquem com a resenha do Rodrigo Constantino, que eu vou na livraria ver se já chegou o livro do Villa. Talvez, não o compre se for caro, mas, o lerei lá mesmo nas livrarias, como sempre faço quando a verba escasseia.

““O Brasil de hoje é uma sociedade invertebrada. Amorfa, passiva, sem capacidade de reação. É uma República bufa, uma República petista.” Assim conclui Marco Antonio Villa em seu novo livro, “Década perdida”, onde disseca os dez anos de PT no poder. É um trabalho conciso de historiador, resgatando os principais acontecimentos desta triste época.

Villa optou por um relato cronológico, expondo os fatos mais marcantes de cada ano. Basta relembrar a quantidade infindável de escândalos para derrubar todos os mitos criados pelo PT, inclusive o maior deles: o de que Lula é um operário que chegou ao poder para mudar tudo e beneficiar os mais pobres.

O lulismo, ao contrário, foi um grande passo na mesma direção do que há de pior em nossa política. O patrimonialismo foi fortalecido, as oligarquias corruptas nunca tiveram tanto poder, os sindicatos jamais foram tão vendidos, o aparelhamento da máquina estatal foi total. A tudo isso, somou-se o culto à personalidade, o messianismo típico das republiquetas populistas latino-americanas.

Dispostos a tudo pelo poder, Lula e o PT abusaram das mentiras, das práticas mais nefastas na política, das alianças indigestas com os velhos “picaretas” acusados pelo partido, do mensalão, o maior esquema já visto para tentar controlar o Congresso e destruir a democracia.

O que Villa faz é mostrar um filme do enorme estrago causado pela passagem do PT pelo poder nessa década. Com fortes ventos favoráveis vindos de fora, basicamente pelo elevado crescimento chinês e o baixo custo do capital no mundo, o Brasil teve desempenho econômico medíocre.

Crescemos bem menos do que a média dos emergentes, e com inflação bem maior. O pouco que crescemos se deu por fatores insustentáveis, como o irresponsável endividamento do governo e das famílias, estimulado pelo próprio governo. Faltou um projeto de país, e sobrou a visão míope de se pensar apenas nas próximas eleições.

O engodo que foi o lulismo, incluindo dois anos de sua “criatura” Dilma, fica evidente no livro, com a quantidade absurda de promessas irreais, factoides criados somente de olho nas campanhas eleitorais. Foi a era do marqueteiro, tudo voltado às aparências, sem preocupação com resultados concretos.

O desrespeito com as instituições republicanas foi total, chegando várias vezes ao escárnio. “O PT aprofundou o processo de desmoralização da política”, acusa Villa. Ser “amigo do rei” nunca foi tão importante para o sucesso. As bases da pirâmide foram compradas com esmolas, no pior estilo coronelista, e o topo, representado pelo grande capital, teve o BNDES a seu dispor, em magnitude jamais vista.

Os artistas também se venderam pelo “apoio cultural”. Nada mais é realizado nesta área sem que tenha a participação estatal, criando-se uma relação de completa dependência. A esquerda caviar e o PT desenvolveram uma simbiose umbilical, destruindo qualquer chance de integridade artística na maioria dos casos.

No âmbito externo e diplomático, o lulismo também deixaria sua marca podre. O Itamaraty tem sido responsável por vexames internacionais, deixou de lado sua tradicional postura de isenção, aderindo ao bolivarianismo e se alinhando aos piores ditadores. O viés ideológico e os objetivos partidários estiveram acima dos interesses nacionais. O Mercosul é um atraso de vida, e acordos bilaterais de livre comércio não foram selados por culpa do PT.

Por trás de tudo isso, como aponta Villa, há uma oposição acovardada, tímida, incapaz de combater com determinação o avanço do lulismo. Em 2005, essa postura equivocada ficou evidente, no erro estratégico de deixar o PT sangrar com o mensalão na expectativa de derrotá-lo nas urnas. Foi um marco do “vale tudo” adotado por Lula. Sua vitória foi a derrota da ética, a morte da jovem República ainda em construção.

Como o autor reconhece, não será nada fácil tirar o PT do poder. Primeiro, porque muitos grupos de interesse foram capturados. O PT transformou as estatais e seus poderosos fundos de pensão em instrumentos partidários. “Estabeleceu uma rede de controle e privilégios nunca vista na nossa história.”


Segundo, porque boa parte da população parece não se dar conta do que é o PT, um partido que sequer respeita seu próprio estatuto, preferindo defender, em vez de expulsar, criminosos condenados em última instância pelo STF, com ministros escolhidos pelo próprio PT. O povo tem memória curta. E aqueles que não se lembram do passado estão condenados a repeti-lo. O livro de Villa é um antídoto contra esse esquecimento. Leiam!”

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