Por Zé Carlos
Ontem votei novamente. Não sou filiado a nenhum partido político, mas,
tenho minhas predileções. Quando penso nisso, vem à minha mente o Pastoril, que
lá em Bom Conselho levava a personagem “diana” entoar: “Sou a diana não tenho partido, o meu partido são os dois cordões....”.
No Brasil não posso repetir o bordão porque todos saberiam que estou mentindo.
Já pensou dizer: “Sou o Zé Carlos não
tenho partido, o meu partido são os 35 cordões...?”. Este é o número de
partidos políticos que temos no Brasil, em plena atividade. No Recife, nestas
eleições, sobraram 2, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido dos
Trabalhadores (PT). O primeiro é o Partido do Arraes e segundo é o Partido do
Lula. Ambos hoje, já se sabe, homenageiam figuras do passado. O primeiro homenageado
porque morreu, e o segundo porque, a cada dia, fica no passado em termos
políticos. Mas, onde está a graça disto tudo, perguntarão os meus ávidos
leitores? Talvez esteja na proposta de criação de mais um partido: O PSP, ou, o
Partido dos Sem Partido. De uma forma ou de outra, cumpri meu dever cívico
porque não tenho o direito de não cumprir.
E já que coloquei os carros na frente dos bois, porque a semana
começou na segunda-feira, vou continuar contando o resultado das eleições.
Atenho-me aqui a Recife, já que no país todo foi a mesma coisa. Eram 220
milhões em ação gritando: Tchau, PT!
E, de uma forma de outra estamos alegres. Afinal de contas, com a derrota do
João Paulo, a Conde da Boa Vista será preservado. Digo isto porque foi boatado
que se ele vencesse as eleições, naquele espaço onde andei muito em minha juventude,
só poderia transitar quem tivesse atestado de pobreza. Graças a Deus, o
ex-alcaide voltará à sua meditação. E a debacle petista só foi realmente
comprovada quando se soube que nem o Lula, nem a Dilma, nossos fiéis
colaboradores foram votar. Outra vez, graças a Deus, eles desistiram de vez, e
se dedicarão em tempo integral a esta coluna. E vamos em frente!
Agora tento voltar ao início da semana, porque não só de eleição vivem
os políticos, mas, de qualquer palavra que possam incentivá-los a fazer graça.
E apesar de nossos colaboradores principais, o Lula e a Dilma não darem nenhum
show de humor durante a semana, temos outros que são sérios candidatos a serem
permanentes nesta coluna semanal. Para ser justo, como sempre tento ser o Lula
fez um gracinha, dizendo que não iria votar lá em São Bernardo, porque tendo
mais de 70 anos, não é obrigado a fazê-lo, quando domingo passado, depois de lá
votar, disse: “O PT vai surpreender
nestas eleições!”. É claro o potencial humorístico da decisão e da
declaração. Ele não foi votar porque está chateado com a derrota do seu filho
para vereador e porque o PT, como quase em todo país, implodiu eleitoralmente.
Dizem até que, aqui em Recife, enquanto o João Paulo escondeu o PT da
propaganda, chegou até ao segundo turno, o que não era esperado. Durante a
campanha para o turno de ontem, caiu na besteira de dizer que era do PT. Deu no
que deu. Ainda se cogita que a derrota teria sido maior ainda se ele tivesse
deixado o Lula vir fazer campanha aqui. Não tem jeito, se o Lula, nosso
colaborador quiser ainda dar show tem que ser no estilo “intimista”. Se falar em público, a alarido é tão grande que ninguém
pode ouvir suas piadas, o que é um “golpe” contra o humor.
Já que estou voltando para o início da semana, passei pela
quinta-feira que foi um dia importantíssimo para o humor brasileiro. Foi o
aniversário de 71 anos do Lula. Certamente, ele recebeu um e-mail de nossa musa
Dilma, ao qual não tivemos acesso, mas, podemos imaginar um texto:
“Caro Lula,
Estou aqui em Porto Alegre, e
muito alegre. Agora só cuido dos netos e conto piadas para minha mãe e filha,
para não perder totalmente a forma. Quero parabenizar-lhe pela data e
desejar-lhe felicidades.
Talvez passe aí por S. Paulo
para falarmos mal do Cunha, Temer e Cármem Lúcia, não necessariamente nesta
ordem. Você viu a última do Renan? Aquilo sempre foi um amigo do peito. E, quem
diria, o Temer tomou nosso lugar, mas, não será por muito tempo, pois, do jeito
que vencemos as eleições com o dinheiro sujo de petróleo (querido, apague este
e-mail assim que você lê-lo; se não souber fazer isto peça ajuda ao Bessias)
nossa chapa vai dançar feio. O pior, caro amigo (e aqui não estou fazendo
trocadilho com a planilha da Odebrecht) é que o próximo presidente poderá ser o
FHC. Pode? Outro ainda dizem que é será o Nelson Jobim. Pode? E ainda tem
aqueles, mais malucos ainda que dizem que vai ser a Cármem Lúcia. Pode?
Por hoje é só, mas, pelo jeito
que as coisas vão, caro amigo, é melhor prevenir do que remediar. Compre uns
cobertores bons, porque aqui no Sul está um frio danado. Deu 10° em Curitiba
esta semana.
Um abraço de sua eterna pupila
Dilma”
E agora, definitivamente, vamos para o início da semana. E foi o
Renan, sem sombra de dúvida o protagonista da semana. Depois da Polícia Federal
prender a Polícia do Senado, por ondem de um juiz de Brasília, ele, o Renan,
num acesso de fúria que, dizem se demorasse mais cairiam seus cabelos
implantados, disse:... “um juizeco de
primeira instância não pode, a qualquer momento, atentar contra um poder.”
E então estava ali, naquele momento, gerada a crise do “juizeco”. E ainda dizem que pode haver um país mais risonho do que
o Brasil. Pois não é que a presidente do STF, ministra Cármem Lúcia reagiu?!
Disse ela: “Numa democracia, o juiz é
essencial, como são essenciais os membros de todos os outros poderes, que nós
respeitamos. Queremos também, queremos não, exigimos o mesmo e igual respeito
para que a gente tenha democracia fundada nos princípios constitucionais.”
Parece que ela não ouviu que o Renan também chamou o Ministro da Justiça de “chefete de polícia”, em seu surto de
cangaceiro. Mas, pudera, o “chefete”
segundo Renan, é do Executivo e quem deveria entrar na briga era o Temer, e ele
entrou. Sabem dizendo o que? Nada! Ou, para ser justo, como sempre tento ser,
disse, mas, em conversas reservadas.
E pasmem, depois deste arranca rabo entre os poderes da república,
eles se reuniram e chegaram à conclusão, numa reunião sobre a Segurança no
país, de que não há cadeia para todo o mundo se passarmos a ser um país sério,
contrariando o General De Gaulle. Talvez, o grande general francês, se tivesse
falado depois do episódio do “juizeco”
de Renan, dissesse que o Brasil era um “paizeco”. Ao invés de uma crise
institucional interna, esta declaração poderia formar um crise institucional
externa, levando o Zé Serra a protestar na ONU. Aliás, soube-se, esta semana, a
partir da delação da Odebrecht que o Serra também recebeu dinheiro para sua
campanha através do caixa 2 com origem na empresa. O que o irritou mais deve ter
sido, não o financiamento por caixa 2, que o Lula já disse que isto era uma
rotina no sistema político, mas, porque os delatores dizem que ele recebia numa
conta na Suíça. E como todos sabem, isto o compara ao Eduardo Cunha, e, hoje,
ser comparado ao Cunha é algo de grande teor ofensivo. Tanto que no Congresso,
se se diz para um colega: “Vossa
Excelência é um cachorro!” não é ofensa porque o cachorro pode ser aquele
que ficava sempre atrás da criança na fábula de nossa musa, a Dilma. Mas,
dizer: “Vossa Excelência é um Eduardo
Cunha!”, é uma ofensa gravíssima.
E, meus caros 13 leitores e meio (soube que alguém que não conseguia
ler o texto todo voltou e vale meio), vejam o potencial humorístico deste país,
que é um país seríssimo por isto mesmo, como terminou a crise institucional,
nas palavras do nosso futuro colaborador, o Renan:
“É um orgulho que vou levar para
minha vida, de ser presidente do Congresso Nacional no exato momento em que a
presidente Cármen Lúcia é presidente do Supremo Tribunal Federal, é sem dúvida
nenhuma o exemplo do caráter que nós precisamos que identifique o povo
brasileiro.”
“Este é um país que vai prá
frente! Ho, ho, ho, ho”, como dizia a canção popular. É o país onde abunda o riso, salve, salve!
Querem rir mais ainda? No final de semana o Teori Zavascki, numa liminar,
desfez toda a crise, cancelando a operação “juizeco”,
quando o Brasil estava entrando na era da espionagem como qualquer país que se
preza nessa era tecnológica. Dizem, tudo envolvia umas maletas de espionagem de
última geração, compradas pelo Renan para fazer varredura nos gabinetes e casas
dos senadores para evitar os “grampos”.
Ou seja, o problema maior do Brasil não é a corrupção e sim as “maletas do Renan”. Tenho que comprar
pelo menos uma maleta destas aqui para as instalações desta coluna semanal.
Será que o BNDES está financiando este equipamento?
E continuo um pouco sobre o assunto da delação da Odebrecht que dizem
ser a “delação do fim do mundo”, tal
seu potencial humorístico. Dizem que até
o Alckmin foi citado, e com apelido numa planilha. O atual governador de São
Paulo é chamado de, pasmem, de “Santo”.
Nunca se viu um apelido mais apropriado. Só não foi citado ainda o milagre
dele. O que me fez tocar neste comentário é a reação que vai haver do sizudo
Sérgio Moro, com a delação desta empresa. Pelo jeito, no que eu li a respeito,
já estou com medo de entrar na delação. Portanto, aqui já devo esclarecer que
os 2 mil réis que recebi para ser apóstolo nos eventos religiosos da Semana
Santa lá em Bom Conselho, não foram provenientes de propinas. Foram doações
espontâneas dos fiéis que o Padre Alfredo mandou distribuir, e não foi da
Odebrecht nem de Seu Gabriel.
E, passando de galhos para bugalhos, já na terça-feira ouve a votação
em segundo turno da PEC do Teto, ou PEC 241, que tanta polêmica e humor está
gerando por este país a fora. E a carga de humor da passagem desta Projeto de
Emenda Constitucional é que todos concordam que o governo está gastando demais,
menos com “aquele que vos fala”. Ou
seja, tudo parece com uma família que quer comer carne todos os dias, o
dinheiro não dá para isto, o pai toma emprestado, o credor aumenta os juros
pela proximidade do calote e ainda tem alguém na mesa reclamando que quer é
filé mignon. E agora chega o chato do pai e diz: “Não tem jeito, agora vamos comer o mesmo que comemos o ano passado, e
fim de papo.” Não tem jeito, na
própria mesa já começa o movimento: “Fora
pai!”. E o Brasil já está sendo reconhecido no mundo inteiro com o “país do fora alguém!”. Já tivemos o Fora
FHC!, o Fora Lula!, o Fora Dilma, Fora Cunha!, o Fora Temer e agora temos o
Fora Renan! Ou seja, se cortar na carne, fora!, e se cortar a carne também!
Não poderia jamais encerrar o relatório desta semana política sem
internacionalizá-la. E material humorístico é que não falta, vindo dos Estados
Unidos, onde o Donald Trump se digladia com Hilary Clinton pela presidência.
Dizem que agora as pesquisas dizem que vai dar empate. O resultado esperado é 1
x 1, ou seja, ninguém vai votar em ninguém, a não ser os próprios candidatos. E
não pensem que é o Trump que votará nele mesmo e a Hilary votará nela mesma.
Juram os analistas que o placar será este porque cada um votará no outro, se
estiverem imbuídos do espírito da população, de que ambos são candidatos tão ruins,
que dói. Acompanhemos! E com grande atenção pois todos sabem que quando os
americanos contam uma piada os brasileiros morrem de rir.
Por hoje é só e espero voltar na próxima segunda-feira com mais riso
ainda. A conjuntura promete.