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terça-feira, 31 de maio de 2016

Impeachment não é estupro




Por Zezinho de Caetés

Dias atrás eu me candidatei para receber uma “newsletter”, que é o nome que se dá, modernamente, a um e-mail mais sofisticado, de autoria do Pedro Doria, com que tenho aprendido muito sobre História.

E neste início de semana, depois de vermos tantas delações, eu recebi uma delas que gostei tanto que resolvi transcrevê-lo abaixo, na esperança de que o autor não me enquadre nas Ordenações Filipinas ou Manuelinas, pelo uso de suas ótimas palavras.

O texto tem como título: “Um estupro brasileiro”, e vem a calhar (deve ter sido escrito por este motivo) da notícia sobre o “estupro coletivo” acontecido no Rio de Janeiro, que até tirou do ar, por algum tempo as delações do Sérgio Juruna Machado, que não sabemos onde irão parar.

Eu mesmo, já confesso aqui que estou com medo de ser o próximo a ser citado nas delações porque tenho me reunido com pessoas muitas vezes desconhecidas, e, quem sabe, o Juruna não é um deles? E como todos já devem saber, quando me reúno é para falar mal do Lula, da Dilma e do PT, como o fazem 90% dos brasileiros que conhecem um pouco de história.

Mas, passemos ao tema do texto de hoje. E é hoje que sabemos que, no Brasil, os direitos das mulheres aumentaram tanto que o nosso presidente Temer pisou na bola em não nomear pelo menos uma para o seu “machistério”. É claro que não precisaria ser a Erenice Guerra, mas...

De qualquer forma, mesmo tendo uma mulher que causou o maior desastre na economia brasileira desde que, que Cabral aqui aportou, como ex-presidenta, não se deve dizer que foi o gênero que determinou isto, e sim a ideologia lulo/petista, que felizmente, tende a nos deixar, brevemente. Apenas complemento que seria um erro também trazer a Dilma de volta só porque é mulher. Afinal de contas o impeachment é diferente do estupro, como pode ser aprendido no texto do Pedro Dória, abaixo transcrito.

Apesar de já possuir vários anos de idade, com todos os preconceitos inculcados na minha infância interiorana, fui suficientemente bem educado e formado para acreditar que devemos ter direitos iguais como seres humanos que somos. E, se verdade, o que contam do “estupro coletivo” pelo qual passou uma jovem de 16 anos, no Rio, voltamos vários séculos na história e muitos anos antes das “ordenações”, que foram nossas primeiras leis.

Agora fiquem com o Dória e aprendam, para não repetirem, nem mesmo como farsa, a nossa história de injustiça com o sexo feminino. Mas, tenho que enfatizar bem que impeachment não é estupro, e muito menos coletivo. No caso de Dilma, é apenas um avanço na política brasileira.

“Desde que há Brasil, este país inventado a partir de 1500, há crime de estupro previsto em lei. As Ordenações Afonsinas, o código legal que durou até 1513, explicavam como a vítima deveria se portar para registrar queixa.

Que se alguma mulher forçarem em povoado, que deve fazer querela em esta guisa, dando grandes vozes, e dizendo, ‘vedes que me fazem’, indo por três ruas; e se o assim fizer, a querela seja valedoura: e deve nomear o que a forçou por seu nome.

Estar previsto por lei, porém, é coisa que ilude. Estupro foi compreendido de muitas formas, punido noutras tantas e evoluiu de forma muito lenta até a legislação atual. A história desta evolução diz muito sobre o Brasil.

As “ordenações” eram compilações. A reunião de todas as leis que um rei considerava válidas. Valeram as de dom Afonso V por um tempinho e, depois, passaram a vigorar as Ordenações Manuelinas, editadas pelo rei que liderou o descobrimento. Em 1605 mudou de novo e vieram as Ordenações Filipinas, de Filipe II da Espanha. Tempos de União Ibérica. Mesmo quando o duque de Bragança reconquistou a independência portuguesa, o código foi mantido. É o pacote legal que valeu por todo o período de formação do Brasil, começou a mudar após o Império mas manteve-se parcialmente em vigência até princípios do século 20.

Assim, no tempo de Cabral, a mulher estuprada tinha de ter presença de espírito para, imediatamente após o ato, sair gritando pelas ruas que fora vítima do crime e, se possível, citando o criminoso. Talvez muito machucada, possivelmente em choque, e ainda assim obrigada à exposição pública. Se soa bárbaro, piora. Porque para compreender a lei é preciso entender, antes, o lugar do homem e o da mulher naquela sociedade.

Veja-se o caso de outro crime sexual previsto pelas Ordenações Filipinas, o adultério. A lei autorizava o marido de uma mulher adúltera que matasse tanto ela quanto seu amante desde que fossem, tanto marido quanto amante, de classe social equivalente. Um homem do povo não poderia matar um fidalgo, embora pudesse requerer dele uma indenização. Tratava-se de um crime de honra. A indenização ou a morte restabeleciam, perante a sociedade, a honra do homem traído. A mulher adúltera, não importava sua classe social, também perdia a honra. Só que de forma irrecuperável. Se o marido traído por adultério poderia perdoar sua mulher, esta era uma escolha dele e apenas. A relação, dentro de um casamento, foi legalmente desigual por quase toda história. O marido tinha poder de vida e morte sobre sua mulher e, assim, ele tinha como recuperar a honra. Ela, não. Nem se adúltera, tampouco se estuprada. Não bastasse a violência, a honra da mulher era perdida para sempre. Uma marca indelével. Não à toa, muitas vezes era preferível não acusar o criminoso para evitar a exposição.

E, sim, é claro que piora. Se alguma mulher for corrupta de sua virgindade por força, de noite ou de dia, bradasse logo no dito ermo: ‘fuão me fez isto’, mostrando logo sinal de corrompimento de sua virgindade. Fuão, a versão arcaica da palavra fulano, dizia a lei Filipina, precisava ser acusado de presto. O brado em público imediato tinha razão de ser. Era para permitir a possibilidade de flagrante. A Igreja Católica, origem indireta das leis, desconfiava da mulher. Ela perdia a honra mais fácil e era vista como pouco confiável, um tipo humano cheio de subterfúgios, essencialmente traíra. O crime não podia ficar apenas na palavra de algoz contra vítima pois a palavra da mulher valia menos. O receio é de que, para prejudicar bons homens, mulheres pudessem levantar falsas acusações de violência. Assim, para haver estupro, era preciso que antes a mulher fosse virgem. Estupro marital era conceito inexistente. E uma mulher solteira que já não fosse virgem não tinha honra para que a perdesse.

Porque o crime não era contra o ser humano. Era contra uma entidade abstrata que o ser humano porta: sua honra.

A definição de estupro, portanto, era bem distinta da atual. A mulher era propriedade do marido. Mesmo que casasse por desejo de seu pai quase criança, logo após a primeira menstruação. Uma escrava era propriedade do senhor. Em nenhum destes casos poderia uma relação sexual ser considerada crime. Não havia violação da honra mesmo que houvesse violência.

A vida prática, na colônia, forçava que todos relaxassem a lei. O número de mulheres brancas era muito menor do que o de homens na composição da elite. Em Minas Gerais, centro econômico do país durante quase todo o século 18, metade dos habitantes eram escravos. Em 1776, 60% da população era composta por homens. Mulheres brancas compunham apenas 8% dos mineiros. Boa parte dos casamentos entre pessoas livres, portanto, não se dava no papel e os relacionamentos estáveis entre homens brancos e mulheres negras eram a regra, não a exceção. O poeta inconfidente Inácio José de Alvarenga Peixoto casou-se com uma moça tida como uma das mais belas da elite local, Bárbara Heliodora, descendente dos bandeirantes que descobriram o ouro. Já tinham filhos quando finalmente um padre amigo os casou. Outro poeta revolucionário, Tomás Antônio Gonzaga, engatou uma longa relação com Maria Joaquina Anselma de Figueiredo, loura disputadíssima em Vila Rica. Teve com ela um filho e lhe dedicou alguns dos mais bonitos poemas de amor em português. Os historiadores a apelidaram de Marília loura, por ser uma das duas inspiradoras do Dirceu que ele encarnava em versos. Gonzaga era o número dois da administração portuguesa em Minas. Quando o número um, o governador Luís da Cunha Meneses, se mostrou interessado, Anselma virou as costas para o poeta. E este, com raiva, escreveu contra seu adversário as Cartas Chilenas nas quais Meneses se torna o corrupto governador Fanfarrão Minésio. A moça também teve com o segundo namorado outro filho. Nada disso era segredo na capital da província, e a atual Ouro Preto era a maior cidade das Américas. O terceiro poeta, Cláudio Manuel da Costa, jamais casou no papel, mas passou a vida com Francisca Arcângela de Sousa, uma escrava alforriada com quem teve cinco filhos. Xica da Silva, no Arraial do Tejuco, atual Diamantina, pode parecer exceção, mas não era. Metade das casas daquela cidade pertenciam a mulheres que haviam nascido escravas e se envolveram com homens da elite, quase sempre mais velhos, e que lhes deixavam por herança filhos, dinheiro e propriedades.

É impossível julgar, em cada um destes casos, onde há amor e onde há violência. Pois, em troca de sexo, garantiram cada uma destas mulheres não só deixar a senzala, com uma vida mais digna para elas e os filhos.

Embora a letra dura da lei fosse rígida, o conceito de honra e da liberdade sexual tinha sua fluidez, principalmente no povo, mas até mesmo na elite. Quem sofria particularmente eram as crianças. Quando engravidavam fora do casamento, as mulheres da elite sumiam por um tempo e os bebês recém-nascidos eram colocados nas rodas de expostos de conventos, dados sem muito destino. O primeiro filho de Anselma foi dado a um casal para que o criasse. Quando ela engravidou de Cunha Meneses, o governador a fez se casar com um militar, a quem subornou para assumir a criança. Mulheres negras que porventura ganhassem a alforria sem casar com o antigo senhor tinham só um jeito para o sustento: oferecer o corpo. Em muitas formas que não apenas o estupro, dos mais pobres aos mais ricos, a violência sexual contra a mulher era a norma.

A violência ligada ao sexo, por séculos, foi o pano de fundo do cotidiano brasileiro.

Quem é a vítima?

O estupro só ganhou o nome de estupro em 1890, quando o Brasil já era republicano. Permaneceu um crime que atingia a “segurança da honra, honestidade das famílias e do ultraje público”. Em 1940, modernizada, a lei o enquadrou entre “os crimes contra os costumes”. Ou seja, o crime ainda não era contra sua vítima e sim contra os valores da sociedade.

É a marca afonsina. Filipina. Colonial. Imperial. Chocantemente velha. A vítima não sofre pela violência brutal. Sofre pelo que vão pensar dela. Uma mulher desonrada.

A civilidade só veio em 2009, quando o Código Penal enxergou estupro como um crime “contra a dignidade sexual”.

Contra a dignidade humana.

Faz sete anos. E isso diz muito sobre nós.

Quando se duvida do estupro de uma adolescente porque é ativa sexualmente, há motivo. Por quase toda a história, mulheres que não tivessem um comportamento casto e submisso eram mulheres de quem se deve desconfiar. 450 anos de Brasil pesam sobre nós. Sobre como pensamos. Sobre nossos costumes.


É assim que nasce a cultura do estupro.”

segunda-feira, 30 de maio de 2016

A semana - Renan e Sarney entram na farra das delações. E o Cunha repete: "Tchau, querida!"




Por Zé Carlos

Difícil até começar esta coluna hoje. O que se tinha para sorrir já se sorriu. Basta ligar a TV, ver o noticiário e bolar de rir. Vejam que até ontem, no domingo, quando pensava que havia fechado este espaço semanal, lá vem uma nova delação. Isto já está ficando monótono. Se não fosse sobre o Ministro da Transparência, Fiscalização e Controle do governo Temer, eu nem comentaria aqui. Ou seja, o Temer colocou a raposa para tomar conta do galinheiro. Estamos realmente num mato sem cachorros. Está difícil para o Temer, o nosso mordomo vitalício.

No entanto, precisamos continuar e voltar para o início da semana, para “torturar pelo riso” os nossos parcos leitores. Oh! Missão cruel!

A semana praticamente começou com os congressistas tendo que trabalhar. Não, não riam, eles ficaram um dia inteiro julgando os vetos de nossa musa, a Dilma, para poderem votar a meta fiscal do Temer que, tentando imitar a Dilma, foi dobrada. A Dilma dizia que gastou além da conta, e Temer descobriu que não havia nem conta. E os congressistas, coitados, tiveram que trabalhar, fazendo o trabalho de 1 ano em um dia, para não deixar o Temer, o mordomo, servindo aos fregueses numa bandeja vazia. Viraram à noite em um show de humor de quase 24 horas de duração, do qual eu só consegui ver algumas partes. Claro que o destaque foi para turma do PT cuja função era se fazerem de palhaço atirando tortas nas caras dos outros para fazer rir o distinto público. E digo, que só se conseguiu terminar o show porque a Gleisi Hoffman dormiu no palco. Renan aproveitou o cochilo e encerrou o show, com a vitória dos humoristas do Temer.

Por falar em Renan, fazia tempo que ele não protagonizava um espetáculo como o fez esta semana. Além de levar adiante o prometido ao Temer, de aprovar o rombo do orçamento, ele se meteu no maior imbróglio da semana, quando o ex-senador Sérgio Machado, o homem bomba da semana, delatou tanto e tanto, que esta semana vai ficar conhecida na história como a “Semana da Delações”. Os mais atingidos até agora são o Jucá, o Sarney e o próprio Renan, que de tão amigo do Sérgio Juruna, como o chama nosso colaborador o Zezinho de Caetés. Basta dizer que o Juruna moderno era tão amigo do Renan, que deve ter gravado até um “pum”, cujo som foi colocado como inaudível. Mas, bastam os poucos sons audíveis para verificar que  “se gritar pega poltrão, não fica um, meu irmão!”.

O que se pode concluir das “delações seriadas” do “gravador geral da república”, seria de fazer chorar qualquer um que não soubesse que vivemos no Brasil, onde se sabe, desde o Pero Vaz de Caminha, que nosso lema é “mateus primeiro os teus!”. Quando o Renan diz, entre um “pum” e outro que o Procurador Geral da República é um mau caráter, seria uma ofensa grave se não soubéssemos que o show de humor deve continuar, pois o Janot, que foi o xingado, está com tantos processos de Renan nas mãos, e nada faz, que corrobora sua “piada”. E o Sarney, dizendo que o Lula agora só vive chorando, e, eu pegando o mote digo que deve estar chorando tanto que não pode nem falar mais, pois é o Instituto Lula que por ele fala. Pareceria uma coisa muito séria e nem deveria constar desta coluna semanal. No entanto, quando vemos o humor neste país não tem fim, não temos como não colocar. Afinal de contas, aqui até se pratica o estupro coletivo (argh!).

E o que os gravados falam da nossa musa a Dilma, chega dá pena, se ela também não aprontasse das suas. Sua vida agora é andar por este país, contando, além da lorota do golpe, que é uma mulher extremamente honesta, que é a piada que foi tanto utilizada pelo PT que se gastou no meio das delações. Sua missão agora é, mesmo afastada, não sair da ribalta dos risos. Basta ver uma de suas últimas entrevistas para mostrar a força interior de nossa, ainda hoje, a maior pândega, seguida de perto pelo Lula, e vindo por fora agora, muitos outros que serão assuntos preferenciais nesta coluna:

“Folha - Vamos começar falando sobre o impeachment.

Dilma Rousseff - Pois não.

A senhora precisa ter 27 votos contrários a ele no Senado.

É melhor falar que precisamos de 30.

E só teve 22 na votação da admissibilidade. Acredita mesmo que pode voltar?

Dilma Rousseff - Nós podemos reverter isso. Vários senadores, quando votaram pela admissibilidade [do processo de impeachment], disseram que não estavam declarando [posição] pelo mérito [das acusações, que ainda seriam analisadas]. Então eu acredito.

Sobretudo porque as razões do impeachment estão ficando cada vez mais claras. E elas não têm nada a ver com seis decretos ou com Plano Safra [medidas consideradas crimes de responsabilidade].

Fernando Henrique Cardoso assinou 30 decretos similares aos meus. O Lula, quatro. Quando o TCU disse que não se podia fazer mais [decretos], nós não fizemos mais. O Plano Safra não tem uma ação minha. Pela lei, quem executa [o plano] são órgãos técnicos da Fazenda.

Ou seja, não conseguem dizer qual é o crime que eu cometi. Em vista disso, e considerando a profusão de detalhes que têm surgido a respeito das causas reais para o meu impeachment, eu acredito que é possível [barrar o impedimento no Senado].

A Folha - A senhora se refere às conversas telefônicas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, com os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros e com o ex-presidente José Sarney?

Dilma Roussef - Eu li os três [diálogos]. Eles mostram que a causa real para o meu impeachment era a tentativa de obstrução da Operação Lava Jato por parte de quem achava que, sem mudar o governo, a "sangria" continuaria. A "sangria" é uma citação literal do senador Romero Jucá.

Outro dos grampeados diz que eu deixava as coisas [investigações] correrem. As conversas provam o que sistematicamente falamos: jamais interferimos na Lava Jato. E aqueles que quiseram o impeachment tinham esse objetivo. Não sou eu que digo. Eles próprios dizem.”

Claro que não vou citar a entrevista toda porque quero meus leitores ainda vivos, porque ao ler que a Dilma, a própria, diz que o Renan, o Jucá e Temer, contaram a piada da sangria, não aguentariam continuar. Como é que se pode pensar que um humorista que depende de todos os outros para o seu sucesso fale mal de alguém com seriedade. Pelos bigodes de Sarney! Claro que só pode ser piada. Enfim, o único cara sisudo que ainda continuo a observar, e até hoje não disse uma piada sequer e portanto, está quase ausente desta coluna, é o juiz Sérgio Moro. Este realmente é muito ruim de humor. Só fala coisas sérias. Que chato! Vejam que a turma que ele comanda, a chamada operação Lava Jato, faz sucesso com outros gêneros da arte, mas, no humor, é zero à esquerda. Somente para continuar na linha do humor dilmiano cito mais um trecho da entrevista da Dilma, nossa eterna musa:

“ Folha - Mas era melhor cair a fazer um acordo político com ele [Eduardo Cunha]?

Dilma Roussef - Fazer acordo com Eduardo Cunha é se submeter à pauta dele. Não se trata de uma negociação tradicional de composição. E sim de negociação em que ele dá as cartas.

Jamais eu deixaria que ele indicasse o meu ministro da Justiça [referindo-se ao fato de o titular da pasta de Temer, Alexandre de Moraes, ter sido advogado de Cunha]. Jamais eu deixaria que ele indicasse todos os cargos jurídicos e assessores da subchefia da Casa Civil, por onde passam todos os decretos e leis.

Folha - A senhora se refere a nomeações do governo interino?

Dilma Roussef - Podem falar o que quiserem: o Eduardo Cunha é a pessoa central do governo Temer. Isso ficou claríssimo agora, com a indicação do André Moura [deputado ligado a Cunha e líder do governo Temer na Câmara]. Cunha não só manda: ele é o governo Temer. E não há governo possível nos termos do Eduardo Cunha.

Folha - Não haverá, na sua opinião, governo Temer possível?

Dilma Roussef - Vão ter de se ajoelhar.”

Vocês podem ver, se ainda estiverem conseguindo ler, a capacidade de inventar da nossa musa. Vai se passar muito tempo para aparecer outro humorista deste jaez. Vejam bem que toda esta briga com o Cunha, nosso Malvado Favorito, foi porque ele se recusou a fazer um show junto com ela. Agora, onde um chega com sua trupe ou outro sai de fininho. Vejam uma parte do show do Cunha, que poderia se chamar, se juntassem com o da Dilma, de “A Casa dos Enforcados”, onde no cartaz de propaganda da peça deveria estar o Teori Zavascki chutando o banquinho e deixando a corda esticar, retrucando a fala de Dilma em forma de mensagens, para provocar mais riso ainda:

“A primeira mensagem:

“Além da arrogância e das mentiras habituais, ela demonstra a sua incapacidade e despreparo para governar”.

A segunda mensagem:

“Além do crime de responsabilidade cometido e que motivou o seu afastamento, as suas palavras mostram o mal que ela fez ao país”.

A terceira mensagem:

“O custo da reeleição de Dilma para o povo brasileiro já está em 303 bilhões de déficit público, além de uns 700 bilhões de juros da dívida”.

A quarta mensagem:

“Com o descontrole das contas públicas, aumenta a inflação e a despesa de juros da dívida pública. A sua gestão foi um desastre”.

A quinta mensagem:

“Dilma mente tanto que já estamos aprendendo a identificar quando ela mente. Basta mover o lábios”.

A sexta mensagem:

Se até o Lula se arrependeu de ter escolhido ela, imaginem aqueles que ela fez de idiota, mentindo na eleição”.

A sétima mensagem:

“Para ela, apenas uma frase: Tchau querida”.”

Quando juntamos tudo isto e vemos que este é o grande debate político nacional, deveríamos nos juntar ao Lula em seu choro convulsivo. Eu só não o faço, agora mesmo, porque nesta coluna não entram coisas sérias. Só o humor abunda. E, não para rimar, mas para terminar, li que o Sérgio Juruna chamou nossa musa de “presidente bunda mole”. Aviso aos leitores que ele se referia ao período de antes da Dieta Ravena, cuja meta é deixar a sua “bunda dura”. A Dilma, a essas alturas, já deve ter dobrado a meta.


Fico por aqui à espera das novas e alegres delações, cuja fila cada vez mais se parece com as filas para arranjar emprego. Vem aí a do Pedro Correa, e a que é considerada a “delação das delações” que é a da Odebrecht, isto se o Zé Dirceu não decidir fazer a sua. Seria uma farra!

sexta-feira, 27 de maio de 2016

A presidente é bunda mole?




Por Zezinho de Caetés

Ontem, como me preparava para ir aos festejos religiosos de Corpus Christi, publiquei o texto genérico sobre “esquerda” e “direita”, que foge um pouco do tema atual da política brasileira que é usar um aparato tecnológico, que eu só via nos filmes, para fazer gravações de políticos.

Ontem estava lendo na mídia que as gravações feitas e já publicadas exigem um alto grau de tecnologia e a ajuda dos agentes (a não ser que o Sérgio Machado, que estavam chamando de Sérgio Juruna porque tinha usado um gravador, tenha obtido os equipamentos no câmbio negro) policiais, pois necessitam de uma van, aqueles carros que parecem uma Kombi, com um aparato enorme de aparelhos sofisticados para gravação.

Para mim, isto é uma novidade. Então os políticos que se cuidem. Ao invés de verificarem se os interlocutores estão com celular, usando um detector de metais ou colocando-os num bizaco, é melhor deixar o cabra nu, em pelo, para verificar se tem microfones, ou, pelo menos, olhar a rua para ver se há kombis por perto.

De qualquer forma o Sérgio Machado conseguiu, além do Jucá e do Renan, gravar o Sarney. Este deve ter sido o mais fácil, porque eu não acredito que ele, com sua idade, esteja por dentro de toda esta parafernália tecnológica. Num dos trechos da gravação (que reproduzimos abaixo) publicada pela Folha de São Paulo, ele, o Sarney cita o Amaral Peixoto que dizia: “dois já formavam uma reunião, e três era comício”. Ele não sabia que hoje, uma conversa a dois pode se tornar num país inteiro reunido, ouvindo as conspirações contra a Lava Jato.

E o pior de tudo é que o Sérgio Juruna sabia o que estava fazendo em todas as três gravações: Querendo se livrar do Sérgio Moro. Aliás, como todos os políticos que tem o rabo preso. E jogava cascas e mais cascas de bananas para os caras caírem. Ou seja, quanto mais sujeira aparecesse menor seria sua pena, e ontem soubemos que o Teori Zavascky, ministro do STF homologou a delação do Juruna o que significa que elas agora são oficiais nos inquéritos. Se isto continuar assim, vai haver choro e ranger de dentes, mais do que o Lula, segundo o Sarney, está chorando. Por via das dúvidas, eu até vou verificar agora se tem alguma Kombi aqui por perto, pois de vez em quando eu converso com meu gato, o Lulinha.

Um exemplo das “cascas de banana” é quando o Sérgio Machado diz que “A presidente é bunda mole”. Já pensou se o Sarney escorrega e diz que isto é verdade de forma direta? Seria um escândalo sexual, ao invés de político. Embora que, ele diz isto indiretamente, e também os outros gravados, porque se há alguma coisa em que há concordância geral entre eles é que a presidenta (naquela época) “já era!”.

Eu poderia continuar analisando o papo entre os dois, mas, acho melhor que os leitores concluam por si mesmos, se há algum bunda mole nesta história. Aliás, devo dizer que isto é apenas a ponto do iceberg, e pelo que estou lendo agora o Titanic é o Renan, que segundo o Juruna, era o grande beneficiário do esquema. Ainda tem muito de que falar.

PRIMEIRA CONVERSA
SARNEY - Olha, o homem está no exterior. Então a família dele ficou de me dizer quando é que ele voltava. E não falei ontem porque não me falou de novo. Não voltou. Tá com dona Magda. E eu falei com o secretário.
MACHADO - Eu vou tentar falar, que o meu irmão é muito amigo da Magda, para saber se ele sabe quando é que ela volta. Se ele me dá uma saída.
MACHADO- Presidente, então tem três saídas para a presidente Dilma, a mais inteligente...
SARNEY - Não tem nenhuma saída para ela.
MACHADO -...ela pedir licença.
SARNEY - Nenhuma saída para ela. Eles não aceitam nem parlamentarismo com ela.
MACHADO - Tem que ser muito rápido.
SARNEY - E vai, está marchando para ser muito rápido.
MACHADO - Que as delações são as que vem, vem às pencas, não é?
SARNEY - Odebrecht vem com uma metralhadora de ponto 100.
MACHADO - Olha, acabei de sair da casa do nosso amigo. Expliquei tudo a ele [Renan Calheiros], em todos os detalhes, ele acha que é urgente, tem que marcar uma conversa entre o senhor, o Romero e ele. E pode ser aqui... Só não pode ser na casa dele, porque entra muita gente. Onde o senhor acha melhor?
SARNEY - Aqui.
MACHADO - É. O senhor diz a hora, que qualquer hora ele está disponível, quando puder avisar o Romero, eu venho também. Ele [Renan] ficou muito preocupado. O sr. viu o que o [blog do] Camarotti botou ontem?
SARNEY - Não.
MACHADO - Alguém que vazou, provavelmente grande aliado dele, diz que na reunião com o PSDB ele teria dito que está com medo de ser preso, podia ser preso a qualquer momento.
SARNEY - Ele?
MACHADO - Ele, Renan. E o Camarotti botou. Na semana passada, não sei se o senhor viu, numa quinta ou sexta, um jornalista aí, que tem certa repercussão na área política, colocou que o Renan tinha saído às pressas daqui com medo dessa condição, delações, e que estavam sendo montadas quatro operações da Polícia Federal, duas no Nordeste e duas aqui. E que o Teori estava de plantão... Desculpe, presidente, não foi quinta não. Foi sábado ou domingo. E que o Teori estava de plantão com toda sua equipe lá no Ministério e que isso significaria uma operação... Isso foi uma... operação que iria acontecer em dois Estados do Nordeste e dois no sul. Presidente, ou bota um basta nisso... O Moro falando besteira, o outro falando isso. [inaudível] 'Renan, tu tem trinta dias que a bola está perto de você, está quase no seu colo'. Vamos fazer uma estratégia de aproveitar porque acabou. A gente pode tentar, como o Brasil sempre conseguiu, uma solução não sangrenta. Mas se passar do tempo ela vai ser sangrenta. Porque o Lula, por mais fraco que esteja, ele ainda tem... E um longo processo de impeachment é uma loucura. E ela perdeu toda... [...] Como é que a presidente, numa crise desse tamanho, a presidente está sem um ministro da Justiça? E não tem um plano B, uma alternativa. Esse governo acabou, acabou, acabou. Agora, se a gente não agir... Outra coisa que é importante para a gente, e eu tenho a informação, é que para o PSDB a água bateu aqui também. Eles sabem que são a próxima bola da vez.
SARNEY - Eles sabem que eles não vão se safar.
MACHADO - E não tinham essa consciência. Eles achavam que iam botar tudo mundo de bandeja... Então é o momento dela para se tentar conseguir uma solução a la Brasil, como a gente sempre conseguiu, das crises. E o senhor é um mestre pra isso. Desses aí o senhor é o que tem a melhor cabeça. Tem que construir uma solução. Michel tem que ir para um governo grande, de salvação nacional, de integração e etc etc etc.
SARNEY - Nem Michel eles queriam, eles querem, a oposição. Aceitam o parlamentarismo. Nem Michel eles queriam. Depois de uma conversa do Renan muito longa com eles, eles admitiram, diante de certas condições.
MACHADO - Não tem outa alternativa. Eles vão ser os próximos. Presidente: não há quem resista a Odebrecht.
SARNEY - Mas para ver como é que o pessoal...
MACHADO - Tá todo mundo se cagando, presidente. Todo mundo se cagando. Então ou a gente age rápido. O erro da presidente foi deixar essa coisa andar. Essa coisa andou muito. Aí vai toda a classe política para o saco. Não pode ter eleição agora.
SARNEY - Mas não se movimente nada, de fazer, nada, para não se lembrarem...
MACHADO - É, eu preciso ter uma garantia
SARNEY - Não pensar com aquela coisa apress... O tempo é a seu favor. Aquele negócio que você disse ontem é muito procedente. Não deixar você voltar para lá [Curitiba]
MACHADO - Só isso que eu quero, não quero outra coisa.
SARNEY - Agora, não fala isso.
MACHADO - Vou dizer pro senhor uma coisa. Esse cara, esse Janot que é mau caráter, ele disse, está tentando seduzir meus advogados, de eu falar. Ou se não falar, vai botar para baixo. Essa é a ameaça, presidente. Então tem que encontrar uma... Esse cara é muito mau caráter. E a crise, o tempo é a nosso favor.
SARNEY - O tempo é a nosso favor.
MACHADO - Por causa da crise, se a gente souber administrar. Nosso amigo, soube ontem, teve reunião com 50 pessoas, não é assim que vai resolver crise política. Hoje, presidente, se estivéssemos só nos três com ele, dizia as coisas a ele. Porque não é se reunindo 50 pessoas, chamar ministros.. Porque a saída que tem, presidente, é essa que o senhor falou é isso, só tem essa, parlamentarismo. Assegurando a ela e o Lula que não vão ser... Ninguém vai fazer caça a nada. Fazer um grande acordo com o Supremo, etc, e fazer, a bala de Caxias, para o país não explodir. E todo mundo fazer acordo porque está todo mundo se fodendo, não sobra ninguém. Agora, isso tem que ser feito rápido. Porque senão esse pessoal toma o poder... Essa cagada do Ministério Público de São Paulo nos ajudou muito.
SARNEY - Muito.
MACHADO - Muito, muito, muito. Porque bota mais gente, que começa a entender... O Janio de Freitas já está na oposição, radicalmente, já está falando até em Operação Bandeirante. A coisa começou... O Moro começou a levar umas porradas, não sei o quê. A gente tem que aproveitar ess... Aquele negócio do crime do político [de inação]: nós temos 30 dias, presidente, para nós administrarmos. Depois de 30 dias, alguém vai administrar, mas não será mais nós. O nosso amigo tem 30 dias. Ele tem sorte. Com o medo do PSDB, acabou com ele, no colo dele, uma chance de poder ser ator desse processo. E o senhor, presidente, o senhor tem que entrar com a inteligência que não tem. E experiência que não tem. Como é que você faz reunião com o Lula com 50 pessoas, como é que vai querer resolver crise, que vaza tudo...
SARNEY - Eu ontem disse a um deles que veio aqui. Eu disse: 'Olhe, esqueçam qualquer solução convencional. Esqueçam!'.
MACHADO - Não existe, presidente.
SARNEY - 'Esqueçam, esqueçam!'
MACHADO - Eu soube que o senhor teve uma conversa com o Michel.
SARNEY - Eu tive. Ele está consciente disso. Pelo menos não é ele que...
MACHADO - Temos que fazer um governo, presidente, de união nacional.
SARNEY - Sim, tudo isso está na cabeça dele, tudo isso ele já sabe, tudo isso ele já sabe. Agora, nós temos é que fazer o nosso negócio e ver como é que está o teu advogado, até onde eles falando com ele em delação premiada.
MACHADO - Não estão falando.
SARNEY - Até falando isso para saber até onde ele vai, onde é mentira e onde é valorização dele.
MACHADO - Não é valoriz... Essa história é verdadeira, e não é o advogado querendo, e não é diretamente. É [a PGR] dizendo como uma oportunidade, porque 'como não encontrou nada...' É nessa.
SARNEY - Sim, mas nós temos é que conseguir isso. Sem meter advogado no meio.
MACHADO - Não, advogado não pode participar disso, eu nem quero conversa com advogado. Eu não quero advogado nesse momento, não quero advogado nessa conversa.
SARNEY - Sem meter advogado, sem meter advogado, sem meter advogado.
MACHADO - De jeito nenhum. Advogado é perigoso.
SARNEY - É, ele quer ganhar...
MACHADO - Ele quer ganhar e é perigoso. Presidente, não são confiáveis, presidente, você tá doido? Eu acho que o senhor podia convidar, marcar a hora que o senhor quer, e o senhor convidava o Renan e Romero e me diz a hora que eu venho. Qual a hora que o senhor acha melhor para o senhor?
SARNEY - Eu vou falar, já liguei para o Renan, ele estava deitado.
MACHADO - Não, ele estava acordado, acabei de sair de lá agora.
SARNEY - Ele ligou para mim de lá, depois que tinha acordado, e disse que ele vinha aqui. Disse que vinha aqui.
MACHADO - Ele disse para o senhor marcar a hora que quiser. Então como faz, o senhor combina e me avisa?
SARNEY - Eu combino e aviso.
[...]
MACHADO - O Moreira [Franco] está achando o quê?
SARNEY - O Moreira também tá achando que está tudo perdido, agora, não tem gente com densidade para... [inaudível]
MACHADO - Presidente, só tem o senhor, presidente. Que já viveu muito. Que tem inteligência. Não pode ser mais oba-oba, não pode ser mais conversa de bar. Tem que ser conversa de Estado-Maior. Estado-Maior analisando. E não pode ser um [...] que não resolve. Você tem que criar o núcleo duro, resolver no núcleo duro e depois ir espalhando e ter a soluç... Agora, foi nos dada a chave, que é o medo da oposição.
SARNEY - É, nós estamos... Duas coisas estão correndo paralelo. Uma é essa que nos interessa. E outra é essa outra que nós não temos a chave de dirigir. Essa outra é muito maior. Então eu quero ver se eu... Se essa chave... A gente tendo...
MACHADO - Eu vou tentar saber, falar com meu irmão se ele sabe quando é que ela volta.
SARNEY - E veja com o advogado a situação. A situação onde é que eles estão mexendo para baixar o processo.
MACHADO - Baixar o processo, são duas coisas [suspeitas]: como essas duas coisas, Ricardo, que não tem nada a ver com Renan, e os 500, que não tem nada a ver com o Renan, eles querem me apartar do Renan...
SARNEY - Eles quem?
MACHADO - O Janot e a sua turma. E aí me botar pro Moro, que tem pouco sentido ficar aqui. Com outro objetivo.
SARNEY - Aí é mais difícil, porque se eles não encontraram nada, nem no Renan nem no negócio, não há motivo para lhe mandar para o Paraná.
MACHADO - Ele acha que essas duas coisas são motivo para me investigar no Paraná. Esse é o argumento. Na verdade o que eles querem é outra coisa, o pretexto é esse. Você pede ao [inaudível] para me ligar então?
SARNEY - Peço. Na hora que o Renan marcar, eu peço... Vai ser de noite.
MACHADO - Tá. E o Romero também está aguardando, se o senhor achar conveniente.
SARNEY - [sussurrando] Não acho conveniente.
MACHADO - Não? O senhor que dá o tom.
SARNEY - Não acho conveniente. A gente não põe muita gente.
MACHADO - O senhor é o meu guia.
SARNEY - O Amaral Peixoto dizia isso: 'duas pessoas já é reunião. Três é comício'.
MACHADO - [rindo]
SARNEY - Então três pessoas já é comício.
[...]
*
SEGUNDA CONVERSA
SARNEY - Agora é coisa séria, acho que o negócio é sério.
MACHADO - Presidente, o cara [Sérgio Moro] agora seguiu aquela estratégia, de 'deslegitimizar' as coisas, agora não tem ninguém mais legítimo para falar mais nada. Pegou Renan, pegou o Eduardo, desmoralizou o Lula. Agora a Dilma. E o Supremo fez essa suprema... rasgou a Constituição.
SARNEY - Foi. Fez aquele negócio com o Delcídio. E pior foi o Senado se acovardar de uma maneira... [autorizou prisão do então senador].
MACHADO - O Senado não podia ter aceito aquilo, não.
SARNEY - Não podia, a partir dali ele acabou. Aquilo é uma página negra do Senado.
MACHADO - Porque não foi flagrante delito. Você tem que obedecer a lei.
SARNEY - Não tinha nem inquérito!
MACHADO - Não tem nada. Ali foi um fígado dos ministros. Lascaram com o André Esteves.. Agora pergunta, quem é que vai reagir?
[...]
MACHADO - O Senado deixar o Delcídio preso por um artista.
SARNEY - Uma cilada.
MACHADO - Cilada.
SARNEY - Que botaram eles. Uma coisa que o Senado se desmoralizou. E agora o Teori acabou de desmoralizar o Senado porque mostrou que tem mais coragem que o Senado, manda soltar.
MACHADO - Presidente, ficou muito mal. A classe política está acabada. É um salve-se quem puder. Nessa coisa de navio que todo mundo quer fugir, morre todo mundo.
[...]
SARNEY - Eu soube que o Lula disse, outro dia, ele tem chorado muito. [...] Ele está com os olhos inchados.
[...]
SARNEY - Nesse caso, ao que eu sei, o único em que ela está envolvida diretamente é que ela falou com o pessoal da Odebrecht para dar para campanha do... E responsabilizar aquele [inaudível]
MACHADO - Isso é muito estranho [problemas de governo]. Presidente, você pegar um marqueteiro, dos três do Brasil. [...] Deixa aquele ministério da Justiça que é banana, só diz besteira. Nunca vi um governo tão fraco, tão frágil e tão omisso. Tem que alguém dizer assim 'A presidente é bunda mole'. Não tem um fato positivo.
[...]
SARNEY - E o Renan cometeu uma ingenuidade. No dia que ele chegou, quem deu isso pela primeira vez foi a Délis Ortiz. Eu cheguei lá era umas 4 horas, era um sábado, ele disse 'já entreguei todos os documentos para a Delis Ortiz, provando que eu... que foi dinheiro meu'. Eu disse: 'Renan, para jornalista você não dá documento nunca. Você fazer um negócio desse. O que isso vai te trazer de dor de cabeça'. Não deu outra.
MACHADO - Renan erra muito no varejo. Ele é bom. [...] Presidente, não pode ser assim, varejista desse jeito.
[...]
SARNEY - Tudo isso é o governo, meu Deus. Esse negócio da Petrobras só os empresários que vão pagar, os políticos? E o governo que fez isso tudo, hein?
MACHADO - Acabou o Lula, presidente.
SARNEY - O Lula acabou, o Lula coitado deve estar numa depressão.

MACHADO - Não houve nenhuma solidariedade da parte dela.
SARNEY - Nenhuma, nenhuma. E com esse Moro perseguindo por besteira.

MACHADO - Tomou conta do Brasil. O Supremo fez a pedido dele.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Direita ou Esquerda?




Por Zezinho de Caetés

Hoje acordei um pouco filosófico e veio a calhar um texto que encontrei do Ricardo Bordin (que não conhecia), publicado no Blog do Augusto Nunes com o título: “O que a Esquerda, He-Man e Dançar na Rua têm em comum?” Fiquei curioso e fui lê-lo. Afinal de contas, em minha juventude fui um fã do He-Man, tanto qualquer criança da época que via TV.

E encontrei uma joia rara de didatismo para mostrar que o embate Esquerda x Direita, contempla até desenho animado. Ou vocês pensam que Esqueleto existiu mesmo? Já Dançar na rua pode até existir mas, nestes tempos bicudos de impeachment, ninguém nem, pelo menos, tem vontade de dançar. Ou se vai as ruas para dizer Fica Temer ou Fora Dilma. Quem não grita assim é da esquerda. Por que?

Basta ler o artigo abaixo para notar que esquerda é sempre relacionada à mudança e direita é relacionada ao conservadorismo. E ele tenta responder à pergunta: Do que precisamos mais? Penso que de ambas as visões, pois, ao contrário, com a direita viveríamos ainda na idade da pedra  lascada, ou com a esquerda nem com isso, porque todos quereriam lascar a pedra para ver o quem tem dentro.

Eu não diria aqui, para não cair no lugar comum de que “a virtude está no meio”,  como se a linha que tracemos para mostrar as ações sociais fosse tão bem definida que soubéssemos onde é seu meio. O problema é que ela não é tão bem definida. Pelo contrário, é tão difícil encontrar o seu meio, exatamente por que Deus escreve certo por linhas tortas, e só Ele saberia onde é o ponto central, e não revelou ao homem, apesar de toda grita dos religiosos de ele contou através dos livros sagrados. Como eles são muitos, voltamos à estaca zero.

O melhor para mim é procurar o meio de nossa linha individual e vivermos, o máximo possível de acordo com ele. Quando outro alguém nos impõe a linha em que devemos estar, já é um retrocesso. E uma das minhas ações básicas é defender a liberdade de cada um defender a sua linha e lutar pelo lugar que você sabe ser o seu meio.

Isto, para os mais espertos, soa como liberalismo e defesa daquilo que pensamos numa pluralidade de “centros” que pertencem a outros. E eu acrescentaria, do ponto de vista político e da necessidade da sobrevivência humana, transferirmos para outrem a escolha de onde deveria ser nosso lugar na linha, que, deveríamos evitar ao máximo que nossas decisões fossem, para esta esfera, que se chama modernamente da versão do Estado, a intervenção em sua linha conduta.

E quando pensamos assim, como eu, estamos sabendo que estamos longe do centro, mas também longe dos extremos, na direita ou na esquerda. Para mim, a melhor opção de localização, não é o centro, e sim, um tanto à direita, onde preservamos nossas tradições sem embotar nosso pensamento com o progresso, e permitindo que a linha seja um lugar para todos, e sem que alguns se arvorem de dizer onde devemos ficar.

Isto não é algo que possa ser definido de forma universal e para todos os homens. Temos um tempo histórico que deve ser obedecido, e que deve ser levado em consideração. Para resumir e deixá-los com o bom texto abaixo, penso que, no Brasil de hoje, depois do PT, um bom lugar na linha é lutar para que consigamos aprimorar nosso jovem sistema democrático, aprofundando o capitalismo e dando relevo ao nosso individualismo.

Será que estou sendo revolucionário demais e vão me chamar de esquerdista ou estaria sendo conservador de mais e serei chamado de direitista? Sei lá, nem eu mesmo ousaria me definir com uma palavra.

“O que poderia levar um internauta a abrir um tópico de discussão como esse da figura? Convencer um determinado grupo de pessoas, por meio de argumentação, que esquerdistas são “melhores” do que conservadores (incluindo, neste caso, simpatizantes de qualquer corrente de pensamento da direita) ou convencer apenas a si mesmo? Eis a única dúvida que repousa neste caso, a meu ver. Mas não pense que estamos diante de um caso isolado de baixa autoestima: oferecer a possibilidade de sentir-se como um verdadeiro “cavaleiro das boas intenções” costuma ser o principal método da esquerda para cooptar novos adeptos. E o pior é que funciona. Pior ainda é que costuma funcionar melhor com pessoas jovens!

Convenhamos que a proposta é tentadora: quem não quer sentir que está jogando no time que “defende os pobres”? Que está ao lado das “minorias” ou luta por um mundo “mais justo”? Todos querem estar do “lado do bem”. Desenvolvemos esse sentimento desde a mais tenra infância, quando torcemos para que o He-Man mate o Esqueleto, e levamos tal preceito no inconsciente para toda a vida. Quem não gostaria de estar na pele de Davi quando ele derruba o gigante Golias – personificados, respectivamente, nos “oprimidos pelo capitalismo desenfreado” e nas grandes corporações do mercado? Oferecer às pessoas a sensação de estar jogando no time dos mocinhos é quase irresistível. Como diria Chapolin Colorado, “sigam-me os bons”. Mas quem define quem são os bons? Só lamento ter de informar que o que a esquerda oferece não passa de uma sensação.

Quer oferecer algo que jamais será recusado? Ofereça aos jovens a possibilidade de lutar contra o establishment, de desafiar o status quo, de fazer uma revolução. A adolescência é a época da rebeldia contra as regras impostas pelos pais e pela sociedade ─ agravada pela dificuldade recorrente de muitos em sentir-se parte de um grupo ─, e canalizar essa energia para a política “transformadora” costuma render partidários fiéis e obedientes. Por outro lado, nada pode ser mais monótono e careta para os púberes do que o trabalho repetitivo diário, a família tradicional, a “monotonia” gerada pelos inegáveis avanços da civilização. Ponto para os partidos de esquerda, que costumam oferecer essa chance de aloprar, de jogar para o alto as “imposições do mercado”, de resetar tudo e começar do zero.

A tradição, então, passa a ser vista por esses jovens como um arcabouço moral que visa manter os privilégios da burguesia dominante e não mais como a consagração de valores e costumes que, em maior ou menor grau, contribuíram e contribuem para a estabilização da humanidade, para amansar o selvagem do homem. A partir daí, o clássico estudar/trabalhar/seguir regras/respeitar limites passa a ser visto como subserviência, e, portanto, a ser contestado e recusado por essa turma. Mais preocupante ainda é que muitos desses jovens não abandonam essa visão com o avançar da idade, e em diversos casos ainda aprofundam esse comportamento, invariavelmente apontando sua bazuca intelectual na direção do liberalismo econômico – o mesmo que, vez por outra, é convocado pela própria esquerda para pôr ordem nas contas públicas.

Edmund Burke, em seu clássico ensaio “Reflexões sobre a Revolução na França”, já criticava a radicalização dos revolucionários franceses por seu rompimento brusco e violento com os antigos costumes e com a tradição – com o uso indiscriminado da guilhotina. Transcrevo trecho célebre de sua obra: “É impossível estimar a perda que resulta da supressão dos antigos costumes e regras de vida. A partir desse momento, não há bússola que nos guie, nem temos meios de saber a qual porto nos dirigimos. A Europa, considerada em seu conjunto, estava sem dúvida em uma situação florescente quando a Revolução Francesa foi consumada. Quanto daquela prosperidade não se deveu ao espírito de nossos costumes e opiniões antigas não é fácil dizer; mas, como tais causas não podem ter sido indiferentes a seus efeitos, deve-se presumir que, no todo, tiveram uma ação benfazeja”. Em outras palavras, a humanidade chegou ao atual estágio civilizatório não porque ignorou todos os aprendizados transmitidos pelas gerações anteriores e, sim, porque cada sucessor partiu de onde o sucedido havia parado.

E o que nos ensinaram as experiências de diversas nações no campo econômico? Que quanto mais livre o sistema, melhores serão as condições de vidas de todos os cidadãos, especialmente dos mais pobres – acreditem: os alemães pobres não pulavam o muro de Berlim do lado ocidental para o oriental. Deveríamos, então, em nome da filosofia de manter a “mente aberta”, ignorar tais lições e partir de uma tábula rasa? Eu considero que mais de 100 milhões de mortes não podem ter sido em vão!

Por falar em mortes, é digno de nota que, uma vez que pessoas são convencidas de que estão lutando o “bom combate”, elas passam a acreditar que quaisquer métodos serão toleráveis em prol de seu ideal. Vale absolutamente tudo no jogo do Bem contra o Mal, inclusive virar a mesa e cuspir no adversário reacionário. Todas as atrocidades do comunismo foram “justificadas” partindo desse princípio: tudo é permitido na busca de uma sociedade igualitária – menos estudar, trabalhar e produzir, claro. Se o monopólio das boas intenções está comigo, do outro lado só pode haver um fascista. Porrada nele!

Contestar a busca pela estabilidade é remar contra a natureza humana, que busca incessantemente reduzir o caos em seu cotidiano. Evidência disso é que turistas de países desenvolvidos gostam de visitar países como o Brasil, mas dificilmente cogitam fincar raízes em um lugar tão instável. E todos somos assim: gostamos de aventuras na desordem, mas no final do dia queremos voltar para casa. Até mesmo o mais mulherengo dos homens, eventualmente, vai acabar casando – não estou rogando praga, viu: casar é bom pra caramba! Conheço pessoas que moram em Curitiba, a capital MENOS bagunçada do Brasil, e que costumam criticar o povo Curitibano e seus hábitos MENOS brasileiros, como evitar jogar lixo no chão e manter um círculo de amigos mais restrito. Todavia, esse pessoal não quer se mudar para outra cidade, e alguns que se mudaram acabaram voltando. Normal: é da natureza humana, como explicado.

Papel essencial na formação desta dicotomia desempenham os estúdios de Hollywood e os dramaturgos nacionais, que disseminam a cultura de ódio aos “capitalistas”, como se nós, que fazemos trocas voluntárias todos os dias, não fossemos capitalistas também. É explícito que os protagonistas das tramas quase sempre são pessoas que não valorizam os bens materiais, ao passo que os antagonistas, indefectivelmente, são gananciosos que desprezam qualquer coisa que não possa ser comprada. O mantra “trabalhe menos, viva mais” é difundido à exaustão (há de se notar que o carpe diem de Horácio pregava “colher o dia” no sentido de evitar gastar o tempo com coisas inúteis, e não da vagabundagem). Todavia, é fato que os melhores IDH no mundo são observados em sociedades capitalistas que adotaram medidas de cunho liberal em sua economia – possivelmente a Nova Zelândia seja o exemplo atual mais emblemático. Mas isso talvez não renda audiência para o filme ou para a novela.

Já que a tônica é “problematizar” (passatempo favorito da esquerda), não seria de bom tom que os esquerdistas, antes de virarem “inocentes úteis” (versão menos ofensiva da expressão cunhada por Lenin), checassem se as medidas que propõem, são, de fato, benéficas à população? Será que lutar por ajuda estatal (ou seja, com o dinheiro dos pagadores de impostos – inclusive dos ajudados) para todos os cidadãos (experimente somar todas as minorias do Brasil e ver o resultado) é melhor do que reivindicar privilégios para quem realmente está em desvantagem competitiva, como portadores de necessidade especiais e idosos? Será que desejar que a renda seja distribuída, em detrimento de enxugar o Estado para que circule mais dinheiro nas mãos da iniciativa privada é mesmo o melhor para as pessoas baixa renda, ou vai apenas fazer com que quase todos virem pessoas de baixa renda? Será que aumentar tributos para subsidiar o não-trabalho vai fazer nossa sociedade evoluir mesmo? E será que já cogitaram a hipótese de que muitos pobres só são pobres em decorrência do tamanho do Estado, e não apesar dele? Vou deixar Milton Friedman encerrar este parágrafo: “Geralmente a solução do governo para um problema é tão ruim quanto o próprio problema”. Para não mencionar que costumam custar muito caro!

Eis o “X” da questão: essa sensação de altruísmo que as pessoas buscam na esquerda é uma falácia. Apoiar partidos com aspirações socialistas para se sentir bem consigo mesmo – nem que para isso seja necessário desviar o olhar dos fatos, estes eternos adversários da esquerda – pode ser confortável (dá para fazer até do sofá de casa), mas não repercute positivamente na vida de ninguém. Por isso, deixo sugestões de ordem prática para aqueles que querem “melhorar o mundo”: doe dinheiro para um orfanato; use seu domingo para prestar serviços gratuitos para um asilo; desenvolva ações filantrópicas diversas. Enfim, não queira financiar o Estado para que ele preste auxílio: faça você mesmo.

Aliás, essa menor intervenção estatal é fundamental pelo simples motivo de que há pessoas desonestas tanto entre os políticos de esquerda quanto entre os de direita – e justamente por isso é salutar que essas pessoas não possuam poder de causar muito impacto em nossas vidas com suas atitudes. Vamos de Milton Friedman uma vez mais: “O poder para fazer coisas certas é também poder para fazer coisas erradas; os que controlam o poder hoje podem não ser os mesmos de amanhã”.

Ainda nesse sentido, menos governo e mais iniciativa privada significam mais “boas ações”. Ou você não é grato ao padeiro que acorda cedo todo dia para fazer pão para as pessoas do seu bairro, ou ao açougueiro que prepara a carne para seu churrasco com seus amigos? Ah, mas eles não pretendiam ajudar ninguém, queriam apenas lucro, os gananciosos. Pois é…

E se você achou estranho um fórum nos Estados Unidos com esse tipo de tópico, provavelmente também ficaria surpreso em saber que a esquerda avança a passos muito largos naquele país. Bernie Sanders, quase um Che Guevara de cabelos brancos e sem boina, é que não deve ter ficado surpreso com tanto apoio recebido nas prévias do partido Democrata. Não tem jeito: uma população com tanta “elite culpada” é um prato cheio para os “progressistas” (palavra que não me conformo ter sido colada pela esquerda).

Um dia desses, no seriado Mom, vi uma cena muito elucidativa. A mãe fala para a filha, fingindo muita emoção: “Vá e dance como se ninguém estivesse olhando; viva como se não houvesse amanhã; ame sem limites; e na volta, traga-me um balde de frango frito, extra crocante”. É por aí mesmo: é bacana se deixar levar pelos instintos às vezes, mas bom mesmo é poder viver nossas vidinhas, assistir TV com a família e dar comida para o cachorro.


Reze agradecendo a Deus todo dia o fato de que a maioria das pessoas possui rotinas chatas e enfadonhas: são elas que garantem boa parte da estabilidade do mundo moderno, além dos serviços e produtos que estão a nosso alcance. Que bom que os caixas do supermercado hoje não saíram dançando na rua como se não houvesse amanhã, senão eu teria ficado sem leite. Pode ser coisa da minha cabeça, mas eu me sinto grato apenas por acordar vivo todo dia. Não precisa muito mais, não. E se eu quiser mais, vou correr atrás.”

quarta-feira, 25 de maio de 2016

O "Pacote do Temer" e a gravação do Renan




Por Zezinho de Caetés

Ontem fiquei esperando, até certas horas, para saber se o Congresso aprovaria a nova Meta Fiscal do governo que é apenas uma parte do “Pacote do Temer”. Não cheguei a ver o final e só hoje vi as notícias de que a meta foi aprovada. Ou seja, a partir de um superávit fiscal de 24 bilhões de reais, como previa a ex-presidenta, os nossos parlamentares aprovaram um déficit de 170 bilhões.

O que isto diz, aos menos dotados na área da Economia, pode ser visto assim: Imagine uma dona de casa, que à revelia do marido gastava feito perua em loja de grife, e dizia ao marido, quando ele desconfiava que na sua carteira estava faltando dinheiro, que ainda sobrava algum, no final do mês. Um belo dia, então, o marido a pegou na loja com um monte de sacolas, e, sob “vara”, ela confessou que gastara mais, porém, era para ficar bonita, mesmo que ele não permitisse. Não deu outra, foi impichada pelo marido, que ao assumir as despesas da casa, descobriu que não sobrava dinheiro nenhum no final do mês, e além disso havia um enorme rombo no orçamento para ele pagar.

E o pior, se ele não pagasse, as crianças deixariam de ir para a escola e até poderiam passar fome. O que ele fez então? Falou com os credores, pedindo pelo amor de Deus, que deixassem ele com a dívida para continuar comendo, prometendo que faria um esforço enorme para, a partir dali, não gastar mais do que ganha, e ainda economizar nas despesas comprando farinha de segunda.

O que o Congresso fez ontem foi aprovar este objetivo do marido, esperando que ele cumpra a promessa de gastar menos, pois se não o fizer, coitados dos seus filhinhos. O que estamos esperando é que o marido cumpra a promessa.

Quem é esperto já imaginou que a mulher poderia ser a ex-presidenta inadimplenta e o marido poderia ser o  Temer, que mesmo ontem já lançou seu pacote, onde promete cumprir o que foi combinado. É óbvio que tudo, ou quase tudo depende do Congresso e também, com quase certeza, do Judiciário. Mas, o que ele propôs, foi bem aceito pelos economistas, embora, já se preveja que não agradará muito aos que dependem das verbas federais, o que, depois de 13 anos de PT, não é pouca gente. Ou seja, vai faltar verba para a mortadela.

A ideia de só gastar o que se gastou no ano anterior é uma boa ideia para o marido traído, no entanto, pode se esperar que os filhos, que também sofrerão, farão seus protestos. E foi isto a que se propôs ontem o anúncio do pacote do Temer, entre outras coisas. Eu já estou pensando como chegarei no ano 2020, com a minha aposentadoria, se a inflação não for controlada. Mas, isto é a mesma coisa que “dar ouro para o bem do Brasil”, se não roubarem o ouro, pode até ser que eu não fique sem ela, até o final da vida.

Outra medida do Temer que é importante, foi verificar onde o PT socou o nosso dinheirinho para fazer farra e pagar as palestras de Lula, meu conterrâneo, pelo mundo. Quer de volta uma parte mínima do que nós demos ao BNDES para fazer obras em países estranhos e com hábitos ditatoriais arraigados, como Venezuela e Cuba (este já deixou o anti-americanismo de lado, e agora quer se pendurar nas tetas dos americanos). Alguns já estão dizendo que é a primeira “pedalada” do Temer, embora ele tenha dito que a medida ainda vai ser enquadrada na legislação nacional, de alguma forma.

E esta é a vantagem clara de ter um presidente que sabe que existem leis e instituições no país, que devem ser cumpridas e respeitadas, além de saber falar português. E ontem, ele foi outra vez mais de mesóclise em punho, com o intuito claro de mostrar ao Lula e à Dilma, com quantas letras se faz uma língua bem falado ao dizer: “... e se houver equívoco, conserta-lo-ei”. Chega me arrepiei. Se alguns brasileiros não entenderam isto, que protestem contra o padrão educacional tipo Lula, onde se observa mais a quantidade do que a qualidade, que voltem à gramática.  Se estes protestos forem violentos, ilegais, ou prejudiquem o bom funcionamento das instituições enquadra-los-emos.

E, ontem foi a vez do Jucá, hoje foi a vez do Renan, ter uma conversa revelada pelo que estão chamando o Gravador Geral da República, o Sérgio Machado. Pelo que eu entendi da conversa publicada na Folha de São Paulo e já transcrita pela mídia, ao lê-la, não vi nenhuma conspiração contra a lava-jato, mas, vi coisa pior, quando o Renan defende que o Lula como ministro, seria a solução para todos, e mostra que o Lula, é que realmente foi o grande conspirador do que os petistas ainda chamam de “golpe”. Parece que já estava tudo combinado.

Transcrevo abaixo os trechos da conversa como publicado pela mídia para que vocês tirem suas próprias conclusões. Fiquem com o diálogo que eu vou esperar junto a minha TV de 14 polegadas, e ainda analógica, quem será o próximo que foi gravado.

Trecho do diálogo gravado por Sérgio Machado, entre ele e Renan Calheiros:

“SÉRGIO MACHADO – Agora, Renan, a situação tá grave.
RENAN CALHEIROS – Grave e vai complicar. Porque Andrade fazer [delação], Odebrecht, OAS. [falando a outra pessoa, pede para ser feito um telefonema a um jornalista]
MACHADO – Todos vão fazer.
RENAN – Todos vão fazer.
MACHADO – E essa é a preocupação. Porque é o seguinte, ela [Dilma] não se sustenta mais. Ela tem três saídas. A mais simples seria ela pedir licença…
RENAN – Eu tive essa conversa com ela.
MACHADO – Ela continuar presidente, o Michel assumiria e garantiria ela e o Lula, fazia um grande acordo. Ela tem três saídas: licença, renúncia ou impeachment. E vai ser rápido. A mais segura para ela é pedir licença e continuar presidente. Se ela continuar presidente, o Michel não é um sacana…
RENAN – A melhor solução para ela é um acordo que a turma topa. Não com ela. A negociação é botar, é fazer o parlamentarismo e fazer o plebiscito, se o Supremo permitir, daqui a três anos. Aí prepara a eleição, mantém a eleição, presidente com nova…
[atende um telefonema com um jornalista]
RENAN – A perspectiva é daquele nosso amigo.
MACHADO – Meu amigo, então é isso, você tem trinta dias para resolver essa crise, não tem mais do que isso. A economia não se sustenta mais, está explodindo…
RENAN – Queres que eu faça uma avaliação verdadeira? Não acredito em 30 dias, não. Porque se a Odebrecht fala e essa mulher do João Santana fala, que é o que está posto…
[apresenta um secretário de governo de Alagoas]
MACHADO – O Janot é um filho da puta da maior, da maior…
RENAN – O Janot… [inaudível]
MACHADO – O Janot tem certeza que eu sou o caixa de vocês. Então o que que ele quer fazer? Ele não encontrou nada nem vai encontrar nada. Então ele quer me desvincular de vocês, mediante Ricardo e mediante e mediante do Paulo Roberto, dos 500 [mil reais], e me jogar para o Moro. E aí ele acha que o Moro, o Moro vai me mandar prender, aí quebra a resistência e aí fudeu. Então a gente de precisa [inaudível] presidente Sarney ter de encontro… Porque se me jogar lá embaixo, eu estou fodido. E aí fica uma coisa… E isso não é análise, ele está insinuando para pessoas que eu devo fazer [delação], aquela coisa toda… E isso não dá, isso quebra tudo isso que está sendo feito.
RENAN – [inaudível]
MACHADO – Renan, esse cara é mau, é mau, é mau. Agora, tem que administrar isso direito. Inclusive eu estou aqui desde ontem… Tem que ter uma ideia de como vai ser. Porque se esse vagabundo jogar lá embaixo, aí é uma merda. Queria ver se fazia uma conversa, vocês, que alternativa teria, porque aí eu me fodo.
RENAN – Sarney.
MACHADO – Sarney, fazer uma conversa particular. Com Romero, sei lá. E ver o que sai disso. Eu estou aqui para esperar vocês para poder ver, agora, é um vagabundo. Ele não tem nada contra você nem contra mim.
RENAN – Me disse [inaudível] ‘ó, se o Renan tiver feito alguma coisa, que não sei, mas esse cara, porra, é um gênio. Porque nós não achamos nada.’
MACHADO – E já procuraram tudo.
RENAN – Tudo.
MACHADO – E não tem. Se tivesse alguma coisa contra você, já tinha jogado… E se tivesse coisa contra mim [inaudível]. A pressão que ele quer usar, que está insinuando, é que…
RENAN – Usou todo mundo.
MACHADO – …está dando prazos etc é que vai me apartar de vocês. Mesma coisa, já deu sinal com a filha do Eduardo e a mulher… Aquele negócio da filha do Eduardo, a porra da menina não tem nada, Renan, inclusive falsificaram o documento dela. Ela só é usuária de um cartão de crédito. E esse é o caminho [inaudível] das delações. Então precisa ser feito algo no Brasil para poder mudar jogo porque ninguém vai aguentar. Delcídio vai dizer alguma coisa de você?
RENAN – Deus me livre, Delcídio é o mais perigoso do mundo. O acordo [inaudível] era para ele gravar a gente, eu acho, fazer aquele negócio que o J Hawilla fez.
MACHADO – Que filho da puta, rapaz.
RENAN – É um rebotalho de gente.
MACHADO – E vocês trabalhando para poder salvar ele.
RENAN – [Mudando de assunto] Bom, isso aí então tem que conversar com o Sarney, com o teu advogado, que é muito bom. [inaudível] na delação.
MACHADO – Advogado não resolve isso.
RENAN – Traçar estratégia. [inaudível]
MACHADO – [inaudível] quanto a isso aí só tem estratégia política, o que se pode fazer.
RENAN – [inaudível] advogado, conversar, né, para agir judicialmente.
MACHADO – Como é que você sugeriria, daqui eu vou passar na casa do presidente Sarney.
RENAN – [inaudível]
MACHADO – Onde?
RENAN – Lá, ou na casa do Romero.
MACHADO – Na casa do Romero. Tá certo. Que horas mais ou menos?
RENAN – Não, a hora que você quiser eu vou estar por aqui, eu não vou sair não, eu vou só mais tarde vou encontrar o Michel.
MACHADO – Michel, como é que está, como é que está tua relação com o Michel?
RENAN – Michel, eu disse pra ele, tem que sumir, rapaz. Nós estamos apoiando ele, porque não é interessante brigar. Mas ele errou muito, negócio de Eduardo Cunha… O Jader me reclamou aqui, ele foi lá na casa dele e ele estava lá o Eduardo Cunha. Aí o Jader disse, ‘porra, também é demais, né’.
MACHADO – Renan, não sei se tu viu, um material que saiu na quinta ou sexta-feira, no UOL, um jornalista aqui, dizendo que quinta-feira tinha viajado às pressas…
RENAN – É, sacanagem.
MACHADO – Tu viu?
RENAN – Vi.
MACHADO – E que estava sendo montada operação no Nordeste com Polícia Federal, o caralho, na quinta-feira.
RENAN – Eu vi.
MACHADO – Então, meu amigo, a gente tem que pensar como é que encontra uma saída para isso aí, porque isso aí…
RENAN – Porque não…
MACHADO – Renan, só se fosse imbecil. Como é que tu vai sentar numa mesa para negociar e diz que está ameaçado de preso, pô? Só quem não te conhece. É um imbecil.
RENAN – Tem que ter um fato contra mim.
MACHADO – Mas mesmo que tivesse, você não ia dizer, porra, não ia se fragilizar, não é imbecil. Agora, a Globo passou de qualquer limite, Renan.
RENAN – Eu marquei para segunda-feira uma conversa inicial com [inaudível] para marcar… Ela me disse que a conversa dela com João Roberto [Marinho] foi desastrosa. Ele disse para ela… Ela reclamou. Ele disse para ela que não tinha como influir. Ela disse que tinha como influir, porque ele influiu em situações semelhantes, o que é verdade. E ele disse que está acontecendo um efeito manada no Brasil contra o governo.
MACHADO – Tá mesmo. Ela acabou. E o Lula, como foi a conversa com o Lula?
RENAN – O Lula está consciente, o Lula disse, acha que a qualquer momento pode ser preso. Acho até que ele sabia desse pedido de prisão lá…
MACHADO – E ele estava, está disposto a assumir o governo?
RENAN – Aí eu defendi, me perguntou, me chamou num canto. Eu acho que essa hipótese, eu disse a ele, tem que ser guardada, não pode falar nisso. Porque se houver um quadro, que é pior que há, de radicalização institucional, e ela resolva ficar, para guerra…
MACHADO – Ela não tem força, Renan.
RENAN – Mas aí, nesse caso, ela tem que se ancorar nele. Que é para ir para lá e montar um governo. Esse aí é o parlamentarismo sem o Lula, é o branco, entendeu?
MACHADO – Mas, Renan, com as informações que você tem, que a Odebrecht vai tacar tiro no peito dela, não tem mais jeito.
RENAN – Tem não, porque vai mostrar as contas. E a mulher é [inaudível].
MACHADO – Acabou, não tem mais jeito. Então a melhor solução para ela, não sei quem podia dizer, é renunciar ou pedir licença.
RENAN – Isso [inaudível]. Ela avaliou esse cenário todo. Não deixei ela falar sobre a renúncia. Primeiro cenário, a coisa da renúncia. Aí ela, aí quando ela foi falar, eu disse, ‘não fale não, pelo que conheço, a senhora prefere morrer’. Coisa que é para deixar a pessoa… Aí vai: impeachment. ‘Eu sinceramente acho que vai ser traumático. O PT vai ser desaparelhado do poder’.
MACHADO – E o PT, com esse negócio do Lula, a militância reacendeu.
RENAN – Reacendeu. Aí tudo mundo, legalista… Que aí não entra só o petista, entra o legalista. Ontem o Cassio falou.
MACHADO – É o seguinte, o PSDB, eu tenho a informação, se convenceu de que eles é o próximo da vez.
RENAN – [concordando] Não, o Aécio disse isso lá. Que eu sou a esperança única que eles têm de alguém para fazer o…
MACHADO – [Interrompendo] O Cunha, o Cunha. O Supremo. Fazer um pacto de Caxias, vamos passar uma borracha no Brasil e vamos daqui para a frente. Ninguém mexeu com isso. E esses caras do…
RENAN – Antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação e estabelece isso.
MACHADO – Acaba com esse negócio da segunda instância, que está apavorando todo mundo.
RENAN – A lei diz que não pode prender depois da segunda instância, e ele aí dá uma decisão, interpreta isso e acaba isso.
MACHADO – Acaba isso.
RENAN – E, em segundo lugar, negocia a transição com eles [ministros do STF].
MACHADO – Com eles, eles têm que estar juntos. E eles não negociam com ela.
RENAN – Não negociam porque todos estão putos com ela. Ela me disse e é verdade mesmo, nessa crise toda –estavam dizendo que ela estava abatida, ela não está abatida, ela tem uma bravura pessoal que é uma coisa inacreditável, ela está gripada, muito gripada– aí ela disse: ‘Renan, eu recebi aqui o Lewandowski,
querendo conversar um pouco sobre uma saída para o Brasil, sobre as dificuldades, sobre a necessidade de conter o Supremo como guardião da Constituição. O Lewandowski só veio falar de aumento, isso é uma coisa inacreditável’.

MACHADO – Eu nunca vi um Supremo tão merda, e o novo Supremo, com essa mulher, vai ser pior ainda. […]
MACHADO – […] Como é que uma presidente não tem um plano B nem C? Ela baixou a guarda. [inaudível]
RENAN – Estamos perdendo a condição política. Todo mundo.
MACHADO – [inaudível] com Aécio. Você está com a bola na mão. O Michel é o elembto número um dessa solução, a meu ver. Com todos os defeitos que ele tem.
RENAN – Primeiro eu disse a ele, ‘Michel, você tem que ficar calado, não fala, não fala’.
MACHADO – [inaudível] Negócio do partido.
RENAN – Foi, foi [inaudível] brigar, né.
MACHADO – A bola está no seu colo. Não tem um cara na República mais importante que você hoje. Porque você tem trânsito com todo mundo. Essa tua conversa com o PSDB, tu ganhou uma força que tu não tinha. Então [inaudível] para salvar o Brasil. E esse negócio só salva se botar todo mundo. Porque deixar esse Moro do jeito que ele está, disposto como ele está, com 18% de popularidade de pesquisa, vai dar merda. Isso que você diz, se for ruptura, vai ter conflito social. Vai morrer gente.
RENAN – Vai, vai. E aí tem que botar o Lula. Porque é a intuição dele…
MACHADO – Aí o Lula tem que assumir a Casa Civil e ser o primeiro ministro, esse é o governo. Ela não tem mais condição, Renan, não tem condição de nada. Agora, quem vai botar esse guizo nela?
RENAN – Não, [com] ela eu conversa, quem conversa com ela sou eu, rapaz.
MACHADO – Seguinte, vou fazer o seguinte, vou passar no presidente, peço para ele marcar um horário na casa do Romero.
RENAN – Ou na casa dele. Na casa dele chega muita gente também.
MACHADO – É, no Romero chega menos gente.
RENAN – Menos gente.
MACHADO – Então marco no Romero e encontra nós três. Pronto, acabou. [levanta-se e começam a se despedir] Amigo, não perca essa bola, está no seu colo. Só tem você hoje. [caminhando] Caiu no seu colo e você é um cara predestinado. Aqui não é dedução não, é informação. Ele está querendo me seduzir, porra.
RENAN – Eu sei, eu sei. Ele quem?
MACHADO – O bicho daqui, o Janot.
RENAN – Mandando recado?
MACHADO – Mandando recado.
RENAN – Isso é?
MACHADO – É… Porra. É coisa que tem que conversar com muita habilidade para não chegar lá.
RENAN – É. É.
MACHADO – Falando em prazo… [se despedem]
Segunda conversa:
MACHADO – […] A meu ver, a grande chance, Renan, que a gente tem, é correr com aquele semi-parlamentarismo…
RENAN – Eu também acho.
MACHADO – …paralelo, não importa com o impeach… Com o impeachment de um lado e o semi-parlamentarismo do outro.
RENAN – Até se não dá em nada, dá no impeachment.
MACHADO – Dá no impeachment.
RENAN – É plano A e plano B.
MACHADO – Por ser semi-parlamentarismo já gera para a sociedade essa expectativa [inaudível]. E no bojo do semi-parlamentarismo fazer uma ampla negociação para [inaudível].
RENAN – Mas o que precisa fazer, só precisa tres três coisas: reforma política, naqueles dois pontos, o fim da proibição…
MACHADO – [Interrompendo] São cinco pontos:
[…]
RENAN – O voto em lista é importante. [inaudível] Só pode fazer delação… Só pode solto, não pode preso. Isso é uma maneira e toda a sociedade compreende que isso é uma tortura.
MACHADO – Outra coisa, essa cagada que os procuradores fizeram, o jogo virou um pouco em termos de responsabilidade […]. Qual a importância do PSDB… O PSDB teve uma posição já mais racional. Agora, ela [Dilma] não tem mais solução, Renan, ela é uma doença terminal e não tem capacidade de renunciar a nada. [inaudível]
[…]
MACHADO – Me disseram que vai. Dentro da leniência botaram outras pessoas, executivos para falar. Agora, meu trato com essas empresas, Renan, é com os donos. Quer dizer, se botarem, vai dar uma merda geral, eu nunca falei com executivo.
RENAN – Não vão botar, não. [inaudível] E da leniência, detalhar mais. A leniência não está clara ainda, é uma das coisas que tem que entrar na…
MACHADO – …No pacote.
RENAN – No pacote.
MACHADO – E tem que encontrar, Renan, como foi feito na Anistia, com os militares, um processo que diz assim: ‘Vamos passar o Brasil a limpo, daqui para frente é assim, pra trás…’ [bate palmas] Porque senão esse pessoal vão ficar eternamente com uma espada na cabeça, não importa o governo, tudo é igual.
RENAN – [concordando] Não, todo mundo quer apertar. É para me deixar prisioneiro trabalhando. Eu estava reclamando aqui.
MACHADO – Todos os dias.
RENAN – Toda hora, eu não consigo mais cuidar de nada.
[…]
MACHADO – E tá todo mundo sentindo um aperto nos ombros. Está todo mundo sentindo um aperto nos ombros.
RENAN – E tudo com medo.
MACHADO – Renan, não sobra ninguém, Renan!
RENAN – Aécio está com medo. [me procurou] ‘Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa.’
MACHADO – Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém, Renan.
[…]
MACHADO – Não dá pra ficar como está, precisa encontrar uma solução, porque se não vai todo mundo… Moeda de troca é preservar o governo [inaudível].
RENAN – [inaudível] sexta-feira. Conversa muito ruim, a conversa com a menina da Folha… Otavinho [a conversa] foi muito melhor. Otavinho reconheceu que tem exageros, eles próprios tem cometido exageros e o João [provável referência a João Roberto Marinho] com aquela conversa de sempre, que não manda. […] Ela [Dilma] disse a ele ‘João, vocês tratam diferentemente de casos iguais. Nós temos vários indicativos’. E ele dizendo ‘isso virou uma manada, uma manada, está todo mundo contra o governo.’
MACHADO – Efeito manada.

RENAN – Efeito manada. Quer dizer, uma maneira sutil de dizer “acabou”, né.