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quarta-feira, 18 de maio de 2016

"Vai trabalhar, vagabundo!"




Por Zezinho de Caetés

Será que alguém ainda se lembra do Marco Aurélio Top-Top Garcia? Aquele cidadão, metido a diplomata, que geria as relações do Brasil com o mundo exterior? Pois é! Estamos finalmente livres dele.

Todos sabem que, em termos de relações internacionais, o Brasil terminou o governo petista com tão poucos amigos que podem ser contados nos dedos de Lula. Cuba, Venezuela, Bolívia e mais alguns assemelhados que todos conhecem. Ficou ilhado nas relações comerciais pelo isolamento dentro do MERCOSUL, que é conhecido mais como mercado da idade média, onde rico não entra e cujo critério para entrada é não pronunciar o nome dos Estados Unidos o “grande satã do imperialismo mundial”.

Como diz abaixo o Hubert Alquéres, no texto que hoje transcrevo (“O fim da dicotomia”), os petistas em termos de comércio exterior, pararam na guerra fria, com o não enterro de vários embustes sobre a exploração americana de nossas economias, somente para não sair dos cânones ideológicos das esquerdas latino-americanas, quando até o criador do mito das “veias abertas da América Latina” o Eduardo Galeano, já mostrou que o famoso livro era apenas um erro, um embuste, que virou moda.

Pelo menos na área internacional, o Temer acertou na indicação de ministros. O José Serra, com quem não concordo com algumas coisas, principalmente do passado, tem se mostrado ativo e altivo quanto à política externa. Agora a moda é que os países que antes se beneficiavam do Brasil do lulopetismo não queiram reconhecer o governo que substituiu o da ex-presidenta, repetindo o lema, que ela está tratando de espalhar, de que o impeachment é golpe.

Pelo que já vimos, considerar o impeachment golpe deveria ser transformado em crime de lesa pátria, primeiro por ser mentira, e segundo porque é até vergonhoso quando tenta-se denegrir a imagem do país no exterior com tal tipo de discurso. E, os governos e meios de comunicação dos países estrangeiros, por não conhecerem nossa realidade jurídica, nos julgam com uma “república de bananas”.

O que talvez até sejamos, mas, não pelo impeachment e sim por coisas bizarras a ele relacionadas, como colocar à disposição dos decaídos mordomias mil, tais como pagar salário integral, seguranças, e ampla mobilidade, até de avião. E não pensem que termina por aí. Li que nossa ex-presidenta quer andar por aí, viajando em aviões por mim custeados para propagar a ideia do “golpe” que está em curso no Brasil, segundo ela.

Parece brincadeira, mas, não é. E por isso não somos considerados um país sério, e quando outros países dizem que nos respeitam, é só “da boca prá fora”. Precisamos, pelo menos na política interna, reverter esta situação humilhante em que o PT nos colocou. Vamos colocar o Maduro no lugar que ele merece e deixá-lo cair de podre junto com o índio da Bolívia aproveitando os últimos momentos de sua cocaína. Dá-lhe Serra!

Agora fiquem com Hubert que mostra em detalhes, quanto sofremos nas mãos do Top-Top Garcia, e que o Brasil, como todos nós, devemos voltar a ter vergonha na cara e não a cara lisa dos artistas petistas, que vendo as verbas serem fechadas para o que eles chamam de “cultura”, vão a Cannes enxovalhar o nome do Brasil com a história do golpe. Agora lembrei de uma música e também de um filme, cujo título vem bem a calhar, para terminar estas mal traçadas linhas: “Vai trabalhar, vagabundo!”. Encontrei a música e a coloco lá embaixo para deleite dos leitores. Já o filme, com Hugo Carvana, não me lembro bem o roteiro. Aquilo era Cultura. Hoje me dá pena do que sobrou do autor da música: o Chiquinho Buarque.

“Durante treze anos, Marco Aurélio Garcia, assessor dos presidentes Lula e Dilma Rousseff, foi o todo poderoso da política externa brasileira. Seu reinado chega ao fim e com ele a dicotomia estabelecida pelo lulopetismo.

Durante esses anos houve dualidade de poder entre os ministros do Exterior e o assessor especial da Presidência, detentor do poder real, particularmente na relação com os governos terceiro-mundistas da América Latina.

Essa duplicidade retirou substância do Itamaraty, condenando-o a um papel subalterno ou meramente decorativo, como aconteceu no governo Dilma. Ao relegar esse centro de excelência a um segundo plano, os governos petistas deixaram de lado a experiência bem-sucedida de uma política diplomática desenvolvida desde os tempos do Barão de Rio Branco.

Agora, sob a batuta do novo chanceler José Serra, resgata-se o papel de protagonista do Itamaraty. E sua tradição de se pautar pela defesa dos interesses nacionais, pela construção de relações pacíficas entre os países, pela estrita observância dos princípios da autodeterminação dos povos, da não-intervenção, da democracia e dos direitos humanos.

Nisso, o governo de Michel Temer começou bem. Reinstituiu o polo único na política externa – o Ministério do Exterior – e foi firme quando sentiu que houve ingerência indevida de países vizinhos em nossa realidade. É tautológico, mas não custa reafirmar: os problemas de Cuba serão resolvidos pelos cubanos, os da Venezuela pelos venezuelanos e os do Brasil pelos brasileiros.

Há outro desafio a ser enfrentado. Nesses treze anos não tivemos uma política diplomática de Estado. Tivemos política de governo, muitas vezes confundida como política de partido. Em vez de praticar o “pragmatismo responsável”, que tanto frutos rendeu ao país em um passado não muito distante, Lula e Dilma adotaram a política de alinhamento automático com países com os quais tinham afinidades ideológicas.

As lentes ideológicas levaram seus governos a uma leitura distorcida do mundo, como se ele estivesse dividido em dois polos antagônicos: os Estados Unidos, esse eterno eixo do mal, e os chamados países emergentes, o novo eixo do bem.

O maniqueísmo levou a erros primários.

No apogeu do seu terceiro-mundismo, Lula pensou que seria o eixo alternativo aos Estados Unidos no Oriente Médio, um sonho lunático. A prioridade às relações Sul-Sul (em contraposição à relação Sul-Norte), e a aposta no Brics foram produto de uma concepção na contramão do mundo.

A aposta falhou. A megalomania do criador deu lugar à abulia da criatura. E o Brasil perdeu relevância no concerto das nações, ficou de fora dos megablocos que foram se formando. Se contentou com o Mercosul.

O novo governo corre agora contra o tempo para fazer uma inflexão na política de comércio exterior e romper com as amarras atuais. O incremento de acordo bilaterais -  como realizam o Chile, o México e o Peru, apenas para citar alguns países vizinhos - é do interesse nacional. A soberania brasileira passa pela afirmação do seu direito de assinar acordos comerciais com qualquer bloco ou país, sem estar submetido a vetos de quem quer que seja.

As cadeias produtivas e os megablocos são cada vez mais uma realidade palpável, vide a Parceria Transpacífica. Ou o Brasil se integra, de forma ativa e altiva, nesses processos ou estará condenado em ser eterno exportador de produtos primários e importador de bens manufaturados.

As categorias mentais da época da guerra fria são inteiramente anacrônicas. No comércio exterior, não há bandidos e mocinhos. Nele, cada país defende, antes de tudo, seus próprios interesses e quando há convergência se estabelecem acordos vantajosos às partes.

Nas relações comerciais, não há sentido escolher parceiros por critérios ideológicos. Ao Brasil interessa ter relações pacíficas e comerciais com todas as nações. Com os EUA, a China, a União Europeia, a Rússia, a Índia, nossos vizinhos latino-americanos, países africanos, asiáticos e em todos os quadrantes do planeta.

Assim, o Brasil voltará a habitar o mundo.”


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