Por Zezinho de Caetés
Será que alguém ainda se lembra do Marco Aurélio Top-Top
Garcia? Aquele cidadão, metido a diplomata, que geria as relações do Brasil com
o mundo exterior? Pois é! Estamos finalmente livres dele.
Todos sabem que, em termos de relações internacionais, o
Brasil terminou o governo petista com tão poucos amigos que podem ser contados
nos dedos de Lula. Cuba, Venezuela, Bolívia e mais alguns assemelhados que todos
conhecem. Ficou ilhado nas relações comerciais pelo isolamento dentro do
MERCOSUL, que é conhecido mais como mercado da idade média, onde rico não entra
e cujo critério para entrada é não pronunciar o nome dos Estados Unidos o “grande satã do imperialismo mundial”.
Como diz abaixo o Hubert Alquéres, no texto que hoje
transcrevo (“O fim da dicotomia”), os
petistas em termos de comércio exterior, pararam na guerra fria, com o não
enterro de vários embustes sobre a exploração americana de nossas economias,
somente para não sair dos cânones ideológicos das esquerdas latino-americanas,
quando até o criador do mito das “veias
abertas da América Latina” o Eduardo Galeano, já mostrou que o famoso livro
era apenas um erro, um embuste, que virou moda.
Pelo menos na área internacional, o Temer acertou na
indicação de ministros. O José Serra, com quem não concordo com algumas coisas,
principalmente do passado, tem se mostrado ativo e altivo quanto à política
externa. Agora a moda é que os países que antes se beneficiavam do Brasil do lulopetismo
não queiram reconhecer o governo que substituiu o da ex-presidenta, repetindo o
lema, que ela está tratando de espalhar, de que o impeachment é golpe.
Pelo que já vimos, considerar o impeachment golpe deveria
ser transformado em crime de lesa pátria, primeiro por ser mentira, e segundo
porque é até vergonhoso quando tenta-se denegrir a imagem do país no exterior
com tal tipo de discurso. E, os governos e meios de comunicação dos países
estrangeiros, por não conhecerem nossa realidade jurídica, nos julgam com uma “república de bananas”.
O que talvez até sejamos, mas, não pelo impeachment e sim
por coisas bizarras a ele relacionadas, como colocar à disposição dos decaídos
mordomias mil, tais como pagar salário integral, seguranças, e ampla
mobilidade, até de avião. E não pensem que termina por aí. Li que nossa
ex-presidenta quer andar por aí, viajando em aviões por mim custeados para
propagar a ideia do “golpe” que está
em curso no Brasil, segundo ela.
Parece brincadeira, mas, não é. E por isso não somos
considerados um país sério, e quando outros países dizem que nos respeitam, é
só “da boca prá fora”. Precisamos,
pelo menos na política interna, reverter esta situação humilhante em que o PT
nos colocou. Vamos colocar o Maduro no lugar que ele merece e deixá-lo cair de
podre junto com o índio da Bolívia aproveitando os últimos momentos de sua
cocaína. Dá-lhe Serra!
Agora fiquem com Hubert que mostra em detalhes, quanto
sofremos nas mãos do Top-Top Garcia, e que o Brasil, como todos nós, devemos
voltar a ter vergonha na cara e não a cara lisa dos artistas petistas, que
vendo as verbas serem fechadas para o que eles chamam de “cultura”, vão a Cannes enxovalhar o nome do Brasil com a história
do golpe. Agora lembrei de uma música e também de um filme, cujo título vem bem
a calhar, para terminar estas mal traçadas linhas: “Vai trabalhar, vagabundo!”. Encontrei a música e a coloco lá
embaixo para deleite dos leitores. Já o filme, com Hugo Carvana, não me lembro
bem o roteiro. Aquilo era Cultura. Hoje me dá pena do que sobrou do autor da
música: o Chiquinho Buarque.
“Durante treze anos, Marco Aurélio Garcia, assessor dos presidentes
Lula e Dilma Rousseff, foi o todo poderoso da política externa brasileira. Seu
reinado chega ao fim e com ele a dicotomia estabelecida pelo lulopetismo.
Durante esses anos houve dualidade de poder entre os ministros do
Exterior e o assessor especial da Presidência, detentor do poder real,
particularmente na relação com os governos terceiro-mundistas da América
Latina.
Essa duplicidade retirou substância do Itamaraty, condenando-o a um
papel subalterno ou meramente decorativo, como aconteceu no governo Dilma. Ao
relegar esse centro de excelência a um segundo plano, os governos petistas
deixaram de lado a experiência bem-sucedida de uma política diplomática
desenvolvida desde os tempos do Barão de Rio Branco.
Agora, sob a batuta do novo chanceler José Serra, resgata-se o papel de
protagonista do Itamaraty. E sua tradição de se pautar pela defesa dos
interesses nacionais, pela construção de relações pacíficas entre os países,
pela estrita observância dos princípios da autodeterminação dos povos, da
não-intervenção, da democracia e dos direitos humanos.
Nisso, o governo de Michel Temer começou bem. Reinstituiu o polo único
na política externa – o Ministério do Exterior – e foi firme quando sentiu que
houve ingerência indevida de países vizinhos em nossa realidade. É tautológico,
mas não custa reafirmar: os problemas de Cuba serão resolvidos pelos cubanos,
os da Venezuela pelos venezuelanos e os do Brasil pelos brasileiros.
Há outro desafio a ser enfrentado. Nesses treze anos não tivemos uma
política diplomática de Estado. Tivemos política de governo, muitas vezes
confundida como política de partido. Em vez de praticar o “pragmatismo
responsável”, que tanto frutos rendeu ao país em um passado não muito distante,
Lula e Dilma adotaram a política de alinhamento automático com países com os
quais tinham afinidades ideológicas.
As lentes ideológicas levaram seus governos a uma leitura distorcida do
mundo, como se ele estivesse dividido em dois polos antagônicos: os Estados
Unidos, esse eterno eixo do mal, e os chamados países emergentes, o novo eixo
do bem.
O maniqueísmo levou a erros primários.
No apogeu do seu terceiro-mundismo, Lula pensou que seria o eixo
alternativo aos Estados Unidos no Oriente Médio, um sonho lunático. A
prioridade às relações Sul-Sul (em contraposição à relação Sul-Norte), e a
aposta no Brics foram produto de uma concepção na contramão do mundo.
A aposta falhou. A megalomania do criador deu lugar à abulia da
criatura. E o Brasil perdeu relevância no concerto das nações, ficou de fora
dos megablocos que foram se formando. Se contentou com o Mercosul.
O novo governo corre agora contra o tempo para fazer uma inflexão na
política de comércio exterior e romper com as amarras atuais. O incremento de
acordo bilaterais - como realizam o
Chile, o México e o Peru, apenas para citar alguns países vizinhos - é do
interesse nacional. A soberania brasileira passa pela afirmação do seu direito
de assinar acordos comerciais com qualquer bloco ou país, sem estar submetido a
vetos de quem quer que seja.
As cadeias produtivas e os megablocos são cada vez mais uma realidade
palpável, vide a Parceria Transpacífica. Ou o Brasil se integra, de forma ativa
e altiva, nesses processos ou estará condenado em ser eterno exportador de
produtos primários e importador de bens manufaturados.
As categorias mentais da época da guerra fria são inteiramente
anacrônicas. No comércio exterior, não há bandidos e mocinhos. Nele, cada país
defende, antes de tudo, seus próprios interesses e quando há convergência se
estabelecem acordos vantajosos às partes.
Nas relações comerciais, não há sentido escolher parceiros por
critérios ideológicos. Ao Brasil interessa ter relações pacíficas e comerciais
com todas as nações. Com os EUA, a China, a União Europeia, a Rússia, a Índia,
nossos vizinhos latino-americanos, países africanos, asiáticos e em todos os
quadrantes do planeta.
Assim, o Brasil voltará a habitar o mundo.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário