Por Zezinho de Caetés
Depois de ler a coluna do Zé Carlos, de ontem, que deveria se chamar “Os dez dias que abalaram o Brasil”, além de rir, eu fiquei
pensando, como, com a pressão petista, já bem conhecida quando este partido
está na oposição, o Temer vai chegar a 180 dias sem entregar o ouro ao bandido.
Todos já suspeitavam que o seu “machistério”, poderia ter problema desde que ele “foi e voltou” na extinção do MinC.
Bastou uma gritaria em Cannes para que ele retrocedesse, na possível economia a
ser feita com este ato. Imaginem quando se
mexer na Lei Rounet que já tanto enriqueceu o Capitão Nascimento, o monte de
tiros que ele não dará.
No entanto, toda esta suspeita de escolher mal assessores
ficou comprovada com a descoberta de uma gravação onde o Jucá, aprontou mais
uma das suas. Descobriu-se (já ia escrevendo “se descobriu”, mas, tinha acabado de ler o excelente texto do
Altamir Pinheiro, mais cedo chamando a atenção para a mudança de nível no uso
de nossa língua, com a mudança do governo, então fui de ênclise) que ele estava
conspirando contra a Operação Lava Jato, e agora os petista estão interpretando
isto como parte de um acordo para botar a Dilma para fora, junto com o PT, e
Lula indo na bolsa de mão da ex-presidenta.
E aí o Temer ficou com a brocha na mão, e assuntando, num
tom hamletiano: “Jucá ou não Jucá, eis a
questão”. E assim passaram-se horas de suspense para que houvesse uma
decisão, até que nos estertores do dia ele resolveu exonerar o Jucá, que nunca
deveria ter sido desonerado.
Pelo que sabemos da vida política do Jucá e pela forma com
eram tratados os criminosos políticos antes da Lava Jato, ninguém, em boa fé
poderia nomeá-lo para cargo importante num governo. Vejam que, até hoje, o
Maluf jura inocência e está aí livre leve e solto. Portanto, é preciso que se
deixe um pouco de lado o lema de Lula que “todos
são inocentes até prova em contrário”, para seguir o lema “onde há fumaça há fogo”, pelo menos na
formação de um ministério.
O princípio da presunção de inocência é uma conquista
civilizatória, mas, quando dele se abusa como se fez no Brasil recente, pode-se
ver que “tudo de mais é veneno”. Óbvio
que não estou defendendo aqui que o Jucá seja fuzilado pela “conspirata”, que também era de todo o
brasileiro para tirar a ex-presidenta do poder, mas, colocá-lo num ministério a
esta altura do campeonato também não dá.
Só sei que, de uma forma ou de outra a coisa está resolvida,
porém, como diz o Ricardo Noblat, no texto abaixo transcrito, o Temer cada vez
pode errar menos, com a besteira que cometeu. Já é tempo de fazer uma faxina
maior. Fiquem com ele que eu vou ficar ligado na TV, para ver se receberei
minha aposentadoria este mês. Todos sabem que se o Congresso não aprovar as
medidas de reajuste fiscal, do governo federal, não vai ter para ninguém.
“Menos mal que Temer tenha sido rápido no gatilho ao demitir o ministro
Romero Jucá (PMDB-RR), do Planejamento, envolvido numa trama para deter o
avanço da Lava-Jato.
Foi mais rápido do que Itamar Franco, o vice que sucedeu Fernando
Collor na presidência da República, e que introduziu por aqui o fuzilamento
relâmpago de auxiliares suspeitos.
Nem por isso, Temer escapará do desgaste de ter feito ministro um
político de extensa folha corrida, investigado em seis inquéritos no Supremo
Tribunal Federal.
Em 2005, no primeiro governo Lula, Jucá foi ministro da Previdência.
Acabou abatido por denúncias de corrupção. Ficou apenas três meses no cargo.
Desta vez, nem 13 dias.
O legalista Temer sabe que investigado não quer dizer culpado. Mas o
experiente político Temer sabe também que o investigado alvo de muitas
investigações pode tornar-se uma companhia incômoda.
Foi o que aconteceu com Jucá. Era uma bola cantada. É o que poderá
acontecer com outros ministros enrolados com a Lava-Jato. Não vale a desculpa
de que eles foram indicados por seus partidos.
Por igual motivo, não vale a desculpa de que quase 300 deputados,
obedientes a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) indicaram para líder do governo na Câmara
um colega acusado até de assassinato.
Que capital político Temer pensa que tem para dar-se ao luxo de não ser
cuidadoso? A quem ele imagina dever sua ascensão à vaga de Dilma? Somente aos
seus amigos do Congresso?
Ele deve, primeiro, a Dilma, e aos graves erros cometidos por ela, Lula
e o PT. E, segundo, à maioria dos brasileiros que apoiaram o impeachment apesar
de não confiarem nele, Temer.
Sem apoio no Congresso não se governa. Mas contra as ruas, ou
indiferente a elas, está cada vez mais difícil governar. Elas não querem Dilma
de volta. Mas não querem Temer necessariamente.
O governo provisório dele, repleto de cargos ainda por preencher, mal
começou, e começou mal. Arrisca-se a passar em pouco tempo à condição de
governo mínimo.
Em breve, a herança maldita legada por Dilma causará mais desconforto a
Temer do que a Dilma e ao PT. Dele serão cobradas soluções para os problemas
que afundaram o país e seus habitantes.
Dilma voltará a Porto Alegre, de onde não deveria ter saído. Lula e o
PT não irão para a oposição porque já estão nela. Lula e o PT ainda poderão ter
futuro, certamente modesto.
O futuro de Temer será ou não construído por ele em um prazo curto de
poucos meses ou de poucas semanas. A contagem regressiva começou.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário