Ontem passei o dia todo tentando
captar as notícias do dia. Foram somente duas. Uma hora era sobre o Eike
Batista e outra hora era sobre a Carmem Lucia. No duelo Carmem x Eike, venceu
este último. Foram horas e horas acompanhando todo seu trajeto de Nova York até
Bangu 9, onde deve repousar, não em paz.
Por isso trato do Eike antes e
depois irei para a Carmem, que está virando a “namoradinha do Brasil”, depois que homologou as delações dos 77
executivos da Odebrecht, acabando o mundo para vários políticos.
O Eike Batista, desde que
encoleirou a Luma de Oliveira num carnaval, nunca saiu de cartaz. Ninguém mais
do que ele simbolizou o Brasil petista, emblematizando este período com uma
empresa, o Grupo X, como uma “campeã nacional”, entre outras para as quais a
Dilma esfaqueou o BNDES, e nosso dinheirinho, para segundo ela, levar o Brasil
aos píncaros da glória.
Quem não lembra de um vídeo que
ainda hoje circula pela internet quando nossa ex-presidenta incompetenta dizia: “O Eike é nosso padrão, nossa expectativa e orgulho do Brasil”? Ele
foi considerado o homem mais rico do Brasil e o oitavo mais rico do mundo. Não
se passaram dois anos e as “campeãs
nacionais”, gastando mal nosso dinheiro, alimentando a corrupção e enricando
petistas, passaram a pedir mais socorro e o Eike, e seu Grupo X, passou a ser “Grupo F” de falido.
E então veio a queda da Dilma,
sua última protetora, e do Lula seu penúltimo protetor, que ainda definha pelos
cantos, tentando voltar, pensando que o povo é bobo, pois sabe que o Sérgio
Moro não é. E ontem vimos o que vimos. O epílogo de uma crônica anunciada. Quem
diria, o Eike terminou em Bangu 9.
Eu assisti a uma sua entrevista
na Rede Globo onde ele explicava porque iria se entregar. Em suma, fazia com uma
cara de bobo, para se fingir de vítima talvez, dizia que queria esclarecer
alguns pontos. Como para bom entendedor meia palavra basta, ele quer é delatar.
Delatar virou o esporte preferido do Brasil da era lulo/petista.
Eu delato, tu delatas, ele
delata, nós delatamos, vós delatais, eles delatam. Eis a conjugação do verbo da
moda. E isto já está gerando problemas até para a Justiça. Não há mais juízes
suficientes para examinar tantas delações, e o pior de tudo, depois da delação
do Eike, penso eu, não haverá presídios suficientes para tantos delatados.
E se a moda pega mesmo, quem não
tiver curso superior que se cuide, porque vai terminar sendo colega do Eike,
com a cabeça raspada e tudo. Ontem fiquei até penalizado quando vi aquele galã
conquistador, com a cabeça raspada. Cheguei até a pensar que seria muito cruel
o que fizeram. No entanto, verifiquei bem e vi que não rasparam a cabeça dele, apenas
tiraram sua peruca. Será que a Luma de Oliveira ainda usaria uma coleira com
seu nome?
Bem, e já que estamos falando em
delações, e o excesso delas, a Carmem Lúcia, ontem homologou, 77 dos executivos
da Odebrecht, agora tornando-as provas juridicamente válidas, segundo li em
algum lugar, pois meu juridiquês é muito pequeno. Sei, no entanto, que aquilo
que foi motivo de tantas “teorias da
conspiração” na morte do Teori Zavascki, agora já pode ser motivo de
inquéritos e prisões. E o meu conterrâneo, o Lula, e mais uns 200, que se cuidem.
Agora, a perspectiva é saber
quando virá a público estas delações. A Carmem, não tirou o sigilo que protege
os criminosos, e os embaralha com homens de bem, que possam ter sido citados
injustamente, o que provavelmente serão poucos mas podem existir. Isto é mal
porque ficamos só aguardando os vazamentos que certamente acontecerão. E o
Brasil que poderia se tornar conhecido por ter tornado sua Justiça ágil, será
conhecido como um “país que vaza”.
Dizem que pela lei, os
depoimentos são liberados apenas no final do processo, o que, no ritmo que anda
a justiça brasileira no STF, isto iria acontecer somente em 2027, por aí. O relator,
caso ache que a retirada do sigilo é de interesse público pode fazê-lo. Sendo
assim, por que não tirar este segrego das costas dos brasileiros que terão de
se contentar com os vazamentos?
E aí entra o outro imbróglio, que
deixo para depois: Quem será o sucessor do Teori Zavascki? Se for o Lewandowski
ele só tirará o sigilo no ano 2050. Ou seja, o Brasil plantou vento, deixando o
PT no poder por tanto tempo e agora está colhendo a tempestade. O grande
problema é fazer que, quem pague por ela não seja só o povo brasileiro e sim os
cabeças de vento que nos levaram até o furacão.
Diante do que vem por aí, a
peruca do Eike não tem muita importância. As empresas “campeãs nacionais” serão aquelas que produzirem tornozeleiras
eletrônicas, talvez, com o logotipo igual à coleira da Luma de Oliveira: “Eike”.
Eu já começo com uma dúvida atormentativa. Como pode uma coluna de
humor ser escrita hoje no Brasil, sem apelar para o humor negro? São tantas as
tragédias que isto se torna quase impossível. Vejam o que contam nas redes
sociais, que é o local típico do não preconceito:
No velório do Ministro Teori Zavascki conversavam a Cármem Lúcia,
presidente do STF, com o Gilmar Mendes, seu colega, que pergunta: “Presidente, eu poderia ocupar o lugar do
falecido relator da Lava Jato?”. Ao que a Ministra respondeu: “Se você couber no caixão e fizer tudo
discretamente, pode”.
Ou seja, diante do meu acesso de riso contido (chama-se “rindo por dentro”), eu só posso dizer
que tanto com humor negro como vermelho ou branco, o Brasil se diverte. E
quando se aproxima o Carnaval, onde as tragédias são esquecidas, então não dá
outra: rir é o melhor remédio.
E as redes sociais agora são tão fortes e tão influentes na política
que o presidente americano, o Donald
Trump (ou como o chama meu neto, o Pato Donald), usa o Twitter para declararar
a terceira guerra mundial e não está nem aí. Como todos vocês, meus 16
leitores, sabem, o Twitter é algo que inventaram para quem não tem muito o que
dizer pois cada mensagem só pode possuir 140 caracteres. No entanto, ela não só foi construída para
quem não tem muito o que dizer, e sim para aqueles que não sabem o que dizer,
como o Trump. E ele agora usa este meio de comunicação para tudo. Dizem que até
o discurso de posse que comentamos aqui na semana passado foi feito de uma
coleção de “tweets” que é como se chamam
as mensagens postadas nesta rede. Foi só copiar e colar.
Ou seja, só quem está rivalizando hoje com o Brasil como país de
piadas prontas são os Estados Unidos. Se era algo que eles sempre desejaram
atingir o nível brasileiro, agora conseguiram. Tanto que uma carta para Trump
se juntar ao time desta coluna, já foi enviada. Pelo Twitter é claro. A
vantagem é que posso transcrever a carta logo abaixo, com menos de 140 toques:
“Caro Pato Donald, o contrato
está esperando para ser assinado. Seja bem-vindo ao nosso time: Dilma o espera.
Faço um nosso leitor sorrir.”
Ele já nos respondeu, dentro do seu estilo, completamente diferente do
do Lula, que está numa maré tão baixa, que nem Dona Marisa (melhoras para ela)
aguentou:
“Caros senhores, para mim será
um prazer. Use e abuse dos meus discursos, mas, não venha aos Estados Unidos,
nunca. Pato Donald é a mãe!”
E não poderia falar no Trump sem tocar em sua conversa com o
presidente mexicano, o Peña Nieto, que iria ser “cara a cara” mas o presidente mexicano desistiu, para não ir “às vias de fato” como se dizia lá em Bom
Conselho, com o loiro dos olhos azuis, que o Lula tanto conhece. Vejam se o
Brasil não está ficando para trás em termos de ser o país da piada pronta.
O Trump quer construir um muro na fronteira com o México, e o
presidente mexicano, que me dá um peña, que negociar. Não sei se o tamanho do
muro ou se a altura. Isto não foi revelado devido ao aumento de frequência dos
cursos mexicanos de “salto com vara”
e “corrida de fundo”, prevendo vencer
o muro. Outros dizem que a negociação é secreta porque se o muro for efetivo em
barrar os mexicanos, quem derrubarão o muro serão as donas de casa americana
por falta de mão de obra das domésticas vindas da América Latina. No entanto, o
presidente mexicano ficou uma arara
quando o Trump disse que era o México que iria pagar pela a construção do muro,
de um jeito ou de outro. A vontade de rir nisto tudo é que os Estados Unidos,
se conseguirem construir este muro, pago ou não pago pelo México, não terão
mais Cantinflas por lá. Cantinflas talvez fique desempregado, mas, os
americanos rirão muito menos.
E ainda com o Trump, ele recebeu lá nos Estados Unidos a Tereza May, a
primeira ministra do Reino Unido, que está se desunindo da Europa, para se unir
ao Trump. Pelo que eu sei da Inglaterra, a coisa mais importante para eles é o
Rei ou a Rainha. O resto não importa. A Europa estava empanando o brilho da
rainha, que tinha que dividir as atenções com outros reis do continente, e os
ingleses nunca admitiram isto. Saíram de lá, e agora, com quem ficar? É claro
que, seguindo o lema desta coluna, eles se juntarão a quem contar a piada
melhor, e no momento é, sem sombra de dúvida, o Trump. Eu só imagino o dia em
que ele se encontrar com a Rainha Elizabeth. Vai ser a maior briga para saber
quem tem a “coroa” maior.
E assim, meus queridos e poucos leitores, teremos o Trump aqui por
muito mais tempo. É um verdadeiro pândego.
E como eu falei dela na mensagem para o Trump, a Dilma, nossa musa do
humor, ainda insuperável, mesmo que o Temer esteja se esforçando para passar à
frente, desistiu esta semana de fazer humor para os netos em Porto Alegre e foi
à Espanha para uma temporada de shows. Foi um verdadeiro desbunde hilariante.
Imaginem só a Dilma falando espanhol para os espanhóis. Não se pode dizer que
ela não é ousada. Dizem que em cada palestra, quando ela pronunciava qualquer
frase em “portunhol” (outros acham
que era em “Dilmunhol”, pois ninguém
entendia nada), a plateia literalmente rolava pelo chão.
Não reproduziremos aqui ipsis
litteris a fala da Dilma porque não entendo bem o Dilmunhol, e dos meus leitores só um entende. Apenas tentarei
resumir os shows, nos quais ela se apresentou com o JEC, José Eduardo Cardoso,
seu advogado, como dizem os americanos, just
in case apareça alguém da Polícia Federal com boas intenções.
Primeiro ela disse que espera e até acredita que seu antecessor o Lula
se apresente como candidato à Presidência da República. Só esqueceu de avisar
ao Sérgio Moro, que não anda mais em avião de amigos, como o Teori não deveria
viajar. Ela disparou: “Será importante,
para o Brasil, que Lula seja candidato. O segundo golpe, depois do meu
impeachment, é impedir que Lula seja candidato, pois as pesquisas mostram que
ele estaria na dianteira e ganharia a eleição.” Quando perguntaram por que
o Lula já tem 5 processos nas costas, ela não se fez de rogado e disse que
havia uma política bastante distorcida contra Lula. Isto foi dito em Sevilha na
Espanha e o público gritou: “Oleeeeeeé!.
E ela continuou como um impávido colosso: “O segundo golpe é impedir que o Lula seja candidato”, e deve ter pensado: O que o Marcola tem que o
Lula não tem? E disse mais ainda: “Não penso em voltar à política porque o
grande presidente para o Brasil é Lula”. Vejam meus senhores se poderia
sobrar alguém vivo com tal nível de piadas. Estamos num país, cuja única coisa
que não é motivo de riso é a Lava Jato e o sisudo Sérgio Moro, como pode se
falar em Lula candidato sem matar a plateia de rir? É um verdadeiro dom da nossa
musa. E quando perguntado sobre o seu partido o PT, que já é conhecido, pela a
sigla, como a Piada Total (Perda Total é ofensivo):
“Todos os partidos passam por
momentos críticos. O PT precisa passar por um processo de autocrítica porque
não são só as pessoas que foram acusadas de corrupção. Como acontece com as
empresas, os partidos não podem acabar quando se detecta que uma ou outra
pessoa se envolveu com corrupção. O principal problema do partido é que
precisamos entender a nova situação que está colocada”.
Dizem que depois desta, e antes da delação da Odebrecht, não sobrará
um vivo, tragado pela fatalidade da embolia hilariante dos nossos leitores.
E quando se soube que o Eike Batista teve a prisão decretada depois do
Lula e da Dilma o terem reconhecido com o campeão dos campeões, tal qual Luma
de Oliveira, a plateia deve ter dado um gargalhada tão grande, que até o Eike, que está voando para se entregar á polícia hoje, ouviu. Não é para menos. Quem esperava uma coisa destas? O homem
mais rico do Brasil pode estar lado a lado com o Lula, o homem mais pobre, segundo
ele próprio, numa cela em prisão para presos sem diploma universitário. A
grande discussão agora entre os juristas é se, no caso do Eike, meio curso
alemão de Engenharia vale tanto quando um diploma aqui no Brasil, ou se, no
caso do Lula, 642 diplomas de doutor honoris
causa , vale pele menos um diploma do ABC paulista. Segundo os mais
entendidos o encontro entre os dois, numa cela com diploma ou sem diploma, é
uma questão de tempo. De uma forma ou de outra, os jornais dizem que, hoje, ao chegar ao Rio, vindo do Nova York, o Eike irá para o presídio Ari Franco, e nem vai passar perto do comparsa Sérgio Cabral, pois, este tem curso superior. E o Lula, irá para onde? (Se quiserem rir mais ainda vejam o filme lá embaixo)
E a grande questão brasileira do momento é a pergunta: “Quem vai ser o novo ministro do STF,
No lugar do Teori Zavaski?”,
junto com a outra: “Quem vai homologar a
delação do fim do mundo?” (como chamam a delação dos 77 executivos da
Odebrecht que tombaram delatando). Explico, todo mundo sabe que há pelo menos
200 políticos corruptos delatados, alguns que não tem mais nem graça falar o
nome, mas, a corrupção e o roubo só têm valor legal se a delação for
homologada. Já se criou até o movimento “Homologa,
Carmem!” nas redes sociais para que a presidente do STF faça isto. Ou seja,
em Hamlet a grande dúvida era “To be or
not to be, that is the question”, no Brasil de hoje, com a Carmem é: “Homologate or not homologate, that is the
question”. Sei que só alguns poucos leitores rirão disto porque nunca leram
Hamlet, como eu, nem a Carmem, como todo o Brasil. Mas, é, juro uma piada. E
assim a semana passou na dúvida hamletiana/carmeana: Laugh or not laugh...
E como não poderia deixar de ser, continuaram as brigas de facções
criminosas, que, espero, com a chegada do Carnaval, terminem, e só permaneçam
as brigas de facções das organizações carnavalescas, que, às vezes, são mais
violentas do que aquelas do presídio de Alcaçuz, no R. G. do Norte. Aqui em Olinda a briga já começou e agora a
dúvida é se para existir o carnaval por lá, se se usa containers para colocar os foliões ou os exportam para Recife.
E não seria adequado, uma coluna semanal de humor, terminar uma sessão
no momento sem falar na volta do Congresso e na “briga de foice no escuro” pelos seus cargos de direção. É uma
fonte inesgotável de riso. Dizem que o Renan é o único a ter o cargo que
quiser, pois uma possível delação premiada dele não pouparia nem o Papa
Francisco e mesmo a Madre Teresa, perderia alguns adeptos, até serem julgados
os processos. Eu penso que já se chegou à conclusão que, se todos estão na Lava
Jato, o que se tem para escolher?
Teve o Eunício Oliveira, que deu uma entrevista onde foi claro a
respeito disto, dizendo:
“Vou dizer com muita
tranquilidade: sei o que fiz e sei o que não fiz durante toda minha vida. Sei o
que fiz e o que também não fiz na vida pública. Portanto, estou absolutamente
tranquilo, assim como devem ficar tranquilos, os meus pares, porque citações
sem provas são apenas citações. Estas mãos nunca receberam dinheiro que não
fosse correto, honesto, legítimo e tirado do próprio suor do rosto.”
Talvez ninguém tenha rido da sentença anterior, mas, o leitor desta
coluna não esquece as piadas que envolvem a vida pública e a “privada” e como elas estão sempre juntos
no Brasil. E nem mesmo esquecem aquelas caricaturas de políticos falando com as
mãos puras e limpas. Pelo jeito, e pela previsão que ele está quase eleito para
substituir o Renan, não tenhamos dúvidas de que será mais uma boa aquisição
para esta coluna. Temos muito humor pela frente.
E na Câmara, o Rodrigo Maia está fazendo acordo até com o PT para ser
o presidente. E parece que o partido vai apoiá-lo. É uma pena que a melhor
piada da nossa Musa a Dilma, não possa mais ser dita: que seu impeachment foi
um golpe. Agora, nem os melhores humoristas conseguem tirar um só risinho quando
dizem: “Foi um golpe!”. Quando alguém
conta, os presentes levanta-se para fechar a janela pois sabem que se o
impeachment foi golpe, foi um “golpe de ar”
fresco nas instituições brasileiras.
E espero a próxima semana com a abertura dos trabalhos legislativos e
também judiciários. Sei que irei ter que me conter para não perder leitores
escrevendo demais. Até lá, então!
Hoje estou com muita pressa,
confesso. Não escreverei muito neste nariz de cera ao texto do Reinaldo
Azevedo, que ele intitula de “O Brasil,
o muro e um ato símil à declaração de guerra”. É um título grande e
esclarecedor, pois está na cara que vai falar do Trump.
O sucessor do Obama realmente
quer instituir uma nova versão da América, para fazê-la grande novamente, diz
ele. Eu diria que isto parecia óbvio depois que o Obama fez de besteira na
política americana, principalmente, no front internacional.
No entanto, a proposição de um
muro na fronteira com o México, em que os americanos acreditaram ao elegerem-no
e parece que ele vai construir mesmo, pode nos levar a consequências funestas
para o mundo. Não há forma de os Estados Unidos, depois de sua influência no
mundo durante mais de meio século, “pedirem
o boné” e sairem dizendo: “Beijinho,
beijinho, tchau, tchau!”.
Nem é o caso deles não poderem,
pois ele, como país, é o irmão que mais
tem posses no planeta e pode, se quiser dar lições aos outros. No entanto, é
preciso calma, pois os outros irmãos estão crescendo, e podem crescer com raiva
do irmão mais forte. Cedo ou tarde, eles vão ter condições de conter suas insanidades.
E a China já tem quase a mesma idade já com um porrete razoável.
É claro que isto levará um tempo
de sofrimento, mas, se nos livramos da Alemanha nazista, com todo seu poderio,
por que nãos nos livraremos de outro poderoso? Espero que tudo seja feito para
conter o Trump, e isto é possível, como foi com a toda poderosa Dilma por aqui.
Mas, a que custo?
É o que veremos, e já me mete
medo o surgimento de candidatos a presidência aqui no Brasil, que no afã de se
elegerem podem propor um muro do Oiapoque ao Chuí, somente para não importar
jogadores de futebol, tornando Maradona persona non grata.
Fiquem com o Reinaldo, e meditem
sobre as loucuras do Trump, que é um ponto fora da curva do Partido
Republicano, e talvez dos líderes mundiais.
“As pessoas mandam as maiores
porcarias para nossos endereços eletrônicos, não é mesmo? O sujeito descobre o
telefone de um vivente e dispara uma boçalidade qualquer por WhatsApp. Ou ela
chega por e-mail. Nas redes sociais, então, o capeta dá as cartas.
Um desavisado me envia um troço
de um cretinismo ímpar. Atacava José Serra, ministro das Relações Exteriores,
porque o Itamaraty emitiu uma nota — bastante comedida, diga-se — expressando
preocupação com a decisão de Donald Trump, presidente dos EUA, de construir um
muro na fronteira com o México.
Reproduzo o texto do Itamaraty:
“A grande maioria dos países da América Latina mantêm estreitos laços de
amizade com o povo dos Estados Unidos. Por isso, o governo brasileiro recebeu
com preocupação a ideia da construção de um muro para separar nações irmãs do
nosso continente sem que haja consenso entre ambas. O Brasil sempre se conduziu
com base na firme crença de que as questões entre povos amigos — como é o caso
de Estados Unidos e México — devem ser solucionadas pelo diálogo e pela
construção de espaços de entendimento.”
O que há de errado com a nota?
Segundo o bobalhão que mandou a mensagem, Serra foi militante de esquerda, é
esquerdista ainda e teria levado o Brasil a reagir por razões ideológicas.
É de uma boçalidade ímpar.
Vamos pôr os pingos nos is. Um
governo que decide construir unilateralmente um muro — e anunciando que o outro
lado vai pagar — comete um ato de extrema hostilidade. É um ato vizinho da
declaração de guerra. Até porque, não custa notar, qual é o elemento
aparentemente ausente, mas muito presente, na decisão unilateral? Respondo: os
EUA têm a força militar, não? E se o México não aceitar a construção? Essa
hipótese nem se coloca. Se a ideia prosperar, terá de aceitar.
É evidente que a decisão não
hostiliza apenas o país vizinho. Estamos diante de uma expressão de hostilidade
ao “outro”, a qualquer “outro”. Na verdade, é o Maluco alaranjado contra o
mundo.
Departamento de Estado A reação
mais forte, é bom notar, partiu de dentro da “América”. Patrick Kennedy,
subsecretário de Estado para Assuntos Administrativos, e três de seus
principais assessores renunciaram. São diplomatas de carreira. Já trabalharam
para republicanos e democratas. Não querem saber de Trump.
E não parece que o futuro seja
especialmente sorridente para a “Grande América”. Os áulicos são trogloditas
como o líder. Stephen Bannon, o estrategista-chefe de Trump, concedeu uma
entrevista ao New York Times e afirmou que “a mídia deveria estar envergonhada
e humilhada e deveria ficar de boca fechada e só ouvir por um tempo”.
São uns irresponsáveis. Acham que
governar os EUA se resume a promover uma guerra nas redes sociais para ver quem
fala mais grosso. Trump nunca foi flor que se cheirasse, não é? A campanha
eleitoral o tornou ainda mais tosco. Carregou nas tintas da estupidez e percebeu
que isso atraía público e votos.
Agora, ele é presidente de todos
os americanos. E tem a responsabilidade que têm os EUA na segurança global. Em
vez de buscar falar para todos, ele continua empenhado em excitar a sua grei de
brucutus.
Ontem falei um pouco de Economia,
mostrando o Trumponomics, e hoje
volto ao tema embora seja um pouco misturado entre economia, política e falta
de vergonha. Aos meus leitores eu não diria, como o sempre citado assessor
americano de Bill Clinton: “É a Economia, estúpidos!”, mais diria, “É o Brasil, enganados!”.
Todos que me acompanham sabem que
eu sou fã de um Estado Mínimo á Brasileira, sem querer imitar o General Geisel
quando adotou a Democracia à Brasileira. É porque o Estado aqui inchou tanto,
que se ele se tornar mínimo como poderia ficar num país mais capitalisticamente
desenvolvido, poderia matar o doente.
Pois não que, como escreve abaixo
o Carlos Alberto Sardenberg, hoje no O Globo (“O governo não paga ao governo”), até o governo está dando calote no
governo e com a anuência do nosso Judiciário? Vejam lá e pensem no tamanho de
nossa crise, se pensarmos em consertar nosso país, como pensam todos os
políticos, embora só nas boas intenções ditas nas redes sociais e outros meios
de comunicação, do ponto de vista moral.
E o Estado Mínimo se torna, além
de um sonho, um sonho distante, pois não conseguimos sair do nosso pesadelo. Já
se sabia, e a Lava Jato agora está provando, que há uma correlação positiva e alta
entre corrupção e tamanho do Estado ou governo em todos os níveis. O
capitalismo brasileiro é mais dependente do governo do que na China, dito um
país comunista.
O empresário brasileiro, como as
exceções que justificam a regra, vive como o governo, pelo governo e para o
governo, e a corrupção acompanha. Hoje, vi que o Eike Batista está sendo
procurado pela Polícia Federal, numa operação chamada Operação Eficiência. O
nome deve ter vindo da ineficiência gerada pela corrupção como ela é praticada
no Brasil.
E, como verão abaixo, os
governantes, de prefeitos a presidentes, passando por outros poderes,
encontraram um novo caminho para resolver seus problemas, o governo dá calote
no próprio governo. Ou seja, hoje ninguém paga a ninguém e sobra para o
contribuinte que também não paga por causa da crise.
E podemos dizer hoje que dar
calote é crime? Vejam o que diz o Código Penal:
“Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou
utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o
pagamento:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz
pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.”
Como todos meus leitores sabem,
eu não entendo muito de juridiquês, mas, entendo de calote, pois sofri alguns
durante a vida. E será que um governo deixar de pagar o outro também não seria
crime?
Pensando no que disse e repito
aqui há tempos, junto com o economista John Friedman, que não há almoço grátis, fica mais evidente ainda a relação dos
calotes governamentais com o nosso Código Penal. Mas, quando informa o
Sardenberg que o juiz que deveria aplicar a sentença diz que está tudo bem, e
que o cara não pagou porque comeu demais no dia anterior, voltamos tudo à
estaca zero.
Ou seja, adeus à Lei de
Responsabilidade Fiscal e até aos bons costumes, pois lá no meu interior eu
levava umas palmadas quando não pagava pelas mangas que tirava do pé do nosso
vizinho. E penso que até Dona Lindu fazia o mesmo com o meu conterrâneo o Lula.
Eu aprendi, já ele eu não sei.
Fiquem com Sardenberg e vejam que
o dito citado acima deveria mesmo ser: “É
a vergonha na cara, estúpido!”.
“Tempos atrás, recebi um convite
para dirigir o lançamento de uma publicação de economia. A editora era a
Manchete, e já corriam informações sobre a difícil situação financeira da
empresa. Perguntei sobre isso a um dos diretores, que tratou de me
tranquilizar: está tudo em dia, salários, papel; nós só não pagamos ao governo.
Muitas empresas viviam assim.
Simplesmente não recolhiam impostos, nem pagavam os financiamentos obtidos em
bancos públicos. Seguiam em frente fazendo negociação em cima de negociação,
sempre com base nas boas relações com o governo de plantão.
Hoje ainda tem disso, mas a
novidade está no setor público. Prefeitos e governadores usam cada vez mais a
velha regra: não pagam ao governo. Ok, já faziam isso antes, mas a coisa tomou
um volume insustentável.
Por exemplo: em 2005, o governo
federal negociou dívidas das prefeituras com o INSS. Administrações não
recolhiam a contribuição patronal e não repassavam ao INSS a contribuição
recolhida dos empregados celetistas.
Quatro anos depois, o governo
federal topou renegociar as dívidas antigas e as novas. Naquele ano, com dados
mais precisos, a Receita Federal calculava que as prefeituras deviam R$ 14
bilhões à Previdência.
Pois sabem qual é a dívida hoje?
R$ 100 bilhões.
E claro, as prefeituras não
querem pagar. Em vez disso, começam a adotar a tática iniciada pelo governo do
Rio, um decreto de calamidade pública financeira.
Isso tem se tornado tão comum que
a gente nem repara mais no absurdo da situação. Mas deveria.
Calamidade pública, todo mundo
sabe o que é. Chuvas, secas, uma baita epidemia. Nesses casos, os governos
“decretam” a calamidade, instrumento que permite usar dinheiro não previsto no
orçamento, podendo descumprir momentaneamente as regras de responsabilidade
fiscal, que preveem punições para quem gastar além de determinados limites.
Já esse decreto de calamidade
financeira é uma invenção nacional. As finanças podem estar de fato em situação
calamitosa, mas como se chegou a isso? Com a má gestão, com gastos em contínua
elevação mesmo quando as receitas estavam em queda. Ou seja, total
descumprimento das regras legais.
Ora, o que pretende o decreto de
calamidade financeira? Permitir que a prefeitura ou o governo estadual não
cumpram justamente a Lei de Responsabilidade Fiscal. É um decreto para
legalizar um crime já praticado.
Administradores alegam que foram
apanhados de surpresa pela crise econômica nacional, que derrubou a arrecadação
de impostos. Como se fosse uma chuvarada repentina.
Ora, se já dá para prever e,
pois, se prevenir do mau tempo, é muito mais fácil perceber que uma crise se
aproxima e tratar de economizar nos gastos.
Não fazem isso. Continuam
gastando e quando chegam ao limite, sem dinheiro para mais nada, decretam que
não podem mesmo pagar. O primeiro a não receber é sempre o próprio governo: o
INSS, a Receita Federal, os bancos públicos.
Assim, caímos numa farra fiscal,
sequência de ilegalidades. Grave, pois a onda chegou ao STF. A própria
presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, suspendeu o cumprimento de
cláusulas contratuais entre a União e o Estado do Rio, proibindo que o governo
federal bloqueasse R$ 370 milhões das contas estaduais. O dinheiro era para
cobrir prestações de dívida que o Rio não pagara. O bloqueio está expressamente
previsto na lei e nos contratos de renegociação de dívidas. Mais: a União não
pode financiar os estados — financiamento que acontece quando perdoa pagamentos
de prestações de dívida e concede empréstimo novo para unidade da Federação que
não cumpre a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Ou seja, a ministra endossou uma
ilegalidade. OK, a situação do Rio é calamitosa, mas se vale a regra de que o
governo não precisa pagar ao governo, a calamidade vai se espalhar.
Aliás, a renegociação da dívida
fluminense está travada exatamente por isso: falta base legal para a União
suspender pagamento de dívidas antigas e fazer empréstimos novos.
Estão tentando dar um jeito — é
complicado. Será preciso que o Congresso aprove uma lei complementar, criando
um “regime de recuperação fiscal”, que permitiria financiamentos federais, da
União e dos bancos, em troca de contrapartidas fiscais dos estados. Sem essa
lei, a renegociação será crime contra a responsabilidade fiscal — algo que
derrubou Dilma.
Se os diretores do Banco do
Brasil, por exemplo, autorizarem empréstimos a estados falidos, sem a nova lei,
cairão nas malhas do Ministério Público.
De todo modo, o mais importante,
se algum acordo legal for conseguido, está não no refinanciamento, mas em como
os governos estaduais e municipais vão fazer os ajustes. São as contrapartidas,
as medidas efetivas de redução de gastos e ganhos de eficiência.
E um bom começo para ajeitar isso
de modo legal e correto seria a ministra revogar aquela decisão. Pois se um
estado pode não cumprir a lei e o contrato, os outros também podem, não é
mesmo? E aí, caímos numa calamidade de verdade, quando os governos não pagam a
mais ninguém, com decreto ou sem decreto.”
Estão falando em “Trumponomics”. Até o nome é chocante. O
termo se aplica aos princípios econômicos que, até agora, se aplicam às ações,
nesta área, pelo presidente eleito americano, Donald Trump. Nós fizemos um
curso de Economia, apesar de não ser nosso ramo principal, temos todo interesse
na área, e ficamos curiosos.
Resolvemos então pesquisar o que
é que o Trump quer, sem me perguntar se ele pode ou não conseguir, dentro do
sistema americano, realizar o que pretende. Há coisas que até Sarney tentou fazer
aqui e deu com os burros n’água. Mas, não vamos fazer comparações com o Brasil
para não ampliarmos demais esta postagem.
No Comércio Exterior, o Trump
quer esquecer que existe um processo de globalização que não tem volta, a não
ser que o mundo quebre e com ele os Estados Unidos. Sua ideia parece meritória,
mas, de boas intenções o inferno estourou ontem. Quer reaver os empregos
roubados desde que se tornou muito mais barato produzir na China ou no México,
por exemplo, do que antes.
Ele quer colocar tarifas nos
produtos mexicanos e chineses, mesmo sabendo que, a maioria do que se importa
destes países são de fábricas americanas. Ou seja, vai taxar americanos para
dar empregos aos americanos. Com o aumento dos custos de produção, vamos ver
quem sairá ganhando. Quem sabe fosse melhor implantar a ideia do Friedman do
Imposto de Renda negativo?
Aliás, ele quer diminuir o
imposto de renda dos americanos, o que eu acho justo e salutar, mas, ao mesmo
tempo tenta taxar os lucros no exterior, como se fosse fácil fechar uma fábrica
de automóveis num local e ir para outro. Em certos casos é impossível, até
mesmo pela incapacidade da mão de obra da outra localidade. A não ser que ele
queira empregar caçador de peles do Alasca na indústria de eletrônica.
Quer elevar as taxas de juros com
a política monetária quando o Sistema Monetário Americano é o mais independente
do mundo, esperando que eles visem mais a questão do emprego. Se ele conseguir
isto, o dólar se valorizará e adeus o turismo americano. Mais uma vez se mostra
que em Economia não há almoço grátis.
Ao mesmo tempo que se vê livre da
regulamentação do Estado sobre a atividade econômica o que também é uma boa
coisa, e que faria inveja ao Brasil, que deve ter sido o exemplo que ele
citaria da perniciosidade destas regulamentações se, pelo menos já tivesse
ouvido falar deste país.
No entanto, o que é mais
importante no Trumponomics é a tentiva de volta ao protecionismo. Uma coisa foi
o Sarney dizer que só poderíamos usar computadores fabricados no Brasil, o que
nos atrasou muitos anos em matéria de tecnologia na área. Outra, são os Estados
Unidos fazerem a mesma coisa. A diminuição da atividade econômica seria brutal
pelo tamanho da Economia americana.
Isto poderia levar a um caos
global na economia, só para ficar neste ponto. Se os chineses venderem todos os
dólares que tem, o dólar valeria menos de R$ 1,00 (Um real) em pouquíssimo tempo.
Seria a glória para os nossos turistas, se ainda tivessem o que ver no mundo. E
eu duvido muito.
Ainda há aspectos trumpianos do
que ele quer fazer na saúde, na imigração, na infraestrutura e outras que não
dar agora para comentar, ficando para depois.
Todavia, deixo agora o
Trumponomicas com alguém que é do ramo e faz uma análise mais detalhado do que
nós. Transcrevemos abaixo um texto da Mírian Leitão, publicado em O Globo, no
qual ela mostra o “Risco real”
(título da matéria), do Trump, e suas ideias amalucadas.
Enfim, esperamos que as ideais do
Trump não sejam um “trump” para o
mundo, pois ele já está fedendo demais. E fiquem com a Mírian.
“No primeiro dia de governo, o
presidente Donald Trump visitou a CIA e lá disse que “os jornalistas são as
pessoas mais desonestas do mundo”. Ouviram-se aplausos na sala. Mas esse tipo
de declaração não é perigo real. Ele pode ofender, torcer os fatos, mandar o
porta-voz reiterar os ataques, cassar a palavra de repórteres em entrevista,
mas nada disso tira a força da Primeira Emenda.
No segundo dia, ele anunciou a
saída dos Estados Unidos da Parceria Transpacífica, mas isso também já se
esperava, e não chega a perturbar a economia mundial os EUA saírem de um acordo
que ainda não está em vigor.
Trump, contudo, representa risco
real em muitos pontos. Apesar de ter dito que limitará a ação de lobistas em
Washington, ele nomeou lobistas do petróleo e pessoas que negam as mudanças
climáticas para os departamentos de Estado e de Energia e para a Agência de
Proteção Ambiental. O setor está cercado de pessoas que regularão em favor das
emissões de gases de efeito estufa. Isso é um risco real.
Ele tem ameaçado as empresas que
têm planos de se instalar em outros países, principalmente no México. Na
cerimônia de posse, disse que é preciso comprar produtos e contratar
trabalhadores americanos. Trump teve sucesso com a Ford, mas não teve com
outras companhias que continuam com sua produção descentralizada.
O protecionismo é um risco real,
mas é bom separar o que é bravata e o que de fato são decisões que podem levar
ao encolhimento do comércio e ao aumento dos conflitos entre países. Se a
economia continuar crescendo, as importações tendem a subir, em vez de
diminuir. E se tiver sucesso no objetivo de reduzir importações, através de tarifas
altas, ele pode dificultar a produção americana. Trump assume com a economia
crescendo 3,5% (último trimestre de 2016) e o desemprego em apenas 4,6%,
lembrou em artigo recente o economista Joseph Stiglitz, ao contrário de Barack
Obama, que enfrentou a herança de crise. Segundo Stiglitz, se ele seguir a
linha do governo de Ronald Reagan, de corte nos impostos, como prometeu, pode
ampliar o déficit americano. É o temor também do economista Kenneth Rogoff. Ele
define como um mito a ideia de que o governo conservador é austero e leva ao
equilíbrio fiscal, e o governo progressista necessariamente é adepto da tese de
que existe almoço grátis. O perigo real ocorre quando, segundo ele, um partido
tem firme controle do governo. O Partido Republicano tem maioria nas duas
Casas. “A expectativa é que a administração do presidente Donald Trump,
conservador ou não, faça uso agressivo de déficits do orçamento para sustentar
suas prioridades em impostos e gastos”, escreveu Rogoff.
O risco real de Trump é o
desconhecido. De governos conservadores, como foram os dos Bush ou Reagan, já
se conhece o roteiro. Trump é da espécie populista de direita. Seu discurso de
posse mostrou isso quando ele atacou todos os governos antes dele e disse que
iria “reconstruir” a América. A cara de desagrado, diante do que ele falava,
foi do republicano George W. Bush, e não de Barack Obama. O teor inteiro do
pronunciamento confirmou essa fala inicial de que os governos passados
destruíram a economia, e agora ele, e o povo, vão construir o futuro. Como é
ter, nos Estados Unidos, um populista de direita, ultranacionalista, e com uma
visão autoritária sobre seus poderes na economia? É isso que o mundo está para
descobrir. Ele tem se distanciado das ideias dos próprios republicanos. O
populismo é intervencionista por natureza, que é o oposto do que os
republicanos sempre defenderam.
Na área da energia e meio
ambiente, Trump pode fazer um estrago adotando a regulação que favoreça o
combustível fóssil. O secretário de Estado, Rex Tillerson, ex-CEO da Exxon, na
sabatina, disse que não acredita que mudança climática seja uma farsa,
contrariando a posição do chefe. O secretário de Energia, Rick Perry, é amigo
do carvão e do petróleo. A Agência de Proteção Ambiental será dirigida por
Scott Pruitt, que pode desmontar a regulação ambiental. Como procurador-geral
de Oklahoma, ele processou várias vezes a agência que agora dirige associado às
indústrias de energia fóssil. Nem toda ameaça de Trump se cumprirá, mas há
pontos nos quais ele é um perigo real de retrocesso e conflito.”
Todos aqui se lembram das regras
das monarquias que, entre elas, havia uma que dizia: “Rei morto, Rei posto”. Ela indicava que não se poderia ficar sem
um rei nem durante segundos, e por isso as normas sucessórias desciam aos
mínimos detalhes.
Ainda hoje, por exemplo, na
monarquia inglesa, se a Rainha “bater a
bota”, o Príncipe Charles vira rei no mesmo instante. É um terminando os
suspiros neste mundo e o outro começando a respirar o poder. E se o príncipe
herdeiro morrer junto, não tem problema, já haverá outro rei e assim
sucessivamente.
E por que estou escrevendo isto?
Porque o Brasil está mais parado do que já estava antes com o imbróglio da
sucessão do Teori Zavascki, que deu seu último suspiro semana passada nos mares
de Paraty. Ou seja, a pergunta: “Quem
substituirá o Teori?” é a mais importante que já se teve no Brasil desde
que o D. Pedro I perguntou ao pai se deveria ficar no Brasil ou ir para
Portugal, e deu no que deu.
Ora, se houvesse normas legais ou
costumeiras para substituição de ministros, não estaríamos passando por este
problema. Mas, tudo isto não teria a mínima importância se não fosse o que o
Teori estava fazendo, como relator da Lava Jato.
Nós não acreditamos, como o
Sérgio Moro disse, que ele seja um herói do povo brasileiro. Isto é título para
Lula ou para o Zé Dirceu. Penso apenas que ele cumpriu sua obrigação de juiz. E
triste de um país que quem apenas por cumprir suas obrigações torna-se um
herói.
Todavia, eu penso que as normas
de sucessão de ministros do STF não são bem alinhavadas porque é difícil algum
deles morrer no cargo. Eles se aposentavam aos 70 anos e agora com 75, e
sabemos que esta, no Brasil de hoje, não é a idade para morrer. E nem mesmo
para se aposentar, se não me engano, nos Estados Unidos, em sua Suprema Corte,
um ministro só sai quando morre.
Talvez, aqui no Brasil, como é o
país das “bolsas” e das
aposentadorias, poder-se-ia criar a figura de “suplente de ministro”, como já há a de suplente de senador. Então
quando indicasse o ministro, o presidente de plantão deixaria para o próximo
presidente indicar o suplente, ou mesmo os outros ministros indicarem alguém.
Isto não seria uma solução
perfeita, mas, pelo menos não estaríamos esperando hoje o sucessor do Teori,
enquanto espocam nas redes sociais a lista que ele tinha da delação da
Odebrecht. Que já está sendo chamada da lista
dos suspeitos nas várias “teorias da
conspiração” que hoje se apresentam.
Li que há hoje três alternativas
para a sucessão do Teori, e que todas elas tem respaldo jurídico. O grande
problema é quem vai oferecer o seu à seringa para escolher uma delas, se Carmem
Lúcia sozinha ou todos o ministros reunidos. E se for este último caso, vai ser
uma verdadeira briga de foice no escuro.
Tudo isto poderia ser evitado se
já houvesse um suplente. Hoje o Senado quase tem mais suplentes do que
senadores eleitos, e está funcionando (fiz um esforço danado para encontrar
outra palavra, mas....). No entanto, como não há regras perfeitas, a regra do
suplente, como propus acima poderia ser pior do que o soneto.
Já pensaram se ao nomear Teori a
Dilma tivesse indicado o Lula como suplente? E não me venham falar em amplo
saber jurídico, pois isto não tem nenhuma importância para o PT e todos sabemos
que Lula é meu candidato à Academia Caeteense de Letras, e já tem mais de 600
títulos de Doutor.
O problema seria ficarem
martelando com a Teoria da Conspiração de o Lula seria o culpado pela morte do
Teori. Não, sei que meu conterrâneo é muito inteligente, mas, sua inteligência
não chegaria a tanto quanto dizem as várias teorias da conspiração.
Esperemos que nesta semana este
imbróglio se resolva e que o Brasil comece a andar de novo, com o Temer já
incluindo na Reforma da Previdência a aposentadoria de ministro do STF somente
aos 100 de idade. Por enquanto.
Hoje está difícil começar esta coluna sem pensar em humor negro, sem
nenhum preconceito, é claro. As tragédias abundaram na semana que passou,
nacional e internacionalmente. Aqui, morre o Teori, lá fora inauguram o Trump.
Considerando a Lava Jato aqui e o Imposto de Renda lá, chegamos à beira da
catástrofe.
Começo com o grande assunto internacional, que foi a posse de Trump,
num grande espetáculo televisivo e até cinematográfico como só os americanos
sabem fazer. Muito mais impactante do que “Apocalipse
Now”do Coppola. E foram tantas as atividades já programadas há mais de 200
anos que não tem erro nenhum. Ou melhor, quase. Eu não sei não, mas, na hora de
dar um presente ao presidente que chega (até isto é parte da tradição, como
aqui faz parte o Lula derrubar os óculos do FHC), deram dois vasos de vidro ao
entrante. Tenho certeza que eram “made in
China”, o que pelo discurso nacionalista e protecionista do presidente
inaugurado, não deixa de ser uma piada.
E houve o grande discurso de posse, logo após ele jurar sobre 32 duas
Bíblias, cada uma com uma história diferente e tamanhos também, ao ponto que
quiseram chamar o Sylvester Stalone para ajudar a segurá-las, que defenderia a
América, blá, blá, blá .... Entre outras coisas ele disse:
“Nós, os cidadãos americanos,
agora juntamos nossos esforços para reconstruir nosso país. Enfrentaremos
desafios, confrontaremos dificuldades, mas o trabalho será feito. A cerimônia
de hoje, no entanto, tem um significado muito especial porque, hoje, não
estamos meramente transferindo o poder de uma gestão a outra ou de um partido a
outro, mas estamos transferindo o poder de Washington D.C. e dando de volta a
vocês, o povo.”
Eu me lembrei das posses do Lula e da Janete (nossa musa, a Dilma,
hoje mais conhecida por este epíteto), estas mesmas frases, todavia, tanto lá
como aqui fiquei esperando saírem os caminhões para fazer a entrega de poder ao
povo. Embora que, depois que li que Democracia pode-se tornar a ditadura da
maioria, eu passei a acreditar menos no que o povo pode fazer de bom pela
nação, já que não temos exemplo desta prática na história. E confesso, que pelo
menos na América, esta coisa de governo da maioria é apenas folclore. Ou seja,
a maioria do povo quer é emprego e ter o que comer. O resto é conversa de
oligarca. Mas, vamos em frente que estou pegando a sisudez do Moro. Deixa o
Trump fazer humor um pouco mais:
“Lutarei por vocês com cada
suspiro do meu corpo e nunca decepcionarei vocês. Os Estados Unidos vencerão
novamente, vencendo como nunca antes. Traremos de volta nossos empregos, nossas
fronteiras, nossa riqueza.”
E a multidão de povo delirava, enquanto o inaugurado desfilava pela
Avenida Pennsylvania, junto com toda a família, quase tão pobre como a do Lula,
antes da presidência. Calma pessoal, isto é uma coluna de humor, e não deixa de
ser engraçado comparar nossos povos. Lá o Trump teve que se desfazer de todos
os bens para não apresentar conflito de interesses com seu cargo, passando tudo
para seus filhos. Aqui o Lula pegou todos os bens que podia só para apresentar
conflitos de interesse, pois não se importa com isto, porque todos sabem que
ele é “a alma mais honesta do planeta” e filho já é bilionário. O Moro pensa ao
contrário, mas, é coisa de gente sisuda.
E a maior piada que eu vi na inauguração do loiro de olhos azuis, e
portanto inimigo do Lula, foi a notícia de que ele assinou um decreto que
proclama o Dia Nacional do Patriotismo. Seja lá o que isto for, não parece uma
piada pronta? Bem, é melhor do que a tentativa de Lula de criar o Dia Nacional
do Bolivarianismo, para homenagear o Chávez, em mais uma peça impecável do
humor negro. Ele não assinou, apesar da tristeza do Marco Aurélio Top Top Garcia,
como ficou conhecido o grande assessor do presidente Chávez, e que, às vezes,
dava expediente no Palácio do Planalto. E chega de piadas internacionais.
Volto ao Brasil. E não há como não comentar aqui, e dentro do espírito
da coluna, que é baseado na grande e filosófica frase: “Rir é ainda o melhor remédio!”, a morte acidental do ministro do
STF, o Teori Zavascky, que teve uma repercussão enorme, não por ele ser um
homem, sério, justo e trabalhador, como dizem todos os que o conheceram de
perto, e sim porque ele era o guardião dos processos da Lava Jato, que prometem
levar mais de 200 políticos ao banco dos réus. E aí é onde mora o riso do fato.
O grande problema, e que virou piada, foi justificar o fato do seu
avião cair em Paraty como um acidente. Eu vi tantas jocosidades (Lucinha
Peixoto onde estará você nestas horas?), que dariam para encher toda esta
coluna. Vejam apenas algumas:
“Celso Daniel era filiado ao PT
e prefeito de Santo André. Descobriu um esquema de corrupção no ABC paulista
que favorecia Lula, Palocci e Zé Dirceu. Foi assassinado após jantar num
restaurante com um empresário ligado ao PT.
As sete testemunhas do caso, inclusive o empresário, o garçom e o
manobrista do restaurante em que ele jantou, foram assassinados num crime que
até hoje não foi solucionado.
Toninho do PT era prefeito de
Campinas. Descobriu um esquema de corrupção que beneficiava o partido. Todos os
contratos firmados pela prefeitura do PT eram superfaturados em 40%. O dinheiro
era usado na campanha do Lula. Foi assassinado. Todos os cinco envolvidos no
caso também foram assassinados. O caso segue sem ser solucionado.
Eduardo Campos era governador de
Pernambuco. Brigou com Lula e contra as ordens do ex-mentor e aliado se lançou
candidato à presidência da república. Era a maior ameaça para reeleição de
Dilma. Seu avião caiu em circunstâncias até hoje não esclarecidas. Por três
vezes o comando da Aeronáutica mudou os chefes da investigação. A versão final
sobre as causas do acidente foi mudada cinco vezes. Dilma mandou encerrar as
investigações.
Teori Zavaski era o ministro do
Supremo que cuidava da Operação Lava Jato. Agora em fevereiro iria homologar a
delação da Odebrecht que acusa Lula pelo maior escândalo de corrupção da
história do planeta. Hoje o avião dele caiu em circunstâncias misteriosas.
Sempre que algo ameaça Lula,
mortes misteriosas acontecem. Coincidência?”
Ou seja, este é outra forma de dizer que para evitar acidente não fale
mal do Lula e nem peça avião emprestado a amigos. Eu, como tenho Lula em alta
conta, empregando-o aqui na coluna em tempo integral, e não tenho amigo que
tenha aviões, estou tranquilo. Eu só não sei se o Sérgio Moro costuma pedir
emprestado aviões de amigos. De uma forma ou de outra ele precisa ter cuidado.
No entanto, o grande problema por que passa o Brasil com a morte de
Teori, não é o seu enterro e sim quem irá substituí-lo na Lava Jato. Aviso já
que não fiz curso de Direito, e parece que Economista é “persona non grata” no STF, e estou livre disto. Quem não está livre
é a Carmem Lúcia que agora tem um grande problema debaixo da toga. É por ela
que passará a substituição do ministro, e o Temer já declarou que não quer nem
ouvir falar do assunto, e é mentira que ele iria nomear o Kojak, o nosso
falante Ministro da Justiça para o cargo. Eu, não sei se isto é possível, eu
chamaria outra vez o Joaquim Barbosa. No fundo no fundo, todos sabemos que ao
fim e ao cabo (sempre quis usar esta expressão) tudo se resolverá ao ritmo
desta coluna, ou seja com humor, mesmo que seja negro.
O que mais merece nosso riso é o processo de substituição no STF que
tem que ser por sorteio. Não tem jeito, e seria demais esperar o contrário no
país da Loteria Esportiva e da Mega Sena. Nossa justiça, o pelo menos o que ela
vem tentando fazer nos últimos tempos, tentando lavar a jato o crime do
colarinho vermelho, depende de uma roda de números igual àquelas em que se
apostava nas festas de Bom Conselho, no Natal. Esta coluna só pode crescer o
número de leitores (aliás, como todos sabem, eu tinha 15 e meio leitores, mas,
soube que o “meio” lê a coluna
escondido; agora são 16, e crescendo). Dizem que o sorteio será na próxima
semana e até pode ser transmitido pela Rede Globo. Não se sabe ainda se vão
contratar aquelas moças que fazem o sorteio da Mega Sena, ou se é a própria Carmem
a protagonista do evento. Imperdível.
E, perguntarão os meus 16 leitores: “Só tragédias?”. Eu diria apenas: De novo! Afinal de contas as
rebeliões nos presídios ainda não terminaram. Ainda bem que não soube nada da
cadeia de Bom Conselho, que, hoje não sei mais nem a localização. E pensar que
eu morava na Rua da Cadeia. Eu soube que o governo do Rio Grande do Norte, para
acabar com o conflito irá fazer um muro no meio do presídio, para separar as
facções que se digladiam lá dentro. Tudo bem e tudo normal, se na mesma notícia
não viesse a informação de que estarão usando “containers” para fazer esta
divisão. Pode não rir com uma coisa destas? Agora, ao invés de um muro de
cimento, usam-se caixotes gigantes. A única explicação é que eles serão usados
para colocar os que morrerem no conflito. Será que alguns serão refrigerados?
Eita, Brasil sem jeito.
Bem, espero que cheguemos até a próxima semana. Hoje com a briga de
facções criminosas e políticas, estamos correndo o risco de não poder mais sair
nas ruas. Só falta nos orientar que quando formos assaltados devemos perguntar
ao assaltante: Você não tem medo de ser preso? E ele responder: Meu caro, eu já
sou um preso, estou apenas de férias. Isto tudo tem que se passar com um sorriso
no rosto.
E só para terminar, soube que um prefeito empossado recentemente
assinou um decreto entregando a cidade a Deus. É uma grande solução política para
a situação de penúria em que estão os municípios, menos Bom Conselho, é claro,
que já foi entregue há muito tempo à Sagrada Família.
Não há coisa mais inesperada do
que um acidente. Por isso o Temer está tentando até hoje desdizer o que disse
sobre a violência no presídio de Manaus. Aquilo não foi um “acidente pavoroso”,
como ele disse, pois estava escrito nas “tabinhas
de Moisés”, pelas condições precárias do nosso sistema prisional. Era uma
questão apenas de previsão.
E tivemos ontem um grave
acidente. O Teori Zavascki, ministro do STF, e mais importante ainda, o relator
da Operação Lava Jato, foi tragado pelas águas do mar quando estava num avião
de um amigo.
Segundo li, o filho do ministro,
pelo que escreveu nas redes sociais, não aceitará de bom grado a versão de
acidente. Vejam o que ele disse, segundo a mídia:
“É óbvio que há movimentos dos mais variados tipos para frear a Lava
Jato. Penso que é até infantil que não há, isto é, que criminosos do pior tipo
simplesmente resolveram se submeter à lei! ... Porém, alerto: se algo acontecer
com alguém da minha família, vocês já sabem onde procurar...! Fica o recado!”
Eu não sei para quem foi o
recado, mas, pelo que o acidente envolve é muito difícil não se ver
proliferarem milhares e milhares de “Teorias da Conspiração” (TC).
Até hoje se fala de Ulisses
Guimarães em desastre semelhante. Se ouve quem merecesse recados, até agora não
ouviram, pois até agora não acharam nem os corpos. Pelo menos, o filho do Teori
vai poder enterrar seu pai, o que não é uma solução, mas, pelo menos é um
pequeno consolo.
Além, dos casos como o de Eduardo
Campos, do Marcos Freire e outros, eu lembrei do caso do Marechal Castelo
Branco, que até hoje se comenta se foi acidente ou não. Pela sua importância
política na época, talvez seja mais emblemática do que a morte do Teori.
Naquela época estávamos falando de mais políticos interessados do que hoje, com
a Lava Jato, e incluía militares, que hoje, cuidam apenas de encontrar os corpos.
O que é certo mesmo é que teorias
e mais teorias surgirão. E até livros surgirão sobre o acidente, e pondo
dúvidas e mais dúvidas sobre suas causas, como aconteceu até com a morte de
Getúlio, que o Jô Soares transformou num belo romance.
Talvez apareça agora outro
escritor com um livro semelhante: “O
homem que matou Teori Zavascki”. Eu nem vou propor aqui um roteiro porque
ainda preciso fazer uma investigação. Mas, se crime houve, não dar para excluir
alguns suspeitos óbvios.
Afinal de contas o Teori, na
próxima semana, homologaria as delações de 77 executivos da Odebrecht, que
fatalmente envolverão centenas de políticos e empresários em cenas sórdidas de
corrupção. Como isto tem efeito
multiplicador, para frente e para trás, para direita e para esquerda, uma boa
TC não terá menos de 200 personagens de altos escalões da República.
Pelo que andei ouvindo, só não
faltará água na Lava Jato se a Carmem Lúcia, presidente do STF tomar para si a
tarefa de Teori e colocar a força tarefa para trabalhar, e dando resultados com
menos de 3 dias de atraso, para apenas comemorar os 3 dias de luto fixados por
Temer ontem mesmo.
Este negócio de substituição de
ministro, agora, seria uma bobagem. Em casos como estes é o dono do time que
tem que bater o pênalti, pois se o time perder, o Brasil tomará de goleada de
novo, e não será contra a Alemanha, e sim do seu povo que já está cansado de
tanta demora. Pois como dizia Rui Barbosa:
“A justiça atrasada não é justiça; senão injustiça qualificada e
manifesta.”
Só com o seguimento da Lava Jato,
lavando o que bem merece e mantendo os sujos na cadeia é que se poderá impedir
que até o busto do Rui não fuja do Senado, com a mão no nariz.
Enfim, hoje eu iria ainda tecer
alguns comentários sobre a posse do Trump, no entanto, a estas alturas, só
podemos desejar a ele que não viaje de avião para Paraty, e que não haja motivo
para mais um TC sobre sua posse. Afinal de contas, até hoje os americanos não
sabem quem matou o John Kennedy.
Amanhã o mundo terá outro
governante. Pensam que é o Secretário Geral da ONU, que agora é português e não
deu certo? Não. É o presidente Donald Trump que assumirá a presidência dos
Estados Unidos da América.
Ontem vi a última entrevista do
presidente “deixante”, o Barack
Obama, que não tem minha admiração em vários sentidos, mas, teve a honra de
tirar a América da crise recente, quando aqui no Brasil, o Lula dizia que era
apenas uma “marolinha”, que hoje nos
afoga a todos.
O Obama estava triste, e se
perguntava, talvez, porque o Partido Democrata tinha perdido uma eleição que a
imprensa e até os institutos de pesquisa consideravam ganha. Se ele pudesse não
passaria a maleta nuclear amanhã. Por um motivo simples, e que é o de todo o
mundo: O Trump não é confiável. O cara não fala duas palavras sem dar uma “patada”.
Entretanto, e aí está o segredo
da Democracia, para o bem ou para o mal, o povo americano assim o quis, apesar
de tudo. E começaremos a conviver com um mundo menos seguro.
Se, como diz o texto que hoje
escolhi para vocês meditarem (“Obama e
Trump, passado e futuro”, do Hubert Alquéres, publicado ontem no Blog do
Noblat), o Trump quer voltar para a Segunda Revolução Industrial, por que não
voltar logo à Guerra Fria? Só que desta vez, não será com a União Soviética,
mas, com a China. E a guerra promete ser quente.
Enquanto isto, aqui no Brasil
vivemos as nossas mazelas da Primeira Revolução Industrial, tentando encontrar
meios de como conter bandidos dentro das prisões, e Lula, o “cara” do Obama, fugindo delas.
Fiquem com o Hubert, enquanto eu
vou curtir o restinho do meu recesso, pois o Congresso está voltando, e
esperando, otimisticamente, que o Temer não esteja saindo.
“A troca de guarda nos EUA põe o mundo diante duas utopias nesse
início do século vinte um. Ambas se apresentam como respostas às mazelas da
Terceira Revolução Industrial e aos desafios da era pós globalização.
A seu modo, o presidente que se
recolhe ao fundo do palco, Barack Obama, e o que vem para o primeiro plano,
Donald Trump, expressam essas duas visões. Uma é o passado e a outra é o
futuro.
O problema é saber quem é quem
para identificar quem está em sintonia com as tendências da Quarta Revolução
Industrial, fenômeno tão irreversível como o foram as revoluções anteriores.
Se os ex-presidentes americanos
Ronald Reagan e Bill Clinton foram os beneficiários diretos dos anos dourados
da globalização - a ponto de ao final de seus governos gozarem de popularidade
altíssima, 60% e 65% - Obama teve de governar em uma globalização em crise.
Mesmo assim, terminou seu governo com 56% de aprovação. Diga-se, de passagem,
Donald Trump chega à Casa Branca com o índice mais baixo de aprovação dos
últimos sete presidentes, na época de sua posse.
O deslocamento do emprego, as
ondas migratórias desordenadas, a concentração das riquezas e a concorrência
geraram um quadro adverso.
Para se ter ideia do tamanho do
problema, nos Estados Unidos a renda dos mais pobres está estagnada desde os
anos 80, enquanto os ganhos dos mais ricos aumentaram no mesmo período. Nos
anos 50, cerca de 30% dos americanos trabalhavam na indústria. Hoje são apenas
8%, segundo Náercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas
do Insper.
A desigualdade se manifesta na
qualidade do emprego. Os mais ricos e mais escolarizados encontram vagas nos
segmentos modernos da economia e nas grandes cidades, enquanto para os outros
extratos sociais há vagas de baixa qualificação, com remuneração bem menor que
o emprego industrial.
Isto explica porque, apesar de
Obama ter tirado o país da crise e de
existir uma situação hoje de pleno emprego (desemprego abaixo de 5%), os
americanos preferiram Trump.
Esses problemas podem se agravar
com o advento da chamada Revolução 4.0, marcada pela fusão de tecnologias
digitais, físicas e biológicas. Ela provocará mudança radical no mundo
industrial e no mundo do trabalho.
Esse processo tem potencial de
eliminar 47% dos postos de trabalho. Isso não é miragem, é o mundo daqui a
pouco. A Conferência Davos/2017 já se
debruça sobre a substituição dos trabalhadores por robôs em fábricas
inteiramente automatizadas.
O novo presidente dos Estados
Unidos pretende enfrentar essa realidade por meio de uma utopia regressiva, de
retorno à Segunda Revolução Industrial, pela reedição do espírito de Yalta, com a divisão de “esferas de
influência” dos EUA e da Rússia, e com a exclusão da Europa Ocidental.
A questão é saber se é possível
frear o desenvolvimento das forças produtivas, se é possível fazer os “Estados
Unidos voltar a ser grande” pela via de construção de muros e de tarifas
protecionistas, como quer Donald Trump.
Protecionismos e guerras
econômicas sempre geram ineficácia e atraso tecnológico. Se efetivados, levarão
à perda de um dos maiores ganho da globalização, o barateamento dos produtos
e sua democratização.
E não resolvem. Estima-se que 80%
dos empregos perdidos se deu em consequência da automação e apenas 20% como
decorrente por transferência de fábricas no mundo.
O cinturão da ferrugem dos EUA
não voltará a ser o mesmo da linha de produção. Não é possível voltar aos
tempos do carburador.
No mundo em que cada vez mais o
robô substituirá o homem, a utopia factível é a expressa no discurso de
despedida de Obama, uma peça histórica do mesmo patamar do discurso “Nós, o
povo”, de Ronald Reagan.
O presidente que sai de cena
reconhece o crescimento da desigualdade e propõe um novo pacto social “pois, se
não gerarmos oportunidades para todas as pessoas, os desafetos e divisões que
paralisaram nosso progresso vão apenas se intensificar nos próximos anos.”
Eis o dilema a ser resolvido:
como garantir a sobrevivência de uma maioria marginalizada do mercado do
trabalho? A bandeira da repartição da riqueza de uma forma mais equitativa
tende a ser o grande valor do século vinte e um a ser perseguido, assim como a
democracia o foi no século passado.
Está claríssimo, portanto, quem é
o passado e quem é o futuro.”
Confesso, hoje acordei tarde. Fui
dormir tarde espantado com a onda de violência que nos assola. Até quando o
Brasil vai aguentar curando-se das feridas deixadas pelo petismo deslavado?
Pelas notícias, parece que nunca.
Estou procurando aqui em meu
bestunto algum assunto alegre, “prá
frente” como se diz, para escrever alguma coisa e não encontro. Estou sem
tempo de ir às mídias. O que fazer?
Nesta situação, os políticos
aconselham a não fazer nada. Apenas deixar mudarem as posições das nuvens.
Todavia, aqui, no Brasil, não é questão de posição, e sim de cores. São nuvens
negras que pairam sobre nós, e sem muita perspectiva de ficarem, pelo menos
lilás, ou da cor do cravo de defunto.
A única matéria que vi na mídia
foi uma manchete que dizia: “Temer sonda
o Aires Britto para substituir o ministro da Justiça”, e, digo eu, talvez
para mostrar serviço neste período de quase recesso, que me alegrei.
Eu acho que seria uma boa troca,
e com o meu otimismo empedernido, até já poderia chamar a Carmem Lúcia para a
presidência, caso ele caia até 2018. Penso que seria melhor do que o FHC ou Joaquim
Barbosa. O primeiro porque seria mais do mesmo e o segundo porque não é do ramo
político, como já mostrou ser a Carmem.
E assim vamos nós, quase sem
poder sair à rua com a promessa de, por falta de presídios, soltarem os presos.
Já pensou, o Zé Dirceu solto!? E faltar vaga para o Lula? Seria uma tragédia
maior do que a que já vivemos no dia a dia.
E agora, não encontrando textos
adequadaos para o momento, cumpro como prometido, de continuar aqui neste meu
semi recesso.