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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A semana - Chacina, chacina e mais "chacinas"




Por Zé Carlos

A semana que foi motivo dos nossos comentários na última segunda-feira foi a última do ano. Festas, comemorações e muitos salamaleques restringiram o humor e o tamanho desta coluna. E vamos começar a tratar da primeira semana do ano. Em termos políticos o humor foi contido. Embora se considerarmos que “tudo é política, nada mais do que política”, tudo é motivo de riso e principalmente em nosso país.

Vejam, meus 15 e meio leitores, que os principais movimentos políticos da semana giraram em torno de uma tragédia. Imaginem os senhores que quase 100 pessoas morreram em prisões e, pasmem, não foi por um ataque nuclear, e sim por brigas entre os próprios presos. Ainda não se sabe ao certo o que ocasionou a vontade de tantos matarem tantos da própria espécie. Ou seja, bandidos matando bandidos. A principal competição até agora é que as facções a que os presos pertencem, que concorrem para ver quem mata mais pessoas de overdose por drogas, estão competindo para ver quem vende mais. Ou seja, é uma competição tipo lojas de supermercados com alguns ingredientes sórdidos.

Tudo isto seria motivo de choro e sem velas se a política não entrasse em cena para dar o tom de humor negro à situação. Os governadores dos estados envolvidos na chacina, como sempre tentaram tirar o bumbum da seringa, dizendo que o culpado era outro. E no final das contas sobrou para o bumbum do Temer, que sentiu a picada, e só quando inchou, é que gritou, isto mais de 4 dias depois. O problema é que a picada já havia infeccionado. E, ele, com aquela aparência de O Amigo da Onça (nunca vi parecer tanto), declarou, que o que se passou foi um acidente desastroso, como se a causa dos 100 mortos fosse uma explosão de botijão de gás. Depois que viu todo mundo rindo, ele tentou explicar o que era um acidente. E não deu outra: sofreu um acidente político, que levou a oposição a dizer que acidente desastroso era ele.

E fiquem sisudos se forem capaz, pois temos mais. Vejam o que declarou o “secretário nacional de Juventude”, Bruno Júlio, do mesmo partido do presidente quando indagado sobre a chacina do norte, como está sendo chamada, porque se dissermos que é a chacina do Brasil, dirão que estamos querendo matar todos de rir:

“— Eu sou meio coxinha sobre isso. Sou filho de polícia, né? Tinha era que matar mais. Tinha que fazer uma chacina por semana” - disse secretário, que é filho do ex-deputado federal Cabo Júlio, que diz a mídia, é de Minas Gerais.

O Bruno foi ungido como secretário da Juventude por Temer e não deve ter feito a declaração na frente do pai, pois se o fizesse, o Cabo Júlio, pai dele, por dever de ofício, deveria ter lhe dado umas palmadas. Mas, aí eu estou me tornando muito sisudo e não vendo o grande potencial de humor na declaração. Ora, céticos leitores, o raciocínio jocoso é o seguinte: com uma chacina destas por semana, dentro de pouco tempo, não teríamos mais bandidos presos. Teríamos então presídios suficientes para prender todos os bandidos ainda soltos, inclusive o que faz uma declaração como esta. É claro que, ao fim e ao cabo, a ideia iria levar a um revolta em todo país. Quem sobraria? O nosso Kojak, o Ministro da Justiça, que quando fala, o Temer começa a tremer? O Zé Dirceu, o Palloci, o Marcelo Odebrecht devem ter ficado em polvorosa. Já pensou uma duelo entre Dirceu e Palloci lá no Paraná, na chacina da semana? Quem cortaria a cabeça de quem? É humor puro, e nem digo que é humor negro porque não tenho preconceitos. Só en passant, o Ministro da Justiça, depois desta chacina anunciou um Plano Nacional de Segurança, que segundo ele, já estava pronto há muito tempo, mas, não divulgaria no momento em que falava porque faltavam “detalhes”. Lembrei logo do Roberto Carlos e comecei a rir.

E o Bruno, nosso chacineiro-mor continuou:

“— Isso que me deixa triste. Olha a repercussão que esse negócio que o presídio teve e ninguém está se importando com as meninas que foram mortas em Campinas (12 pessoas foram mortas pelo ex-marido de uma delas, no réveillon). Elas, que não têm nada a ver com nada, que se explodam. Os santinhos que estavam lá dentro, que estupraram e mataram: coitadinhos, oh, meu Deus, não fizeram nada! Para, gente! Esse politicamente correto que está virando o Brasil está ficando muito chato. Obviamente que tem de investigar…”

Meu Deus, ainda se fazem Secretários da Juventude como antigamente, como na Alemanha nazista, pelo menos. Lá comparava-se o valor de alguém pela raça a que pertencia, aqui já se começa comparar o valor da vida de um prisioneiro com o solto. E pensar que se fez uma chacina mundial para nos livrarmos deste tipo de pensamento, na Segunda Grande Guerra. No entanto, como deveremos encarar tudo isto? Não com o “politicamente correto” mas com o “humoristicamente correto”. É nossa única salvação.

Bem, mas nem só de chacina vive esta coluna ao pensar na semana que passou, embora seja muito difícil se afastar da matança. Por exemplo, o Temer foi à casa da Carmem Lúcia, sim, a chefe do STF, que muito carinhosamente esta coluna chama de a Barbie de Toga, pela sua graça e leveza ao presidir as sessões do tribunal. Dizem que devia ter sido com um encontro casual. O Temer abandonou todo o aparato de segurança e usou até um carro prateado para ir à casa da Carmem. Da história que ele ia saindo escondido para não ser notado pela imprensa e a Marcela, enciumada gritou: Lá vai ele!!!, a coluna não obteve confirmação. Mas, o segredo foi tanto sobre o que conversaram que o ciúme da recatado e do lar, Marcela, pode ser verdade. Mas, deixa isto para lá pois a coluna é de humor e não de fofocas. O importante aqui é dizer que, se show de humor houve, ainda não foi divulgado. Quem sabe esta semana o seja. Aguardem!

E estava tentando sair da semana assassina e terminei não saindo. Não é minha culpa quando os outros fatos políticos dela, quando apresentados no Jornal Nacional, o Boner só falta abrir a boca de sono. Vejam o que acontece com a disputa sobre a presidência da Câmara dos Deputados. É quase uma briga entre facções para ver quem será que substituirá o Temer quando ele for visitar o Trump. Todos sabem que o Temer quer o Rodrigo Maia, porque sem ele, os aposentados poderão sobreviver alguns anos sem a Reforma da Previdência, enquanto o Temer só quer ele como aposentado antes do final da década. Mas, aparecem outros e mais outros a quererem a mesma coisa, que posso deduzir é apenas para aumentar o nível de humor. Tem um que promete recorrer ao STF se Maia quiser ficar, como se a Carmem Lúcia fosse deixar. É apenas para aparecer nesta coluna, porque ele parece que é parente de Pelé, pelo menos pelo nome: Jovair Arantes. E o riso tem que continuar.

Mas, não é só na Câmara que está havendo competição de facções. Apesar do domínio absoluto do Renan, sobre sua facção no Senado, o Eunício Oliveira pode ser surpreendido pela Lava Jato. Aliás, atualmente, o país está tranquilo porque o sisudo juiz Moro está de férias, mas, ele vem aí logo, logo. E até eu já estou verificando se cometi alguma piada que possa ser investigada pela sua operação. Estou botando as barbas de molho. Aliás, eu já estou de barba de molho há muito tempo, desde que fui acusado de cometer uma ofensa moral a um vereador de Bom Conselho. Já pensou ser acusado pelo Moro por chama-lo de sisudo?

E, como motivo também de humor, na semana, tivemos as posses dos novos prefeitos e novos vereadores (o que me acusou de ofensa moral não foi reeleito mas soube que agora é Secretário de Assistência Social, o que acho muito apropriado, mesmo com o risco dele acusar o prefeito de ofendê-lo moralmente, quem sabe?). Todos prometeram fazer contenções de despesas devido à crise por que passa o setor público. Mas, basta ver a ânsia de alguns para aumentarem seus próprios salários que não tem jeito a não ser sorrir muito para não chorar mais muito. E ainda mais, li, que em São Paulo, o novo prefeito vai arranjar emprego para os habitantes da Cracolândia, com o salário de R$ 1.800,00 reais mensais. Eu penso que depois deste anúncio já tem gente querendo dar um tapa num cachimbinho de crack  para receber o salário. Só rindo!


E aqui termino, com a alegria de estar vivo e na esperança que tenhamos muitas semanas para começar pela frente, com a certeza que o riso abundará em nossa pátria que está voltando a ser de chuteiras (graças ao Tite)  e não a “pátria da chacina”. Uma boa semana para todos! (Não, não é piada).

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