Por Zezinho de Caetés
O texto abaixo me livrou de
comentar hoje sobre a baixaria da política americana, tanto na saída de Obama
quanto na entrada de Trump. Deixemos isto para nossa volta em tempo integral e
dedicação exclusiva.
O Ricardo Noblat, hoje, no O
Globo, escreve o texto “Se
arrependimento matasse...” (abaixo reproduzido), e logo pensei ser um
petista falando de sua decepção em ter votado em Temer. Não, não era. Ele trata
apenas do arrependimento que provavelmente ele, o Temer, terá por não ter
castigado mais o governo anterior, mostrando que a herança maldita que estamos
presenciando é dele, do PT.
Eu diria que o Temer pode se
sentir envergonhado por ter participado da farsa petista por mais de 6 anos.
Mas, a pergunta óbvia é: Político tem vergonha? Eu não tenho resposta mas deixo
a pergunta para os meus leitores.
De uma forma ou de outra ainda há
tempo de se corrigir. E parece que foi preciso o “acidente pavoroso” de Manaus para ele cair em si e meter o pau.
Tenho certeza que se o Lula soubesse que iria enfrentar uma prisão, como tudo
leva a crer, ele teria cuidado do sistema prisional, tanto quanto cuidou do
sítio de Atibaia, que, segundo ele, nem dele era.
Mas, é o que temos e o Temer além
de mourejar para chegar a 2018 tem que mostrar para todos que, pelo menos, não
é culpado pelo descalabro que o país está passando, sob pena de não passar a
faixa.
Agora fiquem com Noblat que eu
continuarei aqui tentando curtir meu ócio merecido neste recesso.
“Chegará o dia, se é que esse dia
ainda não chegou, que o presidente Michel Temer baterá contrito com a mão no
peito e rezará o “minha culpa, minha máxima culpa” por ter sonegado aos
brasileiros informações vitais sobre as dimensões da herança maldita deixada
pelos dois governos da ex-presidente Dilma Rousseff.
Com extraordinária timidez, quase
como se pedisse desculpas por fazê-lo, ele, ontem, ao chamar de “pavorosa
matança” o que antes classificara de “acidente pavoroso” ao referir-se ao
assassinato bárbaro de presos em Manaus, forneceu uma pálida ideia do descaso
dos governos passados com a trágica situação do sistema carcerário brasileiro.
No país com o quarto maior número
de presos do mundo, só atrás dos Estados Unidos, China e Rússia, gastou-se
pouco, quase nada, na construção de novas penitenciárias ou na reforma das
existentes. Em 2014, por exemplo, o Orçamento da União reservou para o Fundo
Penitenciário Nacional R$ 493,9 milhões. Gastou-se R$ 51,2 milhões.
No ano seguinte, a dotação para o
fundo foi de R$ 542,3 milhões, mas apenas foram pagas despesas da ordem de R$
45,8 milhões. No ano passado, a partir de maio com Temer na presidência
interina da República, a dotação atualizada do fundo foi de R$ 2,6 bilhões, e a
despesa liquidada alcançou R$ 1,1 bilhão.
- São condições desumanas em que
os presos se acham. Há presídios em que cabem 600 pessoas com 1.600 pessoas,
não é? — declarou Temer na abertura de reunião ministerial no Palácio do
Planalto sobre retomada de obras do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC). Ele promete construir mais cinco presídios até o final do próximo ano.
Por si só, a construção de mais
presídios de pouco adiantará para conter o crescimento da criminalidade. Mas é
bom saber que temos hoje um presidente que se diz preocupado com o problema e
disposto a enfrentá-lo. Os anteriores também se disseram preocupados, mas não
foram muito além disso. Erguer presídios não atrai votos.
O excessivamente cauteloso Temer
apostou que poderia aplacar a fúria do PT com a deposição de Dilma não fazendo
alarde em torno da herança que ela lhe legou. Herança que por erro ou omissão
ele ajudou a construir na condição de vice-presidente. O passado de oposição
intransigente do PT não recomendava tal aposta.
A elite bem informada do país
conhece os números do desastre cavado por Dilma nos últimos anos com o apoio de
Lula e do PT, mas o povão, não. O silêncio de Temer a respeito disso autoriza
muita gente a pensar que boa parte da culpa pela crise que o país atravessa
deve-se na verdade à ausência de um governo melhor.
Não é fato que o governo Temer
seja tão ruim ou pior do que foram os dois governos de Dilma. Longe disso. Mas
corre o risco de parecer.”
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