Por Zezinho de Caetés
Estão falando em “Trumponomics”. Até o nome é chocante. O
termo se aplica aos princípios econômicos que, até agora, se aplicam às ações,
nesta área, pelo presidente eleito americano, Donald Trump. Nós fizemos um
curso de Economia, apesar de não ser nosso ramo principal, temos todo interesse
na área, e ficamos curiosos.
Resolvemos então pesquisar o que
é que o Trump quer, sem me perguntar se ele pode ou não conseguir, dentro do
sistema americano, realizar o que pretende. Há coisas que até Sarney tentou fazer
aqui e deu com os burros n’água. Mas, não vamos fazer comparações com o Brasil
para não ampliarmos demais esta postagem.
No Comércio Exterior, o Trump
quer esquecer que existe um processo de globalização que não tem volta, a não
ser que o mundo quebre e com ele os Estados Unidos. Sua ideia parece meritória,
mas, de boas intenções o inferno estourou ontem. Quer reaver os empregos
roubados desde que se tornou muito mais barato produzir na China ou no México,
por exemplo, do que antes.
Ele quer colocar tarifas nos
produtos mexicanos e chineses, mesmo sabendo que, a maioria do que se importa
destes países são de fábricas americanas. Ou seja, vai taxar americanos para
dar empregos aos americanos. Com o aumento dos custos de produção, vamos ver
quem sairá ganhando. Quem sabe fosse melhor implantar a ideia do Friedman do
Imposto de Renda negativo?
Aliás, ele quer diminuir o
imposto de renda dos americanos, o que eu acho justo e salutar, mas, ao mesmo
tempo tenta taxar os lucros no exterior, como se fosse fácil fechar uma fábrica
de automóveis num local e ir para outro. Em certos casos é impossível, até
mesmo pela incapacidade da mão de obra da outra localidade. A não ser que ele
queira empregar caçador de peles do Alasca na indústria de eletrônica.
Quer elevar as taxas de juros com
a política monetária quando o Sistema Monetário Americano é o mais independente
do mundo, esperando que eles visem mais a questão do emprego. Se ele conseguir
isto, o dólar se valorizará e adeus o turismo americano. Mais uma vez se mostra
que em Economia não há almoço grátis.
Ao mesmo tempo que se vê livre da
regulamentação do Estado sobre a atividade econômica o que também é uma boa
coisa, e que faria inveja ao Brasil, que deve ter sido o exemplo que ele
citaria da perniciosidade destas regulamentações se, pelo menos já tivesse
ouvido falar deste país.
No entanto, o que é mais
importante no Trumponomics é a tentiva de volta ao protecionismo. Uma coisa foi
o Sarney dizer que só poderíamos usar computadores fabricados no Brasil, o que
nos atrasou muitos anos em matéria de tecnologia na área. Outra, são os Estados
Unidos fazerem a mesma coisa. A diminuição da atividade econômica seria brutal
pelo tamanho da Economia americana.
Isto poderia levar a um caos
global na economia, só para ficar neste ponto. Se os chineses venderem todos os
dólares que tem, o dólar valeria menos de R$ 1,00 (Um real) em pouquíssimo tempo.
Seria a glória para os nossos turistas, se ainda tivessem o que ver no mundo. E
eu duvido muito.
Ainda há aspectos trumpianos do
que ele quer fazer na saúde, na imigração, na infraestrutura e outras que não
dar agora para comentar, ficando para depois.
Todavia, deixo agora o
Trumponomicas com alguém que é do ramo e faz uma análise mais detalhado do que
nós. Transcrevemos abaixo um texto da Mírian Leitão, publicado em O Globo, no
qual ela mostra o “Risco real”
(título da matéria), do Trump, e suas ideias amalucadas.
Enfim, esperamos que as ideais do
Trump não sejam um “trump” para o
mundo, pois ele já está fedendo demais. E fiquem com a Mírian.
“No primeiro dia de governo, o
presidente Donald Trump visitou a CIA e lá disse que “os jornalistas são as
pessoas mais desonestas do mundo”. Ouviram-se aplausos na sala. Mas esse tipo
de declaração não é perigo real. Ele pode ofender, torcer os fatos, mandar o
porta-voz reiterar os ataques, cassar a palavra de repórteres em entrevista,
mas nada disso tira a força da Primeira Emenda.
No segundo dia, ele anunciou a
saída dos Estados Unidos da Parceria Transpacífica, mas isso também já se
esperava, e não chega a perturbar a economia mundial os EUA saírem de um acordo
que ainda não está em vigor.
Trump, contudo, representa risco
real em muitos pontos. Apesar de ter dito que limitará a ação de lobistas em
Washington, ele nomeou lobistas do petróleo e pessoas que negam as mudanças
climáticas para os departamentos de Estado e de Energia e para a Agência de
Proteção Ambiental. O setor está cercado de pessoas que regularão em favor das
emissões de gases de efeito estufa. Isso é um risco real.
Ele tem ameaçado as empresas que
têm planos de se instalar em outros países, principalmente no México. Na
cerimônia de posse, disse que é preciso comprar produtos e contratar
trabalhadores americanos. Trump teve sucesso com a Ford, mas não teve com
outras companhias que continuam com sua produção descentralizada.
O protecionismo é um risco real,
mas é bom separar o que é bravata e o que de fato são decisões que podem levar
ao encolhimento do comércio e ao aumento dos conflitos entre países. Se a
economia continuar crescendo, as importações tendem a subir, em vez de
diminuir. E se tiver sucesso no objetivo de reduzir importações, através de tarifas
altas, ele pode dificultar a produção americana. Trump assume com a economia
crescendo 3,5% (último trimestre de 2016) e o desemprego em apenas 4,6%,
lembrou em artigo recente o economista Joseph Stiglitz, ao contrário de Barack
Obama, que enfrentou a herança de crise. Segundo Stiglitz, se ele seguir a
linha do governo de Ronald Reagan, de corte nos impostos, como prometeu, pode
ampliar o déficit americano. É o temor também do economista Kenneth Rogoff. Ele
define como um mito a ideia de que o governo conservador é austero e leva ao
equilíbrio fiscal, e o governo progressista necessariamente é adepto da tese de
que existe almoço grátis. O perigo real ocorre quando, segundo ele, um partido
tem firme controle do governo. O Partido Republicano tem maioria nas duas
Casas. “A expectativa é que a administração do presidente Donald Trump,
conservador ou não, faça uso agressivo de déficits do orçamento para sustentar
suas prioridades em impostos e gastos”, escreveu Rogoff.
O risco real de Trump é o
desconhecido. De governos conservadores, como foram os dos Bush ou Reagan, já
se conhece o roteiro. Trump é da espécie populista de direita. Seu discurso de
posse mostrou isso quando ele atacou todos os governos antes dele e disse que
iria “reconstruir” a América. A cara de desagrado, diante do que ele falava,
foi do republicano George W. Bush, e não de Barack Obama. O teor inteiro do
pronunciamento confirmou essa fala inicial de que os governos passados
destruíram a economia, e agora ele, e o povo, vão construir o futuro. Como é
ter, nos Estados Unidos, um populista de direita, ultranacionalista, e com uma
visão autoritária sobre seus poderes na economia? É isso que o mundo está para
descobrir. Ele tem se distanciado das ideias dos próprios republicanos. O
populismo é intervencionista por natureza, que é o oposto do que os
republicanos sempre defenderam.
Na área da energia e meio
ambiente, Trump pode fazer um estrago adotando a regulação que favoreça o
combustível fóssil. O secretário de Estado, Rex Tillerson, ex-CEO da Exxon, na
sabatina, disse que não acredita que mudança climática seja uma farsa,
contrariando a posição do chefe. O secretário de Energia, Rick Perry, é amigo
do carvão e do petróleo. A Agência de Proteção Ambiental será dirigida por
Scott Pruitt, que pode desmontar a regulação ambiental. Como procurador-geral
de Oklahoma, ele processou várias vezes a agência que agora dirige associado às
indústrias de energia fóssil. Nem toda ameaça de Trump se cumprirá, mas há
pontos nos quais ele é um perigo real de retrocesso e conflito.”
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