Por Zezinho de Caetés
Nem vou dizer mais que estou em
semi recesso. Nele, aproveitarmos os outros, que para nós, merecem reflexão.
Hoje, transcrevo o Elio Gaspari, que no O Globo nos fala da Revolução Russa de
1917, cujas comemorações ou lamentos farão um século: “O centenário da Rússia de 1917”.
E, como acontece com todos os
movimentos sociais relevantes sempre há os exageros gerados pela arte e meios
de comunicação, como por exemplo, o surgimento de filmes, livros e peças
teatrais sobre a subida de Lula ao poder.
Se, agora se for rever a
verdadeira história, se verá que os filmes mais relevantes hoje serão aqueles
que mostrarão o impeachment de Dilma (cadê ela?) e a prisão do Lula,
provavelmente neste mesmo ano, o que seria glorioso para o Brasil e para ele.
Vamos acompanhar com lupa o que
sairá sobre a Revolução Russa de 1917 e a quantidade de imposturas que se disse
sobre ela e que até hoje influencia para o mal aqueles que pensam ser a sociedade
um coelho para andar aos saltos.
Fiquem com o texto do Elio e
vejam se tenham a mesma sensação que tivemos: Morrendo e aprendendo!
“Em outubro de 1917, os
bolcheviques (maioria, em russo) lideraram uma revolução, invadiram o palácio
do czar, subiram pelas escadarias e derrubaram séculos de absolutismo,
instalando um governo de operários e camponeses.
Tudo mentira. Os bolcheviques não
eram maioria, o czar não morava no palácio de inverno (ele abdicara em março e
estava preso a quilômetros de distância). Em outubro de 1917 não havia mais
monarquia, e a Rússia era uma república mambembe. Os poucos revoltosos entraram
no palácio por janelas laterais, e o prédio não estava guarnecido por tropa
capaz de defendê-lo. A cena da tomada do palácio, com uma heroica multidão
subindo sua escadaria foi um invenção do cineasta Sergei Eisenstein. Ele teve a
ajuda de cinco mil figurantes, e a filmagem, em 1928, causou mais danos ao
palácio que a sua tomada em 1917. (A grandiosidade de Eisenstein fez com que
suas cenografias engolissem a realidade. O massacre da escadaria de Odessa, do
“Encouraçado Potemkin”, também não aconteceu.) Multidão no palácio só houve no
dia seguinte, quando saquearam, e beberam, a adega real.
O ano do centenário da Revolução
de 1917 será boa oportunidade para que os acontecimentos daquele ano sejam
revisitados, com menos influência da propaganda. As revoluções foram duas; a
primeira deu-se em fevereiro, em Petrogrado (depois Leningrado, hoje São
Petersburgo). Nela misturaram-se as ansiedades de uma guerra na qual 1,5 milhão
de soldados já haviam desertado, um inverno brabo que afetou o abastecimento,
mais uma onda de greves e protestos. Contra essa revolta, estava Nicolau II, um
autocrata medíocre metido numa corte de intrigantes. (O monge Rasputin, guru e
marqueteiro da família real, havia sido assassinado em dezembro.)
No dia de hoje, há cem anos,
Petrogrado parecia em paz. Estava na Rússia o príncipe herdeiro Carol da
Rumânia, e a czarina Alexandra aproveitara um jantar em sua homenagem para
apresentar à nobreza sua filha de 17 anos, a grã-duquesa Maria.
Lênin estava em Zurique e admitia
que a revolução poderia ficar para a próxima geração. (Outro hóspede da cidade
era o escritor James Joyce.) Trotski estava encantando socialistas em Nova
York. Stalin estava exilado no Círculo Ártico. Ele só pensava na revolução, mas
nos próximos meses teria um problema: nasceria o filho de sua namorada
adolescente. (Alexandre morreu em 1987. Seu filho, a quem revelara a identidade
do avô, comprovou-a com um teste de DNA.)
Quando Petrogrado estava com as
ruas tomadas, a czarina Alexandra acreditava que, com alguns dias de frio, as
pessoas voltariam para casa, e um dos líderes bolcheviques na cidade duvidava
do futuro da revolta. Ele achava que a coisa se acalmaria se os trabalhadores
recebessem algum pão.
Pode-se discutir até onde a
revolução de Petrogrado foi um movimento operário ou derivou de um motim da
soldadesca. Como a efeméride será lembrada até o fim do ano, seria injusto que
tudo parecesse ter começado com o golpe de outubro de Lênin e dos comunistas.
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