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sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

"O homem que matou Teori Zavascki"




Por Zezinho de Caetés

Não há coisa mais inesperada do que um acidente. Por isso o Temer está tentando até hoje desdizer o que disse sobre a violência no presídio de Manaus. Aquilo não foi um “acidente pavoroso”, como ele disse, pois estava escrito nas “tabinhas de Moisés”, pelas condições precárias do nosso sistema prisional. Era uma questão apenas de previsão.

E tivemos ontem um grave acidente. O Teori Zavascki, ministro do STF, e mais importante ainda, o relator da Operação Lava Jato, foi tragado pelas águas do mar quando estava num avião de um amigo.

Segundo li, o filho do ministro, pelo que escreveu nas redes sociais, não aceitará de bom grado a versão de acidente. Vejam o que ele disse, segundo a mídia:

“É óbvio que há movimentos dos mais variados tipos para frear a Lava Jato. Penso que é até infantil que não há, isto é, que criminosos do pior tipo simplesmente resolveram se submeter à lei! ... Porém, alerto: se algo acontecer com alguém da minha família, vocês já sabem onde procurar...! Fica o recado!”

Eu não sei para quem foi o recado, mas, pelo que o acidente envolve é muito difícil não se ver proliferarem milhares e milhares de “Teorias da Conspiração” (TC).

Até hoje se fala de Ulisses Guimarães em desastre semelhante. Se ouve quem merecesse recados, até agora não ouviram, pois até agora não acharam nem os corpos. Pelo menos, o filho do Teori vai poder enterrar seu pai, o que não é uma solução, mas, pelo menos é um pequeno consolo.

Além, dos casos como o de Eduardo Campos, do Marcos Freire e outros, eu lembrei do caso do Marechal Castelo Branco, que até hoje se comenta se foi acidente ou não. Pela sua importância política na época, talvez seja mais emblemática do que a morte do Teori. Naquela época estávamos falando de mais políticos interessados do que hoje, com a Lava Jato, e incluía militares, que hoje, cuidam apenas de encontrar os corpos.

O que é certo mesmo é que teorias e mais teorias surgirão. E até livros surgirão sobre o acidente, e pondo dúvidas e mais dúvidas sobre suas causas, como aconteceu até com a morte de Getúlio, que o Jô Soares transformou num belo romance.

Talvez apareça agora outro escritor com um livro semelhante: “O homem que matou Teori Zavascki”. Eu nem vou propor aqui um roteiro porque ainda preciso fazer uma investigação. Mas, se crime houve, não dar para excluir alguns suspeitos óbvios.

Afinal de contas o Teori, na próxima semana, homologaria as delações de 77 executivos da Odebrecht, que fatalmente envolverão centenas de políticos e empresários em cenas sórdidas de corrupção. Como  isto tem efeito multiplicador, para frente e para trás, para direita e para esquerda, uma boa TC não terá menos de 200 personagens de altos escalões da República.

Pelo que andei ouvindo, só não faltará água na Lava Jato se a Carmem Lúcia, presidente do STF tomar para si a tarefa de Teori e colocar a força tarefa para trabalhar, e dando resultados com menos de 3 dias de atraso, para apenas comemorar os 3 dias de luto fixados por Temer ontem mesmo.

Este negócio de substituição de ministro, agora, seria uma bobagem. Em casos como estes é o dono do time que tem que bater o pênalti, pois se o time perder, o Brasil tomará de goleada de novo, e não será contra a Alemanha, e sim do seu povo que já está cansado de tanta demora. Pois como dizia Rui Barbosa:

“A justiça atrasada não é justiça; senão injustiça qualificada e manifesta.”

Só com o seguimento da Lava Jato, lavando o que bem merece e mantendo os sujos na cadeia é que se poderá impedir que até o busto do Rui não fuja do Senado, com a mão no nariz.


Enfim, hoje eu iria ainda tecer alguns comentários sobre a posse do Trump, no entanto, a estas alturas, só podemos desejar a ele que não viaje de avião para Paraty, e que não haja motivo para mais um TC sobre sua posse. Afinal de contas, até hoje os americanos não sabem quem matou o John Kennedy.

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