Por Zezinho de Caetés
Não há coisa mais inesperada do
que um acidente. Por isso o Temer está tentando até hoje desdizer o que disse
sobre a violência no presídio de Manaus. Aquilo não foi um “acidente pavoroso”,
como ele disse, pois estava escrito nas “tabinhas
de Moisés”, pelas condições precárias do nosso sistema prisional. Era uma
questão apenas de previsão.
E tivemos ontem um grave
acidente. O Teori Zavascki, ministro do STF, e mais importante ainda, o relator
da Operação Lava Jato, foi tragado pelas águas do mar quando estava num avião
de um amigo.
Segundo li, o filho do ministro,
pelo que escreveu nas redes sociais, não aceitará de bom grado a versão de
acidente. Vejam o que ele disse, segundo a mídia:
“É óbvio que há movimentos dos mais variados tipos para frear a Lava
Jato. Penso que é até infantil que não há, isto é, que criminosos do pior tipo
simplesmente resolveram se submeter à lei! ... Porém, alerto: se algo acontecer
com alguém da minha família, vocês já sabem onde procurar...! Fica o recado!”
Eu não sei para quem foi o
recado, mas, pelo que o acidente envolve é muito difícil não se ver
proliferarem milhares e milhares de “Teorias da Conspiração” (TC).
Até hoje se fala de Ulisses
Guimarães em desastre semelhante. Se ouve quem merecesse recados, até agora não
ouviram, pois até agora não acharam nem os corpos. Pelo menos, o filho do Teori
vai poder enterrar seu pai, o que não é uma solução, mas, pelo menos é um
pequeno consolo.
Além, dos casos como o de Eduardo
Campos, do Marcos Freire e outros, eu lembrei do caso do Marechal Castelo
Branco, que até hoje se comenta se foi acidente ou não. Pela sua importância
política na época, talvez seja mais emblemática do que a morte do Teori.
Naquela época estávamos falando de mais políticos interessados do que hoje, com
a Lava Jato, e incluía militares, que hoje, cuidam apenas de encontrar os corpos.
O que é certo mesmo é que teorias
e mais teorias surgirão. E até livros surgirão sobre o acidente, e pondo
dúvidas e mais dúvidas sobre suas causas, como aconteceu até com a morte de
Getúlio, que o Jô Soares transformou num belo romance.
Talvez apareça agora outro
escritor com um livro semelhante: “O
homem que matou Teori Zavascki”. Eu nem vou propor aqui um roteiro porque
ainda preciso fazer uma investigação. Mas, se crime houve, não dar para excluir
alguns suspeitos óbvios.
Afinal de contas o Teori, na
próxima semana, homologaria as delações de 77 executivos da Odebrecht, que
fatalmente envolverão centenas de políticos e empresários em cenas sórdidas de
corrupção. Como isto tem efeito
multiplicador, para frente e para trás, para direita e para esquerda, uma boa
TC não terá menos de 200 personagens de altos escalões da República.
Pelo que andei ouvindo, só não
faltará água na Lava Jato se a Carmem Lúcia, presidente do STF tomar para si a
tarefa de Teori e colocar a força tarefa para trabalhar, e dando resultados com
menos de 3 dias de atraso, para apenas comemorar os 3 dias de luto fixados por
Temer ontem mesmo.
Este negócio de substituição de
ministro, agora, seria uma bobagem. Em casos como estes é o dono do time que
tem que bater o pênalti, pois se o time perder, o Brasil tomará de goleada de
novo, e não será contra a Alemanha, e sim do seu povo que já está cansado de
tanta demora. Pois como dizia Rui Barbosa:
“A justiça atrasada não é justiça; senão injustiça qualificada e
manifesta.”
Só com o seguimento da Lava Jato,
lavando o que bem merece e mantendo os sujos na cadeia é que se poderá impedir
que até o busto do Rui não fuja do Senado, com a mão no nariz.
Enfim, hoje eu iria ainda tecer
alguns comentários sobre a posse do Trump, no entanto, a estas alturas, só
podemos desejar a ele que não viaje de avião para Paraty, e que não haja motivo
para mais um TC sobre sua posse. Afinal de contas, até hoje os americanos não
sabem quem matou o John Kennedy.
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