Por Zezinho de Caetés
Hoje estou com muita pressa,
confesso. Não escreverei muito neste nariz de cera ao texto do Reinaldo
Azevedo, que ele intitula de “O Brasil,
o muro e um ato símil à declaração de guerra”. É um título grande e
esclarecedor, pois está na cara que vai falar do Trump.
O sucessor do Obama realmente
quer instituir uma nova versão da América, para fazê-la grande novamente, diz
ele. Eu diria que isto parecia óbvio depois que o Obama fez de besteira na
política americana, principalmente, no front internacional.
No entanto, a proposição de um
muro na fronteira com o México, em que os americanos acreditaram ao elegerem-no
e parece que ele vai construir mesmo, pode nos levar a consequências funestas
para o mundo. Não há forma de os Estados Unidos, depois de sua influência no
mundo durante mais de meio século, “pedirem
o boné” e sairem dizendo: “Beijinho,
beijinho, tchau, tchau!”.
Nem é o caso deles não poderem,
pois ele, como país, é o irmão que mais
tem posses no planeta e pode, se quiser dar lições aos outros. No entanto, é
preciso calma, pois os outros irmãos estão crescendo, e podem crescer com raiva
do irmão mais forte. Cedo ou tarde, eles vão ter condições de conter suas insanidades.
E a China já tem quase a mesma idade já com um porrete razoável.
É claro que isto levará um tempo
de sofrimento, mas, se nos livramos da Alemanha nazista, com todo seu poderio,
por que nãos nos livraremos de outro poderoso? Espero que tudo seja feito para
conter o Trump, e isto é possível, como foi com a toda poderosa Dilma por aqui.
Mas, a que custo?
É o que veremos, e já me mete
medo o surgimento de candidatos a presidência aqui no Brasil, que no afã de se
elegerem podem propor um muro do Oiapoque ao Chuí, somente para não importar
jogadores de futebol, tornando Maradona persona non grata.
Fiquem com o Reinaldo, e meditem
sobre as loucuras do Trump, que é um ponto fora da curva do Partido
Republicano, e talvez dos líderes mundiais.
“As pessoas mandam as maiores
porcarias para nossos endereços eletrônicos, não é mesmo? O sujeito descobre o
telefone de um vivente e dispara uma boçalidade qualquer por WhatsApp. Ou ela
chega por e-mail. Nas redes sociais, então, o capeta dá as cartas.
Um desavisado me envia um troço
de um cretinismo ímpar. Atacava José Serra, ministro das Relações Exteriores,
porque o Itamaraty emitiu uma nota — bastante comedida, diga-se — expressando
preocupação com a decisão de Donald Trump, presidente dos EUA, de construir um
muro na fronteira com o México.
Reproduzo o texto do Itamaraty:
“A grande maioria dos países da América Latina mantêm estreitos laços de
amizade com o povo dos Estados Unidos. Por isso, o governo brasileiro recebeu
com preocupação a ideia da construção de um muro para separar nações irmãs do
nosso continente sem que haja consenso entre ambas. O Brasil sempre se conduziu
com base na firme crença de que as questões entre povos amigos — como é o caso
de Estados Unidos e México — devem ser solucionadas pelo diálogo e pela
construção de espaços de entendimento.”
O que há de errado com a nota?
Segundo o bobalhão que mandou a mensagem, Serra foi militante de esquerda, é
esquerdista ainda e teria levado o Brasil a reagir por razões ideológicas.
É de uma boçalidade ímpar.
Vamos pôr os pingos nos is. Um
governo que decide construir unilateralmente um muro — e anunciando que o outro
lado vai pagar — comete um ato de extrema hostilidade. É um ato vizinho da
declaração de guerra. Até porque, não custa notar, qual é o elemento
aparentemente ausente, mas muito presente, na decisão unilateral? Respondo: os
EUA têm a força militar, não? E se o México não aceitar a construção? Essa
hipótese nem se coloca. Se a ideia prosperar, terá de aceitar.
É evidente que a decisão não
hostiliza apenas o país vizinho. Estamos diante de uma expressão de hostilidade
ao “outro”, a qualquer “outro”. Na verdade, é o Maluco alaranjado contra o
mundo.
Departamento de Estado A reação
mais forte, é bom notar, partiu de dentro da “América”. Patrick Kennedy,
subsecretário de Estado para Assuntos Administrativos, e três de seus
principais assessores renunciaram. São diplomatas de carreira. Já trabalharam
para republicanos e democratas. Não querem saber de Trump.
E não parece que o futuro seja
especialmente sorridente para a “Grande América”. Os áulicos são trogloditas
como o líder. Stephen Bannon, o estrategista-chefe de Trump, concedeu uma
entrevista ao New York Times e afirmou que “a mídia deveria estar envergonhada
e humilhada e deveria ficar de boca fechada e só ouvir por um tempo”.
São uns irresponsáveis. Acham que
governar os EUA se resume a promover uma guerra nas redes sociais para ver quem
fala mais grosso. Trump nunca foi flor que se cheirasse, não é? A campanha
eleitoral o tornou ainda mais tosco. Carregou nas tintas da estupidez e percebeu
que isso atraía público e votos.
Agora, ele é presidente de todos
os americanos. E tem a responsabilidade que têm os EUA na segurança global. Em
vez de buscar falar para todos, ele continua empenhado em excitar a sua grei de
brucutus.
O que me conforta de antemão?
Ele não vai chegar ao fim do
mandato, aposto.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário