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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Perdão para os africanos




Por Zezinho de Caetés

Em texto deste dia 29 último no O Globo, o Elio Gaspari fala sobre as benesses que o Brasil está fazendo à Africa. Ele intitula seu texto de “Dilma, a mãe dos cleptocratas”. Eu, em princípio achei até que era outro assunto, mas o texto versava sobre velho e bom “imperialismo” que vai desde Roma, passando pela Inglaterra e agora pousando sobre os Estados Unidos.

No fundo, no fundo, as atitudes de países são diferentes das atitudes das pessoas uns com os outros, mas, no final das contas sempre predominam os indivíduos. E aqui tenta se estender a política de transferência de renda entre as pessoas por aquela entre países.

Mas, não dá para esquecer que perdoar a dívida de certos países africanos, mesmo que isto possa ser positivo do ponto de vista econômico para o país, é também um ato de imoralismo político, quando se sabe que os dirigentes de certos países são ditadores cruéis e sanguinários.

Então, ao mesmo tempo que não temos nada de novo debaixo do sol, poderíamos, pelo menos escolher melhor a quem perdoar. Fiquem com o curto e objetivo texto do Elio Gaspari, que eu vou tentar o perdão do seu Ladislau, lá na padaria, pois a dívida está alta.

“Com a prodigalidade de uma imperatriz, a doutora Dilma anunciou em Adis Abeba que perdoou as dívidas de doze países africanos com o Brasil. Coisa de US$ 900 milhões. O Congo-Brazzaville ficará livre de um espeto de US$ 352 milhões.

Quem lê a palavra “perdão” associada a um país africano pode pensar num gesto altruísta, em proveito de crianças como Denis, que nasceu na pobre província de Oyo, num país assolado por conflitos durante os quais quatro presidentes foram depostos e um assassinado, cuja taxa de matrículas de crianças declinou de 79% em 1991 para 44% em 2005. No Congo Brazzaville 70% da população vivem com menos de US$ 1 por dia.

Lenda. Denis Sassou Nguesso nasceu na pobre província de Oyo, mas se deu bem na vida. Foi militar, socialista e estatizante. Esteve no poder de 1979 a 1992, voltou em 1997 e lá permanece, como um autocrata bilionário privatista. Tem 16 imóveis em Paris, filhos riquíssimos e seu país está entre os mais corruptos do mundo.

Em tese, o perdão da doutora destina-se a alavancar interesses empresariais brasileiros. Todas as dívidas caloteadas envolveram créditos de bancos oficiais concedidos exatamente com esse argumento. As relações promíscuas do Planalto com a banca pública, exportadores e empreiteiras têm uma história de fracassos.

O namoro com Saddam Hussein custou as pernas à Mendes Junior e o campo de Majnoon à Petrobras. Em 2010 o soba da Guiné Equatorial, visitado por Lula durante seu mandarinato, negociava a compra de um tríplex de dois mil metros quadrados na Avenida Vieira Souto. Coisa de US$ 10 milhões.

Do tamanho de Alagoas, essa Guiné tem a maior renda per capita da África e um dos piores índices de desenvolvimento do mundo.

O repórter José Casado chamou a atenção para uma coincidência: em 2007, quando a doutora Dilma era chefe da Casa Civil, o governo anunciou o perdão de uma dívida de US$ 932 milhões.

Se o anúncio de Adis Abeba foi verdadeiro, em seis anos a Viúva morreu em US$ 1,8 bilhão. Se foi marquetagem, bobo é quem acredita nele.

O Brasil tornou-se um grande fornecedor de bens e serviços para países africanos e a Petrobras tem bons negócios na região.

As empreiteiras nacionais têm obras em Angola e na Líbia. Lá, tiveram uma dor de cabeça quando uma revolta derrubou e matou Muamar Kadafi, um “amigo, irmão e líder”, segundo Lula. Acolitado por empresários, seu filho expôs em São Paulo uma dezena de quadros medonhos.

Em Luanda os negócios vão bem, obrigado, e a filha do presidente José Eduardo Santos é hoje a mulher mais rica da África, com um cofrinho de US$ 2 bilhões. Ela tem 39 anos e ele está no poder há 33.

Se o Brasil não fizer negócios com os sobas, os chineses farão, assim como os americanos e europeus os fizeram.

A caixinha de Kadafi para universidades inglesas e americanas, assim como para a campanha do presidente francês Nicolas Sarkozy, está aí para provar isso. Contudo, aos poucos a comunidade internacional (noves fora a China) procura estabelecer um padrão de moralidade nos negócios com regimes ditatoriais corruptos.


A doutora diz que “o engajamento com a África tem um sentido estratégico”. Antes tivesse. O que há é oportunismo, do mesmo tipo que ligava o Brasil ao colonialismo português ou aos delírios de Saddam Hussein e do “irmão” líbio.”

quinta-feira, 30 de maio de 2013

O Ó do borogodó




Por Carlos Sena (*)

“Todo mundo quer ir pro céu, mas ninguém quer morrer” – esquece-se que “não se faz omelete sem quebrar os ovos”...  Assim também é com o amor. Todo mundo quer ser amado, mas amar dá trabalho e isso poucos se lembram na hora do “cochicho de pé de orelha” ou como dizem alguns, “na hora do vamos ver”! O que poucos sabem é que o trabalho que o amor nos dá é consequência dele por si mesmo. Neste sentido, há uma trovinha antiga mais ou menos assim: “o amor é como pirulito: nasce no mel e acaba no palito”... Talvez seja melhor entender o amor no prisma da praticidade, pois amar é bom e todos querem e todos desejam e é preciso que assim seja. Mas, amar, nunca foi nem será um conto de fadas como todos gostariam. Afinal, como podem duas pessoas que não se conhecem e vem de mundos diferentes, de uma hora pra outra, querer uma relação à Romeu e Julieta? As relações que dão certo são à João e Maria – assim mesmo: o preto no branco – donde a vida adquire cor através do respeito, do companheirismo e da renuncia em prol do ser amado. Amor construção, esse sim, talvez seja a mais perfeita tradução de uma história de amor sem romantismos exagerados.

A vida a dois, com o tempo parece que é a três, a quatro, a mil. Há quem diga que, “se alguém quiser conhecer outrem, coma um quilo de sal juntos”. É o que nos parece ser mais real. Não que não se possa ser romântico, pois românticos são os momentos que conduzem ao que se chama de felicidade. Mesmo esta, a felicidade, não se alcança nos níveis imagináveis que normalmente nos flagra nos inícios de namoro, noivado e casamento. Casamento é fase, é ressignificação sempre. Porque as pessoas escolhem ficar juntas se prometendo “amor eterno”, mas que na maioria das vezes não passam de um ano com a pessoa a quem se debitou viver eternamente. Dos enganos da vida, o mais doloroso é o do casamento, independente de que nome tenha. Quando se descobre que se vive com a pessoa errada, então o “caldo entorna”, porque toda separação é dolorosa e deixa marcas e deixa mágoas. Quando se enjoa de alguém nas relações afetivas, até o “Gut-Gut” dos alimentos na hora das refeições aborrece, incomoda. Imaginem o que será dormir e acordar e conviver com essa pessoa, por exemplo, porque já tem um filho na jogada... Será o “ó do borogodó”...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 17/04/2013

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O Bolsa Família. Teremos futuro?




Por Zezinho de Caetés

Esta semana que passou foi a semana da piada pronta. Eu digo isto com tristeza pois pode-se tornar tudo muito trágico, mesmo sendo cômico. Já falei na chamada Revolução do R$ 70,00, que foi aquela empreendida pelos bolsistas familiares, a partir de um  boato que surgiu a respeito do possível término do programa Bolsa Família.

As mulheres gordas e lanzudas se acotovelavam em frente das agências da Caixa Econômica Federal para sacar o benefício, com lágrimas nos olhos porque poderia ser o último.

Sobre o episódio eu já vi histórias mil. Desde aquela que foi sacar o benefício crente de que seria um abono para o dia das mães, até aqueles que contavam toda sua história como bolsista familiar. A que mais chamou a atenção foi uma que reclamava que o beneficio não chegava nem para comprar um saia da moda para filha. Seu tom era de desilusão com a pouca ajuda do governo para com os pobres.

Com diziam lá no meu interior, onde campeia o Bolsa Família e existe até capitão do mato para caçar pobre fugido do programa: “a medida do ter nunca se encheu”. E o Zé Carlos ontem falou com propriedade sobre o programa, quando disse que, quando ele chegar à classe média, ele, e também eu, fizermos parte dele, reclamaremos que o governo não nos dá nem uma passagem por ano para ir a Miami  visitar a Disneylândia.

São episódios, aparentemente banais, que mostram para onde está indo uma nação, onde todos são viciados em “estado”. Não há nada mais viciante do que o estado provedor. E me resta lembrar aqui alguém que um dia disse, que, quando Cuba se tornar capitalista terá um avanço extraordinário porque seu povo foi educado pelo sistema socialista. Talvez, até fosse verdade, se juntamente com a educação não viesse a Bolsa Preguiça que assola grande parte do universo do setor público aqui e alhures. É o vício do quase ócio, gerado pela não concorrência que existe no sistema capitalista. E isto não é um defeito dos indivíduos, mas de uma sistema social que não produz estímulos para o trabalho e sim para ócio.

A senhora que adoria comprar uma saia da moda para sua filha, depois de estar alguns anos no programa, não lhe passa mais pela cabeça a ideia de que se trabalhasse mais sua filha ganharia a saia e talvez uma blusa. O vício do “estado” a tornou letárgica ao ponto de não ver outra maneira de aquinhoar sua filha com o aparato de vestuário, a não ser através do “estado”. E até ameaça a não votar naqueles que estão no comando do programa viciante.

Então, exagerando um pouco, eu diria que uma parte do país vive drogada. Todo mês eles pegam a seringa em forma de cartão do Bolsa Família, e vão até uma agência da Caixa Econômica, tomam sua dose e vão para casa, curtir o mês, até a próxima dose.

Imaginem, então, alguém neste nível de dependência, ouvir alguém dizer, que no próximo mês a droga pode se acabar. Imaginando, vocês poderiam deduzir o que aconteceu. E a origem deste boato é um caso à parte. Todo o aparato policial federal está empenhado, não em pegar os criminosos importantes, mas, sim em pegar os boateiros de plantão. O que mostra realmente o ridículo a que chegou nosso país de bolsistas.

Se o PT continuar no poder, seremos a Cuba do século XXI. Onde, quem é do partido e portanto manda no aparelho de estado ameaça quem não é: “Olha, se nós não ficarmos onde estamos, a droga acaba”. Lembrem-se que nós somos o pai da droga. E o Fidel continua lá até hoje, embora os cubanos já não tenham mais garantia da droga no final do mês e por isso querem botar o velho na rua. Aqui no Brasil o papel do ditador vai ser exercido pelo PT e o pai das bolsas, o meu conterrâneo Lula. E, não se enganem mesmo antes do meio do século, todos seremos bolsistas.


Ninguém pode ser contra  programas como o Bolsa Família quando ele é aplicado de forma correta para erradicar a miséria. Quando ele se transforma em seu perpetuador, porque virou um instrumento eleitoral, pode ser coveiro de uma nação. E eu não vejo no horizonte eleitoral, nenhum estadista entre nós que defenda os interesses do país, tentando melhorar o funcionamento do programa. Todos, até agora, dizem que vão aumentar os recursos do programa. Ou seja, o Brasil vai continuar caçando pobres, até que todos sejamos um deles. Será a igualdade de renda tão sonhado pelo socialismo. Acho que a Coreia do Norte conseguiu, se não contarmos o moleque brincalhão que comanda aquele país.

terça-feira, 28 de maio de 2013

ONDE EU ESTAVA ANTES DE NASCER?





Por Carlos Sena (*)

Se me perguntarem pra onde irei depois da morte poderei dizer: “só depois dela saberei”! Se insistirem, então serei mais definitivo: "irei para o lugar que estava antes de nascer"...

De fato, morrer e um assunto tão cheio de filosofia que cada pessoa se ilude pensando que tem vida eterna. Através da filosofia a vida pode ser eterna, mas, na pratica, ninguém até hoje ficou vivo para servir de “semente”.

A complexidade filosófica ajuda e até nos alivia um pouco quando a gente, por exemplo, não perde o gosto pela vida mesmo sabendo que um dia iremos morrer! O outro lado disto se define quando os humanos querem ser melhores que uns outros. Muitos vivem tratando semelhantes com patadas, humilhando e massacrando seus iguais como se diferentes deles fosse! Engano: o tempo passa e com ele passam coisas do luxo e das vaidades com muito mais vigor e velocidade, levando pessoas ao desespero que os valores frágeis facultam.

A vida precisa da filosofia, mas esta não precisa da vida. Há uma simbiose consentida em que morto não pensa, tampouco filosofa. Afinal, viver nunca será em vão se a gente tiver a noção exata de que desta vida somos apenas passageiros.

Assim, melhor não querer saber do lugar que eu estive antes de nascer! Perguntei isso à minha mãe, mas ela nem se lembrou. Pelo contrario ela me inquiriu alegando: “como é que eu vim de um lugar que não me lembro”? Já que você tem essa preocupação que busque sua resposta, disse-me ela! Minha mãe é assim – meio abusada nas respostas nas perguntas que acha bestas. Mas, como filho de gato é gatinho, ela não gosta de falar de morte e, por isto me respondeu abusada. Não liguei muito pra o que ela me disse, pois fica difícil pra ela entender certas coisas – seu traço mais marcante de personalidade é a praticidade.

Independente de conceito ou preconceito, a vida é bela! Melhor não perder tempo enquanto ela escorre pelas nossas mãos! Mais que bela a vida é magica e nos transforma sem que percebamos sua essência. Melhor do que dar a César o que e dele é dar a boca ao beijo, o corpo ao desejo, a mão ao afago... Porque depois nem sei se te vejo!

Se alguém duvida da doutrina espírita, se faça a pergunta: “de onde em vim antes de nascer”? Se desejar pode modificar a afirmativa: “quando eu morrer quero voltar para onde eu estava antes de nascer”... Certamente a gente fica com fuso, com tudo e com nada. Confuso, certamente. Mas não se faz omelete sem quebrar os ovos. Então não custa nada pensar que do outro lado da eternidade pode estar o lugar de onde nós viemos antes de nascer...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 14/04/2013

segunda-feira, 27 de maio de 2013

A semana - Quem é o pai do Bolsa Família? Será de mentirinha?




Por Zé Carlos

Como não poderia deixar de ser, o que dominou a semana que passou, e é retratado no filme da UOL, que apresentamos lá no final, foi o Programa Bolsa Família. Boatos diziam que o programa iria se acabar e encheram-se as agências da Caixa Econômica Federal de gente aflita, para sacar seus últimos reias doados pelo governo federal.

Minha mãe contava que lá em Bom Conselho, se não me engano, lá pela década de 40, surgiu um boato que o mundo iria se acabar. E ela teria sido uma das vítimas do pânico que se formou ao correr para Igreja, confessar os pecados, na esperança de que, cumprindo-se a profecia bíblica, ela pudesse no outro dia estar  no paraíso. Contava ela, talvez enfatizando nas tintas da história, que descia gente da Rua do Sol como enxurrada da chuva. Tenho certeza de que ela não sabia dizer de onde saiu o boato. Mas, ela acreditou.

Pois houve um novo aviso de fim de “mundo” nesta semana que passou. E isto nem é figura de linguagem. O Programa Bolsa Família tornou-se o mundo de grande parte das pessoas neste país. E isto merece uma análise mais séria do que a que podemos fazer aqui, apresentando um simples filme que aborda com humor o caso.

Posso apenas dizer que hoje, o programa como se apresenta e funciona, além de tornar-se obrigatório e indispensável para o “mundo”, nem as profecias de que era um programa passageiro e iria se acabar com o fim da miséria, poderão ser mais cumpridas.

No filme, um senhora reclama do programa, porque ele não pode nem comprar um saia de R$ 300,00 para filha. Isto indica que o “mundo” não está esperando que o programa se acabe ou seja ele apenas, como foi a ideia inicial, até que a sua miséria se acabe. A miséria subiu de patamar.

Não se encontra no filme, mas, eu vi outra declaração, de outra mulher dizendo que usava o dinheiro do programa para colocar na poupança do marido. Ou seja, o governo confia nas mulheres como gestoras do dinheiro, mas, elas, talvez em protesto, dão o que recebem aos maridos.

Brevemente, o Programa Bolsa Família, se estenderá à classe média, e lá estarei eu dando declarações do mesmo naipe, como professor aposentado e tendo direito ao meu Bolsa, de que, imaginem, o que governo me dá não dar nem para pagar a prestação do meu carro.

Com estas condições, é imaginável que  o programa seja o grande trunfo eleitoral  para quem é considerado seu pai. E o filme mostra, com seu grande senso de humor, figurões da república se digladiando para fazer o exame de DNA no Programa do Ratinho. Para mim o programa é filho de mãe solteira e foi gerado numa noite de festa, onde a mãe não só deitou com um homem só. E exame de DNA está sendo feito todo o dia e toda hora pela população brasileira.

E nossa política chega a um verdadeiro impasse. Para que discutir outros temas? Será o exame de DNA que nos dirá quem, a partir de 2015 continuará na presidência da república, igualzinho ao que aconteceu em 2010. Mesmo não se tendo concluído o DNA histórico, o povo concluiu, naquele ano, que o pai era o Lula (não venham com ilações de que a mãe solteira era a Rosemary Noranha porque aí não precisaria nem de DNA), e ele elegeu a Dilma, que defende esta tese com unhas e dentes para se manter no poder.

Do outro lado o Aécio Neves garante que o pai é o FHC, pois na época da festa, o FHC ainda mexia com estas coisas que o pais tem que fazer para gerar filhos. E o embate continua, até as eleições. Quem será o pai? Veremos.

E, logo em seguida, o filme nos mostra algumas declarações do Joaquim Barbosa. Ele não diz que é o pai do Bolsa Família, mas, diz que os nossos “partidos são de mentirinha”. E a verdade parece que doeu porque foi um alarido danado no Congresso. Só faltou o Eduardo Suplicy, com sua cueca de Superman, declarar que isto era uma terrível injustiça e a Marta, mandá-lo relaxar e gozar diante da situação, porque, não é nada demais que o PC do B seja patrocinado pela Coca-Cola, pois tudo hoje é uma coisa só.

O filme ainda não aborda mas eu já me antecipei, vendo que o Renan Calheiros, foi presidente por um dia. Dizem as más línguas, que também iria viajar, só não o fazendo porque quem iria assumir, neste caso, seria o Joaquim Barbosa. Houve uma tensão geral, porque ele poderia editar uma medida provisória mandando alguns para cadeia. Foi melhor não arriscar.

Agora fiquem com o resumo do roteiro do filme da UOL e depois vejam o resumo da semana e decidam quem é o pai do Bolsa Família, e portanto, fará o novo presidente do país.

“No Escuta Essa! desta semana, a disputa entre Dilma e Aécio pela criação do Bolsa Família. O programa do governo federal também gerou tumulto após boatos de que seria cancelado. Dilma reagiu, a ministra Maria do Rosário culpou a oposição pelo boato, mas depois recuou. Por fim, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, que alfinetou novamente os parlamentares dizendo que o país tem partidos de “mentirinha”.”


sábado, 25 de maio de 2013

Valei-me São Francisco. Cadê a transposição?




Por Zezinho de Caetés

O texto que transcrevo abaixo foi escrito pela jornalista Branca Nunes e o li no Blog do Augusto Nunes no último dia 22 (22/05/2013). Ele contém dois vídeos que mostram mais do que as letras nas duas situações envolvidas na Transposição do Rio São Francisco. As promessas e os fatos.

Como dizem, uma imagem vale muito mais do que mil palavras, e várias imagens valem mais do que as milhões de promessas feitas a partir deste projeto de transposição, que vem se arrastando por muito tempo.

Como pode ser visto abaixo, meu conterrâneo, querendo bancar o esperto em cima de seus compatriotas nordestinos, sertanejos e agrestinos, prometeu que esta obra ficaria pronta em 2010. Elegeu o poste que já promete a obra em 2015, e se ela se reeleger, fatalmente, iremos para 2020, e as promessas continuarão.

Até quando esperaremos pela promessa do Antônio Conselheiro de que o “sertão vai virar mar”? Talvez, para sempre. E para aqueles que são contrários à transposição pelos males que ela causará ao Velho Chico, será uma alegria, e poderão até dizer que já é um milagre para ser colocado na conta do Papa do mesmo nome.

E para quem, como eu, é um agrestino de Pernambuco sofredor, e que viu de perto a seca matar quase todo nosso rebanho e acinzentar nossa paisagem, por quase 3 anos seguidos, só resta lamentar que até agora não tenhamos despertado para o fato de que estamos sendo usados como massa de manobra eleitoral, para que os colegas dos mensaleiros continuem no poder, nunca cumprindo o que prometem, a não ser as esmolas.

Fiquem com texto da Branca Nunes e os filmes, e eu vou, lá para o sertão andar de moto dentro dos canais inacabados, da inacabável transposição. Valei-me São Francisco.


““Além das ações emergenciais, estamos investindo em infraestrutura para garantir fornecimento estável de água mesmo em períodos de seca”, viajou Dilma Rousseff no programa Conversa com a Presidenta desta terça-feira, depois de lhe perguntarem o que tem feito o governo para enfrentar a maior seca dos últimos 50 anos. Já na decolagem, festejou os 6 mil carros-pipa imaginários e 296 mil cisternas de armazenamento de água para o consumo humano e 12 mil para a produção”.

Alcançou a estratosfera em seguida: “Em Pernambuco, são dezenas de obras do PAC para oferta de água, dentre as quais o Ramal do Agreste, que ligará o Eixo Leste da Transposição do Rio São Francisco à Adutora do Agreste, garantindo água para 68 municípios pernambucanos, incluindo Arcoverde”. No Brasil Maravilha que Lula fundou e Dilma não para de aperfeiçoar, a transposição das águas do Rio São Francisco está sempre a um passo da inauguração.

“A água desce por gravidade até uma estação de bombeamento, onde é transportada até um nível mais alto por energia elétrica”, informa o locutor federal no vídeo institucional sobre a obra, enquanto desfilam na tela imagens produzidas por computação gráfica. “Quando há alguma depressão no terreno, especialmente sobre os vales dos rios, o canal é convertido em um aqueduto que transpõe o vão como uma ponte”. Não é pouca coisa.

Mas não é tudo: “Como o canal passa por uma região muito seca, algumas tomadas de água serão criadas no caminho para atender as comunidades vizinhas”. E tem mais: “Ao longo do trajeto, a água é acumulada em reservatórios, onde ela pode seguir caminho, abastecer as populações próximas ou em alguns pontos usada para gerar energia elétrica”.


No Brasil real, as coisas são muito diferentes. “O projeto lembra hoje uma quilométrica passarela de retalhos na qual faltam costura e pedaços de tecido”, constatou uma reportagem publicada em abril pelo jornal O Globo. “Aquela que seria a rendição de 12 milhões de sertanejos não passa de um conjunto de canais desconectados, dutos enferrujados com ferros retorcidos e estação elevatória que parece um fantasma de concreto”.

Embora as obras não tenham chegado sequer à metade (o governo celebra “mais de 43% de avanço”), o preço dobrou. Os R$ 4,8 bilhões estimados em 2007 subiram para R$ 8,2 bilhões – dos quais R$ 3,6 bilhões já foram desembolsados. Também os prazos fixados originalmente foram desmoralizados pela realidade. Lula prometeu em 2006 que a transposição do São Francisco estaria concluída em 2010. Dilma promete entregar o colosso invisível em 2015.

Até agora, nenhum sertanejo foi beneficiado por uma única gota de mais um milagre brasileiro. “A firma foi-se embora. Começaram fazendo o serviço, depois abandonaram e tá desse jeito agora, só buraqueira”, conta Damião Serafim dos Santos, morador de Sertânia (PB), no vídeo publicado pela TV Estadão neste domingo (assista abaixo). Dentro de uma das valas onde deveria estar correndo a água do São Francisco, hoje retomada pela vegetação, Damião extrai a conclusão óbvia: “Agora tem que fazer tudo de novo”.

Os 9 mil funcionários que chegaram a trabalhar nos canteiros de obras foram reduzidos a 4,6 mil. “Tem dia que só aparecem três clientes”, disse ao Globo Eliane Maria da Silva, ex-trabalhadora rural que montou um restaurante e chegou a vender 400 refeições por dia em Floresta, no interior de Pernambuco.

As obras que pegaram carona na transposição também enfrentam problemas. No Rio Grande do Norte, por exemplo, a adutora do Alto Oeste, que já consumiu R$ 35 milhões, corre o risco de ficar sem serventia. O reservatório roça a fronteira do colapso. Quase 150 municípios potiguares castigados pela seca decretaram estado de emergência.

Caso visitasse os canteiros de obras, Dilma Rousseff descobriria que o que diz não tem semelhança alguma com o que se vê. E também encontraria sem esforço os miseráveis e desempregados que acabaram no Brasil Maravilha. Uma escala na pernambucana Curralinho, por exemplo, poderia proporcionar à presidente uma didática conversa com Rosalina Maria dos Santos. “Nós somos pobres”, garante Rosalinha, em frente à casa de pau a pique que emoldura a integrante de uma espécie oficialmente extinta. “Num lugar como esse aqui nós não temos emprego não. Não tem água para trabalhar na roça. Se nós tivesse água, nós trabalhava, mas nós não tem água”.

Terminada a viagem, é provável que Dilma Rousseff  recebesse com mais desconfiança os resultados das pesquisas de popularidade. Talvez até aprendesse que não é possível mudar a vida real por decreto."

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Crônica para uma cidade Maurícia.





Por Carlos Sena. (*)


Estou no Recife. Mesmo em Brasília, passando uma chuva, nunca sai do Recife. O Recife é um sentimento que mesmo que se queira sair dele ele não sai de nós. Recife é um poema que seus habitantes escreveram pelas pontes, pelos rios, pelas ruas. Rua da Saudade, da União. Rua do Sol, Rua da Hora, Rua Nova, Rua do Bom Jesus e tantas outras. Não lhe bastassem as ruas, os arruados se contornam em prosas e em versos diversificados entre Carlos Pena e Manuel Bandeira. Nos versos líricos e debochados ao mesmo tempo de Ascenso Ferreira. Recife texto. Recife pretexto de amores vindos, de ardores findos. Recife Prosa que se refaz em tudo que mesmo sendo pequeno grande lhe parece. E quando grande maior parece e enaltece os Recifenses onde quer que eles estejam. Recife lendário. Calendário de festas de carnaval. Aval de sestas e varais e quermesses mil. Recife varonil. Recife cruel, por que não dizer? Porque de uma cidade que só se reconhece na poesia e no lirismo dos seus becos, morros, arruados e asfaltos, o lado cruel também se estabelece e se transforma: recife dos mártires, da ressureição, de Frei Caneca, de Padre Henrique e de Dom Helder. Recife de Chico Ciência, dos mangues sem clemencia. De Alceu e de Valença. Recife de Maraca: maraca eu e maraca tu – Maracatu do baque solto ou virado, do povo que é cordeiro, mas vira cobra se preciso for. Recife luz, mesmo que as chagas dos maus governos fiquem expostas. Recife laje, lajota, recife muro, mureta e arrimo. Muro do arrimo dos desvalidos. Muro do desatino desassistido. Recife de uma nota SOL nas suas praias, mas de nota Dó das suas mazelas. Recife de Dom e de Donzelas, palmas pra elas que ainda são. Recife do Ar e do Mar e da terra – encerra em ti a quimera do amor em tantos tons. Recife novena: “amar mulheres, várias. Amar cidades, só uma RECIFE” – foi o que nos disse Ledo Ivo. Recife épico, Armorial. Recife noite e noturnal serenata infinda que de Olinda se conspira em favor do lírico, do profético, do pictórico. Recife dos sem nome, dos com fome, dos com forme e dos desconformes. Recife dela somente. Assim: dela. Ou dele. Porque recife é multi como arco-íris da sua bandeira que sob ela abrigam brancos, negros, ricos, pobres, homo e heterossexuais, e outras minorias. Recife dos mosteiros, dos mosqueiros do bairro de São José e do mercado do mesmo nome. Recife de si mesma por nós feita e refeita em cada grito de República com Olinda combinada, em cada revolução libertária que ajudou a vencer... Recife de mim, de você. Recife de quem chegar. Chegar pode. Mas, Ficar? Só se for como eu: amando esta cidade como se ama uma relíquia, como se ama um grande amor, como se ama...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 14/04/2013

quinta-feira, 23 de maio de 2013

E as nuvens não param





Por Zezinho de Caetés

Quem são mesmo os candidatos a presidente? Marina. Cadê a REDE? Aécio. Cadê a união do PSDB? Eduardo. Cadê coragem? Dilma. E o Lula vai deixar?

Ou seja, as coisas mudam e mudam em uma semana, na política e o que vemos são as nuvens passando em todos os formatos. Por isto vem a calhar um texto que reproduzimos abaixo do Rui Fabiano, que ele chama de “Política nas nuvens”, onde fala da volatilidade do quadro político brasileiro (publicado no Blog do Noblat em 18/05/2013).

O que me vem à mente, neste nariz de cera ao texto, foram minhas lembranças da visita da Dilma a Pernambuco para inaugurar a Arena da Copa e que, pelo que vi, estará terminada lá pelos meados de 2014, mas, já foi dado o pontapé inicial. A presidenta veio também lançar ao mar um novo navio, que não sei se afundou logo que foi lançado, pois o histórico de lançamentos daquele estaleiro, não é dos melhores.

E nesta visita vi os olhares de amor, gratidão e afeição que existiam entre a presidenta e o governador, entre um chute e outro na bola. Pelo jeito, morreu o candidato e ficou o fã de priscas eras. Tenho quase certeza agora só são 3 candidatos.

No entanto, nenhum dos outros está garantido como pleiteante ao cargo político máximo da nação.

Ainda não se sabe, se a Marina não conseguir deitar na REDE, se continuará no páreo por outro partido. É provável que não, e pela pressão vinda do governo, eu penso que não conseguirá aprovar o partido em tempo. Agora só são 2 candidatos.

O Aécio é o mais provável a galgar o posto de candidato no PSDB, mas, o Zé Serra parece estar vivo pelo menos para atrapalhar, o que ele tem feitos últimos tempos. Sua filosofia parece ser a de que se não for ele não é ninguém. Talvez, consiga ir para a terceira queda. Agora é 1 candidato.

Pensam que é a Dilma? Tenho quase certeza que não. Segundo ouvi falar na mídia, ou o Lula arranja um cargo que lhe dê foro privilegiado, ou vai, junto com a Rosemary fazer companhia aos colegas na prisão. Será que ele vai querer ser Senador?

E as nuvens continuam a passar. Passem com ela lendo o texto do Rui Fabiano. Eu ficarei pensando em outros candidatos.

“Embora o debate sucessório já esteja deflagrado desde que Lula lançou a recandidatura da presidente Dilma Roussef no início do ano, nada mais volátil que o cenário que se descortina.

E há aí um paradoxo: como volátil se quatro candidatos já se apresentaram? Além de Dilma, pelo PT e aliados, os tucanos apresentaram o senador Aécio Neves (que assume agora a presidência do partido); o PSB vai de Eduardo Campos, governador de Pernambuco; e a ex-senadora Marina Silva está empenhada em registrar um novo partido (Rede) para se colocar no páreo.

No entanto, nada está seguro e tudo se move no plano especulativo, que precede a aferição efetiva de forças e alianças.

Anteontem, por exemplo, o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, considerou precipitado lançar agora candidato à Presidência, pois julga que o PSDB “tem vários bons candidatos”.

O que quis dizer com isso? Prestar homenagem a lideranças eventualmente preteridas no partido, como ele próprio ou José Serra?

Avisar a Aécio que terá que assumir compromissos com o tucanato paulista, que não engoliu seu apoio de fachada na eleição passada? Não se sabe, mas com certeza não falou por falar.

Em política, nada, nem o ato de jogar conversa fora, acontece por abstração. Até as asneiras embutem recados e intenções.

Aécio foi lançado candidato por Fernando Henrique, com o entusiástico apoio do ainda presidente do partido, Sérgio Guerra, o que aparentemente o torna internamente imbatível. Pode ser, mas não será tão simples. Há ressentimentos.

Vejamos o PT. Até aqui, nada ameaça a candidatura da presidente Dilma: tem popularidade e o apoio de Lula.

Porém, há dificuldades na economia – a mesma que, quando em alta, fez com que Lula se reelegesse apesar do Mensalão.

Se em alta a economia tem tal poder – e tem -, como seria em meio a uma crise? Dilma, como se sabe, está longe de deter o comando do PT e de sua base.

Necessita com frequência do auxílio de Lula, que faz questão de posar como seu avalista.

E foi o próprio Lula que, em mais de uma ocasião, disse que só voltaria a se candidatar à Presidência caso Dilma, na ocasião, não se mostrasse competitiva. Não jogou conversa fora.

Nessa hipótese, disse ele, “para poupar o país da volta dos tucanos”, iria para o “sacrifício”. Ninguém duvida, sobretudo porque não se sabe qual o cenário da tal “ocasião”.

Fica então, mesmo aí, com uma presidente com popularidade alta, uma rusga de mistério.

Com relação a Eduardo Campos, embora seus correligionários digam que sua candidatura é irreversível (e não poderiam dizer outra coisa), questiona-se se não estaria apenas testando seu cacife político, para aumentar sua participação no bolo do poder e viabilizar-se para 2018.

Como se sabe, foi no Nordeste que Lula e Dilma garantiram suas respectivas vitórias. E Campos é hoje a maior liderança política da região, o que o torna, em tese, fiel de balança num segundo turno.

Não é à toa que vem sendo cortejado pela oposição e questionado pelo PT. Contudo, ao que se saiba, continua amigo e interlocutor de Lula – mas também de Aécio e... Serra.

Já Marina Silva depende de outros fatores. No seu reduto, cujas dimensões não se conhecem, não é contestada.

Ninguém crê que tenha condições de ser vitoriosa, mas ninguém nega também seu potencial para fazer barulho, fortalecer-se politicamente, já que, na eleição passada, teve 20 milhões de votos.

Mas, para repetir aquela performance, depende da estrutura partidária que conseguir montar. É, de qualquer forma, beneficiária de um paradoxo: mesmo sendo já uma veterana em política, atrai aqueles que se mostram enojados da política (que não são poucos). E ela tem sido hábil em investir nessa ilusão de ótica.

Em suma, mais que nunca, cabe a famosa sentença de Magalhães Pinto, de que política é como nuvem: a cada instante muda de forma. A sucessão está nas nuvens, mas tudo o que se tem feito – e se fará daqui por diante – consiste em contemplá-las.”

quarta-feira, 22 de maio de 2013

A BIBLIA QUE EU CONHEÇO NÃO É PASTA DE DENTE





Por Carlos Sena (*)

A Bíblia parece mesmo que virou pasta de dente. Tudo tem explicação nela, ou pelo menos é assim que alguns fanáticos querem transformar tão importante publicação de fé cristã. Independente de fé e de ser cristão, não entra na cabeça de ninguém que a Bíblia, escrita a tantos séculos se preste a ser norteadora de comportamentos... Principalmente se esses comportamentos são de ordem natural e cultural. Fé é dogma e se assim não fosse o mundo já teria se entregue ao capeta ou ao lúcifer ou ao capiroto ou ao cadeirudo, seja lá que nome tenha. Nele eu também não creio – pelo menos na formatação dele tão personificada.

O mundo capitalista criou um novo Deus: um deus frágil que se incomoda com o que o povo faz na sua intimidade; que se incomoda com que o povo que é pecador por excelência, peque. Afinal, (está na bíblia) que devemos perdoar não sete vezes, mas setenta vezes sete. Neste caso, seria muito mais fácil para os fanáticos utilizarem a bíblia no viés do perdão do que no do castigo. Por conta disso e de outras sandices mais, Deus ficou sendo visto como o que castiga, não como o que liberta. A própria igreja católica, ainda hoje, prega o sacrifício na terra para que no céu se ganhe a vida eterna. Ora, a gente tem que procurar ser feliz na terra e, se der, ser feliz no céu. Porque se a gente for feliz na terra fazendo o bem sem olhar a quem; dando com a mão direita sem que a esquerda veja; perdoando setenta vezes sete; não se preocupando com o dia de amanhã; sendo, acima de tudo, exemplo de vida mais do que retórica de confessionário ou de púlpito, certamente teremos o céu por prêmio... Nem que seja o “céu da boca”...
O que não dá pra engolir é ver e ouvir um bando de gente que não foi capaz de ser profissional liberal de sucesso e buscou na religião um meio de vida. Mesmo que explorando os mais fracos, aqueles para quem a vida foi madrasta. É mais ou menos isso que tem levado o mundo dos fracos a se abrigar debaixo de um bíblia que não existe, mas que nas suas entrelinhas se permite ao subjetivismo dos donos do “mercado da fé”... A bíblia hoje virou pasta de dente, só que ainda não combateu o mau hálito daqueles que bafejam ódio em nome dela, discriminam em nome dela e sobre ela depositam suas polpudas contas bancárias. A bíblia que eu conheço e demonstrei que conheço não é essa dos padres pedófilos, nem dos pastores Silas Málacraia e Edir Morcego, tampouco da Legião da Boa Vantagem. A bíblia que eu conheço é a do perdão, a do amor incondicional. A bíblia que julga e condena eu nunca tive acesso a ela e nem quero, porque a vida já é curta demais pra gente gastar “vela boa com defunto ruim”...  O Silas Málacraia em seu programa de TV fala mais nos Gays do que em Deus, por que será? A psicologia prova que “quem disso usa, no geral disso cuida”... E ninguém desconhece que nas igrejas católicas ou apostróficas tem nos seus porões todo tipo de sacanagem e libidinagem. Tarefa cruel para o atual Papa administrar e ver o que pode fazer, pois São Francisco, em quem se inspirou para tirar seu nome, foi, a meu ver, o mais fiel cristão de todos os tempos. Ele sim, era a Bíblia personificada de libertação, amor e respeito aos semelhantes.

Sem delongas, quem quiser que utilize essa nova pasta de dente chamada BIBLIA. A que eu conheço e com a qual norteio minha vida é outra – igual àquela que nos lembra não usar o nome de Deus em vão...

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Publicado no Recanto de Letras em 10/04/2013

terça-feira, 21 de maio de 2013

MAMÃE!





Por Jose Antonio Taveira Belo / Zetinho


12 de maio. Mês dedicado às santas mulheres, aquela que detém um imenso amor para dedicar à família. O DIA DAS MÃES representa tudo isto. É um dia dedicado e comemorado por todos os membros de uma família, haja vista, que ela é a RAINHA DO LAR.

Neste dia recordo a minha querida mamãe Nedi que já não se encontra no meio de nós desde ano de 1999, quando foi ao encontro do Pai Eterno.

Lembro todos os dias do seu eterno carinho que dedicava aos filhos e ao seu esposo Antonio Zuza. Muito carinhosa. Gostava de acariciar e abençoar os seus filhos de modo especial mostrando o exemplo de uma pessoa que sempre amou, mesmo nas dificuldades e da ausência deles. Nunca se esqueceu de nós. Rezava diariamente a Deus pelos seus filhos. Procurava dar exemplo para que seguíssemos trilhando o caminho da ética e da moral. Exemplo de religiosidade encaminhando os filhos por este caminho da Fé em Jesus Cristo, levando-os a participar da Santa Missa todos os domingos na Matriz da Sagrada Família celebrada pelo inesquecível Padre Alfredo Damaso. Não media esforço para servir a todos que precisasse da sua ajuda. Dava a vida se possível fosse para que nós fossemos feliz, como somos.   A qualquer chamado lá estava presente, lá esta ela servindo como a Mãe de Deus serviu a humanidade.

Lembro-me dos seus cânticos em casa, varrendo, lavando e cozinhando, na querida Rua do Caborje, ali estava plantado à alegria que contagiava os seus filhos, que acompanhava desafinada na voz de criança. E o aprendizado das primeiras letras? O A, B, C e a tabuada de somar, diminuir, multiplicar e dividir que tínhamos que estudar e saber de cor para arguição na escola? Cuidado para não cair, advertia quando descíamos a ladeira do Cinema REX, após ver os cartazes às carreiras. Quantas vezes ela nos embalou noite adentro, nas madrugadas frias da nossa querida e amada cidade de Bom Conselho? Muitas e muitas vezes, principalmente, eu Zetinho que sofria de bronquite asmática. Eram noites de sono ao meu lado com um abano na mão, abanando para amenizar a respiração ofegante, sentada na beira da cama a luz de um candeeiro.  Colocava no peito compressa de farinha de mandioca quente a fim de afrouxar o catarro. Dava uma colher de lambedor e uma xícara chá de mastruz com leite para melhorar o cansaço. Quantas vezes em seus braços ia até o consultório do Dr. Raul Cambuim e Dr. José de França, sob chuva ou sol.  Ali recebia conselho dos médicos e medicação adequada para amenizar o sofrimento que afligia o seu filho. São lembranças que mexe com o meu coração. Certa vez já em Garanhuns, deitado sob um frio intenso que se fazia pela manhã, acordei e me fiz dormindo quando ela carinhosamente alisou os meus cabelos – meu filho querido e pequeno, quando já era adulto, se preparando para participar da Santa Missa às 6 horas da manhã no Colégio Diocesano presidida pelo inesquecível Monsenhor Adelmar da Mota Valença. O carinho de mãe não tem preço. O amor que ela dedica é de um valor extraordinário, medido pelo amor que Maria Santíssima dedica para cada um de nós. DIA DAS MÃES! Quantos filhos desprezam o seu amor. São milhares e não sabem o que estão perdendo. A ingratidão dos filhos fazem muitas mães sofrerem, e que a deixa chorando sem reclamar. O choro acontece muitas das vezes na calada da noite, no seu silencio do quarto. Quanto sofrimento as mães passam pelos seus filhos. Mesmo que eles errados são defendidos por elas que são capazes de doar a sua vida em favor do seu filho.  Hoje sinto saudades, saudades estas que não voltam com a presença física, principalmente neste dia, mas que comemoro com muito amor esta lembrança da minha querida MÃE NEDI. Que cada um ame a sua MÃE dedique-se a ela como ela se dedica aos filhos dando carinho e muito amor, pois ELA MERECE.

Olinda, 13 de maio de 2013 = DIA DEDICADO A NOSSA SENHORA DE FÁTIMA.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A semana - Gordinha, Lindinha e Docinho foram parar no chiqueiro





Por Zé Carlos

Quase não comentava o filme da UOL, que resume os fatos políticos da semana que passou, o que faço, quase sempre. O filme de hoje é uma sinfonia de uma nota só. Trata da aprovação da chamada “MP dos Porcos”, que depois ficou conhecida como a MP dos Portos. Ou seria o inverso. Não importa muito.

Quem entende apenas um pouquinho do que seja a papel da infraestrutura de um país, jamais poderia ser contrário a uma medida legal que tentasse melhorá-la de alguma forma. E não é preciso muito esforço para entender este papel. Basta que você tente enviar uma mercadoria, que pode ser até você mesmo, de um lugar para outro, para ver o transtorno que é causado pela ausência de estradas ou meios adequados de transporte.

E, quem anda por este país, o que eu faço muito pouco, mas, leio de quem o faz, é difícil dizer que nossas estradas estão em boas condições. E aqueles que lidam com nossos portos, que foram abertos solenemente por D. João VI, quando veio corrido de Portugal, com Napoleão em seu encalço, diz que é uma calamidade a situação deles.

Pela própria fadiga do material, este governo descobriu que é melhor que a iniciativa privada cuide de uma parte das coisas, deixando outras para que sejam tratadas pelo Estado, onde ele é tido como mais eficiente. Sem muitos detalhes da matéria votada, é isto que entendi. E, esta decisão de ir aos poucos, mesmo timidamente, reconhecendo que somos um país ainda não socialista, e que a iniciativa privada muitas vezes é mais eficiente, que dava à medida legal abordada, com muito humor, no filme, é importante,  e que seja bem-vinda.

No entanto, o que se viu foi uma confusão monumental na relação entre dois poderes da república que até nos mete medo. Não pelo debate e contraditório que devem existir num sistema democrático de direito, mas, pela maneira atabalhoada de condução do processo legislativo. Presenciar senadores dizerem que não votarão uma lei porque não tiveram tempo para lê-la, é um disparate completo. E maior ainda é o disparate de uma grande maioria votar assim, às cegas.

Mas que aprendamos com ela, inclusive rindo da situação ridícula que se criou e que é mostrada no filme abaixo. Desde suas excelências dormindo pelos cantos quanto aos xingamentos em plenário, que mais parecia campo de futebol, de várzea.

Gordinha. Lindinha e Docinho não atuaram bem na fase de planejamento (aliás, esta palavra caiu de moda, e vivemos de um modo, hoje, que qualquer ação de governo quase que começa do fim para o início) e depois tiveram que se virar para não entornar o caldo. Um garotinho brincava com os porcos enquanto um senhor, todo caiado, brigava e exigia que ele saísse da lama, embora estivesse já com lama pelo pescoço.

Há quase um século atrás, quando eu lutava pela minha sobrevivência, e quando tinha pelo menos uns cinco neurônios funcionando, eu fui professor de Planejamento Governamental. Naquela época eu ainda sonhava que o governo teria um jeito todo especial de fazer planejamento e que ao ensiná-lo estaria contribuindo para que o país funcionasse melhor. Hoje já não acredito mais nisto, mas, quem sabe, tenha algum dos meus alunos que aprendeu comigo alguma coisa, e hoje trabalho no governo? Coitado dele e coitado de nós.

Mas, já estou passando dos limites para o espírito do texto e do filme que ele apresenta ai embaixo, que é ver o mundo com um pouco de humor. Descobri que, muitas vezes é melhor do que planejamento.

Vejam, a seguir o resumo do roteiro pelos produtores e em seguida o filme, e se puderem durmam com os nossos parlamentares.

“O Congresso virou a madrugada para aprovar a MP dos Portos, a pedido do governo federal. Deputados e senadores correram contra o tempo para conseguir aprovar a Medida Provisória depois de muita polêmica. A MP, mesmo aprovada na Câmara, rendeu muitas críticas a Dilma Rousseff. Foram mais de 40 horas de embates. O Senado aprovou a MP a poucas horas do prazo final da validade.”

sábado, 18 de maio de 2013

EU, A ESCOLA E OS SOFRESSORES.





Por Carlos Sena (*)


Se alguém se interessasse em saber da minha idade e eu fosse daqueles para quem dizer a idade é um sacrilégio, poderia dar algumas dicas:

 1 – Sou do tempo em que a gente estudava começando pelo curso Primário;

2 – Depois do Primário, a gente passava (se a nota das provas permitisse) para o Ginasial;

3 – Depois do Ginasial, então a gente escolhia no “cardápio escolar” qual curso a gente seguiria: Magistério, Científico, Clássico, etc.

Só que havia entre o Primário e Ginasial, o EXAME DE ADMISSÃO, ou seja, a gente só cursava o Ginasial se passasse numa prova tipo “vestibular”. Havia cursinhos fora da escola com esse fim, mas a gente estudava em casa e ficávamos tensos, pois ai de quem não passasse no “ADMISSÃO”...

No bojo do processo educacional daquela época, havia outras ações interessantes que marcavam a nossa vida. Caderno de caligrafia! Eu adorava. Leituras em voz alta, eu também amava. Levar pra casa o dever de casa que hoje se chama tarefa era  coisa muito a séria e a gente o fazia com cara bonita ou feia, senão... Ora senão, senão o safanão nas orelhas a gente levava, graças a Deus! Ah, mas eu adorava mesmo era levar pra casa, como dever de casa, uma COMPOSIÇÃO, ou DISSERTAÇÃO. A geste escrevia e no dia seguinte a entregava ao professor que levava pra sua casa e, no outro dia, ele nos devolvia com uma nota. Os erros ele grifava em vermelho e nos mandava repetir trocentas vezes... E a gente fazia. Lembro que um dia em sala de aula eu escrevi a palavra “NECESSÁRIO” assim: neScessário. A professora passou com olhar de soslaio e viu. Chamou-me e disse como era que se escrevia e me mandou escrever 500 vezes a palavra N E C E S S Á R I O. Eu não só nunca mais errei como me lembro da "fessora" e do seu nome e sobrenome, estado civil até hoje.  Naquela época professora tinha nome e sobrenome, hoje virou "tia".

Nesse bojo de coisas simples e efetivas de uma educação que muitos hoje a chamam de "ultrapassada", lembrei que a gente lia muitos textos. Como o livro didático era difícil e muito mais raros eram os de leitura propriamente dita, havia uma coletânea chamada de NOVA SELETA. Nela estavam os textos dos melhores autores brasileiros. A gente deitava e rolava e interpretava e reescrevia sobre aqueles textos clássicos e belos. Posso dizer que essa “Nova Seleta” foi quem me salvou e a ela devo um pouco do que sei ler, escrevere e pensar hoje. Outra parte eu credito a revista O CRUZEIRO que meu pai era assinante. Eu ficava orgulhoso, pois meu pai era dos poucos que tinhas assinatura dessa que era a VEJA de antigamente, mal comparando, claro. Conheci Raquel de Queiroz nessa revista - ela escrevia numa coluna voltada para as mulheres, mas os homens sempre liam.

No quesito disciplina, as escolas eram tampa. Se a gente fosse suspenso de aula, o mundo se acabava dentrode nós. Os pais iam logo ao colégio saber o porquê daquela suspensão. Se a professora mandasse um bilhete para os nossos pais e a gente não o entregasse, o pau cantava. No mínimo as nossas orelhas eram responsabilizadas. Outra coisa: se a gente não passasse numa única matéria, perdia o ano todo. Com isso, passar de ano dava até um certo glamour! Não havia essa esculhambação de hoje que os alunos não assistem às aulas, somem e, no final do ano aparecem e a legislação da pedagogia moderna o manda fazer um trabalho e ele passa... Não só passam de ano, mas passam com louvor para o mundo das drogas, passam para a falta de respeito. Passam a surrar os professores, passam a currar as alunas no banheiro, passam a praticar o buling, e, não raro, passam os pais pra trás. Os pais, por sua vez, só se sentem passados pra trás  quando a polícia bate na porta e eles (os pais) ficam se perguntando “onde foi que eu errei”? Pois é. Falar em educação é difícil, mas a educação é processo e, como processo requer regras, rigores, limites. Isso, a escola moderna esqueceu faz tempo, bem como também muitos pais. Disso tudo, uma certeza, ou muitas: se essa escola fajuta que está ai montada no ufanismo de uma pedagogia dita moderna (usam e abusam de Paulo Freire) não tem dado conta do seu recado, precisamos rever tudo isso. Devemos acabar com essa irresponsabilidade de ver o aluno como os olhos do pedagogismo e do psicologismo. Aluno precisa ser reprovado quando essa for a sua resposta ao processo educacional. Aluno precisa respeitar professores, pais, colegas. Aluno precisa do limite que os pais nunca deram em casa. Precisa, acima de tudo, estudar e professor ensinar. Ora, se a nossa educação está uma bosta, certamente é porque os bons professores que são em quantidade reduzidas estão sendo vencidos por aqueles que fazem da educação um bico; e por alguns pais que entregam suas responsabilidades à escola porque não sabem ser pais e, talvez, botaram filhos no mundo por ignorância ou porque não sabiam usar camisinha. Porque certas qualidade de crianças que vemos hoje por aí não merecem ser dignas de terem nascido do ventre de mulher, mas de onça, com todo respeito às onças. Por isso as chamo de crionças e quem quiser que se prove em contrário, pois que nós outros já temos essa prova em nosso redor.

Assim, se você quiser saber a minha idade, pode. Mas não se assuste que eu sou da geração dos que já chegaram aos sessenta anos. Detalhe: sabendo ler e escrever e contar. Sabendo respeitar os mais velhos e tendo ética na vida e tendo respeito aos diferentes. Melhor: sabendo elaborar, falar em público e respeitar o próximo. Se a minha escola é considerada ultrapassada, graças a Deus que ela assim foi! De uma coisa eu tenho certeza: se eu tivesse filho não saberia o que fazer com ele diante dessa educação frouxa, que, grosso modo, leva nada a lugar nenhum. Pior: tem valido menos do que sulfato de pó de peido.

Ainda bem que existem alguns pais responsáveis que salvam a pele dos seus filhos com educação doméstica dura, mas sem falatar com o amor que eles precisam como gente.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 08/04/2013

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O estupro ideológico





Por Zezinho de Caetés

Semana passada li no Blog do Noblat (11/05/2013) um texto do jornalista Ruy Fabiano, e que me chamou a atenção pelo título: “Adultério ideológico”. A partir dele, minha cabeça pôs-se a rodar já pensando no caso do adultério do Lula com a Rose, porque, nestes mesmo dias, li em algum lugar, de quem gosta de fazer certas contas, que eram 171 dias sem que o meu conterrâneo comentasse esta relação fora do casamento, com a Rose Noranho. Pensei que o “ideológico”, do título se referisse à ideologia do Lula, que antes se resumia a um “goró” e agora ele poderia ter estendido o seu significado, como por exemplo, incluindo ficar rico, dando palestras onde não fala nada e as pessoas acreditam em tudo que ele falou.

Mas, estava enganado. O problema é, que depois do Demóstenes, que caiu dentro da cachoeira tempos atrás, um dos políticos liberais de quem tive notícias neste país quase dominado pelo socialismo bolivariano, foi o Guilherme Afif Domingos, de São Paulo, que também se dizia liberal, e eu jamais, em tempo algum poderia pensar, pelo que ele disse da presidenta um dia, que ele hoje fosse um dos seus ministros, hoje.

A Dilma, até que enfim criou o seu 39º ministério, mostrando mais uma vez de que se este é um país sem miséria, também é um país sem vergonha. São cargos e funções criados aos montes para realizar o sonho do poder eterno, ou pelo menos até que o câncer os separe. Mesmo, com o câncer sempre se encontrará alguém Maduro, para completar a obra, como na Venezuela.

E o caso do Ministro da Micro e Pequena Empresa, que é do PSD, se não bastasse a desfaçatez quando se compara o que ele pensava com o que ele hoje diz, é ainda vice-governador do mais rico estado da Federação, São Paulo, e diz que não vai soltar este osso de jeito nenhum.

É um imbróglio próprio do Brasil e de seu poderes, mas fiquem com o Ruy Fabiano, porque, agora eu vou ver a sessão da câmara de deputados que concluirá a votação da chamada MP dos Portos, que Garotinho chamou de MP do Porcos, para que ela siga para o Senado, onde há 80 senadores esperando por ela, para colocar nela suas impressões digitais de aprovação. E, note-se que é uma boa MP, se existe isto mesmo. Estamos nos estertores de nossa capacidade portuária. Mas, a forma como o executivo age, com sua mega base alugada, levou-nos a esta vergonha do legislativo. A coisa está feia. Neste caso não haverá adultério, e sim estupro.

“Mais esdrúxula que a adesão de um liberal histórico a um governo que se proclama de esquerda – caso da nomeação de Guilherme Afif Domingos a ministro-chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa -, é a acumulação de cargos daí decorrente.

Afif, que é do PSD, é também vice-governador de São Paulo, cargo que, num gesto surpreendente, se recusou a deixar ao ser nomeado ministro. Baseia-se num suposto vazio legal quanto à matéria, o que lhe autorizaria a acumulação.

Ainda que assim fosse – há controvérsias -, não há como deixar de considerar alguns fatores, de ordem ética e política, que resultam dessa insólita acumulação de funções.

Do ponto de vista ético (que tem também implicações políticas), quebra-se o princípio bíblico do “não se pode servir a dois senhores”. Afif servirá simultaneamente à presidente Dilma, que é do PT, e ao governador Geraldo Alckmin, que é do PSDB.

Se conseguir levar essa acrobacia até o fim, terá logrado, de quebra, outra façanha, de ordem metafísica: provar o equívoco de uma sentença bíblica. Não é tarefa fácil.

Dentro de um ano, terá início a campanha sucessória, e ambos os “senhores” de Afif – Dilma e Alckmin – serão candidatos à reeleição, sem qualquer chance de aliança: o candidato de Dilma em São Paulo enfrentará Alckmin e este apoiará o tucano (Aécio Neves?) que enfrentará Dilma.

Não se sabe como procederá o ministro-vice-governador Afif, pois, enquanto estiver ministro, terá de ser braço político de Dilma junto aos pequenos empresários, para que estes votem e se engajem na sua reeleição – ou alguém imagina que a presidente criou mais uma pasta (a 39ª!) por razões de ordem técnica?

Criou-a porque sabe que esse segmento é amplo e influente e pode lhe gerar votos, muitos votos. Afif não foi nomeado por ser o especialista que é na matéria. Poderia até não ser.

Afinal, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), ao assumir o cargo de ministro da Pesca, confessou não saber nem pendurar uma minhoca no anzol. “O cargo é político”, disse ele.

De fato, assim têm sido as nomeações, que contemplam partidos da base - ou, como no caso do PSD, partidos que, em decorrência da nomeação, passam formalmente a integrá-la.

Como ministro de Dilma, Afif terá que se engajar no esforço eleitoral que, desde já, move a base governista. Ao mesmo tempo, é vice de um tucano, a quem deve lealdade (pelo menos em tese), e que trabalhará em sentido oposto ao de sua chefe federal.

Esses são os imbróglios ético-políticos, que não costumam ser obstáculo nos dias de hoje a muita coisa (afinal José Genoíno e João Paulo Cunha, condenados pelo STF, votaram há dias na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados a admissibilidade de uma emenda constitucional que tira poderes da Corte que os condenou em instância final).

Mas Afif terá que enfrentar ainda questionamentos judiciais. O vazio legal que, segundo seu entendimento, o beneficia, está sendo contestado por um deputado estadual, Carlos Giannazi (PSol), que pede sua cassação do cargo.

A Constituição do Estado de São Paulo, ao estabelecer direitos e deveres do governador, o impede de acumular cargos. Mas nada diz quanto ao vice.

Ora, se o vice é o sucessor legal e imediato do governador, não é preciso ser nenhum jurisconsulto para entender que, assim como os votos que elegeram o titular se estenderam ao vice, ambos estão submetidos ao mesmo código de conduta expresso na constituição estadual.

Se Alckmin adoecer ou tiver que viajar ao exterior, Afif pedirá licença a Dilma para assumir o governo de São Paulo? À margem de tudo isso (que não é pouco), um constrangedor paradoxo: um liberal, que em princípio defende o Estado mínimo, empenhado em manter-se duplamente a ele apegado. É o que se pode chamar de um adultério ideológico completo.”

quinta-feira, 16 de maio de 2013

BARBOSINHA





Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Grande amigo dos idos tempos da beleza do Recife, das décadas dos anos 60 e 70, quando curtíamos as tardes ensolaradas tomando umas geladinhas nas mesas posta na calçada do Bar Savoy, vendo o passeio das moças e rapazes enamorados. A elegância dos homens e mulheres muitas das vezes atravessando a ponte Duarte Coelho, vindo do Cinema São Luis passando pela Avenida Guararapes retornando pela Rua Nova olhando as vitrines da Casa Sloper, as joalharias e sapatarias com o último modelo da moda.  Tardes bonitas que não voltam mais, por mais que queiramos este tempo acabou. A baderna, a sujeira, o barulhos ensurdecedor é que encontramos hoje nestas vias públicas. Mas o que fazer? 

Encontramos-nos na frente do cinema São Luis, acabado, sem aquela beleza de outrora. Como vais Taveirinha? O tempo não muda o teu perfil, sempre elegante, apenas a idade vai tomando conta da nossa vida.

E você sempre do mesmo jeito. A idade não chega perto de você parece que te abandonou. Quantos anos?

Algumas décadas, respondeu Babosinha sorrindo. Olhando para mim, disse:

A vida para mim não esta tão boa, como desejava. Mudei-me da casa em Água Fria, tu sabe onde é, pois estivesse a muitos anos nos visitando naquela tarde de sábado saboreando um churrasco.

Pois é!

Estive doente nestes últimos anos, agora já estou bem. Mas aconteceu um caso comigo que não devia acontecer, a minha amada, que eu jurava por tudo neste mundo, me deixou por um canalha da vizinhança e hoje vive mendigando apoio, sem um lugar para descansar. Os peguei numa tarde que resolvi vir ao Recife. Nunca desconfiei, juro por Deus, que o malandro que se passava por amigo, e sempre estava lá em casa limpando o terreiro fosse o amante. Não tinha emprego, vivia de biscate. A simpatia dele caiu na graça da minha mulher pelo seu trabalho.

Sai por volta da três horas da tarde. Peguei o ônibus e quando cheguei ao bairro da Encruzilhada, que coloquei a mão no bolso senti a falta da minha carteira de cédulas com os documentos. Desci ali mesmo no largo da Encruzilhada e apanhei outro ônibus para ir a casa.   Chegando vi as portas fechadas. Entrei no terraço e abri a porta da sala e deparei-me com uma cena que nunca saiu do meu pensamento. O canalha e a quenga agora podem chamar, estavam abraçados em trajes menores, na poltrona assistindo o programa da televisão. O choque foi tão grande que eu recuei. A vista escureceu. Senti naquele instante um ódio danado. Fiquei atônito com o que estava vendo. Deu-me vontade de agredir todos os dois, mas pensei naquele momento a consequência que advinha com um ato impensado. Eles por sua vez ficaram estupefatos com a surpresa. Olha, não sei o que aconteceu. Vi-me perdido. O que fazer naquela hora crucial? As pernas tremiam. Eles correram para a cozinha, ele fugia pelo quintal, pulando o muro. Ela começou a chorar. Não quis fazer nenhum comentário, pois, nada resolvia. Sai de casa para um lugar sossegado e calmo, num bar do vizinho, dizendo que quando voltasse não gostaria de encontrá-la que ela fosse embora com o seu amante canalha. Os meus filhos ficaram chocados com atitude de sua mãe, quando a noticia começou a se espalhar. O tempo passou e os amigos brincavam comigo chamando de “corno manso”. Todos diziam se acontecesse com eles este fato, o bicho pegava. Diziam – eu matava os dois; outro falava que dava uma surra na mulher e mandava para a “zona”; outros juravam que capava o “cara” e assim cada um tinha uma vingança. O tempo passou.  Procuravam a cada dia uma maneira de entender, mas não conseguia. O cara a largou na rua da amargura, como se diz os poetas. Isto faz dez anos. Ùltimamente, ela tem vivido na casa de uma prima que mora lá por lado de Afogados e tem sempre pedido para voltar, arrependida do passo errado que deu, e eu aconselhado pelos meus filhos e netos aceitei a sua volta, como uma condição, de termos quartos separados e que não acontecesse ou que aconteceu, outrora.  Hoje moro lá pra bandas da UR 7, no bairro do Ibura. A noite chegou com o céu estrelado e a lua lá no alto iluminando este pedaço de torrão. Conversamos sobre outros assuntos e prometendo encontrarmos em outra ocasião no mesmo lugar o Bar do Azulão.


quarta-feira, 15 de maio de 2013

Crônica para uma Recife rapariga.





Por Carlos Sena (*)


Bom dia, Recife. Hoje eu acordei com saudades de você. Corrijo-me: com mais saudades. Então pensei: se Recife fosse uma pessoa eu iria fazer uma carta pra ela. Uma carta saudosa, pedindo colo, pedindo cafuné, pedindo... A Recife eu pediria tudo, mesmo que ela não me mandasse nada, mas vindo dela eu saberia administrar. Tudo bem que dizem que Recife é uma cidade cruel. Sei lá. Dizem que essa alcunha se deu quando alguns líderes políticos achando que mandavam nela sempre levavam na cara. Pensavam que Recife fosse molenga, meio “Maria vai com as outras”. Isso porque eles (os politiqueiros) apresentavam um candidato e, quais coronéis em seus currais, achavam que o povo do Recife ira votar fechado naquele candidato. Rasgavam a boca! Sempre Recife dava o troco: “eu sou libertária” dizia através das urnas. Mas, hoje, o meu assunto é outro. É que eu queria mesmo escrever uma carta como se Recife fosse um ser – assim mesmo: sem ser homem nem ser mulher, pois isso é coisa dos humanos dicotômicos para quem tudo tem que ser branco no preto. Recife ser, sentimento, mulher, homem, gays, pretos, pobres. Reficepina, Recifeboaviagem, Recifelinhadotiro, Recifecoque, Recifeespinheiro, Recifetudo. Assim mesmo: tudo junto e misturado.
Bom dia, Recife. Assim mesmo, como se personificada fosse, como se mulher fosse:

Brasília, 7 de abril de 2013

Querida Recife

Faz tempo que não te escrevo, mas não é por nada especial. São apenas saudades de ti. Hoje eu me acordei assim meio com banzo. Ah, como eu gosto dessa palavra! Ela me remete a um sentimento de saudade que não é apenas isso, mas aquilo tudo que a gente sente quando está perto de ti, ou junto de ti. Soube que por aí tá uma seca da peste e nosso povo está tomando banho uma vez ao dia porque a água está racionada. De novo? Sabe, Recife, a gente que tá distante, imagina que você – assim tão cortada por pontes e rios nunca sentiria falta d’água nas torneiras. Quando eu estava ai fiquei impressionado com a indústria dos carros pipa! Como eu tenho mesmo a língua de trapo, acho que tudo seja também um conluio com esses empresários da água. Será, Recife, que a mesma indústria da seca não é quem patrocina o racionamento de ti? Deixa pra lá. Deixo não! Como podes sofrer tanto depois de tantos séculos de civilização e cosmopolitismo? Ah, por falar em sofrimento, como vão os nossos morros e as nossas palafitas? Vamos ver se seu atual marido faz mais coisas nesse sentido. Vamos ver também se ele resolve o problema do teu transito e da tua mobilidade. Pelo menos antes de se casar contigo ele te prometeu tanta coisa que a gente até pensava que tu estavas te casando com um santo. Deus queira que ele não seja santo mas obre milagre. Muitos obraram, mas bosta mesma. Recife, tua ainda fedes? Por aqui o povo ainda diz assim: ReciFEDE. Eu me arreto e caio de pau quando vejo alguém falar de ti, mesmo com razão. Pois é, amiga, só quem pode falar de ti são teus amigos de verdade e teus filhos. Nem teus maridos e ex-maridos principalmente, poderão falar de ti. Por falar em ex-marido, como você pôde aguentar aquele baixinho abusado? Olha, amiga, ainda bem que você soube pedir o divórcio! Agora, com um novo marido, esperamos que ele te deixe mais bonitinha. Sabe, Recife, tu estás muito abandonada, largada. Você precisa mudar esses vestidos fora de moda, dar um corte no cabelo que o Capibaribe banha. Pede ao Bloco das Flores para se instalar em tuas margens; pede ao Vassourinhas para varrer a Avenida Guararapes; pede aos pintores para pintar os prédios do centro, desentupir as galerias podres e cheias de entulhos. Sabe, Recife, o teu rio – esse mesmo que João Cabral utilizou em seus poemas, merece ser bem tratado. Já pensou se ele fosse utilizado como meio de transporte fluvial? Neste sentido, soube que teu atual marido já está investindo na execução do processo. Como vassoura nova varre bem, espero que ele continue sendo novo e que, diferente de alguns outros, seja bom do começo ao fim da vida de vocês... Sabe, amiga, aqui pra nós: tu és muito rapariga, mulher! A cada quatro anos tu mudas de marido, vai gostar de casar assim na casa do diabo. Mas, acho melhor assim. Prefiro você se casando a cada quatro anos a te ver sendo escrava daqueles teus maridos de nomes esquisitos: interventores! Deus nos livre deles e de tudo de ruim que te puderam proporcionar. O melhor é que você, amiga, sabe ser rapariga. Porque é uma rapariga estilizada com papel passado e tudo, diferente de outros tempos, lembra? Pois bem. As saudades são tantas, mas eu acho que vou ficar por aqui. Enquanto te escrevia essa missiva, um CD de frevos de bloco me nutria os quatro cantos da minha vírgula. Não sabe o que é virgula? – É o meu apartamento aqui em Brasília. Ele é tão pequeno que eu só acho legitimo chama-lo assim de vírgula. Até porque a vírgula é muito enxerida, já percebeu? Se você escrever um texto e quiser abusar dela ela vai e, no geral, dá tudo certo. No fundo ela é meio puta como tu e como tantas outras maravilhosas. Vixe, mas eu não disse que ia terminar? Sei não. É que fui falar da puta da vírgula e aí deu nisso. Mas tenho a desculpa de que hoje é domingo. Por aí deve estar a praia lotada e as igrejas vazias e as vadias cheias e as cheias sem guia... Tá vendo, é um trocadalho dum carilho, pois afinal, todos de conhecem pela irreverência e pelo sentimento libertário tão posto pelos nossos cantores, pintores, escultores e pinguços. Ah, os teus pinguços! Principalmente os de “esquerda”!  Pinguço de esquerda são aqueles para quem Gonzaginha escreveu Mesa de Bar (eu acho), mas eles são ótimos, embora mais prosódicos do que episódicos.

Falando sério, Recife. Agora vou parar de verdade. Por coincidência a musica (frevo de bloco) que agora toca é “Recife cidade do frevo, dos blocos afamados e do maracatu” (...). Não me leve a mau os palavrões. Chamar-te de puta, de rapariga é reconhecer-te revolucionária. É reconhecer que só sendo o Diabo se chega a Deus e, sendo Deus a gente se perde pelas possibilidades de não saber viver distante da putaria. Bom Domingo.

Carlos Sena.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 07/04/2013