Por Zezinho de Caetés
Vejam, meu senhores, a ironia da história. Enquanto o Lula,
meu conterrâneo, que costumava dizer que foi ele que matou a rolinha que eu
matei, para comê-la assada, em nossa meninice, disse em entrevista comemorativa
dos dez anos de poder do PT, que a divisão partidária entre “eleitoreiros” e os “da base” precisa ser evitada, afirmando que o primeiro precisa se
reinventar para que a política não fique “mais
pervertida do que já foi em qualquer outro momento”, e para que o partido
seja capaz de estabelecer alianças e coalizões sem precisar de “uma relação promíscua”.
Quanta desfaçatez para alguém que apoia um poste na presidência
que nomeou ministro o Afif Domingos do PSD paulista, que é o vice-governador do
Geraldo Alckimin.
Não há outra hipótese para explicar estas duas atitudes do
chefe e da subordinado. Esta relação de subalternidade não existe mais e ambos
estão desesperados pelo rumo que as coisas tomam.
Podemos até pensar que o mensalão termine bem para o chefe
de quadrilha, Zé Dirceu, mas, já fez um estrago maior no PT, para o bem da
sociedade brasileira. E haja desespero. Se nos próximos dias a Dilma nomear o
José Agripino para o ministério do Faz Nada, e ele aceitar, não se surpreendam,
eles estão desesperados.
E agora com a economia em queda livre, eu já digo que não
aceitarei ministério nenhum, pois não votarei no PT nem que este ministério fosse
no céu. E se eles pensam que meu voto não conta, eu digo que estão errados,
além de desesperados. Pois, sou eu e os que terão sua suada aposentadoria
confiscada pelo terrível imposto inflacionário, que vem aí com quase certeza.
No entanto, para analisar o ato da presidenta, que acaba de
criar o 39º ministério, com o qual ficamos em segundo lugar no mundo (abaixo
apenas do Gabão, que tem 40), e nomeou para ele o Afif Domingos, que num país
sério já estaria limpando as ruas na Marginal Tietê, eu os deixo com o imortal
Merval Pereira, em texto intitulado: “E
a moralidade?”, de 09/05/2013. Eu vou me vacinar contar a falta de vergonha
na cara, que é a epidemia mais recente, neste país.
“Na política, nem sempre o que é legal é aceitável eticamente, e o peso
da moralidade, previsto no artigo 37 da Constituição de 1988, tem de ser levado
em conta quando se trata de um cargo público.
Está escrito lá: “A administração pública direta e indireta de qualquer
dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
e eficiência.”
A discussão em torno da duplicidade de função do vice-governador
paulista Afif Domingos, nomeado ministro da Micro e Pequena Empresa pela
presidente Dilma, gira em torno da legalidade do ato quando o principal
problema aqui é a moralidade da decisão.
Pode até ser legal acumular as duas funções, como afirmam alguns
juristas, mas permanecer como segundo homem de um governo do PSDB quando o
outro pé está na barca governista através do PSD é exemplo pronto e acabado de
uma política fisiológica que domina o cenário partidário atual.
Assim como a criação do 39º ministério, que nos coloca em uma situação
que beira a burrice ou a incompetência, para usarmos a definição do empresário
Jorge Gerdau, assessor da presidente Dilma para melhorar a gestão pública,
diante de um descalabro administrativo difícil de reverter devido às
prioridades políticas que se apresentam para garantir a reeleição de Dilma.
Uma coisa é certa: Afif não poderá acumular o salário das duas funções.
Como muitos de seus colegas, estava disposto a optar pelo salário mais alto, o
que não é criticável. Como vice-governador, ele tem um salário líquido de cerca
de R$ 15 mil mensais, mas o de um ministro, sem os descontos, é de R$ 26,7 mil
por mês, o que dá um salário líquido maior.
O problema é que a Constituição do estado de São Paulo não prevê a
possibilidade de o vice-governador abrir mão de seu salário, e tudo indica que
Afif Domingos terá que ficar com o salário mais baixo, o que não é um grande
problema para ele.
Mas a questão não se resume a esses detalhes burocráticos. Já quando se
passou para o PSD, Afif Domingos perdeu o posto de secretário que tinha no
governo de Geraldo Alckmin mesmo que o PSD ainda não tivesse explicitado seu
apoio ao governo Dilma.
Um partido que nasceu dizendo-se nem de esquerda nem de centro nem de
direita ocupou uma brecha na política partidária brasileira para onde acorreram
todos aqueles que, em diferentes partidos, queriam aderir ao governo de Dilma e
não tinham porta de saída legal.
Os métodos nada ortodoxos do PSD de Kassab de atuar na política fazem
jus à desconfiança de que seja um ônibus de aventureiros, o que se confirma
agora com essa bizarra situação criada pela dupla militância de Afif Domingos.
Basta lembrar que Kassab estava no palanque do petista Fernando Haddad
logo em seguida à derrota de José Serra, candidato que “apoiara” até dias
antes.
A partir daí, a marcha batida rumo à adesão governista foi uma
consequência lógica de sua criação. Como é possível, então, um vice-governador
eleito por um partido oposicionista, o DEM, numa chapa de oposição ao governo
federal, agora continuar no cargo em um partido governista, e como ministro, um
cargo de confiança da presidente Dilma?
Até mesmo a história mal contada de que o PSD continua sem aderir
oficialmente ao governo Dilma, e que a escolha de Afif Domingos é pessoal da
presidente, revela uma maneira dissimulada de fazer política que faz mal à
sociedade. Além de ser uma maneira de evitar críticas, é também a prudência dos
espertos.
O que Gilberto Kassab aguarda até mais adiante é uma definição mais
clara do quadro eleitoral, para formalizar o apoio já prometido à presidente
Dilma.
Várias seções regionais do PSD já estão se pronunciando a favor do
apoio à reeleição, e essas consultas às bases partidárias se arrastarão até o
momento em que haja uma indicação mais firme de para onde os ventos
sopram. É nessa direção que a nau do PSD enfunará suas velas.”
O SEBOSO, A POSTE, PT E CATERVA ACHAM QUE GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS....
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