Por Zé Carlos (*)
Mãe é algo tão importante que escrevinhador ruim não deve
nem tentar mencioná-la em seu dia. E eu não farei isso. Minha homenagem será
não escrever nada sobre o dia das mães. Nem mesmo mencionar que não sei porque
ele cai no segundo domingo maio. Deus me livre de aqui dizer que mãe é tudo
igual e só muda de endereço, pois elas não tem endereço. Não usarei jamais seu
santo nome em vão.
Nem me atrevo a falar sobre minha mãe e jamais diria que ela
sempre foi minha grande amiga e nem direi que nem sempre obteve minha
reciprocidade. Ser filho é ser filho, ser mãe é ser mãe. Sobre filho posso
escrever, sobre mãe não. Ser filho é fazer a mãe padecer no paraíso do poeta e
nem pensar que este paraíso existe. Ser filho é nem ligar para o que a mãe
representa em sua vida. Ser filho é sofrer quando ela se vai, não por amor, mas
por não ter mais a quem explorar e fazer padecer.
Nem quero pensar em minha mãe ou escrever sobre ela. Seria
uma audácia de minha parte. E audiciosa foi ela ao me colocar no mundo,
fazendo-a sofrer por amor. Dizer que sofrimento de amor não dói é apenas uma
bela frase que jamais deve ser dita em relação às mães. Aliás nada deve ser
dito por um mau escrevinhador sobre mães.
E para homenageá-la em seu dia, o que pode fazer um blogueiro? Que pergunta
boba! Blogueiro bloga. E blogar, no dia das mães, é copiar e colar coisas
bonitas, cafonas, sentimentais piegas, chorososas, perfumosas, lacrimejantes e
deixar que os leitores que já tiveram mãe um dia, lembrem um pouquinho dela.
Bloguemos:
Ser mãe
Por Coelho Neto
Ser mãe é desdobrar fibra por fibra
o coração! Ser mãe é ter no alheio
lábio que suga, o pedestal do seio,
onde a vida, onde o amor, cantando, vibra.
Ser mãe é ser um anjo que se libra
sobre um berço dormindo! É ser anseio,
é ser temeridade, é ser receio,
é ser força que os males equilibra!
Todo o bem que a mãe goza é bem do filho,
espelho em que se mira afortunada,
Luz que lhe põe nos olhos novo brilho!
Ser mãe é andar chorando num sorriso!
Ser mãe é ter um mundo e não ter nada!
Ser mãe é padecer num paraíso!
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Para sempre
Por Carlos Drummond Andrade
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
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De mãe!
Por Desconhecido
Certa vez perguntaram a uma mãe qual era seu filho
preferido,aquele que ela mais amava.E ela deixou entrever um sorriso,respondeu:
"Nada é mais volúvel que um coração de mãe". E
como mãe lhe respondeu: o filho predileto,aquele a quem me dedico de corpo e alma
é o meu filho doente até que sare
O que partiu, até que volte
O que está cansado, até que descanse
O que está com fome, até que se alimente
O que está com sede, até que beba
O que está estudando, até que aprenda
O que está nu, até que se vista
O que não trabalha até que se empregue
O que namora, até que se case
O que casa até que conviva
O que é pai, até que os crie
O que prometeu, até que cumpra
O que chore, até que cale
E já com o semblante bem distante daquele sorriso completou:
O que me deixou, até que o reencontre
Parabéns pelo seu dia
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(*) Publicado originalmente em 08/05/2011. Reproduzo o texto
por não ter conseguido escrever algo mais original hoje, dia 12/05/2013, com a
mesma intenção em homenagear minha mãe e as outras.
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