Por Carlos Sena (*)
As empregadas domésticas estão
metendo medo nas classes média e na rica. Passaram a vida inteira levando pau e
agora estão metendo ele na cabeça deles, não só dos patrões, mas, dos filhinhos
de “papai” que ainda se iniciam na sexualidade com suas empregadas. Certo que
sobrando xoxota como está fica difícil entender que haja quem ainda procure as
empregadas para esse fim. Não é que procurem. Mas é que elas ficam ao “alcance
do pinto” não só dos patrões como dos filhos deles. Não se quer insinuar aqui
que consigam seus intentos, pois elas, as empregadas, não são mais de “cama,
mesa e banho”, não obstante o fogão. Aquelas empregadas que cedem a isso o
fazem também porque se sentem desejadas, embora sem muitos atrativos físicos,
ou com todos. É que o humano não fica de
fora das empregadas domésticas e isso, muitas vezes, as leva a “curtir” seu
patrão ou o filho deles. E, convenha-se: há empregadas que quando se “trocam”
de roupa mais parecem a patroa. Assim, o filho (principalmente) com toda sua
adrenalina e o nível de testosterona saindo pelos poros, vai em cima e “come”,
utilizando a linguagem usual com a qual não concordo.
Poderão perguntar o que é que o
“C” tem a ver com as calças. É um pouco do “O Som ao Redor” – filme que nos
chama atenção para as coisas corriqueiras que a modernidade não nos leva mais a
observar, embora elas aconteçam em maior ou menor escala. Por isto, não se
pense que os filhos adolescentes e adultos ainda não “ciceroneiam” as
empreguetes. Sendo isso verdadeiro, mais verdadeiro ainda é o entendimento de que
as namoradas deles agora fazem muito bem esse papel, não necessariamente nessa
ordem. A camisinha tem facilitado muito aos jovens e adultos adúlteros
fornicarem sem precisar casar ou mesmo ficar azarando a empregada em casa, como
foi mais intensamente nos tempos de ontem. Isto não isenta colocar em bom tom
que as atuais domésticas são plugadas na internet e conhecem muito bem e até
demais seus direitos. Muitas delas lá fora, são garotas de programa e os patões
ne sabem. Nesses casos, certamente elas pedem um dinheiro ao proponente e com
ele se deita e se levanta, se deita e se levanta, até que um dia a casa possa
cair ou a empregada mudar de residência pra ganhar mais que o salário mínimo.
A PEC que tanto se alardeia nem
devia fazer o alarde que está fazendo. Mas isso é sinal que ainda as relações
entre elas e as patroas não acontece dentro da lei, mesmo sem a PEC. Claro que
há exceções e todos conhecem empregadas que são extremamente tratadas como
gente, mas o contrário é igualmente verdadeiro. Nesse diapasão, algumas
mudanças comportamentais vão ter que ser implementadas por quem não quiser
gastar com as empreguetes na forma da futura lei: 1) dividir as tarefas da
casa; 2) aprender congelar; 3) adotar uma diarista para as limpezas mais
específicas e pesadas, etc. O grande dilema dos pais: reeducar filhos para
limpar banheiro, forrar suas camas, cozinhar quando necessário, lavar suas
cuecas, etc. Ora, para os pais que não tem voz ativa pra mandar um filho à
padaria e eles não vão, vai ser difícil conviver administrando a socialização
do trabalho da casa. Lavar um banheiro? Há jovens que jamais levaram! Mas vão
ter que aprender ou dividir com os pais o salário da empregada com todos os
direitos que a nova lei vai exigir.
A questão sexual é apenas uma
pitada de sal no ingrediente complexo das relações do trabalho na família, em
função da empregada doméstica. Certamente que muitos patrões irão demitir sua
empregada, mas elas serão inseridas no mercado de outra maneira. A maioria
delas é ligada na internet e já está aderindo a trabalhos em operadoras de
celular, no comércio e assemelhados. Imagino que todos teriam é que tirar
proveito disso. Porque o pior de uma empregada doméstica é a testemunha
auricular que elas se convertem em nossas vidas. Muitas são discretas, honestas
e quase que são da família. Mas quando dá errado é um deus nos acuda para os
patrões, principalmente no caso de mal caratismo de algumas delas. Portanto,
quem não tem empregada doméstica que pense duas vezes em tê-la. Melhor equipar
a cozinha com eletrodomésticos e tirar o rabo da cadeira e fazer tarefas de
casa que, no geral ajudam a queimar calorias.
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 25/03/2013
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