Por Carlos Sena (*)
Se me perguntarem pra onde irei
depois da morte poderei dizer: “só depois dela saberei”! Se insistirem, então
serei mais definitivo: "irei para o lugar que estava antes de
nascer"...
De fato, morrer e um assunto tão
cheio de filosofia que cada pessoa se ilude pensando que tem vida eterna.
Através da filosofia a vida pode ser eterna, mas, na pratica, ninguém até hoje
ficou vivo para servir de “semente”.
A complexidade filosófica ajuda e
até nos alivia um pouco quando a gente, por exemplo, não perde o gosto pela
vida mesmo sabendo que um dia iremos morrer! O outro lado disto se define
quando os humanos querem ser melhores que uns outros. Muitos vivem tratando
semelhantes com patadas, humilhando e massacrando seus iguais como se
diferentes deles fosse! Engano: o tempo passa e com ele passam coisas do luxo e
das vaidades com muito mais vigor e velocidade, levando pessoas ao desespero
que os valores frágeis facultam.
A vida precisa da filosofia, mas
esta não precisa da vida. Há uma simbiose consentida em que morto não pensa,
tampouco filosofa. Afinal, viver nunca será em vão se a gente tiver a noção
exata de que desta vida somos apenas passageiros.
Assim, melhor não querer saber do
lugar que eu estive antes de nascer! Perguntei isso à minha mãe, mas ela nem se
lembrou. Pelo contrario ela me inquiriu alegando: “como é que eu vim de um
lugar que não me lembro”? Já que você tem essa preocupação que busque sua
resposta, disse-me ela! Minha mãe é assim – meio abusada nas respostas nas
perguntas que acha bestas. Mas, como filho de gato é gatinho, ela não gosta de
falar de morte e, por isto me respondeu abusada. Não liguei muito pra o que ela
me disse, pois fica difícil pra ela entender certas coisas – seu traço mais marcante
de personalidade é a praticidade.
Independente de conceito ou
preconceito, a vida é bela! Melhor não perder tempo enquanto ela escorre pelas
nossas mãos! Mais que bela a vida é magica e nos transforma sem que percebamos
sua essência. Melhor do que dar a César o que e dele é dar a boca ao beijo, o
corpo ao desejo, a mão ao afago... Porque depois nem sei se te vejo!
Se alguém duvida da doutrina
espírita, se faça a pergunta: “de onde em vim antes de nascer”? Se desejar pode
modificar a afirmativa: “quando eu morrer quero voltar para onde eu estava
antes de nascer”... Certamente a gente fica com fuso, com tudo e com nada.
Confuso, certamente. Mas não se faz omelete sem quebrar os ovos. Então não
custa nada pensar que do outro lado da eternidade pode estar o lugar de onde
nós viemos antes de nascer...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 14/04/2013
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