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terça-feira, 14 de maio de 2013

O Mural de Recados e os anônimos




Por Zé Carlos

Não tem vida fácil quem administra um blog, e pior ainda, quem administra um Mural de recados aberto como tento manter o da AGD. Porém, relembrando um poema que eu incluía num texto sobre as Mães, e que foi republicado ontem, aqui, eu diria que esta tarefa é uma espécie de “padecer num paraíso” como diz o poeta sobre elas.

Tudo envolve o anonimato e suas consequências. Quem acompanhou o Blog da CIT, quando ele existia, sabe que aquela turma que o fazia (eu estava fora) era useira e vezeira do anonimato. Conheci a todos e eles me convenceram que escrever anonimamente na internet é quase uma imposição deste meio de comunicação.

Quando a AGD foi criada, até participei de Encontros onde foram discutidos os prós e os contras deste instituto, e, daquelas discussões e outras vivências, eu, cada dia me convenci mais de que, ao invés de não existir mais anônimos na internet, o que não existe são identificações razoáveis que possam garantir que aqueles que mostram RG e CPF (que particularmente, nunca os vi) são realmente quem dizem que são. Mas, este tema foi motivo de textos e mais textos neste blogs, por muitos autores, e quem quiser ter acesso a eles basta remexer nos arquivos do blog.

Mas, o que me fez escrever agora, é o Mural da AGD e seus anônimos faladores. Há opiniões e mais opiniões sobre eles. E no fundo, no fundo, pergunta-se se há utilidade neste monte de expressões sobre os mais diversos temas, contra ou a favor.

Semanas atrás, houve uma acusação a uma professora por motivos que não vêm ao caso. Confesso que fiquei tentado a usar meu poder de censura no mural, retirando tais acusações. Depois de alguma reflexão prevaleceu o bom senso. Porque, logo em seguida vieram tantas manifestações de apreço àquele professora que era acusada por outros, que o mural se tornou, para mim, um ponto onde o bom-conselhense pôde exercer seu direito de expressão, pró e contra alguém.

Muitos podem pensar que isto acontece por causa do anonimato. Eu diria que nem sempre, mas, pode ser. Porque, alguém acredita que alguém que usa o nome correto no mural, possa provar que este nome é o que conta do seu CPF ou RG? Durante todo este tempo de mural e de blogs, a pessoa mais coerente que vi em matéria de ser contra o anonimato foi o José Fernandes Costa. Eu não conheço pessoalmente o Zé Fernandes (desculpe a informalidade, mas, tem um objetivo), mas, mesmo se o conhecesse eu não poderia dizer que seria ele que escreve no mural todo tempo. Eu não me chamo Zé Carlos, e muitos poderão até não acreditar que seja eu, se eu assinar os recados como José Carlos Cordeiro, da mesma forma que alguém ficaria duvidando dum recado de Zé Fernandes (quando ele sempre usa o nome completo).

Tanta letra para dizer que, neste meio digital, cada vez mais o que importam são as ideias e não quem as escreve. E isto é o ponto básico do anonimato. Há pessoas, e eu respeito suas opiniões que tem até dificuldade de falar com outra, sem saber com quem estão falando. Mas, na internet, é difícil saber com quem estamos falando, por princípio. Se amanhã vocês descobrirem que quem escreveu este texto até aqui foi o Zé Bebinho, quem tem culpa não sou eu, e sim o Zé Bebinho que está se passando por mim. E alguns perguntarão, então neste mundo não temos mais certeza de nada? E eu perguntaria de volta: E algum dia tivemos, no meios das comunicações? Quantos acreditam que a apóstolo João existiu, e foi ele que escreveu um dos Evangelhos?

Enfim, o problema não é o anonimato. O que preocupa é a liberdade de expressão que é proporcionada pelo anonimato. Se eu obrigasse a cada recadista no mural dizer seu nome, mostrar seu CPF e RG, e ter certificação digital de sua assinatura (uma espécie de reconhecimento de firma, que serve apenas para enricar cartórios), quantos seriam os recados que teríamos? Muitos poucos ou nenhum.

É a liberdade de expressão que faz com que alguns temam o anonimato e se revoltem contra eles. Não sei quem disse mas, igual ao anonimato, a liberdade de expressão só se torna importante quando vemos a liberdade do outro. Ou seja, é muito fácil falar mal de coisas absurdas que um anônimo diz, quando ela são contra nós. Nestes casos adoraríamos saber com quem estamos falando (eu eu pergunto para quê?). Quando o anônimo diz coisas boas, não precisamos nem saber quem é. É um anônimo decente.

Foi por estas e outras que resolvemos manter o mural (com todos suas regras) na esperança que ele cumpra sua tarefa, de quando foi criado: Abrir um espaço para que os bom-conselhenses se expressem sobre tudo ou quase tudo. Se alguém souber de um critério razoável para distinguir entre um anônimo bom e um anônimo mau, por favor, use o mural para me dizer como aplicá-lo. Enquanto o critério não vem, eu usarei minha tosca ética para censura (o que não faço há muito tempo). Com sempre digo: Usem-no com moderação.

Mas, não foi o que fez um recadista neste fim de semana. Alguém que se identificou como so de oolho (11/05/2013), voltou outra vez a me deixar dúvidas sobre a censura no mural. Não pelo recado em si, no que se refere a mim, mas pelo que ele insinua a respeito de outras pessoas.

Quanto às ilações sobre eu e a Lucinha Peixoto sermos as mesmas pessoas, tanto eu quanto ela já escrevemos tanto a respeito que, pelo menos, eu cansei. O que mais me doeu foi ele dizer que a AGD tem apenas 50 acessos diários. Num recado resposta eu aleguei que estamos tendo é mais de 500 acessos diários, e subindo.

Eu confesso que fiquei surpreso com o aumento de acessos nos últimos tempo. Não, mudei muito o nosso blog, e não tenho explicação, que rezo para que seja pelo interesse dos bom-conselhenses em lerem e se informarem. Alguém diz que é devido à retirado de alguns blogs de Bom Conselho de links que antes mantinham, e como a AGD não fez isto, os internautas vem aqui a procura dos links perdidos. Possível mas não plausível. A dúvida persiste.

Quanto ao que disse o recadista falador, ele escreveu insinuando que o Luis Clério era meu namorado. Então eu pensei, será que o Luis Clério vai se irritar tanto com isto, ao ponto de tentar processar o recadista por calúnia, injúria ou difamação (apesar de ouvir a brilhante conferência do Dr. Renato sobre o tema, até hoje não os distingo bem)? Outra vez, não censurei o anônimo, e o Luis Clério não se manifestou sobre o tema, e pelo que o conheço não o fará.

Eu, é que talvez dê entrada na justiça, para verificar quem é realmente o so de oolho  e levá-lo às barras dos tribunais. Para ele ser considerado do bem, deveria ter pelo menos me arranjado um namorado mais novo.

E vamos ver até quando eu continua “padecendo num paraíso” com nosso mural.

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P. S.: Eu já havia escrito tudo o que vocês leram quando recebi um telefonema do Cláudio André, o Poeta, administrador do blog de maior audiência de Bom Conselho. Como o que falamos tem tudo a ver com o mural e o anonimato, não tive com não espichar o texto neste PS.

E, o Cláudia André reclamou porque alguém postou algo da vida particular dele, ou mais especificamente, que ele teria sido preso, em nosso mural. Eu, no momento da conversa, ainda não tinha visto o recado no mural. E eu o recomendei a postar no mesmo mural uma negativa da notícia, o que seria além de justo, um meio mais adequado do que a censura, simplesmente. Ele não se convenceu e eu censurei o recado.

Isto pode ter resolvido o problema para o Claúdio André, mas me deixou um problema muito maior. Como poderei conciliar a liberdade de expressão das pessoas (anônimas ou não, pois, no que escrevi acima, mostro a dificuldade de discernir entre um e outro) com a responsabilidade que se deve ter em dizer a verdade e cultuar outros valores nobres? Eu não sou responsável legalmente pelo que se publica no mural (lembro ainda da relação de causalidade tão bem exposta pelo Dr. Renato Curvelo em um dos nossos encontros), mas, do ponto de vista ético, eu sou culpado, e me sinto mal quando alguém vai  ao mural e mente.

No entanto, isto é um dilema por que passa toda a imprensa, seja ela de que tipo for. A censura prévia é abominável do ponto de vista da liberdade de expressão, por um simples motivo: é difícil se encontrar um censor que seja Deus. Por isso eu reluto em usá-la. E o que faço, é, diante do pedido das pessoas que se sentem ofendidas aqui, censurar, apagando totalmente as mensagens, que eu, dentro dos meus valores julgar, que devem ser apagadas.

O nosso mural é importante, porque é livre. Qualquer um pode nele escrever o que quiser e arcar com as consequências que disto vier. Tomando como exemplo o caso concreto do Cláudio André, que meus valores levaram a retirar o recado do ar, ao fazê-lo, fiquei me perguntando: E se for verdade? Eu apenas acreditei na palavra do Cláudio e não na do recadista, mas, nunca poderei garantir objetivamente que o recadista estivesse errado a partir do nosso diálogo. Então, o que fui, foi muito condescendente, e me sinto um pouco mal. Mas, nossos patrocinadores não custeiam nossa ida a Bom Conselho para verificar in loco a veracidade ou não da notícia.

Espero que os blogs locais informem a verdade, e sem levar em consideração o que o Cláudio me falou, que ser preso seria uma coisa de sua vida particular. Como disse a ele, no próprio telefonema, quando nos tornamos blogueiros, professores, vereadores, prefeitos e mesmo sacristãos, nos tornamos pessoas públicas, e nossas prisões, normalmente, são notícias porque se imbricam com o que fazemos. Quando dizemos que o professor é um mau professor não estamos falando da vida particular dele, da mesma forma que se ele for preso, este fato interfere com sua atividade para o que ele tem um público.

O que espero é que no mural nunca mais apareça nenhuma notícia sobre a prisão de alguém, nem mesmo a minha, mas se aparecer, quem não for preso que venha ao mural e se defenda, e neste caso, serei obrigado moralmente a não censurá-lo.

Termino este PS com uma frase atribuída a Rosa Luxemburgo: "Quase sempre, liberdade é apenas a liberdade de quem discorda de nós." Isto se aplica muito à liberdade de expressão. Alguém passa o tempo todo lendo um jornal, até um dia que alguém publica algo de que ele discorda, então vem o ímpeto censurador, para o qual temos que nos refrear para nos tornarmos mais civilizados.

Este parágrafo seria um no PS, mas, chega deles. Hoje pela manhã vi outra vez a pessoa que acusa o Cláudio André de ter sido preso, pedindo direito de resposta, porque se sentiu caluniado. Não tive como não publicá-lo. Da mesma forma, também terei obrigação moral de publicar quaisquer esclarecimentos ou negativas por parte do Cláudio André. E o Mural da AGD está a disposição dele e de todos os bom-conselhenses. E que nossos patrocinadores me protejam.

Um comentário:

  1. José Fernandes Costa14 de maio de 2013 às 10:01

    Caro Zé Carlos: - Permita-me considerar equívoco o fato de você haver retirado do MURAL o recado sobre a prisão do blogueiro de que você fala. - Ora, se ele se sentiu ofendido, que fosse ao MURAL e desse a versão dele. Ou a verdade, se o "recadista" estivesse inventando coisas. - Como ele, o blogueiro, não o fez, pode isso valer como confissão da prisão. - Ou seja, o blogueiro a quem você se refere, deu-lhe uma "carteirada" e pediu que retirasse o recado do MURAL. Por entender ele que a própria prisão não interessa a ninguém. - Por acaso, num lugar do tamanho de Bom Conselho as pessoas não ficam sabendo de tudo quanto se passa nos quatro cantos da cidade? - Então, com recado ou sem recado, se ele houver sido preso, toda Bom Conselho estará sabendo./.

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