Por Zezinho de Caetés
Mesmo em semi recesso os assuntos
se acumulam em minha frente. Sem tempo para tratar de todos, e sem mais vontade
de entrar na “chacina” nacional,
tenho que apelar para os outros.
Hoje ofereço-lhes uma meditação
para o futuro do Professor Denis Lerrer Rosenfield, que li ontem e se intitula:
“Responsabilidade com o futuro”. No
fundo, no fundo é uma defesa das reformas propostas pelo Michel Temer e de seu
governo ao ter coragem em enfrenta-las.
Sabemos que uma andorinha só não
faz verão, principalmente o Temer que vive cercado de gaviões por todos os
lados, mas, o que nos resta é lhe dar um crédito de confiança para que ele
chegue a 2018, sem o Brasil ter se transformado no presídio do Amazonas ou no
de Roraima.
Fiquem com ele que eu vou curtir
meu recesso. Tive vontade de ir para Itamaracá, mas, devido ao presídio...
“Esquerda parece ter ojeriza a
qualquer limitação, como se o desrespeito a um verdadeiro orçamento fosse uma
virtude
O presidente Temer tem imprimido
uma marca em seu governo que o diferencia radicalmente dos seus antecessores
petistas, a da responsabilidade.
Fácil teria sido se tivesse
assumido uma postura demagógica, seguindo a trilha de sua antecessora, que
conduziu o país a essa grave crise em que está imerso. Seu governo seria
meramente de transição, sem nenhum compromisso com o futuro. As crises se
avolumariam, e o novo governo, em 2018, encontraria um país à beira do abismo.
As corporações se apropriaram ainda mais do Estado e festejariam os seus
privilégios; os ideológicos se regozijariam de sua falta de ideias.
As desonerações do governo Dilma,
por exemplo, produziram um enorme déficit fiscal, além de terem desorganizado
as relações econômicas. Hipotecaram o futuro. Carimbaram, assim, o nosso
presente, pois a sua revogação deverá obedecer a prazos, contratos e à situação
de cada setor econômico. Nada deverá ser feito açodadamente, mas se trata de um
legado, que onera pesadamente o presente.
É muito mais fácil nada fazer do
que enfrentar dificuldades.
E essas são enormes. O PIB
acumula uma queda vertiginosa em três anos, o desemprego alcança 12 milhões de
trabalhadores, a inflação foi apenas agora controlada e empresas estatais estão
arruinadas.
A lista poderia ser alongada, com
destaque sendo dado à desesperança que tomou conta dos brasileiros, sobretudo
dos mais afetados pela falta de emprego, redução da renda familiar e quebra de
expectativas.
O desafio do presidente Temer é
enorme. Com coragem, descartou a opção populista, tão ao gosto de petistas e
assemelhados, assumindo o risco da impopularidade. A sua responsabilidade, e
isto está ficando cada vez mais claro, é com o futuro, com vencer a herança
recebida e enfrentar os amazônicos problemas do presente.
Neste sentido, a impopularidade
atual não deixa de ser inevitável. A verdadeira responsabilidade, a do futuro,
será reconhecida no momento certo.
Em pouco tempo, os avanços do governo
Temer foram imensos. Detenhamo-nos em sua tríade: teto dos gastos públicos,
reforma da Previdência e modernização da legislação trabalhista.
A aprovação do teto dos gastos
públicos foi uma medida de alta responsabilidade, de bom senso, e, no entanto,
não aprovada por nenhum governo anterior. A mensagem foi clara: deve haver uma
adequação entre as despesas e as receitas do Estado. Se isto não ocorre, a boca
de jacaré abocanha o próprio país.
Aliás, temos aqui uma boa ocasião
para revisarmos a distinção entre esquerda e direita. A esquerda não cessa de
criticar a aprovação desta PEC do teto. Parece ter ojeriza por qualquer
limitação, como se o desrespeito a um verdadeiro orçamento fosse uma virtude.
Se for este o significado de esquerda, melhor então abandonar qualquer
esperança em seu por vir. Os mesmos que conduziram o país a este estado de
calamidade estão agora advogando pelas mesmas receitas que o produziram.
Ser de direita viria a significar
adequar as despesas do país às suas receitas, da mesma maneira que os
responsáveis por uma família administram os seus orçamentos, fazendo as contas
do que podem gastar em alimentação, habitação, saúde, vestimentas, lazer e
assim por diante.
A disputa entre direita e
esquerda deveria, assim, se dar no interior de um orçamento, na discussão e
implementação de suas prioridades, e não na extrapolação de qualquer limite. A
responsabilidade para com o país deveria estar à frente de qualquer distinção
ideológica.
A reforma da Previdência, que já
teve a sua admissibilidade aprovada na Câmara de Deputados, que agiu
responsavelmente, é, por sua vez, um compromisso com o futuro, com os hoje
trabalhadores para que possam usufruir, posteriormente, de sua aposentadoria.
Nas condições atuais, ela é altamente deficitária, tornando-se progressivamente
incapaz de cumprir com suas funções. Quebrará se nada for feito agora, no
presente.
Algumas medidas são impopulares,
mas não é isto que importa. Se eventualmente algumas se mostrarem inadequadas
ou injustas, que sejam alteradas na discussão parlamentar, sem que se perca de
vista que limites orçamentários deverão ser observados. Eis o lugar da política
corretamente compreendida, sem implosão do bem comum.
A proposta de modernização da
legislação trabalhista constitui um avanço histórico, sem precedentes. O país
não pode mais ficar atrelado ao mundo do final do século XIX e das primeiras
décadas do XX, eivado de positivismo e corporativismo. As relações sociais,
econômicas, tecnológicas e culturais sofreram transformações inauditas. Não
podem, portanto, ficar engessadas a uma legislação ultrapassada pelo tempo.
Ter feito este reconhecimento e
assumido esta responsabilidade de modernização é uma também uma marca deste
governo. Fez algo que os anteriores tinham visto a necessidade, mas não ousaram
dar este passo.
Ademais, tal proposta veio
acompanhada de outra iniciativa importante, visando a atenuar os problemas mais
imediatos do presente, via liberação das contas inativas do Fundo de Garantia.
Milhões de pessoas foram beneficiadas, com a economia recebendo um incentivo
para a sua recuperação.
Por último, o presidente Temer,
nestes poucos meses de mandato, apostou em sua relação com a Câmara dos
Deputados e o Senado. Teve plena consciência de que a transformação do país
passa por uma relação harmônica com o Poder Legislativo. Reforma de artigos da
Constituição e aprovação de novas leis passam por discussões e debates, que
devem ter como pano de fundo o futuro do país.
Pode-se — e deve-se — criticar a
postura de vários parlamentares por comportamentos inadequados e, mesmo,
criminosos, conforme tem sido revelado pela Lava-Jato. Não se pode, contudo,
criminalizar o Poder Legislativo e, muito menos, o presidente por levar adiante
as mudanças tão necessárias para o país.
A política não trabalha com um
mundo ideal, mas com a realidade tal como se apresenta.”
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