Por Zé Carlos
E aqui estou eu tendo o privilégio de escrever sobre mais
uma semana que passou, quando já sei que a próxima começou. Meu desejo é que
ela chegue ao fim para ser mais uma vez privilegiado. O meu grande problema é a
meta a que me impus, ao escrever esta coluna semanal, de aumentar a alegria dos
meus leitores na segunda-feira. Não estou conseguindo. A cada dia mais descubro
que a realidade está provocando tal volume de riso que, se eu não dobrar a
meta, eles, meus leitores, já chegam rindo tanto que não tem condições de
usufruir do riso que a coluna tenta provocar. Mas, como sou brasileiro e não
desisto nunca, aqui vou eu.
Para começar, durante a semana, alguém ouviu falar no Lula?
O homem parece que sumiu, mesmo sendo só o co-piloto. Dizem que ele ficou tão
constrangido por não deixarem ele ser ministro, que sumiu, depois de tomar um
comprimido de Doril, porque estava rouco. Outros, mais cruéis, dizem que ele
ainda continua dando seus show no mesmo hotel, mas, colocando as barbas de
molho, pelo que está acontecendo com sua pupila, a Dilma, e ainda nossa musa. E
os mais cruéis ainda, dizem à boca pequena, e grande também, que ele não quis
mais ser ministro porque tem medo de ser demitido pelo Temer. E isto, do Temer
subir ao Planalto, foi quase confirmado pelos acontecimentos, dos quais, o
principal foi a decisão da Comissão de Impeachment do Senado, que continuou
sendo o maior espetáculo de humor do Brasil recente, depois da reunião da
Câmara, onde o processo de impedimento da Dilma começou, e de que trataremos
mais abaixo.
Por hora, não falaremos de Dilma diretamente, mas, ela não
parou um minuto de fazer graça para o seu público cativo. E no final da semana,
num desses shows, foi além, e alegremente comemorou a queda do Cunha, nosso
Cunhão, forçada, de forma surpreendente, pelo STF. Ela, entre uma piada e
outra, sussurrou: “Antes tarde, do que
nunca!”. Dito isto, ela continuou como sua piada maior: “O impeachment é um golpe!”. Perdeu uma
grande oportunidade de ampliar seu repertório humorístico, declarando que o
Cunha também só caiu nesta semana por causa de um golpe, que já estão chamando do
Golpe do Teori, sim, aquele ministro que vendo se aproximar o golpe do Marco
Aurélio contra o seu (da Dilma) impeachment, se antecipou e passou a perna no
próximo golpe. Ou seja, o Brasil é o país dos golpes e do riso. Aqui é preciso
muito competência na arte de se fazer rir, porque se não for competente, o
artista fica desempregado. E eu temo isto como responsável por esta coluna. O
humor da nossa realidade está difícil de superar. Para ser justo, como sempre
tento ser, a Dilma criou outra piada que vem sendo muito rida. Ela disse que a
querem jogar para debaixo do tapete. Imaginem as gargalhadas quando a plateia
começa a pensar nela como lixo. É uma pândega.
Para demonstrar como é forte nossa concorrência na arte do
humor, vamos logo encarar a abundância de gargalhadas que foram provocadas pela
Comissão do Impeachment. A começar pelo seu presidente, que contrariou os
versos do poeta “mundo vasto mundo se eu
me chamasse Raimundo seria uma rima não uma solução” o Senador Raimundo
Lira, com uma piada aqui outra ali foi a solução para levar, até o fim, o
grande show. Imaginem que ele suspendeu a sessão por vários minutos para que
uma campainha fosse consertada. Enquanto milhões de telespectadores esperavam
ansiosos para ver o show, o grande astro foi uma campainha.
Mas, enfim durante toda a semana, o show de humor foi
perfeito, com exceção do dia em que o Senador Caiado chamou o Senador Lindberg
para apanhar lá fora, mas, mesmo assim o riso voltou pelo uso da campainha e
mais uma interrupção da sessão pelo Senador Raimundo. Aliás, o Senador
Lindberg, também chamado de Lindinho pelos íntimos, já merece um show
individual, e pode ser até com o mesmo esquete que usou durante toda a duração
da Comissão, e mesmo antes, no Senado. Não precisa nem ele falar. Basta quando
levanta a mão fechado com dois dedos abertos, para os espectadores caírem no
riso, pois já sabem o que ele vai dizer: “A
Dilma é acusada apenas de dois crimes, o do dedo indicador e o do dedo médio”.
É impossível não rir. Outra que brilhou de forma absoluta foi a Senadora Fátima
Bezerra pela forma como ela conseguia, ao dizer besteiras, atrapalhar a fala
dos colegas. Era um horror.
No entanto, chegamos ao final da Comissão e ela cumpriu sua
finalidade, que além de provocar riso, era de julgar a admissibilidade do processo
de impeachment da nossa musa, a Dilma. O parecer do Senador Anastasia, que rima
com azia, mas, parece ter tomado um Sonrisal, foi aprovada por 15 x 5, e o
impeachment continua. E foi este placar, que lembrou o do Brasil com a
Alemanha, na Copa, que levou alguns a votar pelo o grupo mais hilariante do show, no “Quinteto Abilolado”, formado pelo senadores Telmário, Humberto,
Gleisi, Lindberg e Vanessa. Realmente, eles deram um verdadeiro show. E o
Humberto no contrabaixo estava perfeito. E quando a vocalista do grupo a Gleisi
cantava: “Impeachment sem crime é golpe!”
entre o delírio gargalhante do público, e nem ainda se sabia da atitude da
Procuradoria Geral da República de denunciá-la numa série de crimes, entre os
quais embolsar, em sua campanha 1 milhão de reais, doados pelo doleiro Yossef,
aquele que está preso a tanto tempo que ninguém lembra do seu nome. O Telmário
batia um bombo, na mesma cadência em que o Lindberg e a Vanessa mostrava suas
performances nos seus instrumentos.
Por outro lado, não muito chegado ao humor, o Senador Magno
entoava hinos religiosos, entrecortados por citações bíblicas, mostrando que
religião e humor nunca foram inimigos. Muito pelo contrário, quem rir, quem
reza e quem canta, seus males espanta, como diziam lá em Bom Conselho, nossa
Papacaça querida.
Outra coisa que ainda foi motivo de humor foi o ministério
do Temer, em sua possível, provável e quase certa assunção à presidência da
república, enquanto a Dilma estiver de quarentena no Palácio do Alvorada,
esperando para voltar. Ele começou dizendo que iria cortar o número de
ministérios pela metade o que daria umas 16 pastas. Depois viu que não tinha
como acomodar aqueles que querem mais poder, que são todos, e passou para 20.
Foi pouco e passou para 28. Pouco ainda. Agora já diz que manterá o mesmo
número porque a Dilma já tinha reduzido o número há pouco tempo. E brevemente,
para não atravessar o show de humor poderá dizer que serão 512, para acomodar
todos os deputados, e mais 80 para acomodar todos os senadores. Deve ser batido
o martelo, para arredondar a conta, 600 ministérios, talvez para acomodar o
Cunha, se voltar, e o Renan se não for pego pela Lava Jato.
Isto quanto aos números. E quanto aos nomes ventilados até
agora? Como vimos, o Zé Serra já rodou tanto que vai terminar assumindo o
Ministério dos Carecas, no qual ele criará um remédio genérico para aqueles que
deste mal são acometidos, principalmente, depois que se descobriu que a Febre
Chicungunya provoca queda de cabelos. O Ministério da Justiça já teve mais de
10 falados. O Ministério da Fazenda, dizem, já é do Meirelles, mas, há um
problema. Ele quer indicar o presidente do Banco Central, do Banco do Brasil,
do BNDES, e até o dinheiro que entrava, e agora só sai, do bolso do brasileiro.
O Romero Jucá, parece que vai para o Ministério do Planejamento, pois é o único
que não foi oposição em toda sua vida política e foi líder de todos os
governos, desde Tomé de Souza. E o Ministro da Defesa? Este deve ficar mesmo
com um comunista ou socialista, como Aldo Rebelo ou o Raul Jungmann, talvez
porque acha que os militares tem tanto medo de comunista que ficarão quietos.
Falam até num médico que foi indicado para ser Ministro da Saúde, mas, só
aceitou se ficasse dando expediente enquanto operava os pacientes. Ou seja, o
ministério do Temer é uma verdadeira temeridade. Parece brincadeira, mas, não
é. É só o humor normal de nossa política. Aliás, não só nossa, pois vejam que
nos Estados Unidos, tudo indica, os candidatos a presidente serão Donald Trump
e Hilary Clinton.
E para aqueles que admiram o humor do nosso colaborador
Lula, mesmo que ele esteja silente, a Procuradoria Geral da República (PGR),
leia-se Rodrigo Janot, sim, aquele mesmo que Lula disse que era um ingrato, o
denunciou como chefe dos chefes, de toda a maracutaia brasileira. Antes, o que
era motivo de riso, quando se dizia que houve o mensalão, o petrolão, e outras
atividade de gangues que assaltaram nosso dinheirinho através do nosso setor
público, não teria um chefe, agora o Janot diz que tem, e que é o Lula. Com
suas palavras:
“Essa organização
criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão
ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula
dela participasse.”
Que homem ingrato este Janot, como dizia o Lula. Vir se
meter nas tarefas do nosso ex-presidente desta forma, diminuindo sua capacidade
de fazer humor, dizendo que a principal piada dos seus shows é mentira: “Eu não sabia de nada!”. Que piada o Lula
vai inventar agora? É um pena. Aliás, a nossa musa também vai ser investigada
por tentar obstaculizar nossa Justiça, ao mandar, pelo Bessias, um documento
para o Lula, que ele poderia usar em caso de necessidade. O Janot agora quer
descobrir qual é a marca do papel higiênico enviado. Seria uma boa piada para o
Lula recomeçar dizendo que o papel veio da Venezuela, e do banheiro do Maduro.
Como se sabe que naquele país, este gênero de primeira necessidade não existe
mais, sendo substituídos pelo jornais oficiais, dará um show de humor completo.
E para concluir, se algum leitor aguentou até aqui, comunico
que já oficiei o Temer, para que, entre a nomeação de um ministro e outro,
colabore com nossa coluna. Agora que ele já poderá viajar para exterior sem
medo de ter o Cunha no lugar dele, ele pode contribuir até mesmo de longe. Eu
apenas recomendo que não viaje porque, segundo dizem, se ele viajar quem fica
no lugar dele é o Renan Calheiros, e este, pelo instinto golpista do STF no
momento, pode também dançar feio, e termos de aguentar o Lewandowski. Seria
cômico se não fosse trágico, com a linha sucessória no Brasil. Felizes são os
ingleses que ainda não tiveram que aturar o Príncipe Charles.
E, como vimos, a Lava Jato não para nunca. Parece que o
Marcelo Odebrecht, sim, aquele que é maior empresário preso do Brasil, resolveu
abrir o bico. E que bico! Já cantou os nomes do Mantega e do Luciano Coutinho,
que pintaram e bordaram com as agulhas, tesouras e linhas do BNDES, para eleger
nossa musa, a Dilma, presidenta. E só soube disto ontem. Foi até bom, porque, a
estas alturas, não tenho mais nenhum leitor vivo.
E até a próxima semana, talvez com a Dilma já em tempo
integral aqui na coluna. Afinal de contas, lá no Alvorada ela não vai ter muito
o que fazer, a não ser, o que ela mais gosta: Cometer humor. O que ela promete
é desde quando descer a rampa do Palácio do Planalto de braço dado com Mercadante
e uma mortadela na mão, mostrar que ainda pode alimentar o seu povo. E se Lula
se juntar ao cortejo, não percam a coluna da próxima semana: Faltou mortadela!
Excelente Ze Carlos esse posicionamento sobre a situação esdrúxula que se encontra nosso pais às vésperas da saída da Anta nas, literalmente,pedaladas físicas na descida,da mesma,pela rampa do palacio presidencial
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