Por Zezinho de Caetés
Ontem fiquei esperando, até certas horas, para saber se o
Congresso aprovaria a nova Meta Fiscal do governo que é apenas uma parte do “Pacote do Temer”. Não cheguei a ver o
final e só hoje vi as notícias de que a meta foi aprovada. Ou seja, a partir de
um superávit fiscal de 24 bilhões de reais, como previa a ex-presidenta, os
nossos parlamentares aprovaram um déficit de 170 bilhões.
O que isto diz, aos menos dotados na área da Economia, pode
ser visto assim: Imagine uma dona de casa, que à revelia do marido gastava
feito perua em loja de grife, e dizia ao marido, quando ele desconfiava que na
sua carteira estava faltando dinheiro, que ainda sobrava algum, no final do
mês. Um belo dia, então, o marido a pegou na loja com um monte de sacolas, e,
sob “vara”, ela confessou que gastara
mais, porém, era para ficar bonita, mesmo que ele não permitisse. Não deu
outra, foi impichada pelo marido, que
ao assumir as despesas da casa, descobriu que não sobrava dinheiro nenhum no
final do mês, e além disso havia um enorme rombo no orçamento para ele pagar.
E o pior, se ele não pagasse, as crianças deixariam de ir
para a escola e até poderiam passar fome. O que ele fez então? Falou com os
credores, pedindo pelo amor de Deus, que deixassem ele com a dívida para
continuar comendo, prometendo que faria um esforço enorme para, a partir dali,
não gastar mais do que ganha, e ainda economizar nas despesas comprando farinha
de segunda.
O que o Congresso fez ontem foi aprovar este objetivo do
marido, esperando que ele cumpra a promessa de gastar menos, pois se não o
fizer, coitados dos seus filhinhos. O que estamos esperando é que o marido
cumpra a promessa.
Quem é esperto já imaginou que a mulher poderia ser a
ex-presidenta inadimplenta e o marido poderia ser o Temer, que mesmo ontem já lançou seu pacote,
onde promete cumprir o que foi combinado. É óbvio que tudo, ou quase tudo
depende do Congresso e também, com quase certeza, do Judiciário. Mas, o que ele
propôs, foi bem aceito pelos economistas, embora, já se preveja que não
agradará muito aos que dependem das verbas federais, o que, depois de 13 anos
de PT, não é pouca gente. Ou seja, vai faltar verba para a mortadela.
A ideia de só gastar o que se gastou no ano anterior é uma
boa ideia para o marido traído, no entanto, pode se esperar que os filhos, que
também sofrerão, farão seus protestos. E foi isto a que se propôs ontem o
anúncio do pacote do Temer, entre outras coisas. Eu já estou pensando como
chegarei no ano 2020, com a minha aposentadoria, se a inflação não for
controlada. Mas, isto é a mesma coisa que “dar
ouro para o bem do Brasil”, se não roubarem o ouro, pode até ser que eu não
fique sem ela, até o final da vida.
Outra medida do Temer que é importante, foi verificar onde o
PT socou o nosso dinheirinho para fazer farra e pagar as palestras de Lula, meu
conterrâneo, pelo mundo. Quer de volta uma parte mínima do que nós demos ao
BNDES para fazer obras em países estranhos e com hábitos ditatoriais arraigados,
como Venezuela e Cuba (este já deixou o anti-americanismo de lado, e agora quer
se pendurar nas tetas dos americanos). Alguns já estão dizendo que é a primeira
“pedalada” do Temer, embora ele tenha
dito que a medida ainda vai ser enquadrada na legislação nacional, de alguma
forma.
E esta é a vantagem clara de ter um presidente que sabe que
existem leis e instituições no país, que devem ser cumpridas e respeitadas,
além de saber falar português. E ontem, ele foi outra vez mais de mesóclise em punho, com o intuito claro
de mostrar ao Lula e à Dilma, com quantas letras se faz uma língua bem falado
ao dizer: “... e se houver equívoco, conserta-lo-ei”. Chega me arrepiei. Se
alguns brasileiros não entenderam isto, que protestem contra o padrão
educacional tipo Lula, onde se observa mais a quantidade do que a qualidade,
que voltem à gramática. Se estes protestos
forem violentos, ilegais, ou prejudiquem o bom funcionamento das instituições
enquadra-los-emos.
E, ontem foi a vez do Jucá, hoje foi a vez do Renan, ter uma
conversa revelada pelo que estão chamando o Gravador Geral da República, o
Sérgio Machado. Pelo que eu entendi da conversa publicada na Folha de São Paulo
e já transcrita pela mídia, ao lê-la, não vi nenhuma conspiração contra a
lava-jato, mas, vi coisa pior, quando o Renan defende que o Lula como ministro,
seria a solução para todos, e mostra que o Lula, é que realmente foi o grande
conspirador do que os petistas ainda chamam de “golpe”. Parece que já estava tudo combinado.
Transcrevo abaixo os trechos da conversa como publicado pela
mídia para que vocês tirem suas próprias conclusões. Fiquem com o diálogo que
eu vou esperar junto a minha TV de 14 polegadas, e ainda analógica, quem será o
próximo que foi gravado.
Trecho do diálogo gravado por Sérgio Machado, entre ele e
Renan Calheiros:
“SÉRGIO MACHADO – Agora, Renan, a situação tá grave.
RENAN CALHEIROS – Grave e vai complicar. Porque Andrade fazer
[delação], Odebrecht, OAS. [falando a outra pessoa, pede para ser feito um
telefonema a um jornalista]
MACHADO – Todos vão fazer.
RENAN – Todos vão fazer.
MACHADO – E essa é a preocupação. Porque é o seguinte,
ela [Dilma] não se sustenta mais. Ela tem três saídas. A mais simples seria ela
pedir licença…
RENAN – Eu tive essa conversa com ela.
MACHADO – Ela continuar presidente, o Michel assumiria
e garantiria ela e o Lula, fazia um grande acordo. Ela tem três saídas:
licença, renúncia ou impeachment. E vai ser rápido. A mais segura para ela é
pedir licença e continuar presidente. Se ela continuar presidente, o Michel não
é um sacana…
RENAN – A melhor solução para ela é um acordo que a
turma topa. Não com ela. A negociação é botar, é fazer o parlamentarismo e
fazer o plebiscito, se o Supremo permitir, daqui a três anos. Aí prepara a
eleição, mantém a eleição, presidente com nova…
[atende um telefonema com um
jornalista]
RENAN – A perspectiva é daquele nosso amigo.
MACHADO – Meu amigo, então é isso, você tem trinta dias
para resolver essa crise, não tem mais do que isso. A economia não se sustenta
mais, está explodindo…
RENAN – Queres que eu faça uma avaliação verdadeira?
Não acredito em 30 dias, não. Porque se a Odebrecht fala e essa mulher do João
Santana fala, que é o que está posto…
[apresenta um secretário de governo de
Alagoas]
MACHADO – O Janot é um filho da puta da maior, da
maior…
RENAN – O Janot… [inaudível]
MACHADO – O Janot tem certeza que eu sou o caixa de vocês.
Então o que que ele quer fazer? Ele não encontrou nada nem vai encontrar nada.
Então ele quer me desvincular de vocês, mediante Ricardo e mediante e mediante
do Paulo Roberto, dos 500 [mil reais], e me jogar para o Moro. E aí ele acha
que o Moro, o Moro vai me mandar prender, aí quebra a resistência e aí fudeu.
Então a gente de precisa [inaudível] presidente Sarney ter de encontro… Porque
se me jogar lá embaixo, eu estou fodido. E aí fica uma coisa… E isso não é
análise, ele está insinuando para pessoas que eu devo fazer [delação], aquela
coisa toda… E isso não dá, isso quebra tudo isso que está sendo feito.
RENAN – [inaudível]
MACHADO – Renan, esse cara é mau, é mau, é mau. Agora,
tem que administrar isso direito. Inclusive eu estou aqui desde ontem… Tem que
ter uma ideia de como vai ser. Porque se esse vagabundo jogar lá embaixo, aí é
uma merda. Queria ver se fazia uma conversa, vocês, que alternativa teria,
porque aí eu me fodo.
RENAN – Sarney.
MACHADO – Sarney, fazer uma conversa particular. Com
Romero, sei lá. E ver o que sai disso. Eu estou aqui para esperar vocês para
poder ver, agora, é um vagabundo. Ele não tem nada contra você nem contra mim.
RENAN – Me disse [inaudível] ‘ó, se o Renan tiver
feito alguma coisa, que não sei, mas esse cara, porra, é um gênio. Porque nós
não achamos nada.’
MACHADO – E já procuraram tudo.
RENAN – Tudo.
MACHADO – E não tem. Se tivesse alguma coisa contra
você, já tinha jogado… E se tivesse coisa contra mim [inaudível]. A pressão que
ele quer usar, que está insinuando, é que…
RENAN – Usou todo mundo.
MACHADO – …está dando prazos etc é que vai me apartar
de vocês. Mesma coisa, já deu sinal com a filha do Eduardo e a mulher… Aquele
negócio da filha do Eduardo, a porra da menina não tem nada, Renan, inclusive
falsificaram o documento dela. Ela só é usuária de um cartão de crédito. E esse
é o caminho [inaudível] das delações. Então precisa ser feito algo no Brasil
para poder mudar jogo porque ninguém vai aguentar. Delcídio vai dizer alguma
coisa de você?
RENAN – Deus me livre, Delcídio é o mais perigoso do
mundo. O acordo [inaudível] era para ele gravar a gente, eu acho, fazer aquele
negócio que o J Hawilla fez.
MACHADO – Que filho da puta, rapaz.
RENAN – É um rebotalho de gente.
MACHADO – E vocês trabalhando para poder salvar ele.
RENAN – [Mudando de assunto] Bom, isso aí então tem
que conversar com o Sarney, com o teu advogado, que é muito bom. [inaudível] na
delação.
MACHADO – Advogado não resolve isso.
RENAN – Traçar estratégia. [inaudível]
MACHADO – [inaudível] quanto a isso aí só tem estratégia
política, o que se pode fazer.
RENAN – [inaudível] advogado, conversar, né, para
agir judicialmente.
MACHADO – Como é que você sugeriria, daqui eu vou
passar na casa do presidente Sarney.
RENAN – [inaudível]
MACHADO – Onde?
RENAN – Lá, ou na casa do Romero.
MACHADO – Na casa do Romero. Tá certo. Que horas mais
ou menos?
RENAN – Não, a hora que você quiser eu vou estar por
aqui, eu não vou sair não, eu vou só mais tarde vou encontrar o Michel.
MACHADO – Michel, como é que está, como é que está tua
relação com o Michel?
RENAN – Michel, eu disse pra ele, tem que sumir,
rapaz. Nós estamos apoiando ele, porque não é interessante brigar. Mas ele
errou muito, negócio de Eduardo Cunha… O Jader me reclamou aqui, ele foi lá na
casa dele e ele estava lá o Eduardo Cunha. Aí o Jader disse, ‘porra, também é
demais, né’.
MACHADO – Renan, não sei se tu viu, um material que
saiu na quinta ou sexta-feira, no UOL, um jornalista aqui, dizendo que
quinta-feira tinha viajado às pressas…
RENAN – É, sacanagem.
MACHADO – Tu viu?
RENAN – Vi.
MACHADO – E que estava sendo montada operação no
Nordeste com Polícia Federal, o caralho, na quinta-feira.
RENAN – Eu vi.
MACHADO – Então, meu amigo, a gente tem que pensar como
é que encontra uma saída para isso aí, porque isso aí…
RENAN – Porque não…
MACHADO – Renan, só se fosse imbecil. Como é que tu vai
sentar numa mesa para negociar e diz que está ameaçado de preso, pô? Só quem
não te conhece. É um imbecil.
RENAN – Tem que ter um fato contra mim.
MACHADO – Mas mesmo que tivesse, você não ia dizer,
porra, não ia se fragilizar, não é imbecil. Agora, a Globo passou de qualquer
limite, Renan.
RENAN – Eu marquei para segunda-feira uma conversa
inicial com [inaudível] para marcar… Ela me disse que a conversa dela com João
Roberto [Marinho] foi desastrosa. Ele disse para ela… Ela reclamou. Ele disse
para ela que não tinha como influir. Ela disse que tinha como influir, porque
ele influiu em situações semelhantes, o que é verdade. E ele disse que está
acontecendo um efeito manada no Brasil contra o governo.
MACHADO – Tá mesmo. Ela acabou. E o Lula, como foi a
conversa com o Lula?
RENAN – O Lula está consciente, o Lula disse, acha
que a qualquer momento pode ser preso. Acho até que ele sabia desse pedido de
prisão lá…
MACHADO – E ele estava, está disposto a assumir o
governo?
RENAN – Aí eu defendi, me perguntou, me chamou num
canto. Eu acho que essa hipótese, eu disse a ele, tem que ser guardada, não
pode falar nisso. Porque se houver um quadro, que é pior que há, de radicalização
institucional, e ela resolva ficar, para guerra…
MACHADO – Ela não tem força, Renan.
RENAN – Mas aí, nesse caso, ela tem que se ancorar
nele. Que é para ir para lá e montar um governo. Esse aí é o parlamentarismo
sem o Lula, é o branco, entendeu?
MACHADO – Mas, Renan, com as informações que você tem,
que a Odebrecht vai tacar tiro no peito dela, não tem mais jeito.
RENAN – Tem não, porque vai mostrar as contas. E a
mulher é [inaudível].
MACHADO – Acabou, não tem mais jeito. Então a melhor
solução para ela, não sei quem podia dizer, é renunciar ou pedir licença.
RENAN – Isso [inaudível]. Ela avaliou esse cenário
todo. Não deixei ela falar sobre a renúncia. Primeiro cenário, a coisa da
renúncia. Aí ela, aí quando ela foi falar, eu disse, ‘não fale não, pelo que
conheço, a senhora prefere morrer’. Coisa que é para deixar a pessoa… Aí vai:
impeachment. ‘Eu sinceramente acho que vai ser traumático. O PT vai ser
desaparelhado do poder’.
MACHADO – E o PT, com esse negócio do Lula, a
militância reacendeu.
RENAN – Reacendeu. Aí tudo mundo, legalista… Que aí
não entra só o petista, entra o legalista. Ontem o Cassio falou.
MACHADO – É o seguinte, o PSDB, eu tenho a informação,
se convenceu de que eles é o próximo da vez.
RENAN – [concordando] Não, o Aécio disse isso lá. Que
eu sou a esperança única que eles têm de alguém para fazer o…
MACHADO – [Interrompendo] O Cunha, o Cunha. O Supremo.
Fazer um pacto de Caxias, vamos passar uma borracha no Brasil e vamos daqui
para a frente. Ninguém mexeu com isso. E esses caras do…
RENAN – Antes de passar a borracha, precisa fazer
três coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer
delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação e
estabelece isso.
MACHADO – Acaba com esse negócio da segunda instância,
que está apavorando todo mundo.
RENAN – A lei diz que não pode prender depois da
segunda instância, e ele aí dá uma decisão, interpreta isso e acaba isso.
MACHADO – Acaba isso.
RENAN – E, em segundo lugar, negocia a transição com
eles [ministros do STF].
MACHADO – Com eles, eles têm que estar juntos. E eles
não negociam com ela.
RENAN – Não negociam porque todos estão putos com
ela. Ela me disse e é verdade mesmo, nessa crise toda –estavam dizendo que ela
estava abatida, ela não está abatida, ela tem uma bravura pessoal que é uma
coisa inacreditável, ela está gripada, muito gripada– aí ela disse: ‘Renan, eu
recebi aqui o Lewandowski,
querendo conversar um pouco sobre uma saída para o
Brasil, sobre as dificuldades, sobre a necessidade de conter o Supremo como
guardião da Constituição. O Lewandowski só veio falar de aumento, isso é uma
coisa inacreditável’.
MACHADO – Eu nunca vi um Supremo tão merda, e o novo
Supremo, com essa mulher, vai ser pior ainda. […]
MACHADO – […] Como é que uma presidente não tem um
plano B nem C? Ela baixou a guarda. [inaudível]
RENAN – Estamos perdendo a condição política. Todo
mundo.
MACHADO – [inaudível] com Aécio. Você está com a bola
na mão. O Michel é o elembto número um dessa solução, a meu ver. Com todos os
defeitos que ele tem.
RENAN – Primeiro eu disse a ele, ‘Michel, você tem que
ficar calado, não fala, não fala’.
MACHADO – [inaudível] Negócio do partido.
RENAN – Foi, foi [inaudível] brigar, né.
MACHADO – A bola está no seu colo. Não tem um cara na
República mais importante que você hoje. Porque você tem trânsito com todo
mundo. Essa tua conversa com o PSDB, tu ganhou uma força que tu não tinha.
Então [inaudível] para salvar o Brasil. E esse negócio só salva se botar todo
mundo. Porque deixar esse Moro do jeito que ele está, disposto como ele está,
com 18% de popularidade de pesquisa, vai dar merda. Isso que você diz, se for
ruptura, vai ter conflito social. Vai morrer gente.
RENAN – Vai, vai. E aí tem que botar o Lula. Porque é
a intuição dele…
MACHADO – Aí o Lula tem que assumir a Casa Civil e ser
o primeiro ministro, esse é o governo. Ela não tem mais condição, Renan, não
tem condição de nada. Agora, quem vai botar esse guizo nela?
RENAN – Não, [com] ela eu conversa, quem conversa com
ela sou eu, rapaz.
MACHADO – Seguinte, vou fazer o seguinte, vou passar no
presidente, peço para ele marcar um horário na casa do Romero.
RENAN – Ou na casa dele. Na casa dele chega muita
gente também.
MACHADO – É, no Romero chega menos gente.
RENAN – Menos gente.
MACHADO – Então marco no Romero e encontra nós três.
Pronto, acabou. [levanta-se e começam a se despedir] Amigo, não perca essa
bola, está no seu colo. Só tem você hoje. [caminhando] Caiu no seu colo e você
é um cara predestinado. Aqui não é dedução não, é informação. Ele está querendo
me seduzir, porra.
RENAN – Eu sei, eu sei. Ele quem?
MACHADO – O bicho daqui, o Janot.
RENAN – Mandando recado?
MACHADO – Mandando recado.
RENAN – Isso é?
MACHADO – É… Porra. É coisa que tem que conversar com
muita habilidade para não chegar lá.
RENAN – É. É.
MACHADO – Falando em prazo… [se despedem]
Segunda conversa:
MACHADO – […] A meu ver, a grande chance, Renan, que a
gente tem, é correr com aquele semi-parlamentarismo…
RENAN – Eu também acho.
MACHADO – …paralelo, não importa com o impeach… Com o
impeachment de um lado e o semi-parlamentarismo do outro.
RENAN – Até se não dá em nada, dá no impeachment.
MACHADO – Dá no impeachment.
RENAN – É plano A e plano B.
MACHADO – Por ser semi-parlamentarismo já gera para a
sociedade essa expectativa [inaudível]. E no bojo do semi-parlamentarismo fazer
uma ampla negociação para [inaudível].
RENAN – Mas o que precisa fazer, só precisa tres três
coisas: reforma política, naqueles dois pontos, o fim da proibição…
MACHADO – [Interrompendo] São cinco pontos:
[…]
RENAN – O voto em lista é importante. [inaudível] Só
pode fazer delação… Só pode solto, não pode preso. Isso é uma maneira e
toda a sociedade compreende que isso é uma tortura.
MACHADO – Outra coisa, essa cagada que os procuradores
fizeram, o jogo virou um pouco em termos de responsabilidade […]. Qual a
importância do PSDB… O PSDB teve uma posição já mais racional. Agora, ela
[Dilma] não tem mais solução, Renan, ela é uma doença terminal e não tem
capacidade de renunciar a nada. [inaudível]
[…]
MACHADO – Me disseram que vai. Dentro da leniência
botaram outras pessoas, executivos para falar. Agora, meu trato com essas
empresas, Renan, é com os donos. Quer dizer, se botarem, vai dar uma merda
geral, eu nunca falei com executivo.
RENAN – Não vão botar, não. [inaudível] E da
leniência, detalhar mais. A leniência não está clara ainda, é uma das coisas
que tem que entrar na…
MACHADO – …No pacote.
RENAN – No pacote.
MACHADO – E tem que encontrar, Renan, como foi feito na
Anistia, com os militares, um processo que diz assim: ‘Vamos passar o Brasil a
limpo, daqui para frente é assim, pra trás…’ [bate palmas] Porque senão esse
pessoal vão ficar eternamente com uma espada na cabeça, não importa o governo,
tudo é igual.
RENAN – [concordando] Não, todo mundo quer apertar. É
para me deixar prisioneiro trabalhando. Eu estava reclamando aqui.
MACHADO – Todos os dias.
RENAN – Toda hora, eu não consigo mais cuidar de
nada.
[…]
MACHADO – E tá todo mundo sentindo um aperto nos
ombros. Está todo mundo sentindo um aperto nos ombros.
RENAN – E tudo com medo.
MACHADO – Renan, não sobra ninguém, Renan!
RENAN – Aécio está com medo. [me procurou] ‘Renan,
queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma
coisa.’
MACHADO – Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não
sobra ninguém, Renan.
[…]
MACHADO – Não dá pra ficar como está, precisa encontrar
uma solução, porque se não vai todo mundo… Moeda de troca é preservar o governo
[inaudível].
RENAN – [inaudível] sexta-feira. Conversa muito ruim,
a conversa com a menina da Folha… Otavinho [a conversa] foi muito melhor.
Otavinho reconheceu que tem exageros, eles próprios tem cometido exageros e o
João [provável referência a João Roberto Marinho] com aquela conversa de
sempre, que não manda. […] Ela [Dilma] disse a ele ‘João, vocês tratam
diferentemente de casos iguais. Nós temos vários indicativos’. E ele dizendo
‘isso virou uma manada, uma manada, está todo mundo contra o governo.’
MACHADO – Efeito manada.
RENAN – Efeito manada. Quer dizer, uma maneira sutil
de dizer “acabou”, né.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário