Por Zé Carlos
Viajei no final da semana sobre a qual hoje escrevo. Concluo que
viagens são armadilhas para quem tenta captar o passado e comentá-lo, como faço
semanalmente aqui. Praticamente perdi quase três dias da semana, mas, ganhei
outros conhecimentos, visitando Bom Conselho, onde também a política abunda,
mas deixo para comentar depois.
Corri mais do que o Roberto Carlos nas estradas de Santos para publicar
o meu relato sobre o que passou na última semana no horário de sempre, mas,
cheguei à conclusão que a BR-232, na chegada ao Recife, não precisaria mais nem
de fiscalização eletrônica de velocidade. Por quase uma hora a velocidade
alcançada, menos pelas motos, não passou de 20 Km/h. Então, meus caros 13
leitores, perdoem-me o atraso.
A sorte que tive, é que o maior show de humor da semana, não foi
proporcionado pelos nossos tradicionais colaboradores. O Lula parece que está
em muda, e continua quase mudo, depois da derrota petista, e a Dilma, continua
pedalando no Rio, mas sem muita atividade. O show maior foi da Executiva
Nacional do PT quando se reuniu para analisar o momento político pelo qual
passa o partido, e lançou uma nota com
18 itens, talvez para tentar reergue-lo em 2018. Todos sabem que será muito
difícil, se Lula for para Curitiba, mas, com se sabe este pessoal não desiste
do humor. Tanto que, pasmem, depois de uma derrota, na qual todos os dirigentes
ficaram na posição que Napoleão ficou quando perdeu a guerra, a frase final da
nota é: “Ousar lutar, ousar vencer”!.
Mas, vamos por partes, porque não poderemos garantir a sanidade mental
dos nossos leitores, que podem, de tanto rir, querer ir a óbito como foi o PT.
1. A ofensiva desferida contra o
PT pela mídia monopolizada e os aparatos da classe dominante, desde a Ação
Penal 470 até as vésperas da eleição municipal, culminou com uma derrota
profunda do campo democrático-popular, principalmente do nosso partido. E
resultou num avanço conservador em todo o País.
Vejam senhores, que se reconhece o tamanho da derrota embora estejam
longe de acertar nas razões para ela. A não ser que, quando eles falam da “classe dominante” se refiram a eles
próprios. Afinal de contas, quem foi que roubou mais nos últimos tempos?
2. É fundamental reconhecer,
porém, ao iniciar nosso balanço – necessariamente detalhado, criterioso, sereno
– que o duro revés estampado nos números deveu-se, também, a outros fatores,
avultando entre eles nossos erros, cometidos antes e durante o processo
eleitoral. Analisá-los e extrair lições para recuperar o terreno perdido é uma
tarefa autocrítica, a começar pela direção partidária – que não se exime de
suas responsabilidades – e abrir-se para o conjunto da militância.
Eles continuam querendo falar sério, mostrando que erraram, mas, sabem
muito bem, que se disserem a verdade, não entrarão mais nesta coluna de humor.
Continuem lendo e sorrindo.
3. Antes disso, vale ressaltar
que o cenário negativo em que se realizaram as eleições municipais é produto,
em grande medida, do movimento político iniciado após o pleito de 2014 quando
os derrotados passaram a sabotar o governo e a empenhar-se na sua deposição.
Lembram do impeachment da Dilma? Para os humoristas petistas, tudo não
passou de uma movimentação para malhar o judas, que incluiria até 12 milhões de
desempregado. O que eles não dizem, e que acabaria com a graça, é que os 2
milhões agora são 12 milhões e 50 mil, se incluírem os cargos comissionados que
o PT perdeu no governo Temer. E quando os leitores sabem disso o sorriso se
espraia pelo rosto, virando gargalhada.
Mas, se contenham, que tem muito mais.
4. O aprofundamento da crise
econômica a partir de 2015, a criminalização do PT e a ação corrosiva da mídia
monopolizada erodiram a base eleitoral progressista, provocando forte recuo da
influência petista sobre administrações locais e legislativos municipais.
Sabem de quem é a culpa pelo aprofundamento da crise? Eles só não
dizem que é do Zé Bebinho porque não conhecem nosso conterrâneo, que só não tomava
caninha 51, porque esta era cara e só quem podia comprar era o colega pinguço, o Lula. E haja riso!
5. Apesar da resistência ao
golpe institucional, especialmente antes da votação da admissibilidade do
impeachment pela Câmara dos Deputados no dia 17 de abril, o PT e a esquerda não
conseguiram reconquistar o apoio, a confiança e a identidade da classe
trabalhadora, dos pobres e dos setores médios, inconformados com o ajuste
fiscal implementado pelo nosso governo.
Aqui, como numa estratégia para que o show continue, eles generalizam
colocando as esquerdas no meio. Pois, não morram de rir, o PT hoje, depois da
prisão de Palocci, é considerado um partido de esquerda, por eles, é claro.
6. As medidas então adotadas
serviram de pretexto para que a classe dominante e os partidos conservadores
impusessem a narrativa do estelionato eleitoral.
Lembram do estelionato eleitoral da Dilma? Pois é, ainda existe gente
que acredita nesta bobagem quando os leitores desta coluna já sabem que tudo
aquilo não passou de um show da maior humorista que o Brasil já teve, depois da
Zezé Macedo, é claro, que foi a Dilma.
7. Mesmo afastado do governo
desde maio, continuam a ser atribuídas ao PT, de forma direta ou indireta, as
enormes dificuldades da economia, agravadas pelo programa ultraliberal,
antinacional e antipopular aplicado pelo governo golpista. Basta ver a campanha
veiculada agora pelo governo usurpador, com um slogan de duplo sentido e que
deixa evidente, ademais, a intenção de liquidar o PT. Não tivemos sucesso,
durante o primeiro turno, em construir uma contra-narrativa capaz de
desmascarar o programa defendido pelas forças golpistas e associá-lo a seus
projetos privatistas para as cidades.
E aqui começa o tema do governo usurpador. O causador de tudo, junto
com a corja que votou contra as esquerdas na eleição do domingo eleitoral.
Devem ter dito, como Pelé, certa época, que o povo não sabe votar. No final das
contas eles tem que arranjar um culpado, e o Papa Francisco que se cuide.
8. Não conseguimos tampouco
apresentar listas mais amplas de candidaturas a prefeito e vereador, o que já
prenunciava uma redução numérica que, afinal, superou as expectativas mais
pessimistas, sobretudo nas grandes cidades e em municípios que já governamos.
Coitadinhos, são tão poucos agora que não dão nem para fazer listas
muito grandes.
9. A " reforma
política" comandada pelo ex-deputado Eduardo Cunha, reduzindo o tempo de
campanha e os programas tanto no rádio quanto na televisão, acabou por limitar
nossas possibilidades de enfrentamento contra os partidos de direita.
E nesta hora que se toca em Eduardo Cunha, a plateia se esfalfa de
tanto rir. Todos se lembram muito bem que o outro grande humorista, o Cunha,
nosso Cunhão, foi sondado para fazer show junto com a Dilma e recusou. Agora
eles não perdoam e tentam competir em termos de humor. Dizem que o Cunha vai
lançar um livro onde ele conta todas as piadas ouvidas no Planalto e no
Congresso. Então, o Jô Soares que se cuide, vem aí um grande concorrente.
10. Da mesma maneira, ao
permitir autodoações sem teto para os candidatos e ao não fixar um limite
nominal para as contribuições individuais, abriram-se brechas para a influência
do poder econômico, dando mais razão à nossa defesa do financiamento público exclusivo
das campanhas.
O que eles querem dizer com isto? É claro, e toda plateia entende que
isto significa, que o financiamento correto e democrático é através de propina,
afinal de contas a Bíblia já conta a máxima da caridade: “Dai com esquerda, e que a direita não veja!”. E já aumentam os
decibéis de riso.
11. Também teve importante
impacto, particularmente nos grandes centros urbanos, a escalada antipetista da
Operação Lava Jato, que nos trinta dias anteriores às eleições desencadeou
ofensivas fraudulentas, mas de ampla repercussão, contra o presidente Lula e
ex-ministros de seu governo.
Nesta ponto, a plateia já embolando de tanto rir, não tinha como não
entrar ao Operação Lava Jato, onde o sisudo Sérgio Moro, não provoca uma risada
digna de menção pela coluna. Imaginem que ele continua querendo prender o Lula,
e parece que o Teori Zavaski ajudou, ao fatiar o processo do “Quadrilhão”, no STF, tentando ajudar o
Moro em seu objetivo. E, observem bem,
que o STF como um todo está empenhado em ajudar o Moro, ao ponto de decidirem
que se o “cara” for condenado em “segundo instância”, vai logo para o
xilindró. No caso de Lula, fará com que esta coluna fique cada vez mais
vibrante pois ele já nos prometeu, que, mesmo, preso, continuará fazendo shows
de humor para os internos em Curitiba.
12. Em que pese a vitória sobre
o campo democrático-popular, o bloco conservador sai do primeiro turno com
divergências que podem se acentuar. Não é o caso de enumerá-las agora, mas é
importante tirar proveito delas na campanha do segundo turno, sobretudo nas
cidades onde candidaturas progressistas enfrentarão esquemas conservadores e da
direita.
Eles, não querendo matar nossos leitores de tanto rir, nem mencionam
as divergências no campo conservador. Nós é que podemos citar aqui alguns. Por
exemplo, o Temer quer ficar morando no Jaburu, e Marcela, sua recatada e do lar
esposa quer ir direto para o Alvorada,
onde o Michelzinho teria mais espaço para brincar. O Meirelles quer um
teto baixo e a PGR quer um teto alto, para os gastos públicos. Ou seja, vem
muito humor ainda pela frente. Imaginem meus senhores e senhoras, todos e todas,
que o Temer, ontem, ofereceu um jantar aos deputados somente para pedir a eles
que votem a favor da PEC do Teto.
Hoje, durante a viagem, vi alguém perguntando,
se, diante da crise, os deputados pagaram os seus jantares. Seria o justo e o
justíssimo. O que vocês acham? Eu acho que se fosse para pagar o jantar, adeus
a PEC.
13. A Direção Nacional do PT
orienta nossa militância a apoiar incondicionalmente as candidaturas do PSOL,
do PCdoB, da Rede e do PDT nas capitais, bem como daqueles com quem já
estivemos no primeiro turno. Além disso, sugere aos diretórios municipais que
avaliem localmente a quem devemos negar apoio e voto.
Agora, como não poderia deixar de ser, o PT apoiará, no segundo turno
desta hilária eleição, o que sobrou da esquerda no país, depois do primeiro
turno. Pelo que vi, aqui no Recife, o João Paulo, só terá o voto dele mesmo, e,
se no dia da eleição não resolver meditar.
14. Conclamamos a militância a
cerrar fileiras em torno das sete candidaturas petistas neste segundo turno:
Recife, Juiz de Fora, Santo André, Mauá, Vitória da Conquista, Santa Maria e
Anápolis. É decisivo envidar esforços para unir o eleitorado democrático e
popular, abrindo nossas campanhas para todos e todas que desejarem compartilhar
dessa empreitada.
E, como viram, eles vão cerrar fileira aqui em Recife também. Afinal
de contas são 7 candidaturas que é número cabalísticos, conhecido com o número
da mentira. Eu, que não tenho opinião política e só humorística, diria apenas
que é o número do humor.
15. A CEN parabeniza todos os
governadores e prefeitos, parlamentares e militantes, que travaram o bom
combate nas condições mais adversas dos últimos anos. Cumprimenta todos os
candidatos e candidatas, eleitos ou não, por aceitarem, com bravura, uma tarefa
fundamental na defesa de nosso partido e do legado de nossos governos.
A estas alturas do show, com, talvez, menos de 10% da audiência tendo
sobrevivido, não há como não haver uma sessão de parabéns. Afinal de contas são
13 anos que eles nos dão o “bolo”.
16. Sem minimizar o resultado
desfavorável, encaramos a perda como uma batalha no processo de resistência
democrática e de reorganização do PT e do campo popular. Da derrota,
extrairemos lições que possibilitem reorientar nossa prática, a fim de
recuperar a confiança política dos trabalhadores, da juventude, das mulheres,
dos intelectuais, acumulando forças para retomar o projeto de transformação
social que constitui nossa razão de ser.
E vejam bem a ousadia da turma! Ainda falam num projeto de
transformação que prometem nos levar ainda a mais humor. Não há limite para
esta turma mesmo. A coluna só tende a crescer porque vai encontrar mão de obra
barata para produzir sua matéria prima básica: O humor.
17. É preciso, nesse momento,
conjugar a mobilização na campanha eleitoral com o empenho de nossas bancadas
na Câmara e no Senado de se mobilizarem com as bancadas de oposição para
derrotarem a PEC 241, a PEC do arrocho, o PL do Pré-Sal e a MP da reforma do
ensino médio.
18. Ao lado do povo brasileiro,
dos demais partidos progressistas e dos movimentos sociais, os petistas
continuaremos, nas urnas e nas ruas, a lutar contra o governo usurpador e a
retirada de direitos, em favor de eleições diretas já e pela reforma do sistema
político.
E, como avisamos lá em cima, quando toda a plateia já sucumbiu de
embolia hilariante, aparece um cara na plateia, vestido de palhaço e grita:
Ousar lutar, ousar vencer!
Bem, talvez esta não tenha sido a
situação de humor que melhor do ocorreu durante a semana que passou. Afinal, o
jantar do Temer foi ontem. Mas, com não mandamos nenhum representante da coluna
para o Alvorada, não temos ainda nenhuma das piadas ditas pelo Temer, que
esperava os convidados junto com a Marcela, que, deveria estar muito feliz, por
ser agora responsável para fazer nossas crianças felizes. “Ai, que saudade dos tempos de criança....”. Até a próxima!
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