Por Carlos Sena. (*)
Há ensinamentos na escola da vida
que são interessantes. Um desses é a lição que a vida nos dá no quesito
“juventude e velhice”. Algo como na
juventude tudo em abundância e na velhice o contrario disso. Porque na
juventude a vida nos dá fartura de visão, de audição, de tesão, de... Na
velhice, ela vai gradativamente “recolhendo” o que nos deu em sobra e que
depois os recolhe das nossas “prateleiras existenciais”. Com isso ela nos
vai tornando mais perto da dura
realidade com a qual, indistintamente todos algum dia terão que se deparar – o
nosso “Grand Finale”.
Há quem aprenda com a vida que
cada idade tem seu encanto. Mas, há aqueles que ficam driblando o tempo. Via plásticas
no rosto, via tingimento de cabelos, via exageros no vestir, via
excentricidades comportamentais. Fato é que a vida em si mesma não se permite
por muito tempo a “truques”. Porque chega um belo dia em que não há espaços no
rosto para mais plásticas. E as tintas já não funcionam mais para iludir os
cabelos brancos. Há senhores que tingem os cabelos de preto, mas o rosto não
tem mais o frescor da juventude e, dessa forma, fica tudo muito esquisito. A
idade fica muito mais à mostra e tudo se torna mais frio, mais destoante dentro
da estética.
Descobrir que a vida é processo
talvez ajude a encontrar um ponto de equilíbrio na compreensão. Outra coisa que
o tempo retira e que incomoda bastante é a memória. Os idosos, mesmo os
viciados em palavra cruzada não escapam. Talvez seja melhor o entendimento de
que, quando jovens, as pessoas se lembram de muitas coisas que não prestam e
que, na velhice, só há espaço para coisas importantes. Assim, a memória se
redime e passa a ser ressignificada para o arquivo daquilo que, de fato, merece
ser armazenado: os amores, as relações, a fé... Esquecer-se da hora de tomar
remédios? Que mal há nisso? Remédio é um veneno às avessas que vez por outra
pode ser esquecido, por que não? Porque tudo tem seu prazo de validade, inclusive
a existência...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 11/09/2013
Temos de entender que tudo tem seu tempo. - Eu, por exemplo, não vivo de saudosismo! Quem vive de passado é museu. Se o saco está murcho, o pinto com pouca animação, vamos procurar ração mais eficaz para o pinto. E até o saco reage. Pintar cabelo é ridículo. Cabelo não faz falta a homem. O que faz falta a homem é saúde e tesão. - Se tiver um pouco dessas duas coisas, na velhice, dê viva (!!) e deixe rolar. - Pensar na morte, nem pensar. Até porque é certeza que ela virá. Assim, se ela vem, pra que saber quando? - Melhor pensar que ela, a morte, está muito longe. O resto é resto./.
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