Por Carlos Sena (*)
Quem matou “Salomão Ayala”, da
novela “O Astro”? Quem encontrou a bala que matou Getúlio? Quem sabe onde se
esconderam as duas polegadas que impediram Marta Rocha de ser Miss Universo?
Quem sabe o verdadeiro nome da “menina sem nome” enterrada no cemitério de
Santo Amaro no Recife? Quem saberia me dizer, por exemplo, o ano em que Adão
foi inspetor de quarteirão na Barra do Brejo? Nesse rol de “porquês” cabe
perguntar: quem conhece Lucinha Peixoto – aquela mantenedora de um Blog e que
sempre se faz presente no jornal "A GAZETA" e nos diversos jornais da região do entorno
bom-conselhense? Pois é. No final da novela O Astro, soube-se que quem matou
Salomão Ayala foi seu próprio filho, mas, saber quem é Lucinha Peixoto, aí fica
difícil, mesmo sabendo que isso é também quase que um folhetim paroquiano que
pulula a boca miúda nas rodas e nos quadrados da terrinha.
Certo dia vi Nárima perguntando
(salvo engando) se alguém saberia dizer quem é essa tal Lucinha Peixoto. Depois
vi Almir fazendo igual indagação. Assim, Ademir, Marcos Padilha, Pedro Eymar e
tantos outros que devem ter se feito as mesmas perguntas acerca dela – a
Lucinha Chupeta, digo Peixoto. Não, capeta. Não, apenas Lucinha e seus
caprichos. Confesso quando comecei a invadir a literatura da minha terra, logo
também me perguntei: quem é essa tal de Lucinha? Ninguém me disse nada, nem
sequer, me deram o “C” por resposta, (pra não perder o costume). Não tive
dúvidas. Perguntei a mamãe acerca. Mas, ela, do alto dos seus 84 anos, já com a
mente lhe mentindo, me disse que não se lembrava de ninguém com esse nome.
Depois, puxando pela memória, ela disse que conheceu uma Lucinha, mas que não
devia ser essa que eu lhe perguntara. Essa, de
quem se lembrara vagamente diziam ser quenga, lá do “Café Sertanejo”.
“Ah, lembrei-me de outra”, disse: no Paga Nada – uma agremiação carnavalesca
famosa na cidade capitaneada por Braz, tinha uma tal de Lucinha. Era a que
carregava o estandarte, mas que, também, as línguas ferinas diziam ser ela uma
putinha que trabalhava em casa de família e seu melhor trabalho era “iniciar”
os filhos dos patrões no sexo. Coitada de mamãe. Ela não soube recobrar mais
sua memória e nem precisava, porque Lucinha é uma invenção dela própria
(Lucinha) por ele mesmo ou por ninguém querendo unir nada a coisa nenhuma.
Confuso? Igual a Lucinha e seus caprichos. Porque mesmo sendo Lucinha uma
invenção dela própria, por ele, parece-nos que ganhou vida própria – algo como
o adágio de que “a mentira muitas vezes repetida vira verdade”... Por isso esse
“personagem” deve meter medo até mesmo ao seu criador, tamanho é o nível de
“envivecimento” que ele, o personagem, se deu. Independente do mal ou do bem
que possa proporcionar, Lucinha marca espaço na mídia al regione com qualidade.
Destaca-se pela língua ferina e pelos seus caprichos. Ela é caprichosa, por
exemplo, para meter o pau no PT até que outro partido chegue ao poder para ela
de novo meter o pau. Meter o pau? Nem poderia. Meter o bedelho, aí sim. Isso
ela faz com maestria e com alfinetadas de fazerem dó. Lucinha é debochada
quando quer ser, mas é doce quando não quer ser. Ela sabe morder e assoprar,
mais assoprar do que morder... Por quê?ão sei. Mas, por não saber sua idade,
corremos o risco de dizer que ela morde sem morder, que ela corre sem correr,
que ela sobe sem descer e quando desce se lasca toda, se estrebucha nos seus
proprios conceitos ou preconceitos (?).
Desisti de saber dela num dia que
estive na terrinha. Conversando com certo senhor importante da cidade, senti que
ele quase se traiu acerca do codinome Lucinha. Depois ele tentou remendar, mas
se borrou todo. Eu me fiz de coveiro para comer o “C” do defunto e parece que
consegui. Mas, mesmo assim, não me aprouve botar a boca no trombone acerca
dela, a Lucinha linguaruda e cheia de caprichos. Preferi entender que ela é do
Bem. Disso não se pode negar. E escreve bem. E ama nossa terra e estrutura
conceitos políticos com desenvoltura. Nesse estado de coisas, prefiro
compreender que se esconder num codinome é muito natural na vida no geral e na
literatura em particular. Por que não com ela, a nossa Lucinha (?) – blogueira
e defensora perpétua do papacagay que nunca acontece; divulgadora do forró no
beco e instigante crítica do nosso prefeito a quem ela chama de DANDAN. Lucinha
é isso mesmo e não adianta transformá-la em novela para ver se um dia ela é
desmascarada no seu final. Porque Lucinha é ela sem ser. É ele sendo como é –
meio arrependida de ser sem nunca ter sido – algo como a saga da viúva Porcina.
Lembram? Por cima é o que ela gosta de sempre ser e estar.
Hoje, mesmo achando que sei quem
foi o seu inventor, nem me sinto tentado a dizer quem seja (a minha suposição), porque Lucinha
só não tem corpo, mas tem alma. Pode até não ter coração, mas tem ação. Não tem
marido, ou tem? Não tem o mote, mas tem o trem. Não tem cavalo, mas, tem
galope, não tem um homem, mas, deseja um bofe negão. Não gosta de uva, mas
detesta Cuba. Não gosta de peixe, mas se pudesse comia o Lula... Cru...
Assim na rima rica, Nárima fica
com a ilusão de Lucinha. Almir, Marcos, Pedro, Ademir, todos, Lucinham, porque
ela é verbo, intrasitiva, mas verbo. Não de ligação, mas irregular na
singularidade dos seus plurais metaforseantes. Platão que lhe diga e Freud que
nos explique todas as razões de viver sem dar a cara a tapa, ou a bofete, no
linguajar local.
--------------
(*) Publicado no Recanto de
Letras em 28/09/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário