Por Zezinho de Caetés
Na quarta-feira passada (06/11/2013), o imortal Merval
Pereira escreveu sobre a situação eleitoral, para presidente presidente da
república, num texto que ele intitula: “São
Paulo define”, no qual ele rever os resultados das últimas eleições
envolvendo o PSDB e sua performance em várias regiões.
Ele se baseia numa frase, segundo ele, dita pelo senador
Aécio Neves, um dos pré-candidatos do partido nas próximas eleições: “Se vencer a eleição em São Paulo por um
voto, venço a eleição presidencial”. Eu tive vontade de perguntar se ele havia
avisado aos russos, Eduardo e Marina, e à vedete do momento, meu conterrâneo
Lula. No entanto não o faço.
Eu penso até que a frase é correta, pelo menos no que se
refere ao Nordeste e se o Eduardo for candidato e ficar com a cabeça de chapa.
Na região ele tira os votos da Dilma e de forma voraz. Mesmo que seja verdade
que o Eduardo seja apoiado pelo PSDB no estado, e tudo é possível nesta altura
do campeonato, isto será compensado pelo aumento dos votos em Minas Gerais,
para o PSDB, mesmo naquela parte onde não é considerado Nordeste.
O que tornaria a frase do senador mais verdadeira seria
encontrar um paulista que tivesse chance de barrar a ascensão do PT em São
Paulo. Eu penso que o José Serra está ainda mantendo o partido em dúvida sobre
sua postulação a candidato, como uma forma de se candidatar a outro cargo que
ele ache importante. Ele está como aquela pessoa que se finge de morta para
fazer medo ao coveiro. Na hora H, como aconteceu com a filiação partidária, ele
vai até aceitar a vice na chapa do PSDB, se tiver uma chance de derrotar o PT.
Aqui pelo Nordeste, falam mal do José Serra porque, dizem,
ele não se importa muito com a região, e não seria um novo Lula na
administração das benesses regionais, em favor da região e principalmente, do
Estado. Mas, quem disse que a Dilma o mesmo Lula tratará a região como ela foi
tratada quando havia um alinhamento quase perfeito entre o Eduardo e governo
federal?
Eu sei que é muito cedo para tirar conclusões, mas, já que
não tenho um candidato conservador que me represente, fico sonhando, com o mais
conservador que o Brasil, até agora, pôde gerar. Se São Paulo definir para o
lado bom, tudo bem.
Fiquem, com o imortal e sua análise, que eu vou voltar à
minha meditação transcendental, que a política brasileira está exigindo no
momento.
““Se vencer a eleição em São Paulo por um voto, venço a eleição
presidencial”. Essa frase do senador Aécio Neves explica bem a prudência que
toda a cúpula do PSDB está tendo para manter a união partidária em seu
principal reduto eleitoral.
A declaração que deu ontem a favor da ação política do ex-governador
José Serra, que supostamente o estava incomodando, foi combinada, para
restabelecer no partido a unidade de pensamento, depois que alguns partidários
de sua candidatura começaram a se enervar com a demora da oficialização.
Depois de uma rodada de conversas em São Paulo, primeiro com o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e com o governador Geraldo Alckmin, e
no dia seguinte com o próprio Serra, Aécio decidiu aliviar o ambiente tucano,
desaconselhando as críticas que têm sido feitas a Serra por suas palestras e
viagens pelo país na roupagem de também candidato à Presidência.
Quanto mais forte a figura de Serra estiver em São Paulo, reflexo de
uma imagem nacional que ele está cultivando nos últimos dias, melhor será para
o desempenho do PSDB em nível nacional. A diferença a favor dos candidatos
tucanos em São Paulo vem se reduzindo nas últimas eleições, reflexo do
fortalecimento do PT no estado.
Fernando Henrique, nas duas eleições em que venceu Lula no primeiro
turno, tirou uma vantagem de cerca de 5 milhões de votos em 1994 e 1998.
Alckmin venceu em 2006 por 3,8 milhões, e Serra, em 2010, por 1.846.036. A
questão é que perderam para Lula e Dilma em Minas e no Rio. Os três estados,
juntos, representam cerca de 40% do eleitorado.
Em 2010, Dilma venceu em Minas por 1,7 milhão de votos de diferença, e
em 2014 a expectativa dos tucanos é que Aécio coloque uma frente de 3 milhões a
4 milhões de votos, o que transformaria Minas em sua São Paulo em termos de
performance eleitoral.
No Rio de Janeiro, ela também abriu 1,7 milhão de votos de vantagem,
neutralizando a derrota de São Paulo. Aécio acha que na próxima eleição tem
condições de equilibrar a disputa no Rio, pelo menos reduzindo a diferença em
favor de Dilma, se houver.
A vantagem final de Dilma se deveu basicamente à diferença obtida no
Nordeste (38 pontos) e no Norte (15 pontos), o que somou mais de 11 milhões de
votos de diferença. As diferenças de votos a favor da Dilma nos quatro estados
de maiores eleitorados no Nordeste ampliaram sua vitória em 9.146.751 votos:
Bahia (2.788.495), Pernambuco (2.344.718), Ceará (2.325.841) e Maranhão
(1.687.697).
Na avaliação do comando do PSDB, hoje a questão se resume a perder de
pouco no Nordeste e manter a hegemonia nas regiões onde o PSDB tradicionalmente
vence. O cenário político hoje é diferente do de 2010, mais favorável à
oposição no Nordeste, apesar da prevalência governista.
A simples presença da candidatura de Eduardo Campos, governador de
Pernambuco, já retira de Dilma boa parte de sua vantagem na região. Na Bahia, o
prefeito de Salvador, ACM Neto, está montando um palanque competitivo com a
candidatura dissidente de Geddel Vieira Lima. No Ceará, o PSDB terá a volta de
Tasso Jereissati, favorito para o Senado, fazendo um palanque forte.
No Amazonas, com a presença vitoriosa hoje do prefeito de Manaus,
Arthur Virgílio, dificilmente Dilma conseguirá repetir a façanha de ganhar pela
diferença de 866.274 votos, uma frente que compensou a vitória que o PSDB teve
no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Por isso, é fundamental para o PSDB manter a hegemonia em São Paulo,
dando espaço para uma liderança política com votos como o ex-governador José
Serra, que pode concorrer ao Senado em 2014 ou, como é a preferência das bases
tucanas, à Câmara, puxando uma bancada federal importante.
A possibilidade de compor a chapa com Aécio na qualidade de vice,
embora não o atraia no momento, pode vir a ser uma estratégia vitoriosa,
aproveitando inclusive sua presença nacional. Seria uma maneira engenhosa de
ter uma ação sincronizada durante a campanha eleitoral, assim como Lula fará
com Dilma, e Marina, com Eduardo Campos.
De qualquer maneira, um vice de São Paulo pode ser a prioridade tucana
para 2014, como maneira de preservar a hegemonia nos dois maiores colégios
eleitorais do país.”
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