Por Carlos Sena (*)
Tem bobo pra tudo – eis um refrão
de uma canção popular. E parece que tem mesmo. Gosto pra fumar maconha e
cheirar cocaína e se “colar”. Gosto para andar de asa delta, saltar de
paraquedas, subir picos altíssimos nas geleiras do mundo e nas serras íngremes.
Gosto pra ficar se esgoelando atrás de artista famoso e jogador de futebol. Gosto
para escutar baboseira tipo lek, lek, lelek. Gosto para saltar de bung junp.
Gosto para eteceteras e alhures mil. Talvez desgosto, mas tudo é passível de
ângulo de visão, porque dizem que gosto é como “fiofó” que cada um tem o seu.
Nesse contragosto em nome do prazer e defendendo a relativa liberdade,
esbarramos no ócio nem sempre criativo, com a licença de Domenico De Demasi.
Voltando ao gosto relativo não poderia deixar de mencionar o horror que é
gostar de briga de galo e de canário, de vaquejada e outros do gênero.
Há bobo pra tudo? Talvez sim.
Mas, pelo sim pelo não, talvez. Este cabe e não nos torna descabido par o gosto
que está mais para agonia, mas que em gosto se transforma pelo principio do
prazer. Prazer meio revestrés? Pois é, mas prazer dentro da configuração de que
“fiofó” cada qual tem o seu, digo não o “meu”, mas o seu mesmo. Mas, há sempre
um “mas” que nos permite misturar gosto com agonia, fantasma com fantasia, cu
com cotia, tia com cu e cu sem dono ou até “or concour”. Afinal é o princípio do prazer ou o prazer
sem princípio? Talvez o prazer por princípio, posto ser a vida tão rápida em
tempos corridos que mesmo uma partida de futebol em dois tempos parece ser
maior que ela. Então a história do “tem bobo pra tudo” parece que se perde nas
evidencias do gosto. Porque vale o prazer mesmo que fora da ortodoxia dos
princípios moralistas que a moda do politicamente correto nos assevera. Desde
que entre os valores se consolidem o respeito àqueles que não gostam dos mesmos
gostares gostam inclusive no santo ofício das práticas da cama.
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(*) Publicado no Recando de
Letras em 14/06/2013
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