Por Zezinho de Caetés
Como todos sabem, eu não sou de Bom Conselho, embora conheça
a cidade e lá fui sempre bem tratado. Já fui até a um destes Forróboms da vida
e gostei muito. Ainda era uma época romântica onde eu via até os casais
dançando juntos, um forró rasgado.
Através dos Blogs eu acompanhei todo o processo de anúncio
de uma programação da festa, que a mim me pareceu boa. Eu teria outras opões,
mas, não gosto, e mesmo não devo, me meter em coisas internas do município que
sempre me tratou tão bem.
Eu falarei aqui do Forróbom, falando de festas similares que
ocorrem pelo Brasil afora e no Nordeste em particular. É verdade mesmo que
durante o mês de junho o Nordeste pertence a São João. Pelo visto, este santo
poderoso e milagreiro não está com muita força política no céu, porque não tem
conseguido um cota de chuva suficiente para melhorar a situação de nossa seca.
Mesmo assim, parece que ele tem uma cota especial neste mês e normalmente cai
um pouco mais de água, embora São Pedro não chegue nem a sentir os pingos.
E o que são as festas juninas hoje? As fogueiras são meros
apetrechos para não esquecermos das origens da festa, mas, são apagadas quando
as crianças vão dormir, porque os pais tem que ir para a verdadeira festa.
Dançar e sacolejar ao som estridente e ensurdecedor dos conjuntos modernos.
Bem, se tirarmos a personalidade famosa que, normalmente, dá nome à banda, o
resto é tudo igual. Instrumentos potentes e 5 ou 6 bailarinos a se remexerem e
um cantor ou cantora a tocar as músicas de São João, até que pedem o sucesso do
momento. E aí a plateia vai ao delírio.
Este é o ritual para todo o país com pequenas variações. Eu
estive pesquisando na internet (hoje todos somos pesquisadores, inclusive para
nos iludirmos a nós próprios) sobre o quanto se paga a estas bandas, e
consequentemente pensando sobre o dinheiro que gira durante a festa, fazendo
com que algumas cidades (exemplos mais claros, Caruaru e Campina Grande) vivam
o ano inteiro do São João, como o Rio de Janeiro vive do carnaval.
Pelo que li nas entrelinhas, Bom Conselho quer se tornar o
terceiro polo forrozeiro (depois de Caruaru e Gravatá) no circuito turístico
pernambucano. E isto é muito bom desde que se consiga vender a localização de
uma forma que Garanhuns saia do caminho. As cidades tem sua vocação turística
de alguma forma, e que muitas vezes são criadas pela história. Por exemplo, o
grande ponto turístico de Caetés, onde nasci, era a casa onde o Lula nasceu,
até que apareceu a Rosemary e ficou difícil o guia explicar por que não havia
um quarto para ela na casa.
Mas, voltemos aos valores. Chegam a verdadeiras fábulas.
Hoje, uma banda que não cobra mais de 100.000, só é contratada no final da
programação para tapar buraco de orçamento pequeno. Por exemplo, estou vendo
aqui num site que a Ivete Sangalo cobra R$ 1,2 milhão por uma apresentação e
mais os custos do seu jatinho particular. Se considerarmos que ela tem show
quase todos os dias, a mulher é uma grande empresa, e breve aparecerá na lista
da Forbes.
Estou vendo que mesmo o Roberto Carlos só cobra R$ 1 milhão.
Paula Fernandes (desculpe, deve ser a idade mas não me lembro quem é) cobra R$
350 mil competindo com Michel “assim você
me mata” Teló. Luan Santana (que vi no programa do Faustão e pelo amor de
Deus não espalhem que vejo estas coisas) cobra R$ 300 mil. Deve ser para
comprar aquelas calças horrorosas que ele usa e que ele morreria se tivesse o
que apertar entre as pernas, e fazer aquele topete ridículo que me lembrou o
Itamar Franco. Enquanto uma dupla, que gosto muito, o Chitãozinho e Xororó, só cobra R$ 180 mil.
Na realidade, é uma festa feita para jovens e eu estou fora
do circuito. Por exemplo, se, ao invés de Elba Ramalho, pelo mesmo preço
tivessem contratado os pais do Sandy e Júnior, eu iria esticar até Bom
Conselho. Para ver Elba, eu vou aqui mesmo no Sítio da Trindade.
Mas, como estava dizendo, a festa é para jovens e não
importa quem venha se apresentar, desde
que apareça muitas vezes na TV. Quando eu vi que a Madonna cobra R$ 9 milhões de cachê, eu temo pelas próximas
festas juninas, onde poderemos ter a musa de calça desbotada e remendo no
fundão. Eu prefiro a Beyoncé que só cobra R$ 6 milhões.
O que não fazemos por falta de assuntos relevantes na
política para escrever sobre. O feriadão me deixou com as mãos atadas.
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