Por Zezinho de Caetés
No último dia 07/10/2013, li um texto do Guilherme Fiuza na
Revista Época, que tenho quase por obrigação transcrever aqui, antes que esta
onda de retaliações internacionais do governo Dilma se torne crível o
suficiente para afetar o resultado eleitoral. O título e autoexplicativo: “Dilma dá lição de espionagem a Obama”. É
um texto irônico, e a ironia é uma das trincheiras dos que lutam contra a
propaganda desvairada que acomete no país, por parte do governo petista.
Ele começa já dizendo que a Dilma foi à ONU e trucidou o
Barack Obama. E pelo que eu vi logo após o discurso de Dilma, o Obama parecia
muito deprimido ao ponto de nem se referir ao episódio de espionagem que a
Dilma tanto bate e se bate até hoje, incluindo agora o Canadá. Para mim é uma
verdadeira vergonha quando uma nossa presidenta desperdiça a chance de propor
coisas relevantes, discutir temas realmente úteis ao país, vai ao maior fórum mundial
de nações fazer propaganda eleitoral antecipada.
E ainda, não satisfeita, nossa presidenta bateu o pé e
disse: “Não vou, não vou e não vou, à
festa que você me convidou.” Ridículo. Mas, o mais importante do texto,
para mim, é mostrar que de espionagem quem é useiro e vezeiro é o PT, com seus
dossiês apócrifos e falsos.
E enquanto a presidenta faz mise-en-scène em Nova York este país se despedaça com a anarquia e
quebra-quebra nas ruas e a economia se dilui registrando o primeiro déficit nas
contas públicas desde 2001. O último mês de agosto é foi um mês historio do
governo petista: “após dez anos zombando das metas de inflação e de superávit, os pilares
da estabilidade econômica, torrando dinheiro público com sua Arca de Noé
ministerial e o dilúvio de convênios piratas, o PT conseguiu levar o Brasil de
volta ao vermelho.”
Tudo isto já me amedronta, porque, pela minha idade já vivi
o inferno inflacionário e de desorganização das contas públicas deste país.
Talvez, os jovens não. Estes que estão indo as manifestações hoje, quando
chegam em casa os salários dos pais ainda se mantém preservados, graças ao que
foi feito num passado quase remoto (principalmente o Plano Real) e que o
governo petista teve oportunidade, pela bondade da economia mundial, de
continuar a melhorar com reforma mas está jogando fora em nome de um projeto de
poder cujo único objetivo é o próprio poder.
Fiquem agora com o Fiuza, porque eu vou tentar retirar minha
aposentadoria num banco e colocar uma carta no correio, e já prevejo que não
será possível: Estão em greve.
“Dilma foi à ONU e acabou com Barack Obama. Lendo com fúria o discurso
terceiro-mundista que algum Marco Aurélio Garcia ajuntou para ela, deixou os
yankees apavorados. Falando sobre espionagem digital, a presidente brasileira
deu uma lição de direito e democracia aos americanos, com sua autoridade de
aliada de Cuba, Irã, Síria e Venezuela. E Dilma fez mais: cancelou a visita que
faria neste mês aos Estados Unidos. A maior potência mundial talvez não resista
a esse golpe.
Obama inventou uma briguinha com o Congresso e fez seu governo parar de
funcionar - tudo para ganhar tempo e pensar o que fará sem Dilma. A Casa Branca
estaria tentando negociar pelo menos a substituição dela por outra grande líder
do Brasil transparente - como Erenice Guerra ou Rosemary Noronha -, mas o
Planalto estaria irredutível.
A ética petista não transige com espiões, não tolera governos que
abusam de seu poder para fins de dominação política. Tanto que a espionagem do sigilo
bancário do caseiro Francenildo foi feita sem qualquer invasão de
privacidade, a conta era num banco
estatal, e as estatais, como se sabe, são deles, e ninguém tem nada com isso.
Inclusive, Marcos Valério levava tranquilamente sacos de dinheiro do Banco do
Brasil para o PT, tudo em casa. Agora os Estados Unidos aprenderão com Dilma a
respeitar o que é dos outros.
Alguns críticos neoliberais, elitistas e burgueses andaram dizendo que
o discurso de Dilma na ONU foi uma bravata pueril, uma lambança diplomática.
Disseram que Oswaldo Aranha e o Barão do Rio Branco se reviraram nas catacumbas
com a transformação da assembleia da ONU em assembleia do PT, onde o que vale é
rosnar contra o "inimigo" para excitar a militância e descolar uns
votos. Esses críticos acham que a gritaria de Dilma em Nova York e o
cancelamento de sua visita aos EUA fazem bem ao PT e mal ao Brasil. São uns
invejosos.
Quando o assunto é espionagem e manipulação de dados protegidos, o
governo popular sabe do que está falando. Uma de suas obras-primas na matéria
foi o vultoso Dossiê Ruth Cardoso - uma varredura em registros contábeis sobre
a ex-primeira-dama. Na ocasião, o primeiro escalão do governo Lula era
denunciado por uso abusivo dos cartões corporativos. O material sobre as despesas
de Dona Ruth não trazia nenhuma irregularidade, mas virou um "banco de
dados" nas mãos da "inteligência" aloprada, acostumada a
envenenar informação e jogar no ventilador.
O Dossiê Ruth Cardoso foi montado na Casa Civil pela ainda desconhecida
Erenice Guerra. Sua chefe se chamava Dilma Rousseff, essa mesma que agora
ensina Obama a não futricar a vida alheia.
Ela pode ensinar, porque entende de invasão. Segundo a ex-secretária da
Receita Federal Lina Vieira, a então ministra chefe da Casa Civil Dilma Rousseff
- a quem Lina não era subordinada - ordenou-lhe que desse cabo de um processo
envolvendo o companheiro Sarney. Após a denúncia, Lina aceitou ser acareada com
Dilma, que dessa vez preferiu não se meter com ela.
Na campanha presidencial de Dilma em 2010, funcionários de seu comitê
invadiram o sigilo fiscal da filha de seu adversário eleitoral. Era mais uma
tentativa de dossiê, traficando dados protegidos por lei. Que Obama compreenda
de uma vez: ou para de espionar os outros ou se filia ao PT, que aí não tem
problema.
Enquanto Dilma lia seu panfleto na ONU, o Brasil registrava o primeiro
déficit nas contas públicas desde 2001. O mês de agosto de 2013 passa à
história como um marco do governo popular: após dez anos zombando das metas de
inflação e de superávit, os pilares da estabilidade econômica, torrando
dinheiro público com sua Arca de Noé ministerial e o dilúvio de convênios
piratas, o PT conseguiu levar o Brasil de volta ao vermelho.
Mas está tudo bem. Basta olhar para os manifestantes nas ruas, ninjas,
black blocs, sindicalistas e arruaceiros light para entender que o negócio hoje
é brincar de revolução. Nessa linha, nada mais excitante que a
"presidenta-mulher falando grosso" com os imperialistas. O Brasil
entrega as calças, mas não admite acordar desse conto de fadas. Feliz 2019.”
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