Por Zezinho de Caetés
Esta semana ainda não dá para mudar de assunto. A surpresa
da entrada da Marina no PSB ainda não sai da cabeça dos analistas políticos. No
entanto, parece nem ter entrado nas análises do imortal Merval Pereira, se
tirarmos pelo texto que ele escreveu (abaixo transcrito) no último dia 15/10/2013 no Globo, onde ele
alardeia no título: “Por que a eleição
de 2014 será diferente”.
Nele, o Merval dá pouca importância à chegada da Marina ao
PSB, usando-a apenas para citar algo que a dirigente da REDE disse do governo
Dilma, que é um retrocesso em relação a um período do governo Lula e ao do FHC,
o que é uma verdade insofismável. A situação de nossa economia não está boa, a
não ser para a presidenta, que anda por aí vendo cachorros atrás de crianças na
tentativa vã de dizer que estamos bem. Quando a plateia é do PT ela não recebe
vaias, e vai em frente.
E a pouca importância dada à união entre o mangue e SUAPE
vem do fato visto pelo Merval de que eles não querem, de forma nenhuma,
passarem por “traidores do Lula”,
como se alguém pudesse ser contra o PT e a favor de Lula. Nem mesmo aqui em
Recife isto ocorreu e o grande culpado pela derrota do Humberto foi o Lula que
deixou o Eduardo nadar de braçada. Se esta dupla ficar acanhada em relação à culpa
de Lula no que tem de ruim deste país, realmente sua importância vai ser
pequena.
Eu já penso que a dupla fará uma diferença não tão sutil, se
o PSDB conseguir ir para o segundo turno, reeditando, a polarização que a dupla
Marina-Campos quis evitar. Nesta situação, seria muita cara de pau, feita da
mais pura madeira de lei da floresta amazônica se a dupla apoiasse a Dilma para
não se atritar com o Lula. Penso que, se assim o fizessem, poderia dar adeus a
suas carreiras políticas, pelo menos no nível nacional.
E a grande diferença vai ser a dupla dinâmica apoiando o
PSDB, e quem sabe, o Serra. É viver para ver.
Fiquem agora com a análise técnica do Merval e vejam se
podem tirar alguma coisa dos números nela contidos, enquanto eu vou meditar
sobre as chances da dupla em 2018.
“Há diversos fatores diferentes nesta eleição para a de 2010, a começar
pela situação econômica do país. Mesmo que a economia não se deteriore a ponto
de por si só derrotar a candidatura governista, não estaremos em situação nem
mesmo próxima à da última eleição presidencial, quando o PIB cresceu 7,5%.
O então presidente Lula gozava de um prestígio popular tão grande que
lhe permitiu tirar da cartola uma ilustre desconhecida para eleger presidente.
Mesmo assim, Dilma foi menos votada que Lula em todas as regiões do país, com
exceção do Sul, onde manteve o mesmo patamar de 44% dos votos, e foi para o
segundo turno.
Até mesmo nas regiões onde teve votações avassaladoras, garantindo a
vitória, Dilma teve menos votos: Lula teve 77,2% no Nordeste, e Dilma, 70,6%;
e, no Norte, Lula teve 65,5% contra 57,4% de Dilma.
É verdade que Dilma venceria Serra mesmo descontados os votos de Norte
e Nordeste, mas a diferença seria de apenas 0,25%. No Norte e no Nordeste,
Dilma tirou vantagem de nada menos que 11.777.817 votos.
Há, porém, diferenças sensíveis no quadro atual a favor da oposição. O
PSDB espera tirar de três a quatro milhões de votos de diferença em Minas, onde
Dilma venceu por diferença de 1.797.831.
Minas pode ser para Aécio quase como São Paulo foi para Fernando
Henrique nas duas eleições em que venceu Lula no primeiro turno, tirando
vantagem de cerca de cinco milhões de votos em 1994 e 1998. Essa diferença a
favor dos tucanos, porém, vem caindo em São Paulo: Alckmin venceu em 2006 por
3,8 milhões, e Serra, em 2010, por 1.846.036. Além disso, em 2014 o PT estará
fortalecido por ter vencido a prefeitura de São Paulo.
Até mesmo no Norte e no Nordeste a situação de Dilma deve ser mais
difícil, pois a oposição está mais bem representada em estados como Amazonas,
Pernambuco e Bahia.
Nesses três estados, Dilma teve quase seis milhões de votos de
diferença a seu favor, o que pode não acontecer em 2014. Desde 1994 a diferença
entre o vencedor e os demais contendores tem ficado na base de 5% dos votos no
primeiro turno, seja quando FH venceu direto, seja quando as oposições levaram
a eleição para o segundo turno.
No segundo turno, fosse qual fosse o candidato, o PSDB teve cerca de
40% de votos, sendo que, em 2010, essa marca subiu para cerca de 45%. Com
diferença crucial: em todas as eleições, candidatos adversários como Ciro Gomes
e Garotinho aderiram a Lula no segundo turno, contra o PSDB, e, na eleição de
2010, Marina Silva ficou neutra, tendo feito uma campanha que dificilmente
poderia ser tachada de oposicionista.
A mudança de postura de Marina desta vez e seu acordo com Campos
indicam que os dois estão dispostos a assumir candidatura oposicionista,
colocando-se mais próximos do PSDB nas questões econômicas.
Ontem, Marina disse que a marca do governo Dilma é o retrocesso na
economia e defendeu o tripé econômico dos governos de FH, mantido por Lula até
a saída do ministro Antonio Palocci: equilíbrio fiscal nas contas públicas,
câmbio flutuante e metas de inflação.
Segundo a aliada de Campos, a política econômica de Dilma vem sendo
praticada “com alguma negligência em função da ansiedade política”. A questão é
que os dois temem ser tachados de “traidores” de Lula, como já estão sendo
tratados pelos petistas. E Dilma vem recuperando sua popularidade em ritmo
suficiente para se manter como favorita.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário