Por Zezinho de Caetés
O texto abaixo transcrito, do Marco Antonio Villa, publicado
em seu blog em 01.10.2013, com o título de “A herança maldita”, não merece nenhum nariz de cera, como o que estou
a escrever. Porém, mantenho o hábito e satisfaço um pouco os meus leitores,
mesmo dizendo que se quiserem passar direto para ele, não perderão muita coisa.
É que, quando falam de lulismo, que eu preferia falar de
lulo/petismo, eu, se não escrever algo contra, tenho uma crise de urticária que
me incomoda muito. O que se mostra abaixo, com todas a letras, é que não temos
nenhum futuro, e que até o título de “país do futuro” o PT nos vai tirar.
Começando pela constatação que vai de encontro a todos
nossos desejos de que dificilmente conseguiremos destronar a Rainha de Copas do
Planalto. Até agora, depois da bolha das manifestações que estourou e nunca
mais voltou, a popularidade da presidenta começou a subir outra vez, com o
auxílio da oposição que não soube manter aquele espírito de revolta que acometeu
nossa população transformando-o num fato político duradouro.
Os marqueteiros e os áulicos foram mais apressados, mais
rápidos no gatilho, propondo aquele ridículo plano de 5 pontos, dos quais
apenas restou o programa Mais Médicos, que é uma excrescência, do ponto de
vista das leis do nosso país. E mesmo assim, pela subordinação insofismável do
legislativo ao executivo, apesar do monte de emendas, a medida provisória ainda
não foi votada pelo Congresso e, certamente, quando for, vai ser aprovada com distinção e louvor. E
teremos, mais uma vez servido à ditadura dos Castros, que está nos seus
estertores e que, ao invés de jogarmos uma pá de cá, gastamos milhões de
dólares para manter os aparelhos ligados.
E o texto do Villa fala também do que minha amiga Lucinha
Peixoto uma vez chamou de a “formolização
da miséria”, que é o Bolsa Família que cada dia cresce mais em termos de
participantes, até que nós todos ao programa pertençamos. E, tendo virado um
mero item eleitoral que reputa do Lula como seu pai, não tem jeito, é 1/3 dos
votos brasileiros perenes para o lulo/petismo.
Em suma, parece tudo dominado. Chega nos deixar depressivos
em ter que aguentar por mais não sei quantos anos, um partido no poder, levado
a ele pelos problemas de funcionamento pelo qual passa nossa democracia. Só nos
resta a classe média, um pouquinho esclarecida, nas ruas, nas escolas, em seus
lares, nas igrejas, nas praças, nas feiras tentar mostrar ao nosso povo que ele
está enganado, e que seu filhos é que pagarão por isso. Num país que tem 15% de
seus habitantes adultos analfabetos e esta taxa só tenfe a aumentar, sei que a
tarefa é difícil. Mas, vale a pena continuar na luta.
Agora fiquem com o artigo do Villa e vão meditando enquanto
leem sobre o que podemos fazer para sair desta.
“O lulismo vai deixar sinais indeléveis no Estado brasileiro. E, pelo
visto, deve permanecer no poder até, no mínimo, 2018. Inexiste setor do Estado
em que não tenha deixado sua marca. A eficácia na tomada do aparelho estatal é
parte de um projeto de manietar o país, de controlar os três poderes.
O grande empresariado foi se transformando em um dos braços do Estado.
A cada dia aumentou sua dependência dos humores governamentais. Ter uma boa
relação com o Palácio do Planalto virou condição indispensável para o sucesso.
O empresário se tornou capitalista do capital alheio, do capital público. Para
a burguesia lulista, nenhum empreendimento pode ter êxito sem a participação
dos fundos de pensão dos bancos e empresas estatais, dos generosos empréstimos
do BNDES e da ação direta do governo criando um arcabouço legal para facilitar
a acumulação de capital — sem esquecer as obras no exterior, extremamente
lucrativas, de risco inexistente, onde a empresa recebe de mão beijada, sem
concorrência, como as realizadas na África e na América Latina.
A petrificação da pobreza se transformou em êxito. Coisas do lulismo.
As 14 milhões de famílias que recebem o benefício do Bolsa Família são, hoje,
um importante patrimônio político. Se cada família tiver, em média, 4
eleitores, estamos falando de 1/3 do eleitorado. A permanência ad aeternum no
programa virou meio de vida. E de ganhar eleição. Que candidato a presidente
teria coragem de anunciar o desejo de reformar o programa estabelecendo metas
de permanência no Bolsa Família?
A máquina do Estado foi inchada por milhares de petistas e neopetistas.
Além dos quase 25 mil cargos de assessoria, nos últimos onze anos foram
admitidos milhares de novos funcionários concursados — portanto, estáveis.
Diversamente do que seria razoável, a maior parte não está nas áreas mais
necessitadas. Um bom (e triste) exemplo é o das universidades federais. Foi
realizada uma expansão absolutamente irresponsável. Faculdades, campi, cursos,
milhares de funcionários e docentes, para quê? Havia algum projeto de
desenvolvimento científico? A criação dos cursos esteve vinculada às
necessidades econômicas regionais? Foi realizado algum estudo das carências
locais? Ou tudo não passou, simplesmente, de atendimento de demandas
oligárquicas, corporativas e para dourar os números do MEC sobre o total de
universitários no país?
Sem ter qualquer projeto para o futuro, foi acentuado o perfil
neocolonial da nossa economia. Vivemos dependentes da evolução dos preços das
commodities no mercado internacional — e rezando para que a China continue crescendo.
Não temos uma política industrial. O setor foi perdendo importância. O
investimento em ciência e tecnologia é ínfimo. A chamada nova economia tem
importância desprezível no nosso PIB. A qualificação da força de trabalho é
precária. Convivemos com milhões de analfabetos como se fosse um dado imutável
da natureza.
A política externa amarrou o destino do Brasil a um terceiromundismo
absolutamente fora de época. Nos fóruns internacionais, o país se transformou
em aliado preferencial das ditaduras e adversário contumaz dos Estados Unidos.
Abandonamos o estabelecimento de acordos bilaterais para fomentar o comércio.
Enquanto o eixo dinâmico do capitalismo foi se transferindo para a região
Ásia-Pacífico, o Brasil aprofundou ainda mais sua relação com o Mercosul. Em
vez de buscar novas parcerias, optamos por transformar os governos bolivarianos
em aliados incondicionais.
Entre os artistas, a dependência estatal foi se ampliando. Uma simples
peça de teatro, um filme, um show musical, nada mais é realizado sem que tenha
a participação do Estado, direta ou indiretamente. Ter bons relações com o
lulismo virou condição indispensável para a obtenção de “apoio cultural”. Nunca
na história republicana artistas foram tão dependentes do governo — nem no
Estado Novo. E cumprem servilmente o dever de obediência ao governo, sem
qualquer questionamento.
O movimento sindical foi apresado pelo governo. Os novos pelegos
controlam com mão de ferro “seus” sindicatos. Recebem repasses milionários sem
ter de prestar contas a nenhum organismo independente. Não vai causar
estranheza se o Congresso — nesta escalada de reconhecer novas profissões —
instituir a de sindicalista. A maioria dos dirigentes passou rapidamente pela
fábrica ou escritório e está há décadas “servindo” os trabalhadores. Ser
sindicalista virou um instrumento de ascensão social. E caminho para alçar
altos voos na política.
O filé mignon do sindicalismo são os fundos de pensão das empresas e
bancos estatais. Seus diretores — do dia para a noite — entraram no topo da
carreira de profissionais do mercado financeiro. Recebem salários e
bonificações de dar inveja aos executivos privados. Passam a conviver com a
elite econômica. São mimoseados pela burguesia financeira de olho nos recursos
milionários dos fundos. Mas ser designado para a direção do Fundo de Amparo ao
Trabalhador é o sonho dourado dos novos pelegos.
Em meio a esta barafunda, não causam estranheza o ataque, o controle e
a sujeição do Supremo Tribunal Federal à horda lulista. Os valores éticos e
republicanos não combinam com sua ação política. Daí a necessidade de aparelhar
todas as instâncias do Estado. E colocá-las a seu serviço, como já o fez com o
Congresso Nacional; hoje, mero puxadinho do Palácio do Planalto.
Na república lulista, não há futuro, só existe o tempo.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário