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sábado, 5 de outubro de 2013

Viagem a Bom Conselho - Visita ao cemitério.


Enterro da Professora (Foto do O Argonauta)

Por Zé Carlos

Os afazeres de um aposentado são muitos e até mesmo maiores do que no tempo em que tinha um emprego formal e era guindado a sair de casa todo o dia para, como se diz, ganhar o pão com o suor do rosto. Eu nunca suei muito, pois mesmo que as salas de aulas fossem quentes nunca fui um professor teatral, propenso ao suor. Fiquei pensando, porque depois de todas estas obrigações ainda arranjamos tantas coisas para fazer. Descobri que era um pouco de medo de não encontrar nada para fazer. Então eu exagero e muitas vezes não posso cumprir o prometido a mim mesmo que era de escrever mais sobre minha última viagem a Bom Conselho.

Na crônica anterior confessei que não sabia mais onde tinha nascido. Agora vou dizer que custou a descobrir onde meus pais foram enterrados.

Sempre que vou a Bom Conselho, antes mesmo de entrar na cidade, depois de passar pelo arco da entrada, dobro a esquerda e vou visitar meus pais no Cemitério de Santa Marta. É um hábito que permanece. Porém, desta vez, para pegar as frutas mais tenras e saudáveis da feira, não fui direto à cidade de pés juntos. Só fui lá ao cair da tarde. Já escurecia e já não víamos mais o sol entre uma sepultura e outra.

Perguntando a um senhor, na porta, se o cemitério ainda estava aberto, ele me respondeu em sua linguagem, o que entendi como: “Caro que está. O estabelecimento é 24 horas!” Não pensei em supermercados porque seria uma blasfêmia no momento. Entrei e me dirigi ao túmulo de minha mãe que se encontra lá do mesmo jeito, e pelo silêncio, ela dorme seu sono eterno sem reclamações e fiquei satisfeito.

Então fui ao túmulo do meu pai que é em outro lugar, pelas diferenças de classe social entre eles que permaneceu na morte material, mas, que não vigorou nem na vida material e espero que não funcione na vida espiritual. Ainda espero um dia encontrar os dois juntos como sempre foram em vida.

E ao procurar o túmulo do meu pai, entrei e saí em ruas suntuosas, com jazigos grandes e bem ornamentados, mostrando o nosso progresso arquitetônico e estilístico em termos de sepulturas, e não consegui encontrá-lo pelo caminho que sempre fazia. Pela beleza e imponência dos túmulos eu pensei logo, como vejo acontecer nas cidades, que o túmulo do meu pai havia sido demolido para dar passagem ao progresso.

Já estava quase com esta ideia aceita quando surge entre os túmulos o meu amigo Zé Basílio. Depois dos cumprimentos de praxe e ficar certo de que não era uma alma do outro mundo, porque ele parecia ter o mesmo corpo de 60 anos atrás, eu reclamei de não ter encontrado o túmulo do meu pai, que foi seu amigo e colega de trabalho durante anos. Ele então disse: “Se ele ainda estiver aqui eu o encontro”.

E comecei uma jornada, atrás do Zé Basílio, entre túmulos de conhecidos e de desconhecidos, que traziam a minha mente uma história definitiva da cidade. Afinal de contas, só lá podemos entrar para a História.

Depois de vários minutos houve o encontro do túmulo e mais um encontro meu com o meu pai, enquanto Zé Basílio me olhava com um olhar de quem diz: “Eu não disse que encontrava?” E eu fiz, mentalmente, minha conversa com o meu pai, que hoje me vê perfeitamente. É uma das vantagens de estar morto. Os defeitos físicos se acabam e nos tornamos apenas seres humanos, em estado puro.

Ainda lhe perguntei se ele estava triste por o seu túmulo ser simples em relação aos novos que agora existem. Na sua simplicidade ele me respondeu: “Meu filho, aqui a lei é outra!”. Quando pensei em perguntar a respeito da tal lei, ouvi minha mãe chamar: “Carlos, o café tá na mesa!” “Já vou Flora!”. E saí com o peito cheio de saudade, conversando com o Zé Basilio.

Oferecendo-lhe uma carona, prontamente aceita, o deixei antes de dobrar para o Hotel Raízes, onde me hospedo, num ponto de onde vi uma foto em um dos nossos blogs, que trazia uma multidão de pessoas para o enterro de uma professora que foi assassinada por assaltantes.


Aproveito esta pequena crônica para lamentar o acontecido. Uso esta foto, do Blog O Argonauta para ilustrar esta crônica (sem autorização e esperando não ir cair para nas barras dos tribunais por isto). O que espero, é que em minha próxima visita ao Santa Marta perguntar aos meus pais se encontraram com a professora Alexandra Machado. O céu não é muito grande. E sei que eles estão lá.

3 comentários:

  1. Desde já sinta-se autorizado para usar qualquer foto do nosso blog.
    Abraço,
    Emmanuel Leonel
    Redator do Blogo O Argonauta.

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  2. pOLICIAIS TOTAAAAAAAALLLMENTE DESPREPARADOS AGORA QUEREM ARRUMAR DESCULPA ESFARRAPADA ME POLPE

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  3. nem a avenida interditaram era o povo passando e a bala comendo meu Deus nem sequer negociaram é muita falta de preparo

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