Por Carlos Sena (*)
Tem gente que quando não pode comer
bota terra. E esse hábito nos parece estar nalgumas pessoas tão arraigado que
já beira a inconsciência dos que assim agem. Ou não? Prefiro acreditar que sim,
porque há pessoas que vivem diuturnamente apostando no mal, ou no bem do outro,
desde que esse “bem do outro” sobre pra ela de alguma maneira. “Não comer e
botar terra” representa muita pobreza de alma – alma sebosa! Porque quando é
pobreza de espírito a gente até perdoa porque sabe que não há escola nem
faculdade para formar pessoas em “riqueza de espírito”. Portanto, compraz-me o
óbvio dessa questão, posto que é no óbvio que os pobres de alma mais se expõem
diante de alguma ação coletiva que faça bem indistintamente. “Não comer e botar
terra” é muito próximo ou até simbiótico aos que gostam de “puxar o tapete”, de
“puxar o saco”, mesmo esse saco não sendo “escroto”, mas, de lixo mesmo. Lixo
da cobiça, lixo da incompetência, lixo da falta de amor ao próximo, lixo de
egoísmo e, acima de tudo, o lixo da inveja. Puxar tapete, nem mesmo se for
persa! Mas, no rol do “não comer e botar terra” está todo um universo que
compõe as pessoas mesquinhas que se iludem consigo mesmas e se buscam no
fracasso real ou imaginário que elas constroem acerca dos outros,
principalmente dos vitoriosos – daqueles que lutam e trabalham dignamente e não
sabem bajular os poderosos e nem, em nome deles, tergiversar para ganhar algum
tipo de vantagem – tal qual aqueles que vendem a própria mãe para se manter nos
cargos ou nas tetas cheias de leite de algum poderoso de plantão... Melhor preferir permanecer com fome a ficar
sem comer e botar terra no “prato” dos outros.
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 04/09/2013
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