Por Carlos Sena. (*)
O amor nunca será demais para que
não se escreva mais sobre ele. Tinta, papel e lápis nunca serão demais para
falar do amor, ou dele escrever. Não obstante a internet que também não se cansa de falar do amor, nem
tampouco os computadores que não se cansam de digitar acerca dele, o tão
propalado AMOR. Porque no fundo todos querem ser felizes. E, ao que tudo
indica, “não é possível ser feliz sozinho”... Mas, pode, embora seja melhor
viver acompanhado e feliz.
Certo que a felicidade não pode
ser atrelada apenas ao amor de alguém. Mas o amor, pela sua singularidade nos
deixa cheios de plurais interpretativos a seu respeito. Entender o amor! Eis o
grande mistério dele, pois nessa condição não serve de “receita” que a gente
passe a outrem que dela necessite para ser feliz. Os caminhos que conduzem ao
amor são únicos e nunca os trajetos de uns servem para ser recomendados a
outros. Por isso, o amor, no nosso entendimento se configura construção diária.
Não sendo assim talvez seja PAIXÃO. Esta, por sua vez, tem sua importância.
Mas, não é a paixão quem nos desperta a capacidade de amar. O amor pode conter
a paixão, mas, dificilmente a paixão contém o amor. O amor, como nos disse uma
canção “tem razões que a própria razão desconhece”... No rol desse
desconhecimento, o ciúme se nos apresenta com sua face negra. O ciúme é sempre
o propulsor das inseguranças que no amor se estabelecem fazendo o papel do
diabo que fica sempre por ali, cutucando a gente com “vara curta”... Essa “vara
curta” se traduz quando a gente fuça tudo do ser amado, por exemplo, preferindo
encontrar subsídio para nossa insegurança. Ou quando a gente se cala no nosso
mundo achando que tudo fica resolvido com o silencio, esquecendo, inclusive que
perdoar, no amor, é muito mais divino... No rol do perdão não se consubstancia
um amor de subordinação, mas de superioridades entre os seres. Porque o amor só
é amor se for completo na sua incompletude, bem entendida: uma incompletude no
nível da imperfeição nossa, enquanto humanos.
O amor segue firme na história da
humanidade como se nunca fosse conhecido. Cada história de amor, para os
amantes, é única. Igual a de Romeu e Julieta ou a de Abelardo e Heloisa. No
mundo de cada uma das duas pessoas que se amam existe um universo cheio de
sonhos que só se realizam dentro delas duas. Assim mesmo: no seio das duas
pessoas que, pela sabedoria transformaram o amor em fonte de vida e de
sublimação. Isto até que tudo um dia termine de forma atemporal ou
temperamental ou apenas porque a vida termina para um dos dois. Mesmo
terminando um amor por conta do tempo de vida que chegou ao fim, havendo amor,
certamente o infinito se encarregará de prosseguir sob novas formas de amor.
Certamente um amor eterno, posto que esse nosso amor que nos é concedido
conhecer e viver aqui na terra acontece com data marcada para terminar. Por
isso o amor até nisto é complexo: ele nos permite a compreensão de que numa
vida passageira um amor não pode ser eterno. Ou até pode. Se houver uma
transmutação para a eternidade. Porque é terna a idade do amor.
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(*) Publicado no Recanto de Letras em
18/08/2013
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