Por Zezinho de Caetés
Nesta quinta-feira passada foi publicado um meu texto aqui
na AGD, cujo título era “Estamos perto
do caos?”, depois que li o texto do Everardo Maciel, que transcrevo abaixo
não há como não intitular este como o fiz. Com um poder de síntese fantástico o
economista mostra como o mês de setembro, e não mais o de agosto, poderá ser
considerado como o da derrocada final de nossa já combalida economia (publicado
em 08/10/2013, no Blog do Noblat, com o título “Um mês para esquecer”).
Entre outras coisas ele diz que estamos comprando mais do
que vendendo ao exterior e nossas contas públicas estão deficitárias, como mostramos
no texto anterior, apesar das tentativas de enganação por parte das autoridades
e sua “contabilidade criativa” que já
faz do ministro da fazendo chacota de revistas internacionais. Estamos com
pobre endividado que voltou de Miami e está endividado e sem emprego para
equilibrar o bolso.
Todas as previsões sérias mostram que a inflação vem
subindo, e que brevemente isto chegará ao bolso do consumidor, pois não é
brincadeira que os salários percam quase 6% de valor por alguns anos, e não se
reflitam perversamente nas gôndolas dos supermercados. E pasmem, senhores, esta
tragédia só não é maior a custa de mais desequilíbrio no represamento dos
preços dos combustíveis, energia elétrica e transporte público, desde a
demagogia perpetrada como consequência das manifestações de junho, que segundo
Lula, foram muito boas para o Brasil. Tomara, que ele esteja certo e que não
seja boa para o governo petista que nos está desequilibrando.
O descrédito internacional está no ápice como nunca esteve
por um bom tempo. Perdemos lugar em quase tudo que é positivo: competitividade,
facilidade de negócios, crescimento da produção, e pasmem, meu amigos,
estacionamos no analfabetismo. Hoje somos tão analfabetos quanto no ano
passado. Dentro em breve todos saberemos ler igual ao meu conterrâneo Lula, ou
seja, como Zeca Diabo, não de carreirinha.
E o Everardo conclui: “É
indispensável uma correção de rumos na política econômica. Sem preconizar
saídas, um bom começo seria abandonar a arrogância, o voluntarismo e a fixação
em surradas teses.” O que sinto é que o governo da Dilma já está muito
velho para mudar sozinho. Só nos resta, em 2014, para que o estrago não seja
completo, darmos uma mãozinha nas urnas. Fiquem com o economista e meditem.
“A monarquia britânica reserva a expressão annus mirabilis para
assinalar os anos de fartura e sucesso, em contraposição ao annus horribilis,
no qual prevalecem as desventuras.
Para a economia brasileira, setembro de 2013 pode ser tido como o
mensis horribilis, pela impressionante conjunção de notícias ruins, desbancando
a tradição de agosto.
A balança comercial, no período compreendido entre janeiro e setembro,
registrou o maior déficit desde 1998 (U$ 1,62 bilhão). Há muito tempo o Brasil
não conhecia déficit primário nas contas do setor público.
Agosto nos brindou com um déficit de 432 milhões, a despeito das
recorrentes tentativas das autoridades fiscais de escamotear a clara tendência
de deterioração das contas, desde a crise financeira de 2008, mediante
discursos que pretendem desqualificar a geração de superávit primário ou
práticas ridículas de “contabilidade criativa”.
A pesquisa Focus do Banco Central, que captura previsões do mercado
financeiro, elevou a projeção de inflação, para 2013, de 5,81% para 5,82%,
portanto, bem próximo do teto da meta inflacionária. Mais grave, para 2014 se
espera uma inflação ainda maior (5,84%).
Não se pode, além disso, desconhecer o represamento de vários preços de
combustíveis, energia elétrica e transportes públicos. Restou evidente que o
controle dos preços dos combustíveis e da energia elétrica conseguiu, tão
somente, produzir danos seriíssimos à saúde financeira da Petrobras e da
Eletrobras.
A ambígua e mal elaborada política de concessões produziu, em setembro,
fracassos memoráveis: ninguém se habilitou à licitação da rodovia BR-262, que
liga Minas Gerais ao Espírito Santo; as grandes empresas norte-americanas e
britânicas (Chevron, Exxon Mobil, BP e BG) não se animaram a apresentar
propostas para o Campo de Libra, joia do pré-sal e primeira área a ser
explorada no regime de partilha.
O Relatório de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial,
divulgado naquele fatídico mês, mostrava que o Brasil, no cômputo geral de
competitividade, caiu da 48ª posição para 56ª posição, e, em relação à
eficiência do governo, desabou da 111ª posição para a desastrada 124ª posição.
De igual forma, a pesquisa anual do Banco Mundial sobre a facilidade
para fazer negócios (Doing Business – 2013) registrou que o País caiu da 128ª
posição para 130ª posição e, especificamente em relação ao pagamento de
tributos, da 154ª para uma impressionante 156ª posição, em um universo de 185
países.
O Banco Central reduziu de 2,7% para 2,5% a projeção de crescimento do
PIB, para 2013, mesmo considerando o pífio desempenho do ano passado (0,9%).
Essa projeção é inferior à prevista para América Latina e Caribe (3%), segundo
a CEPAL, e somente superior à da Venezuela (1%).
Até mesmo no campo social, setembro foi portador de má notícia. O
índice de analfabetismo, apurado em 2012 e em queda desde 1999, voltou a
crescer, representando 8,7% (13,2 milhões de pessoas) da população maior de 15
anos. Ainda que esse índice tenha suscitado algumas controvérsias estatísticas,
sua apuração decorre da mesma metodologia utilizada em toda a série histórica.
Tudo isso pode ser agravado com os ventos que sopram do Norte. É muito
provável que a política de expansão monetária dos Estados Unidos esteja
chegando ao fim, implicando valorização dos juros básicos e do dólar. Para
enfrentar a inflação decorrente da desvalorização do real, só vai restar a
elevação dos juros, com repercussões na economia doméstica. Assim, o mensis
horribilis pode ser o prenúncio de um annus horribilis.
É indispensável uma correção de rumos na política econômica. Sem
preconizar saídas, um bom começo seria abandonar a arrogância, o voluntarismo e
a fixação em surradas teses.
Martin Wolf, um dos mais abalizados economistas contemporâneos, em
entrevista a “O Estado de São Paulo”, em 15/09/2013, observou que “expansão
fiscal em países com problemas estruturais só gera inflação”. E, quanto ao
Brasil, sentenciou: “O Estado brasileiro é ineficiente e corrupto”.”
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